Capítulo 20



Capítulo 20


 


 


- Sabe, hoje e amanhã são os últimos dias do prazo. James ficará preocupado – Alice disse, folheando uma revista. Ela estava esperando que Lily começasse a patrulha pelos corredores, então ela fugiria para ver Frank, enquanto a amiga fingia não saber.


- Deixe-o se preocupar. Isso não é uma boa ideia?


Alice olhou por cima da revista.


- Não é uma boa ideia? Lily, o garoto está apaixonado por você, você está apaixonada por ele. Como ele perder a aposta e nunca mais voltar a falar com você é uma boa ideia?


- Eu nunca disse que estava apaixonada por ele – Lily justificou-se, fazendo uma careta para as palavras de Alice. Não era como se eles tivessem um acordo inquebrável ou qualquer coisa, ela ainda poderia falar com ele. E ele não iria ignorá-la. Ela esperava que não.


- Você não precisa fazer isso. É obvio – declarou Alice, voltando a sua revista.


- Não é tão óbvio como você e Frank - Lily disse, esperando desviar a atenção de Alice.  Funcionou.


- Você não tem que ir fazer as rondas?


Lily sorriu.


- Espere alguns minutos antes de escapar. Não quero que pareça que estou deixando vocês fazerem isso.


- Eu? Escapar?  Lily, magoa você pensar dessa maneira.


Lily rolou os olhos, saindo do salão comunal. Ela foi capaz de evitar o tema “James”, mas não seria capaz de ignorá-lo em carne e osso. Não importava. O que aconteceu, aconteceu. Ganhando ou perdendo, ela continuaria vivendo.  Era não saber o fim daquela situação que a estava matando.


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- Lily, saiba que eu vi Alice indo em direção ao campo de Quadribol - James disse tão logo Lily se encontrou com ele para a ronda.


- Então esse é o lugar onde ela está indo. Finja que não a viu - Lily ordenou.


- Eu pensei que você duas eram parceiras no crime.


- Ela e Frank são parceiros esta noite, e nós nunca fomos parceiros no crime, nós não quebramos muitas regras...


James riu pela expressão preocupada no rosto de Lily.  Ela pareceu genuinamente preocupada por quebrar as regras. Então deu de ombros.


- Eu tenho esta nova teoria sobre as regras – afirmou Lily.


- Isso deve ser interessante.


- Não se deve colocar muita fé nelas. Se alguém depende muito de regras para se orientar, quando chegar o momento em que elas não existem, não saberá o que fazer.  Viver pelas regras apenas por elas existirem deixa você sem saber o que fazer quando não há nada nem ninguém para te dizer quais elas são. Todos deveriam fazer o que sabem que é certo.  Às vezes, isso significa quebrar um pouco as regras.


James tinha a sensação de que as regras da escola não eram as únicas a que ela se referia. Estava mais próxima sobre as da aposta.


- E esta teoria se aplica a todas as regras?


- Na maioria - ela respondeu, olhando para ele. Parando de andar, Lily olhou fixamente para fora, através de uma janela. - Há uma guerra vindo. Tanto quanto eu não quero enfrentá-la. E que boas regras haverá lá fora?


James se perguntou se ele estava errado sobre ela referir-se à aposta anteriormente. Talvez esse fora o real significado. Mas ele achava que não. Foi mais uma exposição de seus medos.


- Nós já sabemos que haverá uma guerra. É apenas uma questão de quando será reconhecida - James respondeu. Pareceu rude, mas ele não ia negar. Isso não ajudaria ninguém. Negação nunca ajudou. Era algo que Lily precisava aprender.


Lily virou a cabeça para encará-lo, os olhos fixos.


- Sabe, se houver uma guerra, vou lutar.


James manteve o olhar. Suspeitava que ela diria isso.


- Eu sei. Lutarei também.


Lily voltou seu olhar para fora da janela


- Pelo quê você tem que lutar? Você é um puro sangue, de qualquer forma você venceu.


- Luto por você.


Lily virou-se para ele abruptamente. Por ela? Amá-la era uma coisa, lutar em uma guerra era outra.  Ele poderia morrer.


- Eu nunca poderia pedir para você fazer isso.


Eu sei. É isso que faz valer a pena. Não apenas por você, por pessoas como você. Por cada nascido trouxa lá fora, por cada traidor do sangue, por cada pessoa diferente. Por você, e eu, Sirius e Remus.  Você acha que eu estaria seguro, sendo um traidor?  Ou Sirius?  E Remus, quando seu segredo for descoberto?


- Não, eu suponho que não.  Mas... Vamos falar de outra coisa, algo mais alegre.


