Capítulo 3



3) Capítulo 3

Rony ficou na sala do Dr. Gray, e Harry acompanhou Amélia, voltando ao quarto de Hermione. Haviam decidido que o ruivo cuidaria da parte burocrática da alta de Hermione, enquanto o outro se informaria melhor sobre o estado da amiga com a enfermeira. Amélia parou em frente ao quarto de Hermione, e o moreno fez o mesmo.

- Posso fazer uma pergunta antes de entrarmos, senhor Potter?

- Sim.

- Tem certeza de que está preparado para isto? – Harry encarou a mulher, com raiva, mas percebeu que ela tinha preocupação estampada na face – Não quero parecer insolente, senhor, mas eu simplesmente tenho um carinho muito grande por cada paciente. Sei que não é o melhor lugar do mundo, mas aqui cuidamos bem deles, respeitando suas limitações. Eva... Quero dizer, Hermione tem muitas limitações no momento, e eu me pergunto se o senhor terá paciência para cuidar dela...

- Eu realmente admiro sua franqueza e prezo sua atitude, Amélia. – a raiva dele já havia se dissipado, então Harry apenas sorriu – Mas eu te prometo que darei o melhor de mim no que se refere aos cuidados da Mione. Ela sempre foi uma grande amiga, sempre esteve ao meu lado, e não posso abandoná-la aqui.

- Compreendo, senhor. – ela correspondeu ao sorriso – Então, eu vou ensinar tudo que precisa saber para cuidar dela da melhor maneira possível.

- Obrigado. – finalmente, ambos adentraram no quarto, encontrando Hermione exatamente no mesmo lugar que se encontrava quando a deixaram ali.

- Hermione, querida, vim arrumar suas coisas! – Amélia se dirigiu para uma pequena cômoda que havia ali e começou a tirar algumas roupas, colocando-as numa pequena sacola – Você irá para a casa de seu amigo Harry, lembra dele, não é?

- Está ouvindo, Mione? Eu vou levá-la para meu apartamento e você ficará pertinho de nós novamente! E dessa vez, não a deixaremos mais!

- Isso! Muito bom, senhor... Precisa interagir com ela, conversar, mesmo que não obtenha resposta. Talvez, ela compreenda tudo, só não consiga expressar-se. – a enfermeira comentou – Ela não come sozinha, não se banha, nem se troca sem ajuda, por isso terá que arranjar alguém para tal.

- Acho que posso cuidar disso por enquanto. Se não conseguir, contrato alguém.

- O quê? O senhor mesmo vai fazer isso? – Amélia piscou – Vocês eram só amigos mesmo ou... Ela era sua namorada?

- Apenas amigos, quase irmãos, eu diria... Eu nunca dei banho na Mione, mas eu tenho certeza de que posso lidar com isso! Eu não vou me “aproveitar” da situação, Amélia! – ela pareceu respirar aliviada. Harry desviou os olhos de Hermione, e foi pegar a sacola nas mãos da enfermeira. Se tivesse prestado mais atenção na amiga naquele momento, teria notado a pálida face da mesma ter corado levemente.

- Ela toma alguns remédios, para deixá-la mais calma. Dr. Gray com certeza irá prescrevê-los para o senhor.

- Certo.

- Ah... Quando ela tem pesadelos, fica muito agitada e nada a calma a não ser uma injeção de Haldol. Precisará aprender a aplicá-la. – ele olhou tristemente para Hermione, questionando-se o que a atemorizava tanto que precisaria de um tranqüilizante tão potente para se restabelecer.

- Pode deixar comigo, Amélia.

- Ela consegue andar sozinha, mas o senhor precisará guiá-la. – o moreno acenou com a cabeça, e se aproximou de Hermione. A enfermeira o mostrou como deveria erguê-la, e ele assim o fez – Pronto! Se seu amigo já tiver terminado de assinar os papéis da alta com o Dr. Gray, já poderão ir.

- Muito obrigado.

