Capítulo 19



Capítulo 19



Lily não queria interromper seus amigos, os quais tinham permanecido com os lábios colados por bons dez minutos (fazendo Lily se perguntar se eles sequer iriam fazer uma pausa para respirar), quando ela percebeu que seria melhor interrompê-los. As pessoas estavam passando onde eles estavam, e ela sabia que demonstração pública não fazia parte do estilo deles.

- Hum... Alice, Frank... Não que eu desaprove o que vocês estão fazendo, mas vocês deveriam procurar um outro lugar.

O casal se separou. Alice tinha um sorriso em seu rosto e Frank parecia ter acordado de um sonho.

- Onde podemos ir? Nós precisamos de um lugar vazio para conversar – Alice falou.

- Conversar não é o que eu tenho em mente, mas seja o que você quiser – Frank respondeu, entrelaçando sua mão com a de Alice.

Alice rolou os olhos com o comentário, porém o sorriso em seu rosto mostrava que concordava.

- Hei, eu conheço o lugar que vocês poderiam ir, é realmente romântico. Eu mostro a vocês – James ofereceu.

- E como você sabe sobre esse lugar? – Lily perguntou bruscamente.

- Eu estava planejando levá-la até lá. Ainda estou. Por quê? Ciúmes?

Lily bufou e desviou o olhar. Ela não estava com ciúmes. Ciúmes era uma emoção inútil e ridícula para aqueles inseguros que o confessavam para então se sentirem seguros.

- Como se eu tivesse uma razão para estar.

James sorriu com a expressão do rosto dela. Parecia que ele tinha tocado num ponto sensível.

- Em todo caso, vou mostrar o lugar a vocês, venham.

Lily estava sentada e não olhava para James. Ela não estava zangada com ele, e sim irritada consigo mesma pelo seu momento ciumento. James sabia, por isso fizera aquilo.

- Vão vocês, eu vou ficar aqui e trabalhar no nosso dever de casa. E vou checar o de vocês – falou para Alice e Frank.

- Por que não checa o meu? – protestou James.

- Por que você ainda não o fez.

- Ah, sim – James disse, notando o olhar aborrecido de Lily. – Eu pensei que pudéssemos fazer juntos.

- Claro – Lily retorquiu descrente, embora não houvesse soado irritada e sim divertida, o que James tomou como um bom sinal.

- Você tem certeza sobre checar nossos deveres, Lily? – Frank perguntou.

- Claro.

- Nós te amamos, Lily – Alice falou agradecida, indo em direção à porta.

- Te amo, tchau – James também falou.

- Eu também, tchau – Lily falou, não levantando o olhar do livro que estava aberto.

James parou de andar.

- O que você disse?

- Huh? Nada – respondeu Lily sem pensar. O que ela havia dito? Ela apenas dissera tchau e... Ela ofegou quando percebeu o que dissera.

- Você disse “eu também” quando eu disse... – James começou, deixando sua voz falhar.

- Eu não estava falando com você! – Lily falou rapidamente e um pouco mais rude que o necessário. – Eu estava dizendo para Alice e Frank.

James não pareceu convencido.

- Você realmente acha que a primeira vez que eu disser isso a você será “eu também”? Isso é tão simplório, tão não-romântico e... – ela falou irritada, então parou de falar, olhando para outro lugar.

James riu dela. Ela tinha obstinação, e ele tinha certeza que isso não importava. Ela havia dito a ele da mesma maneira que dissera não gostar dele. Entretanto, certamente ele gostaria de ouvir as palavras.

- A hora que você estiver pronta, Lily.

Ela virou a página do livro agressivamente. Estava mais irritada com a situação do que com ele, mas conhecendo seu temperamento James não tinha certeza se deveria ficar, então se foi. Afinal, Alice e Frank estavam esperando por ele.

Lily fechou o livro num baque tão logo James saiu do salão comunal. Ela não tinha exatamente mentido quando dissera que o que havia dito fora direcionado a Alice e Frank, isso era verdade. Mas a resposta foi direcionada aos três, um tipo de resposta generalizada.

Porém ainda a chocava ouvir a si mesma dizendo isso. Dizer para James. Ela havia admitido para si mesma que gostava dele, mesmo que ela real e verdadeiramente gostasse dele, mas amar já estava numa categoria completamente diferente. Amar era grande. Ela não havia experimentado o amor, antes. Ela não sabia como lidar com isso. Não sabia se poderia lidar.