James observava sua posição, olhando pela janela afora, os olhos realmente não vendo. Era como se ela estivesse perdida em pensamentos. Pensando em coisas que ele não seria capaz de descobrir.


- Sobre o que Peter estava falando mais cedo? - ela perguntou subitamente.


- Ah, isso. Apenas uma piada, sobre alguém que merecia.


- Alguém que merecia?


- Um slytherin idiota que tentou começar uma luta com o Peter - James explicou.


- Nada de mal, eu espero.


- Só um pouco de poção do amor, fazendo-o dizer que amava Filch. Já deve estar passando o efeito, eu acho.


Lily considerou que o garoto seria ridicularizado, mas também pensou que não. Realmente não magoaria ninguém, e era do tipo engraçado.


- Lily, você sabe que tem apenas dois dias para terminar este semestre.


- Eu sei - ela respondeu, cuidando para não olhar para ele.


- Então isso significa que a aposta está praticamente terminada – acrescentou James.


- Eu sei.


- Pensou em algo?


Lily deu de ombros, tentando parecer indiferente.


- Talvez um pouco.


- E nesse pouco que você pensou, o que você decidiu?


- Que toda esta ideia de aposta não foi uma coisa muito inteligente - ela respondeu, ainda tentando evitar olhar para ele.


James suspirou. Ele tinha pensado que isso poderia acontecer.


- Lily, se você pensa que pode ganhar esta aposta e manter as coisas do mesmo jeito, está enganada. É ganhar ou perder. Não vou forçá-la a fazer nada, cabe apenas a você. Mas se eu perder, cumprirei o acordo. Não falarei com você. Eu não poderia, depois de ter chegado perto, perder você. Portanto, ou nós estamos juntos, ou não. Não quero nada pendente entre nós depois disso. Você tem que decidir.


Lily ficou boquiaberta. Ela não podia acreditar. James, que tinha sido tão paciente, tão ansioso, tão apaixonado, estava dizendo a ela que era tudo ou nada. Nem em um milhão de anos ela esperaria por isso. Ela tinha pensado que ele estaria à espera independentemente do que ela decidisse. Ela estava errada.


Tinha sido cruel pensar que ela poderia fazê-lo esperar, que ela poderia levar todo o tempo do mundo, independentemente do sofrimento dele. E para quê? Para ter mais algumas semanas para pensar sobre isso?


Ainda assim, que direito ele tinha para lhe dar um ultimato?


- Não posso acreditar que você disse isso. Depois de todo esse tempo, eu não acho que você poderia manter a aposta. Você está me perseguindo há anos. Eu não acho que você possa parar de falar comigo - ela disse olhando-o com raiva. Ela tinha que estar certa. Era injusto de outra forma. Além disso, tudo é justo no amor e na guerra, embora ela não soubesse como eles estavam, já que tudo parecia mudar diariamente.


- E você diz que eu sou arrogante?


De todas as coisas que ele poderia ter dito, Lily não estava esperando que fosse isso. Afinal, ele foi o único que insistira com ela. E de repente, ele decidiu dizer isso?  Eles tinham suas discussões, algumas chamando muito a atenção nos anos anteriores, mas não dessa vez. Ele não deveria estar fazendo-a confiar nele como sempre fizera?


Uma coisa era certa: que Lily não estava gostando dessa cadeia de acontecimentos. E ela não estava apta a tolerar isso.


- Se isso é realmente o que você pensa sobre mim, então estou indo embora – ela falou, girando e saindo dali.


Ela esperou que James a seguisse para agarrá-la, ou ao menos que a chamasse. Ele não o fez. Depois de aproximadamente dez passos, Lily girou para encará-lo.


- Você não vai tentar me parar?


Ele inclinou-se para trás, contra a parede, casualmente. 


- Não.


Lily estava atordoada. Em que tipo de mundo ele a deixaria ir? 


- Bem, se é assim que você quer - ela disse, voltando a andar.


Lily disse a si mesma que não se importava. Era melhor assim. Estava indo para longe dele, o que significava que não falaria mais com James, e ele poderia culpar a si mesmo. E, melhor ainda, ela poderia culpá-lo. Então, por que as lágrimas estavam enchendo seus olhos?


Seus passos tornaram-se mais rápidos, até que começou a correr a toda velocidade que podia, perdendo as forças ao se apoiar em uma parede. Não podia ouvir seus próprios pensamentos, apenas as batidas de seu coração ou a respiração ofegante. Tudo o que ela conseguia ver era sua sombra, os flocos de neve caindo suavemente do outro lado da janela que ela estava olhando.