- Vou sentir sua falta, Hermione. – Amélia abraçou carinhosamente a moça.

- Mais uma vez, obrigado. – ele sorriu, e após segurar o braço de Hermione, deixaram o quarto.

Harry diminuiu seus passos, a fim de acompanhar a marcha lenta da amiga. Olhava-a pelo canto do olho, preocupado, questionando-se se um dia a veria sorrir novamente. Parou na recepção, mas não encontrou Rony, por isso, ajudou Hermione a sentar-se e ficaram a esperar o retorno do ruivo. Passaram-se quase quinze minutos, até que ele finalmente apareceu com uma pasta bege nas mãos.

- Finalmente! – Harry comentou, ficando de pé e em seguida, ajudou Hermione a fazer o mesmo.

- Não tem idéia da burocracia que foi para poderem liberá-la! Tivemos sorte de a Mione não ser um daqueles pacientes agressivos, caso contrário, nem sei como conseguiríamos tirá-la daqui! – ele olhou para a amiga, e deu um pequeno sorriso – Vamos para casa, Mione! – Rony, então, beijou carinhosamente a testa dela.

- Sim, e não permitiremos que suma novamente e nos enlouqueça desse jeito! – Harry brincou, e também beijou a amiga na testa. Eles despediram-se de Amélia, e finalmente deixaram a clínica.

Hermione foi colocada no banco de trás, e em seguida, os três já seguiam pela estrada de volta à Londres. Rony colocou uma música no rádio, e apenas esta preenchia o ambiente, até que Harry falou.

- Eu estava pensando... Acha que devemos anunciar que ela está viva? – Rony ergueu a sobrancelha, confuso.

- Claro que sim! Hermione está viva e todos precisam saber.

- Mas Rony... As pessoas que fizeram isto com ela devem pensar que ela está morta ou certamente distante do mundo bruxo! E se a vida dela ficar em perigo? E se eles tentarem seqüestrá-la ou...

Harry estancou o carro ao ouvir um grito desesperado de Hermione. Se a estrada fosse movimentada, com certeza haveria um acidente, pois o carro girou algumas vezes, antes de finalmente parar. Os dois rapazes olharam assustados para a amiga que tremia e chorava no banco de traseiro, abraçando o próprio corpo e movimentando-o para frente e para trás.

- O que houve? – Rony perguntou, paralisado, sem saber o que fazer.

- Eu não sei. – Harry manobrou o carro, e o colocou no acostamento, antes de abrir a porta e descer. Em seguida, abriu uma das portas traseiras e entrou novamente, sentando-se ao lado de Hermione – Mione?

Ela não respondia, apenas continuava seu choro silencioso e seus movimentos compulsivos. Harry olhou para Rony que mantinha o silêncio, antes de finalmente se aproximar completamente da amiga e a abraçar. Demorou algum tempo para que ela se acalmasse, e parasse de chorar, mas Harry não tinha pressa. Suas mãos acariciavam carinhosamente os cabelos dela, e ele sussurrava palavras de conforto.

- Não se preocupe, Mione. Estamos aqui com você... – ele dizia, olhando para Rony – E não vamos deixar que se aproximem de você novamente.

- Com certeza. – Rony confirmou, abismado. Ela poderia não reagir com palavras, mas certamente havia entendido o que conversavam.

- Por enquanto, só nossos amigos mais íntimos saberão a verdade. Nada de impressa, no momento. Vamos protegê-la até encontrarmos uma cura... Pois sabemos que a nossa Mione está em algum lugar aí dentro. – Harry disse baixinho – Certo, Mione? – a moça não respondeu, não o encarou, nem demonstrou qualquer sinal de que havia concordado. Contudo, sua reação ao ouvir falar do possível perigo que corria foi mais que suficiente para compreenderem que havia alguma consciência nela.

