≈. A profecia verdadeira



Hermione se jogou na cama com o coração acelerado e não conseguiu dormir. Não se sentia assim há muito tempo ou nunca se sentira tão diferente assim. Ela abraçou o travesseiro e ficou olhando vagamente para o teto por um longo tempo. Rony fizera aquilo porque quis ou pela manhã nem se lembraria daquele beijo? Será que estaria pensando nela? Ou...

- Droga... - murmurou baixinho, apertando o travesseiro com mais força. - Eu não sou assim... porque ele faz eu me sentir como uma criança?

Ela sorriu de leve e olhou para o dossel da cama. Fechou os olhos, mas nos seus pensamentos não queria que aquela noite acabasse tão cedo.


Rony e Hermione esperavam por Harry ansiosos naquela manhã. Nenhum dos dois se atrevera a falar da noite anterior, mas coravam cada vez que se olhavam.

- Harry! - gritou Hermione quando ele apareceu, arrastando-o para um canto da sala comunal. - Você ficou sabendo... ontem á noite...

- O que aconteceu depois que a gente foi embora - completou Rony, sem encontrar as palavras certas.

Harry balançou a cabeça e olhou desconfiado para os dois. Hermione viu que ele não entendera. Tirou do bolso um folheto amassado e mostrou-o.

- Estava no quadro de avisos, então peguei e deixei uma cópia no lugar - exlicou ela. - Leia - pediu nervosamente.

" Uma esmeralda de tamanho médio e excepcionalmente perigosa despareceu da sala do professor Slughorn, de poções, ontem á noite. Se algum aluno encontrá-la ou perceber algo de errado, comunique imediatamente a um professor."

Harry ficou mudo e amassou o papel lentamente, tentando conter a sua raiva.

- Impossível! - gritou ele com raiva, jogando o papel num canto. - Nós saímos de lá ás duas da manhã e não tinha mais ninguém perto daquela sala! Não tinha como terem roubado a sala de Slughorn ontem á noite! Não adiantou nada! - ele fez uma pausa. - Pelo menos em alguma coisa eu acertei, o que queriam era mesmo a esmeralda.

- É muito estranho, mas ninguém sabe que foi um roubo, pelo menos os outros alunos não sabem - murmurou Hermione. - A essa hora já devem ter idéia de quem fez isso.

- Ou dessa vez o cara só roubou a esmeralda e desaparatou, nem quis se divertir quebrando alguma mesa - crescentou Rony distraidamente.

- Não-se-pode-aparatar-nem-desaparatar-em-Hogwarts! - disse ela entre os dentes, estremamente irritada. - Por favor, será que alguém ou um de vocês na vida ou na morte vai ler Hogwarts, uma História?

- Ah, pelo amor de Merlin, Hermione! Será que alguém além de você já leu esse livro idiota? - perguntou Amanda, que acabara de sair de uma pilastra atrás dela e segurava uma pena nas mãos. - Que coisa esquisita, eu não sabia que houve um roubo ontem á noite, e aqui temos quatro supeitos... se souberam que nós estávamos fora dos dormitórios iriam colocar a culpa na gente, então é melhor vocês três ficarem calados.

- Ninguém pediu a sua opinião - disse Harry secamente. Amanda lançou-lhe um olhar gelado.

- Que coisa, não? Se estiveram pensando em me dedurar, isso não vai funcionar nem um pouco. Não fui eu que roubei aquela maldita esmeralda que disseram no aviso. E também tem os elfos, que podem provar que eu estive na cozinha. Agora vocês... - ela fez um sinal com a pena para os três. - ...eu não posso falar nada, não tenho provas que vocês roubaram alguma coisa. Aliás, só quem nos viu foi um gato branco, lembram?

Hermione abriu a boca mas não disse nada. Olhava de Harry para ela, esperando que alguém dissesse que era mentira, mas ninguém o fez.

- Amanda, você só não é mais irritante porque não é mais loira - disse Rony sarcasticamente. Amanda soltou uma risada debochada.

- É, vai ver é por isso mesmo. Então, está combinado, não é? - ela estreitou os olhos. - Vocês me salvam, eu salvo vocês.

- Ela está certa, mas fez uma chantagem enorme. Acho que ela está é com medo de pegar uma detenção - murmurou Hermione, observando-a se afastar, com um sorriso no rosto. - O que vamos fazer?

- Nada. - Harry se virou com raiva e deu as costas aos dois. - Um a zero pra Amanda.




Como a aula de DCAT seria com a Grifinória e a Sonserina na mesma sala, Amanda pensou que se animaria um pouco. Porém Snape tratou de colocar Harry perto de Draco, porque sabia que se odiavam. Só não contava que ela talvez não quisesse ficar ao lado de Hermione.