De repente, ela se sentia tão perdida quanto começou a perceber que gostava de James. O mundo todo estava fora de controle e nada estava certo, nada nunca esteve certo. Ou, talvez estivesse certo demais mas no tempo errado. Ela poderia superar por saber que acabara ficando com ele por causa de uma aposta estúpida? Uma que ele nem sequer ganhara ainda.

Isso tudo parecia soar tão infantil, como se nada fosse importante. Contudo, qual era a alternativa, perdê-lo para sempre? Ela o queria, porém não por causa de uma aposta. Lily não sabia o que fazer. Não existia nada e nem ninguém para lhe dar respostas.

Ela o amava? Era apenas uma paixão passageira? Ela poderia perder a aposta para ser o prêmio dele? Ela nunca parou para pensar no que poderia acontecer caso desenvolvesse sentimentos por ele, que tipo de bagunça poderia criar. Ela tinha acreditado cegamente que venceria a aposta, ela o tinha odiado tão teimosamente. E para quê? Odiá-lo por ser uma pessoa que ele não era desde o sexto ano. Era claro o quão estúpida ela havia sido.

Mas o que fazer? Ela o amava, não o amava. Ela o amava, não o amava. Ela realmente amaria saber.

Depois de quase morrer de tanto pensar sobre isso, Lily percebeu que seria melhor ela ficar longe de James aquela noite para poder colocar as idéias no lugar. Ela disse a ele, antes da patrulha dos corredores, que precisava de espaço. Ele a olhou preocupado, ao que ela explicou que era apenas por uma noite, para que clareasse a mente. James concordou, dizendo a ela que patrulharia os corredores enquanto ela “clareava a mente”.

No dia seguinte, ela havia chegado à decisão de ficar indecisa. Se ela o amava, ela o amava, se não, então não o amava. E isso era realmente simples. Ou ao menos um simples truque que ela acreditava.

James sabia que ela estava tendo um tipo de guerra mental (o que freqüentemente acontecia quando o assunto era ele) e pensou que o melhor seria não pressioná-la. Porém, ele não iria exatamente deixá-la fugir. Ele esperou todo o tempo possível ao lado dela, fazendo-a rir, conversando sobre coisas desinteressantes a ela, a qual fingia ouvir por ele.

Mas tudo isso apenas mostrou algo a James. Se Lily Evans estava disposta a ouvir a última jogada do último jogo do campeonato de quadribol, lance por lance, então ela definitivamente o amava. Ou pelo menos se importava muito com ele.

Ele não tentou beijá-la porque ele percebeu que ela se sentia encurralada. James havia esperado que ela o beijasse, que mandassem a aposta para o inferno, a qual parecia separá-los como uma cortina invisível.

No entanto, a três dias de terminar a aposta, a paciência de James estava perdendo forças. E ele tinha uma enorme paciência com Lily, mas essa era uma situação desesperada.

Lily estava estudando, o que ela fazia rigorosamente pelos professores estarem tentando enfiar todo pedaço de conhecimento possível em suas cabeças antes que eles não agüentassem mais. James havia optado por não estudar, permitindo-se livrar sua mente de qualquer conhecimento desnecessário e absorver apenas o que lhe era necessário para passar de ano. Ao menos essa era a desculpa que ele usara com Remus, a mesma que depois ele dera a Lily. Remus havia dito para ele estudar.

- Olá, Lily.

Ela não respondeu, ao menos não o que alguma linguagem humana decifrasse. Foi mais um som gutural, o qual, James tinha que admitir, foi nada atraente, mesmo vindo de seu amor.

- O que você está fazendo? – ele perguntou esperando ter uma resposta. Algo além do barulho que lembrava o que um elfo doméstico insano poderia fazer.

Lily indicou seus livros com os olhos. James fingiu não perceber.

- Você está estudando?

Lily agarrou a extremidade de seu livro, frustrada.

- Não, James, estou lendo meu livro por prazer.

- Você faria isso.

Ela o encarou. James jogou-se ao lado dela, colocando seu braço nos ombros de Lily. Ela chacoalhou os ombros para livrar-se dele.

- Agora não. Estou ocupada. – Ela nem sequer o olhou enquanto dizia isso. O nariz quase se encostando ao livro.

James considerou livrar-se do livro, mas achou que isso deixaria Lily mais distante.

- Por que o estudo excessivo?

Lily ergueu os olhos, seu rosto expressando desespero.

- Eu fiz sete pontos, em dez, no teste de Feitiços, ontem.

James quis rir. Se fosse assim, então ele estava perdido. Ele não tinha como consertar, nem como evitar.