- Você vai aí atrás com ela, e eu dirijo agora, ok? – Rony sugeriu e ao ver o moreno concordar, mudou-se para o outro banco, e ligou o carro. Vez ou outra, um deles falavam alguma coisa, mas a maior parte da viagem foi feita em silêncio.

Assim que chegaram ao apartamento de Harry, os dois amigos ajudaram Hermione a sair do carro. Rony pegou a sacola dela, e Harry a segurou pelo braço, guiando-a até a recepção. O porteiro olhou, curiosamente, para os três recém-chegados, e arregalou os olhos ao reconhecer Hermione.

- Mas é a... – Harry o cortou antes que ele pudesse completar a fala.

- Conversarei com você mais tarde, Jeremy! Desde já, adianto-lhe que precisarei de toda sua descrição, pois a vida dela pode ainda estar em perigo!

- Claro, senhor. E se precisar de mais alguma coisa, é só falar!

- Obrigado. – o moreno sorriu para o porteiro, sabia que poderia confiar nele.

- Eu só queria dizer que... Estou muito feliz em vê-la novamente, senhorita Granger! – disse com sinceridade, mas Hermione não respondeu.

- Depois eu explico, agora, eu preciso ir! – ele apenas balançou a cabeça – Quem quer que apareça hoje, diga que não estou!

- Sim, senhor! – os três entraram num elevador, e Rony olhou preocupado para Hermione.

- Acha que Jeremy é realmente de confiança?

- Sim, não se preocupe.

- E quem mais saberá da Mione?

- Por enquanto, apenas Lupin, Luna e seus pais. – Harry disse.

- E Katherine?

- Oh sim... Ela também precisará saber! Você se encarrega de dar a notícia a seus pais e Luna; eu conto à Katherine e a Lupin.

- Sabe que vão querer vê-la, não é? – deixaram o elevador assim que alcançaram à cobertura na qual Harry morava.

- Sim, eu sei. Contudo, é melhor que esperem, pelo menos alguns dias...

- Tudo bem. Onde ela irá dormir?

- No quarto de hóspedes ao lado do meu. – o moreno informou, então os três seguiram para lá. Rony deixou a sacola da morena sobre uma poltrona, e Harry ajudou a amiga a sentar-se.

- Eu preciso ir agora, Harry. Ficarão bem sozinhos?

- Não se preocupe, eu vou cuidar bem dela. – ele disse, com um sorriso.

- Eu não duvido disso, amigo. – Rony se aproximou de Hermione e a beijou na testa – Até logo, Mione.

- Eu o acompanho até a porta. Eu não demoro, Mione... – ele, então, caminhou ao lado de Rony até a entrada do apartamento – Obrigado por ter ido comigo!

- Não me agradeça, cara... Eu quem deveria agradecer por você ter insistido nisso. Caso contrário, nossa Mione estaria lá até Merlim sabe quando! – o ruivo suspirou – Precisando de qualquer coisa, não hesite em me chamar!

- Pode deixar.

- Até mais! – quando se encontrou sozinho, Harry respirou fundo.

Estava tentando se fazer de forte na frente de Rony, mas na verdade, estava apavorado. Queria acreditar desesperadamente que encontraria uma cura, porém, uma parte dele temia ver Hermione definhar daquela forma sem um meio de trazê-la de volta. Sentia-se culpado por tudo que havia acontecido com ela, e sem nem perceber, algumas lágrimas escaparam de sua face.

- Harry? – ela tocou levemente a face dele, enquanto sentava ao seu lado. O moreno estava adormecido no sofá, mas despertou ao ouvi-la chamar.

- Mione! Ah, me desculpe... Eu sentei aqui para calçar o tênis e acabei adormecendo! – ela riu, balançando a cabeça – Quanto tempo a fiz esperar?

- Duas horas! Então, paguei a conta e vim até aqui.

- Sinto muito.

- Não tem problema, Harry. – Hermione o fitou, e mordeu o lábio inferior – Você está trabalhando demais... Tem pegado uma missão após outra. Precisa descansar um pouco ou vai acabar adoecendo!