Lily ofegou, deixando sair um grito animado. Não havia nevado o ano inteiro e aquela era a primeira neve, e parecia que ela estaria muito boa.


James a ouviu gritando e aproximou-se dela o mais rápido possível. Ele queria ir atrás de Lily, mas sabia que não poderia. Tinha que mostrar que ele falara sério. Ele a amava, mas havia uma diferença entre estar apaixonado e ser um capacho.


- Lily, o que aconteceu? Ouvi você gritar.


Lily o encarou com um grande sorriso no rosto, sua raiva momentaneamente esquecida.


- James, olhe, está nevando!


- Está – ele falou, olhando pela janela. – Deveríamos ir lá para fora. 


- Vamos - Lily disse, praticamente saltando em direção à saída.


James a seguiu, tendo certeza de não falar muito para não fazê-la se lembrar de que estava chateada com ele.


Até ao momento em que chegou lá fora, a neve caía grossa, tornando quase impossível de enxergar. Se continuasse assim a noite toda, haveria muita neve para jogar no dia seguinte.


- Lily, eu acho que deveríamos entrar, está nevando muito.


Lily o ignorou, girando o corpo. Ela gostava de neve. Adorava a neve. Tinha distraído-a de todos os pensamentos. Lembrava-a de quando era criança, ela e sua irmã corriam para fora, colocaram a língua para fora, sentindo a neve, fazendo anjos, dançando. Lembrou-se de seus tempos felizes.


James a assistiu girar, aguardando o momento em que ela cairia. A neve acentuava o contraste com seu cabelo vermelho; os flocos caindo, faziam-na parecer um anjo. Se a neve não fosse tão espessa, deixando difícil ver, ele ficaria todo o tempo observando-a, mais uma vez, como ela era linda. Mas, na situação atual, tudo o que foi possível observar era que seu giro na neve foi o ato mais despreocupado que ele já vira dela.


- Lily, é você?


Lily parou de girar, desequilibrando-se. James, apressadamente, correu até ela e a segurou, apanhando-a antes que pudesse bater no chão. Lily virou a cabeça dela na direção da voz.


- Alice, é você?


- Somos nós – outra voz respondeu.


- Frank? Venham aqui, estou com o James - chamou Lily.


Dizer o nome dele a fez perceber o quão perto eles estavam, a proximidade fazendo-a sentir novamente tudo o que ela sentira pelo que ele tinha dito.  Ela olhou para ele solenemente, sentindo como se o seu coração fosse quebrar. Lágrimas encheram os olhos dela novamente, mas não podia deixar que ele a visse chorar, ela não podia.


James nunca quis tanto apagar o que dissera.  Lily estava à beira das lágrimas e era tudo culpa dele.  Ele estava com a razão, sabia disso, mas vê-la magoada dava-lhe um aperto no coração.


- Lily... - ele começou inseguro sobre o que dizer, só sabendo que tinha de dizer algo, algo para quebrar o silêncio antes que o silêncio os quebrasse.


- Não – ela disse abruptamente.  O que havia para dizer? As coisas eram como tinham que ser. Ele tinha colocado dessa forma.


Uma única lágrima caiu por sua bochecha enquanto ela dizia isso, apesar do seu esforço. James a secou, querendo beijá-la como nunca quis antes. Beijá-la até que ela estivesse sorrindo novamente, beijá-la independentemente do que dissera, porque ele nunca poderia ter a oportunidade de fazê-lo novamente, e se ele fizesse, ganharia a aposta, o que significaria tê-la para si, mesmo não sendo justo e ele dizendo que ela poderia decidir, pois James faria qualquer coisa apenas para ficar com Lily.  Qualquer coisa.


Ele estava pronto para beijá-la, puxando-a mais perto, quando uma voz chamou o nome de Lily, ao que ela afastou.


Alice derrapou perto deles, deslizamento e caindo. James segurou-a em torno do que pensou ser a cintura dela e a ergueu novamente.


- Obrigada, corri na frente de Frank. Está difícil de ver por aqui, sabe.


- Aí estão vocês - Frank disse, quase caindo.


Lily olhou para Alice e Frank, então olhou para James. 


- Podemos ir? – ela perguntou, olhando para Alice e Frank de forma implorativa.


- Hum, está bem – Alice respondeu.


Frank olhou para ela e James de uma forma que o deixou nervoso, Frank estava protegendo Lily.


Lily pegou nos braços de Alice e Frank e saiu; ela entre os dois. James não a viu ir embora, tomou seu próprio caminho. Lily indo embora era algo que ele tinha visto o suficiente em sua vida.