- Isso não é tão mal. É setenta porcento certo, que significa apenas trinta porcento errado. E foi melhor do que eu, que tirei cinco, de dez. Não foi melhor que a do Sirius, você realmente sabia que ficaria atrás dele. Considerando tudo o que ele fez com o nome dele, aquelas frases coloridas, embora eu não possa ver como... – James meneou a cabeça, então voltou ao ponto da conversa. – E nem mesmo Sirius foi perfeito, ele tirou nove. Peter tirou três, o que é uma completa oposição com você.

Isso não tranqüilizou Lily, a qual deixou a cabeça cair em direção ao livro, gemendo. James levantou-a.

Lily o olhou de lado.

- Meu cérebro dói.

- Muita obrigação, pouca diversão – James disse.

- Você não deveria estar estudando?

- Devia, mas, em vez disso, eu vim até você, ajudá-la, porque você parecia inteiramente necessitada de salvamento.

Lily bufou.

- Uma história apropriada.

- Eu posso estudar com você – ele sugeriu, mais precisamente porque ela parecia pronta para cair no sono.

- Tudo bem. Mas lembre-se que eu disse a você que era uma perfeccionista.

Ambos se ajeitaram, concentrando-se no que estavam estudando. James passou a apenas estudar Lily. Ela parecia cansada.

- Lily, você deveria subir. Tirar um cochilo.

- Em alguns minutos – ela disse automaticamente.

Ele ficou mais perto, querendo pegar o livro dela. Ela desviou as mãos dele com um tapa. James conseguiu segurar a mão de Lily, considerando usar essa situação para puxá-la mais perto. Ele mudou de idéia quando foi ignorado; Lily voltando sua atenção para o livro.

James observou a mão dela na dele, esperando que ela lhe desse atenção.

- Você rói unhas?

- U-hum – ela respondeu sem olhá-lo.

James decidiu tentar um modo melhor de conseguir a atenção de Lily. Pegou a mão dela que ele segurava e começou a beijar-lhe os dedos. Ele a viu enrijecer.

- Pare com isso, está me distraindo.

- Esta é a intenção.

Lily virou o rosto para encará-lo.

- Estou tentando me concentrar – falou.

- Eu também. Em você.

Lily rolou os olhos, mas deixou que ele puxasse sua mão a fim de que ficassem mais perto. James estendeu sua outra mão e colocou uma mecha do cabelo de Lily atrás da orelha dela, trançando depois seu dedo pela mandíbula dela até alcançar-lhe os lábios.

A garota deixou escapar um pequeno suspiro.

- Você ainda está me distraindo.

- Eu estou tentando.

Lily fechou seus olhos, deixando que os lábios de James aproximassem-se dos seus.

- Você realmente tem que ir. Você tem algo que faz meu cérebro parar de trabalhar – ela falou.

James não respondeu. Apenas ergueu a mão, deslizando seu polegar pelo lábio de Lily. Ele queria tanto beijá-la, mas queria que a iniciativa partisse dela.

Lily fechou seus olhos, inconscientemente inclinando-se na direção de James. Seus lábios estavam quase se encontrando, mas antes a porta do salão comunal abriu-se ruidosamente e James ouviu alguém chamar pelo seu nome, sentindo Lily afastar-se rapidamente.

James olhou para cima, querendo matar a pessoa que o havia chamado.

- O quê?!

- Oh, eu não queria...

- Não, você não queria caso você esperasse por pelo menos mais um minuto – James falou entre os dentes.

Peter pareceu assustado. Ele não era bom em retrucar palavras raivosas. Não que ele recebesse muitas, James não era do tipo que brigava com os amigos.

- Sirius e Remus pediram para eu vir aqui. Nós temos que ir para aquele lugar, fazer aquilo.

Normalmente isso teria chamado a atenção de Lily. No entanto, ela se recusava em olhar ou ouvir qualquer coisa.

- Vejo você à noite, Lily.




N/T: Penúltimo capítulo!! Não teve beijo J/L, mas para os que gostam de Frank/Alice, deu pra matar a vontade, não? Se bem que essa última cena James/Lily foi... *-*

Este capítulo não foi revisado pela minha beta Sally Owens, mas por um motivo mais que nobre: o filho dela nasceu! Sim, Arcanjo Miguel já está entre nós! =D E ela ainda está de licença maternidade, então...

Espero que não tenha nenhum erro! Eu juro que revisei duas vezes!

Agradeço muito os comentários de Maria Lua (calma, moça!!rsrs), Angel Cullen = Srta. Cereja, Joana Weasley e Vanessa Sueroz.

Até o próximo! =D

Kisses for all,

Livinha.

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