- Não exagere, estou bem!

- Ah claro... O todo poderoso Potter! – ela revirou os olhos e ficou de pé – Se você não quer se cuidar, eu me encarrego de cuidar de você!

- O que está fazendo? – Hermione começou a guardar as pastas que havia sobre a mesinha de centro da sala, nas quais haviam casos designados para Harry solucionar.

- Você anda sobrecarregado, e eu vou dar um jeito nisso! Vou redistribuir essas missões entre as dezenas de aurores que temos! Às vezes, acho que George pensa que só existe você de auror naquele departamento!

- Não pode fazer isso, ele é nosso chefe, Mione!

- E eu sou sua amiga e não tenho medo dele! Você terá um caso por vez, como todo auror! – Hermione segurou todas as pastas – Agora... Vai tomar um banho, enquanto eu preparo algo para você comer.

- Você? Preparar algo para eu comer! – ele fez uma careta.

- Engraçadinho... Foi você quem me deixou por duas horas no restaurante! Agora agüente as conseqüências!

- Por que não pedimos uma pizza?

- Porque eu quero castigá-lo! – ela sorriu, maliciosamente.

- Ah... Vingativa! – ele brincou, fazendo-a rir.

- Promete que vai se cuidar mais? – Harry se aproximou e a abraçou.

- Eu prometo.

- Obrigada. – Hermione beijou a curva do pescoço dele, bem no momento em que uma coruja adentrou na sala. Ela bufou de raiva ao reconhecer a coruja do Ministério.

- Não é minha culpa!

- Um novo caso? – ele deu de ombros.

- Eu assumo este. – Hermione pegou a pasta que estava endereçada a Harry.

- Mas Mione...

- Vá tomar seu banho! – ele não protestou, fazendo-a sorrir. Enquanto o moreno foi tomar banho, ela começou a ler o conteúdo da pasta. Hermione ficou tão entretida que esqueceu de preparar a comida de Harry, lembrando-se do moreno apenas quando este retornou.

- Não estou sentindo cheiro de queimado ainda... – Harry brincou enquanto retornava à sala.

- Sinto muito, Harry, mas preciso ir!

- C-como? Mas e o meu almoço?

- Você se salvou desta vez. – Hermione pegou a bolsa – Vou agora mesmo para o Ministério! Redistribuirei estes casos, e ficarei com este novo que acabou de chegar.

- Ok, mas... Não vai me contar sobre o que é?

- Não posso. – ela já ia em direção à porta, quando Harry a segurou pelo braço.

- Como assim não pode? Nós sempre sabemos dos casos um do outro.

- Dessa vez é diferente, sinto muito.

- Então é um caso muito sério! Deixe-me ler esta pasta, Mione!

- Não! Eu vou ficar com este caso, e reunirei outros aurores para me ajudar.

- Convoque o Rony.

- Também não! Quero vocês dois fora deste caso! – Hermione olhou seriamente para o amigo.

- Mas...

- Preciso ir agora. – ela o abraçou e o beijou na bochecha – Eu amo vocês!


- Eu vou encontrar uma cura, Mione. – ele disse para si mesmo, enquanto enxugava as lágrimas – Eu prometo que encontrarei!

N/A: Bom... Eu sei que eu demorei muito, e que na verdade deveria ter atualizado “A garota do quarto ao lado” antes dessa, mas simplesmente só consegui escrever essa fic por enquanto!! ^^’ A outra é mais complicada, eu tenho poucas idéias em relação a ela, mas prometo que daqui para domingo, eu atualizo, oks!? Eu demorei porque estava em aula ainda, e foi uma agonia essas últimas semanas, mas agora estou de férias, e pretendo adiantar uns capítulos antes de retornar as aulas, oks!? =) Espero que curtam esta atualização de hoje, e desculpem a demora!! Obrigada à Bruna que betou o cap para mim!! \o/ Beijo e obrigada a todoss!! Pink_Potter : )

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