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Eles haviam caminhado direto para o quarto de Frank; os colegas de quarto dele pararam de falar assim que os três entraram. Frank olhou para Lily e voltou para seus colegas:


- Saiam.


Os meninos não argumentaram, indo direto para o salão comunal.


- O que há de errado? – perguntou Alice enquanto Frank guiava Lily até a cama a fim da amiga sentar-se de frente para os dois.


- James – ela falou, deitada, o rosto escondido no travesseiro.


- O que ele fez? - Frank perguntou.


- Ele, nós, eu... ele. - Lily parou de falar, visto que ela não estava fazendo sentido.


- O que ele fez? - Alice repetiu.


- Foi o que ele disse - Lily respondeu, deixando as lágrimas caírem por seu rosto.


- Lily – Alice alarmou-se, Frank sentou-se ao lado da amiga. – Diga- nos o que aconteceu – pediu, preocupada.


- Não quero falar sobre isso. Nunca mais quero mencioná-lo novamente – Lily falou chorosa, pulando da cama e para o dormitório das garotas.


Alice olhou para Frank, dizendo que ela iria lidar com isso e depois correu até Lily. Quando ela chegou ao quarto, Lily estava em sua cama, soluçando em seu travesseiro. Alice sabia que era melhor deixar a amiga chorar em seu ombro do que ficar perguntando o que acontecera.


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James não esperava ver Lily, sua esperança tinha se resignado, e foi vagando sem rumo pelos corredores.  Ficou claro para ele que Lily estava indo embora para deixá-lo perder a aposta, e ao fazê-lo, ele iria perdê-la para sempre.


Essa situação não era algo que ele gostaria de dividir com seus amigos. Eles ajudariam e entenderiam, mas ele preferia aguentar sozinho.


Isso foi antes de ele ver Frank.


Frank tinha visto Alice naquela manhã, a qual dissera que Lily tinha chorado até a dormir. E James fora o motivo.


- O que você disse a ela? – Frank exigiu.


James, que não tinham sequer notado Frank, respondeu:


- O quê?


- Lily. O que disse a ela? Ela chorou a noite toda por algo que você fez. Então me diga o que foi.


Frank parecia pronto para brigar. Algo que incomodou James, porque ele tinha certeza de que brigar com o melhor amigo de Lily não seria algo que teria um retorno agradável.


- Eu não fiz nada. Tudo que fiz foi dizer a ela que estou aderindo a aposta.  Significa que, caso ela ganhe, não falarei com ela nunca mais.


Frank deu um passo para trás. 


- Isso é tudo?


- Com certeza. E eu posso ter sugerido que ela era presunçosa. Mas não acho que isso a faria chorar.  Ela está bem? – James perguntou.


- Eu não sei se ela está bem. Provavelmente mais brava com ela mesma do que com você, se pensar bem - Frank respondeu.


James e ele começaram a caminhar lado a lado.


Alice vai me matar?


- Acho que não.  Por quê? - Frank perguntou, preocupado.


- Ela me ameaçou uma vez que, caso eu machucasse Lily, ela me mataria.


- Vou ver o que posso fazer para te poupar.


Eles voltaram a caminhar normalmente, James querendo pedir mais informações sobre Lily, mas não sentindo que pudesse.  Ele estava sem esperança.  E totalmente sem sorte. Isso era tão Lily.


- Você sabe que a sua aposta termina amanhã? - falou Frank.


- Eu sei.


- Então por que você está aqui? - Frank perguntou, óbvio.


- Porque esta é a maneira que Lily quer.


- Ela chorou durante toda a noite por pensar que nunca mais falaria com você. Acha que esse é o comportamento de alguém que quer isso? – disse Frank.


James olhou para a ele.  Ele era o melhor amigo da Lily.  Ele iria saber.


- Então, eu tenho uma chance? - perguntou.


-  Você pode ter uma chance.  Fale com ela.


- Eu nunca quis fazê-la chorar – James disse, não sabendo por que sentira essa necessidade.


-  Eu sei.  Se você quisesse, acha que estaria parado aqui?  Posso não ganhar, mas eu conseguiria te acertar algumas vezes.


-  Vale a pena saber que alguém a ama como eu.


-  Apenas agradeça por Alice não o encontrar primeiro.


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 James havia retornado ao seu quarto a fim de obter o seu mapa e encontrar Lily com ele. Isso acabou sendo mais difícil do que ele esperava, considerando que não estava lá.


-  Onde ele está? - falou pela terceira vez.


- Eu já te disse, Sirius e Peter os pegaram - Remus respondeu, irritado.


- Por quê?


- Não perguntei.  Quanto menos eu sei, menos posso ser incriminado.