Amanda lançou um olhar maroto para Draco no lado oposto da sala. Rasgou um pedaço de pergaminho e rabiscou alguma coisa bem rápido. Ela procurou o professor Snape e viu que ele discutia com dois alunos um pouco adiante, então amassou o papel e jogou para Draco.

Ele desamassou o pergaminho e sorriu penalizado para ela. Uns rabiscos infantis mas incrivelmente reais mostravam Amanda estrangulando uma exagerada Hermione com os dizeres abaixo: "salve-me por favor".

Ela retribuiu o sorriso e mordeu os lábios de impaciência. Amanda olhou sorrateiramente para trás e percebeu que Snape estava de costas. Passando rapidamente por debaixo da mesa, ela correu para perto de Draco e empurrou Harry para o lado.

- Bem vinda de volta pra Terra - falou Draco em tom de riso.

- A senhorita cérebro fala demais, me irrita! - disse ela, largando o livro em cima da mesa e se encostando no ombro dele. - Eu sofro demais nesse lugar, não tem nada...

Amanda parou repentinamente de falar e sentiu uma vertigem tão forte que ela segurou com força na mesa e achou que ia desmaiar. Lembranças sem sentido afloraram da sua mente, algumas que ela lembrava e outras que nem sabia que existiam. Ela afastou os cabelos da testa e percebeu que estava suando. Quando os objetos voltaram a ter foco, Amanda olhou, como que por instinto, para a mesa dos professores. Snape estava olhando fixamente para ela. Havia ódio naqueles olhos escuros.

Ela se levantou da mesa e com uma onda de medo, percebeu o que estava acontecendo. Feche a sua mente, feche a sua mente...

Quando Amanda se deu conta, estava de frente para Snape, encarando-o. Os outros alunos pararm o que estavam fazendo para presenciar Amanda gritando com o professor:

- O que o senhor pensa que está fazendo?

Snape estreitou os olhos, e sem dizer uma palavra, arrastou-a para fora da sala. Ela estava com tanta raiva que não ouviu Draco a chamando. O professor a levou para uma pequena sala no final do corredor e bateu a porta com força.

- O que o senhor quer tentando ler a minha mente? - gritou ela enfurecida, sentindo imenso ódio dele.

- Fique longe do Malfoy - disse ele entre os dentes, avançando para ela.

- O quê? Quem o senhor pensa que é? - ela o empurrou e colidiu contra uma estante. - Anda usando Legilimência contra mim e ainda quer que eu me afaste do meu namorado? Você é louco?

Snape se virou para ela. Era impossível saber qual dos dois odiava mais o outro naquele momento. Amanda levou a mão á varinha...

- Nem pense nisso - murmurou Snape com a voz fria, olhando nos olhos azuis dela como se quisesse perfurá-los. - Faça o que eu mandei, ou eu posso acabar com a sua vida sem nem tocar em você.

- A minha vida já está muito bem acabada sem você - disse ela com desprezo na voz, odiando Snape, aquele lugar e o modo que ele a intimidava, como se conhecesse seu passado. - Me deixe em paz, pára de ficar mexendo com a minha cabeça! Não tem nada aqui que sirva pro senhor.

Ela se virou para sair, mas Snape segurou-a pelo braço.

- Você ouviu, srta. Hartwell. Não vou repetir.

- O mesmo pra você, professor.

Ela se soltou da mão dele e subiu as escadas correndo. Mas não foi pra sala comunal.



Cada vez mais Amanda se sentia intrigada em relação a Snape. Por alguma razão o professor a seguia com os olhos, sempre atento a qualquer coisa que ela fazia. Amanda achava que isso era um tipo de obsessão, e agora ele estava usando Legilimência contra ela... para quê? O que ele estaria querendo saber?

Amanda já estava fora do castelo quando sentiu que puxavam a sua capa. Se virou e viu Vallery com uma expressão preocupada no rosto.

- Você está maluca pra sair de capa nesse sol? - ela chegou mais perto e baixou a voz.- O que Snape fez com você?

Amanda não respondeu e continuou andando pela grama em direção ao lago. Passados cinco minutos ela se virou para Vallery, que a seguia.

- Respondendo as suas perguntas, é porque é frio o lugar pra onde eu estou indo, e Snape não me fez nada - disse ela calmamente, embora não fosse verdade.

Os olhos de Vallery se tornaram mais sérios por trás dos óculos de aros vermelhos.

- Mandy, você precisa ter um pouco mais de cuidado quando se trata do professor Snape. Eu me impressionei por ele não ter dado uma detenção logo de cara depois que você gritou com ele - o tom de voz dela indicava censura e orgulho ao mesmo tempo. - Foi muito corajoso da sua parte, mas é melhor a gente voltar, ele pode nos dar uma detenção se souber que saímos da escola.