 James olhou seu amigo com frustração. 


- Preciso desse mapa.  Eu a procurei por toda parte e não consegui encontrá-la.


- Então você não procurou por toda parte.


 James estava pronto para atirar algo em Remus quando a porta abriu e Sirius e Peter entraram.


- Onde vocês estavam? – James perguntou irritado, arrancando o mapa da mão de Sirius.


- Fomos dar uma volta por aí - Peter respondeu, olhando James estranhamente.


- Estávamos indo te convidar, mas você tinha desaparecido.  Moony não iria sem você - Sirius acrescentou.


- Eu preciso encontrar Lily - James disse, seu olhos varrendo o mapa.


- Claro, sua aposta termina amanhã – falou Sirius.


- Eu sei – James retorquiu tensamente.


- Você deve se apressar.  Não sei como você demorou todo esse tempo.  Dez não é uma conta realmente alta – Sirius falou.


 James lançou um olhar feio para Sirius.


- Considerando que ela é Lily Evans, talvez ela seja alta.


- Maior do que você pode contar - James murmurou sob sua respiração.


- O quê?


- Nada. Aqui, pegue o mapa de volta - James disse, enfiando o mapa nas mãos de Sirius e saindo apressado em direção à porta.


- Onde ela está? - Peter perguntou.


- No quarto – James respondeu.


- Mesmo odiando ser o estraga prazer, você não pode entrar no dormitórios das garotas - Remus disse.


- Oh, certo - James disse, virando seu olhar para Sirius.


- Você quer que eu volte para lá?  Sabe, da última vez que fiz isso por você, você me fez pedir desculpas para ela, então-


- Então você é meu melhor amigo e deseja que eu conquiste a garota que eu amo - James o cortou.


- Certo. E se eu não conseguir “convencê-la”?


- Jogue-a em seu ombro e a traga até aqui, tenho só dois dias – James falou em pânico.


- Certo. Tchau - Sirius disse, caminhando para fora da porta.


 Remus olhou para cima. 


- Você realmente acha que é inteligente-


 James sabia o que ele queria dizer, então correu para a porta.


- Sirius, não a jogue literalmente sobre seu ombro!


- Acha que eu sou louco? – retorquiu o outro.


 James fechou a porta, sem responder.  Ele realmente tinha que ver Lily.


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 Lily estava deitada em sua cama, comendo sapos de chocolate, quando ouviu passos.


- Roubei seus sapos, Alice.


- Não é Alice.


 Lily estava tão surpreendido ao ouvir uma voz masculina que ela pulou, caindo da cama.


- Ai.


 Ela se levantou, mas deixou-se cair de volta para pegar o saco de sapos de chocolate abruptamente das mãos de Sirius.


- São meus, deixe-os em paz.


- Achei que fossem de Alice.


- Eles estavam debaixo da minha cama, que os torna meu por meio de regras de proximidade – Lily disse, sentindo-se esperta e segurando o saco para ele.


 Ele puxou-o de volta.


- Acho que eles precisam mais de mim.


- Vá embora.


- Isso não é muito educado – Sirius disse, sentado ao pé da sua cama.


- James o enviou.  A rudeza é dirigida a ele – Lily explicou.


- Ele quer vê-la.


- Nós não podemos obter sempre o que queremos.


- Lily, você pode argumentar comigo durante todo o dia, ou você pode se levantar, escovar o cabelo e argumentar com James.


- Escovar o meu cabelo? – ela perguntou, irritada.  Ela estava no seu próprio quarto, se ela queria deixar o cabelo bagunçado como um grande rolo, ela podia.


- Eles estão com um aspecto semelhante à lula gigante. Dá impressão de que se eu os tocar, eles vão se mover - Sirius disse, olhando-a como se fosse testar sua teoria.


- Toque meu cabelo e eu te mato – Lily falou rispidamente.  Mas passou as mãos pelos cabelos, arrumando-os.


- Você tem que vir comigo.


- Se está planejando arrastar-me desta vez, eu quero que você saiba que tenho a minha varinha e pretendo usá-la.


- Te arrastar?  Eu poderia, mas depois de todos aqueles sapos de chocolate pode ser difícil.


- Ei! – Lily falou, sentando-se.


- Eu consegui fazê-la se sentar, agora o que falta é convencê-la a se levantar e andar. 


 Lily se deitou novamente.


- Não vou.  Meu cabelo está ruim, eu estou vestindo roupas de ontem, estou horrível, eu me sinto horrível, e é inútil. 


- Eu não diria horrível.  Ruim, mas não horrível.  E ele não vai se importar – Sirius falou, de pé, segurando a mão de Lily a fim de erguê-la.


 Lily bateu na mão dele. Fechou os olhos, esperando que, quando os abrisse, Sirius teria ido embora.  Ela sentiu a cama afundar ao seu lado e abriu os olhos, vendo que ele tinha sentado com as pernas esticadas.


- Não acho que James apreciaria o seu não.


- Não acho que James apreciaria o melhor amigo dele na cama comigo – ela retorquiu, considerando empurrá-lo, mas lembrando que ele era mais forte.


- Não na cama, ao lado de você em uma cama.  Completamente diferente.


- Eu realmente não gosto disso.


- Tanto quanto James ou eu.  Você pode ir falar com ele, ou pode ficar aqui comigo.


 Lily soltou um lamento.


- Tudo bem, eu vou vê-lo.  Mas tenho que me ajeitar primeiro.


- Sabia que você viria.


- Será que ele quer que eu segure sua mão ou algo assim? – Lily perguntou.


- Eu não acredito que você não vá aparecer.


- Eu tenho que me arrumar.  Isso significa que você tem que sair.  A menos que você queira me ver em roupas íntimas – ela disse mordaz.


- Como isso soa tão tentador, eu acho que vou embora.  Ele vai encontrá-lo no salão comunal.


 Lily bateu a porta atrás dele, receando ver James.


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 Alguns minutos mais tarde, Lily entrou no salão comunal, James levantou-se da poltrona tão logo ela entrou.


- Oi, Lily.  Sirius disse que você viria falar comigo.  Eu tinha medo que você não viesse.


- Ele me convenceu.


- Como? – James perguntou curiosamente.


- Ele ficou na cama comigo.


- O quê?


- Ao meu lado na cama.  Completamente diferente, aparentemente.


- Eu sinto inveja, eu nunca estive em qualquer lugar perto de sua cama – James brincou.


- E você provavelmente nunca estará – Lily respondeu, aborrecida.


- Certo, acho que não é hora de fazer piadas.


- Tivemos nossos momentos.


 Os dois não disseram outra coisa, Lily seguindo James em silêncio.  Eles atingiram uma área calma perto do lago, o local era o que Lily escolhera de romântico para Alice e Frank.  Não era a melhor vista no momento, já que na primavera, com as flores que crescem sobre as árvores e arbustos que o rodeiam, seria mais romântico.


- Espere um pouco, vou buscar alguma coisa para nos sentar - James disse, olhando para a neve.  Ele fez um feitiço convocatório e um grosso tapete apareceu. Então gesticulou para Lily se sentar. - Não vou pedir desculpas pelo que disse.  Eu quis dizer aquilo.  Mas não queria magoá-la quando falei.  Se eu estava triste, acho que poderia ter falado isso com um pouco mais de tato.


 Lily não queria olhar para ele.  Não foi um pedido de desculpas.  Mas, ela tinha achado que não se importava.  Ele queria ter dito aquilo.  Ela teria dito a mesma coisa na sua situação.  Foi por isso que ela não queria vê-lo, ela sabia que ele ia soltar suas defesas.  Se ele fosse embora, ela poderia manter-se segura, se ele estava perto, então ela estava perdendo.


- O que te faz pensar que você me magoou?


- Eu vi Frank mais cedo.  Ele estava pronto para me matar.  Eu não acho que ele faria isso, se eu não te magoasse.


 Lily suspirou.  Qual era o objetivo?


- Eu não estou mais com raiva. O que você disse é compreensível.


 James hesitou, parando o fluxo de palavras que ele estava prestes a dizer.  Era melhor.


- Trouxe o seu presente.  Caso eu não te veja novamente.


 Lily pegou o pequeno pacote que ele segurava, desembrulhando-o e tirando uma caixa que continha uma corrente de ouro cujo pingente era um coração.  Era bonito e parecia caro.  E combinava perfeitamente com ela.


- Eu vi você olhando para ele um dia e eu pensei em buscá-lo, já que eu sabia que você ia gostar.  Eu posso dar outra coisa se você não-


- Não, eu adorei – ela disse, tentando colocá-lo. – Não consigo abrir o fecho.


- Deixe comigo – James disse, inclinando-se e aproximando-se dela.  Ele ficou muito perto, passando suas mãos pelo pescoço de Lily, deixando-as roçar levemente.  Ela ofegou, parando de respirar.


 James olhou para baixo, seu olhar nos lábios dela.  Lily o olhou de volta, seguindo o seu olhar, sentindo que deveria dizer algo, mas sentindo-se incapaz.  Era tão difícil pensar quando ele estava tão perto.  Ela não podia evitar, olhando para os lábios dele, lembrar-se da sensação de como era ser beijada por ele, como ela se sentia quando ele a abraçava...