- Ele não daria uma detenção pra você.

- E por que não? Nós duas saímos da sala sem permissão.

- Não é por isso! - Amanda se virou rapidamente, fazendo com que seus cabelos loiros se bagunçassem ainda mais ao vento. - Vallery, você é a aluna que ele mais gosta! Você é da Sonserina! Eu entrei nessa maldita escola na metade do ano, mas eu sei que Snape não gosta de mim nem de qualquer outro que não seja da Casa dele! Eu é eu tenho que suportar um professor lendo a minha mente sem a minha permissão, não você!

Amanda deu as costas e voltou a andar em passos rápidos. Fora tão estúpida a ponto de descontar sua raiva em Vallery, como fizera com Draco dias antes. Mas a garota pareceu não se importar e voltou a segui- la, um tanto constrangida.

- Me desculpa, eu não sabia que ele havia feito isso com você... não vou mais perguntar sobre isso se você não quiser - murmurou ela, mexendo compulsivamente nas mechas verdes do cabelo comprido. - Pra onde você... que você vai fazer na floresta proibida?

Amanda piscou, surpresa. Por um momento não tinha reparado que um pouco mais á frente se erguiam as árvores altas da floresta.

- Alguma coisa me diz que devo ir lá.

Vallery hesitou, como se tomada por um choque. Amanda continuou andando e parou quando olhou para trás e viu que a garota tinha uma expressão amedrontada nso olhos escuros.

- Vem, não vai acontecer nada não! - gritou Amanda num tom que pretendia ser confortador, sem sucesso. - Se não quiser vir não tem problema!

Vallery sacudiu a cabeça pra não pensar em coisas ruins e caminhou lentamente até ela.

- Não gosto nem um pouco desse lugar - murmurou Vallery, esfregando os braços para se aquecer á medida que ia ficando escuro por causa das árvores fechadas.

Amanda sorriu de leve e não saiu de perto dela. Entendia perfeitamente o porquê dela não se sentir bem na floresta proibida: há dois anos atrás, naquele mesmo lugar, Sabrina tinha desaparecido e Vallery se sentia culpada desde então.
Ela se embrenhou cada vez mais na floresta, atenta á qualquer barulho estranho, para poder sacar a varinha. Várias vezes ela pensou em voltar por causa de Vallery, que parecia muito nervosa. Elas estavam quase no meio da floresta, onde os fracos raios de sol mal passavam pelas folhas densas das árvores mais altas.

- Val, não tem porque você ficar assim, não tem perigo nenhum... você precisa se acostumar... Val?

Amanda olhou para trás: Vallery estava parada ao lado de uma árvore a uns dez metros e olhava com uma expressão petrificada para alguma coisa que Amanda não conseguia ver. Quando a garota recuou, tropeçando nos gravetos, ela ajoelhou e começou a gritar com medo, gritos agudos e descontrolados que ecoaram por toda a floresta.

Amanda ficou sem reação por alguns instantes. Pensou em chamar alguém para ver o que estava contecendo e então lembrou que estavam sozinhas. Alguma coisa estava deixando Vallery aterrorizada, ela não parava de gritar...
Amanda correu até ela e se ajoelhou no lugar onde ela havia caído; a garota estava pálida, porém quando a viu parou de gritar. Voltou seus olhos cor de violeta para Amanda e cobriu o rosto com as mãos.

- Mandy, era verdade, ela não mentiu... - falou com a voz trêmula e abafada por entre os dedos.

- Val, o que houve? O que é verdade? Não desmaia a gora! - gritou Amanda, mas a garota abriu os olhos e tornou a recobrar a consciência. - Foi uma idéia idiota trazer você pra cá depois do que aconteceu com a Sabrina... vamos sair daqui, Val, fala comigo!

Amanda colocou a varinha no chão e afastou do rosto dela os cabelos longos. A garota parecia traumatizada, o que a fez se sentir ainda mais culpada.
Estava escurecendo rápido e agora quase não dava para ver o céu por entre as folhas das árvores, estava cada vez mais frio...

Vallery tossiu e se apoiou na árvore, tentando se levantar. Lentamente, como se sentisse dor por isso, ela ergueu a mão e apontou para alguma coisa entre os arbustos. Amanda ajudou-a a ir até o lugar onde ela rinha indicado.
Caída ali, com as vestes rasgadas e vários cortes pelo rosto, estava uma garota de longos cabelos loiros. Parecia morta. Amanda engoliu em seco e se aproximou o bastante para dar um grito assustado. Ela conhecia aquela garota. Luna Lovegood.

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