 Inconscientemente, Lily fechou os olhos, ficando um pouco mais perto. James moveu-se para mais perto dela, seus lábios quase se encostando.


- Lily, é a sua vez. É agora ou nunca.


 Lily não sabia o que dizer, por isso ficou quieta.  James tomou isso como resposta, diminuindo a distância entre eles, quando Lily deu o menor e mais leve movimento para se afastar.


 Não foi algo que teria parado outra pessoa, nem sequer o suficiente para alguém perceber, mas James parou, e ele se afastou, levantando-se.


- James, eu-


- Não diga nada, Lily.  Se eu não tenho sido capaz de convencê-la depois deste tempo todo, eu nunca vou conseguir.  Talvez eu estivesse errado.  Talvez não somos destinados a ficar juntos.


 Com isso, ele virou e foi embora. Lily queria chamá-lo, queria desesperadamente que ele voltasse, queria levantar e segui-lo, mas não podia.  Ela estava enraizada naquele chão, a língua presa em sua boca.


 Por que ela não poderia ir atrás dele?  Por que ela não gritara?  Ela só o assistiu ir embora, um buraco vazio, uma sensação de naufrágio dentro dela.  Como sempre, tudo estava errado e, como sempre, fora culpa dela.


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 As aulas haviam terminado e Lily estava no seu quarto com Alice, fazendo as malas.


- Então, como estão as coisas com você e Frank, você tem algum grande plano para o Natal?


 Alice sorriu sonhadoramente.


- Ele irá me visitar.  Eu nunca pensei que eu poderia ser tão feliz, Lily.  O meu melhor amigo, eu ainda não posso acreditar que ele é era o garoto especial que eu procurava.  É o tipo de coisa que você sempre está perto de você, mas nunca imagina que pode acontecer com você.


- Sim, bem, você sabe o que eles dizem: você sempre pode se apaixonar pela pessoa que você menos espera.


 Lily parou o que estava fazendo, a realidade a acertando como um imenso tijolo.


- A pessoa que você menos espera – ela repetiu para si mesma.


- O que foi isso? – Alice perguntou, animada.


- Alice, que horas são?  O prazo acabou?


 Alice olhou para seu relógio.


- A gente saiu de última aula alguns minutos mais cedo, então não, ainda restam cinco minutos, tecnicamente.


 Lily atirou sua mala para o lado.


- Termine minha mala para mim, eu tenho que ir.


- Onde?


- Eu tenho que achar James – ela falou, correndo para fora do quarto.


Ela corria, trombando nas pessoas, não parando se desculpar, mas o fazendo enquanto corria. Ela quase derrubou o Prof. Slughorn no chão, correndo a toda velocidade.


 Finalmente, ela alcançou o salão principal, onde James estava esperando dar a hora para ir embora.


- James! – ela chamou, ofegante, andando até alcançá-lo.


 James virou a cabeça, olhando para ela, desapontamento em seus olhos.


- É o fim do semestre, Lily, você ganhou, eu nunca poderei falar com você de novo.


- Não, James – ela falou, alcançando-o a fim de segurar o pulso dele, olhando para o relógio.  Dois minutos até que o prazo estivesse oficialmente terminado.


 Não houve tempo para explicar, só o tempo para agir.  Ela ficou na frente dele, jogando-se nos braços de James e beijando-o.  Ele ficou tão surpreendido que não fez nada de início, mas a segurou, para então beijá-la de volta.


 Ela envolveu o pescoço de James com seus braços, beijando-o com uma intensidade como se fosse o último beijo que uma pessoa estivesse dando.  Ele puxou Lily contra si, enterrando uma mão em seus cabelos e a outra em torno de sua cintura, quase levantando-a do chão.


 Depois do que poderia ter sido momentos, ou dias, eles se separaram.


- O que foi isso? – ele perguntou, libertando-a.


- Você ganhou.  A aposta, você venceu – ela disse.


- O semestre acabou, eu perdi.


- Não, eu olhei o relógio, havia dois minutos.


- Lily, esse relógio está cinco minutos atrasado


 Lily baixou o rosto.  Cinco minutos de atraso?  Era tarde demais.


- Então você perde?


- Eu perco.


 Lily olhou para baixo, no chão.  Isso significava ter que dizer, e dizendo o que deveria ser dito era muito mais difícil do que perder uma aposta.


- Eu queria que você ganhasse – ela disse suavemente.


- Então, por que não me deixou ganhar ontem?


- Porque eu era estúpida e estava com medo – ela admitiu.


- Medo? – retorquiu James.


 Lily sorriu para ele.


- Você não vai me fazer dizer isso, vai?


- Não há maneira alguma de eu não fazê-la dizer isso.


 Lily aproximou-se dele, um sorriso em seu rosto.


- Mesmo com todas as provas em contrário, e apesar de todas as minhas recusas, estou apaixonada por você.


- Você está apaixonada por mim? Não vai mudar de ideia ou qualquer coisa em você?


 Lily sorriu, talvez ela merecesse ouvir isso.


- Não, eu não estou mudando minhas concepções.  Eu queria que você ganhasse a aposta, eu quero ser sua namorada, e eu espero que, mesmo sendo demasiado tarde, que você pense ainda em ficar comigo, porque – ela pausou, tomou ar e olhou para cima, encarando-o nos olhos – eu te amo.


 James a abraçou e a puxou para mais perto.


- Acho que posso estudar isso – ele brincou.


- E quando vai decidir?


- Eu te aviso quando isso acontecer.


 Lily sorriu, envolvendo-o com seus braços.


- Alguma coisa que eu possa fazer para convencê-lo?


- Nada. Eu já decidi.


- E?


- Eu te amo – ele respondeu.


- Eu também te amo – ela retorquiu, adorando a facilidade com que as palavras deixaram sua boca.


- Você não sabe quanto tempo eu esperei para ouvir isso.


- Eu acho que sim.  E eu prometo que vou compensar.  Mas, agora, eu realmente adoraria que você me beijasse – Lily disse, trazendo-o mais perto.


- Qualquer coisa por você – James falou, beijando-a.


 Eles ignoraram a multidão de espectadores, o resto do mundo não tinha importância. Estavam muito concentrados um no outro para se importar.  E isso era exatamente como Lily queria.  James e ela finalmente estavam juntos, com aposta ou não, não importava.  Eles estavam juntos, e essa era a única coisa que contava. Tudo estava certo.


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N/B Sally: Finalmente!!!!! Credo, a Lily é a pessoa mais difícil que já conheci. Será que foi dela que o Harry herdou o jeito devagar (quase parando) quando se trata de se dar conta de que está apaixonado? Só pode! Frank e Alice são muito fofos (e muito menos lentos, hehe). Confesso que cheguei a perguntar várias vezes para o papel como o James podia ser tão constante, mas, pelo visto, valeu à pena. Sempre vale quando o amor é tão grande assim. Mana, sua tradução como sempre ficou show de bola. Te amo!!


N/T: Sim, finalmente o último capítulo e, com ele, o décimo beijo James/Lily! Peço imensa desculpa pela demora em postar o capítulo. Tive problemas que não me permitiam sentar à frente do computador e me concentrar. Porém, tudo está finalmente se resolvendo e apenas a faculdade será um obstáculo para eu usar meu tempo de maneira mais gostosa..rsrs...


Agradeço a todos pelos comentários, pois eles também me estimularam a postar este capítulo o mais rápido que me era possível. Honestamente, não agüentava mais ver tantos “atualiza!!” toda vez que abria meus emails..hihi.. Isso me frustrou pacas!


Portanto, um beijo especial a todos que não desistiram de mim e nem da fic Ten Kisses – Dez Beijos.


E, claro, um beijo especial à Nika-Sally, querida amiga que betou os capitulos para mim! Para você, minha irmã, muita saúde e felicidades! Te amo!


Também agradeço à Kelly e a Pam ,que me ajudaram com as betagens! Beijos especial nas duas! Amo cada uma!


E a quem interessar, eu pretendo traduzir a Ten Kisses II, muito embora esse semestre na faculdade será ainda pior que o anterior: mais estágio, mais trabalhos e, para fechar, o tão famigerado e delicioso TCC; e ainda tenho meu curso de inglês que decidiu ser carrasco a partir desse semestre. Além, claro, de minha outra fic, O Mistério de Starta, e da edição que estou fazendo de “HP e o Encontro das Trevas”. E como se isso não bastasse, meus trabalhos de betas e outras coisas que não consigo ficar sem. =D


Só que como somos brasileiros e não desistimos nunca..rsrs..vou dar um jeitinho de trabalhar melhor meu tempo e colocar nele a tradução de TK II.


Portanto, queridos, creiam que pretendo sim traduzir a seqüência de Dez Beijos. Será apenas uma questão de tempo.


Beijos a todos!


I really want see you all next fanfic! And I hope this happens early!


 Kisses and more kisses,


Livinha! =D


 

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Comentários (2)

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