O reencontro



[Mais uma FIC! Depois que eu postar a 5ª só irei postar a próxima depois de pelo menos 10 coments!!!hehehe é o meu preço!!
Beijos e boa leitura!]]]



- Ai - gritou ele, os olhos doendo muito, e bem vermelhos.
- Desculpa - falou Soraya, mas sem deixar de esfregar a poção fedorenta nos cabelos do garoto.
- Não vai adiantar nada, como das outras vezes - resmungou Severus. - Agora eu vou aparecer no Beco Diagonal com os mesmos cabelos engordurados, e ainda por cima de olhos vermelhos, essa porcaria caiu nos meus olhos.
- Shhh... - disse Soraya, zangada. - Sobrinho meu não fala assim. Madame Grintz foi muito generosa cedendo a receita dessa poção.
- Não adianta, tia - falou Snape, já mais calmo, com uma voz chorosa e arrastada.
- Ainda bem que Rigorosus e Sisudus não puxaram ao seu pai. Ele tinha cabelos assim, engordurados, antes de perdê-los todos com a idade.
Soraya pegou um grande balde prateado e jogou muita água em cima de Severus, que tiritava de frio. Apanhou uma toalha e, com uma expressão curiosa no rosto, esfregou os cabelos do menino, e em seguida parou, desapontada.
- Nada... E agora ainda estou devendo favor para aquela velha maldosa.
- Eu não disse? - sussurrou ele. Seus olhos estavam tão vermelhos que assustaram sua tia.
- Está bom, agora você termina de tomar seu banho, se vista rapidinho e desça imediatamente. Quero estar de volta antes das cinco.
Severus terminou de se enxugar e foi para seu quarto, não sem antes se olhar no espelho e tomar um susto. Lágrimas lhe vieram aos olhos. Já era menosprezado por ser magricela, pálido e cabelo ensebado, agora com olhos de vampiro seria rejeitado como um leproso moribundo.
Vestiu-se devagar, observando Nictus dormir dentro de seu guarda-roupa, que precisava urgente de uma limpeza. O estoque de cerejas e morangos estava acabando também.
Ao descer encontrou Soraya, belíssima em suas vestes verdes, já com o Pó de Flu nas mãos.
- Anda logo, já estamos atrasados. Você primeiro... - disse ela, jogando uma pitada do pó verde nas chamas da lareira.
- Beco Diagonal! - falou Severus, bem alto e claramente, pensando em sua loja favorita no bairro.
Em alguns segundos, aterrisava na Floreios e Borrões, seguido por sua tia, que se preocupava em escovar os cabelos com os dedos, retirando deles a fuligem da lareira. Os olhos de Severus brilhavam olhando todos aqueles livros; de magia branca, está certo, mas muito fascinantes. Desde criança ele idolatrava livros de magia, e abominava os de literatura mágica de seu pai. Apesar de ter aprendido a ler em casa, fora nos livros de magia de sua mãe que ele treinara, e ficara desde então fascinado pelo poder que vinha da sabedoria. Aprender, sempre mais e mais, esse era um sonho que ele perseguia. E nessa busca de poder e de saber foi que ele descobriu as artes das trevas... Severus olhou sua tia, que observava a lista de Hogwarts fazendo contas e procurando os livros. Ela nem desconfiava dos interesses do sobrinho, que se sentiu, mais uma vez, um traidor. Traíra sua confiança várias vezes, fugindo escondido para a Travessa do Tranco. E toda vez que estudava em seus livros proibidos sentia uma pontada de remorso, não por seu pai e seus irmãos, que nunca lhe davam atenção, mas por ela, a única pessoa que se preocupava com ele.
Reparando na expressão do sobrinho, Soraya parou de ler a lista e perguntou:
- Você está bem?
- Estou...
- Não parece.
- Tia, meus olhos ainda estão vermelhos?
- Hã, não muito, estão bem melhores - mentiu Soraya, desviando o olhar. - Bom, os livros já estão aqui todos, vamos agora na Madame Malkin, espero que ela aceite o Credibruxo, senão não teremos dinheiro para a varinha. Seu Olivaras, aquele pão-duro, só aceita dinheiro à vista. Vamos...
Severus caminhou ao seu lado, sua tia andava rápido e ele não pôde observar as novas Silver Arrows na vitrine da Artigos de Qualidade para Quadribol. Via bruxos e bruxas o olharem espantados, e alguns virarem o rosto das crianças, que o encaravam curiosas. Tia Soraya mentira, pensou o menino. Devia estar parecendo um monstro...
Dentro da loja de Mme. Malkin ele avistou um outro garoto, estranhamente familiar, acompanhado do pai. Era alto, bonito, olhos cinzentos, e com uma expressão de desdém no rosto, típica de pessoas muito ricas. Quando o menino o encarou, com um olhar meio de nojo, meio de curiosidade, ele o reconheceu: Lucius Malfoy, com o qual assistira ao pior jogo de Quadribol da Inglaterra, contra a China, na Escócia. O pai de Malfoy alugara um grande expresso mágico e Lucius distribuiu vários convites entre seus amigos de infância. Rigorosus, não se sabe como, conseguiu um convite, talvez no contrabando de sua turminha barra pesada da Sonserina. Mas tanto ele quanto Sisudus pegaram catapora, e não havia jeito de Soraya curá-los a tempo. O resultado é que um felicíssimo Severus embarcara para a Escócia, voltando cabisbaixo, pois uma turma o acusara de ser pé-frio.
- Que surpresa! - exclamou Aurelius Malfoy. Não tirava os olhos de Soraya, que corava enquanto perguntava a Mme. Malkin sobre o Credibruxo.
- Pronto para dar seu sangue pela Sonserina? - perguntou Lucius, fazendo esforço para ser simpático ao ver seu pai agir todo meloso com a tia de Severus, oferecendo-se como fiador.
- Estou pronto para estudar - disse Severus friamente, lembrando que fora ele, Lucius, quem o acusara injustamente de ser o causador da derrota da Inglaterra. Mas seu rosto permaneceu impassível. Sabia que os Malfoy tinham muito dinheiro, e conhecia o boato de que usaram muita magia negra e meios escusos para conseguir essa fortuna.
- Severus, - disse Soraya, ainda corada nas faces - vou comprar o restante de seu material, a balança e o caldeirão novos, na loja ao lado. Fique aqui enquanto Mme. Malkin ajusta suas vestes. E se encontre comigo lá na Olivaras daqui a uns vinte minutos.
E seguiu, se despedindo encabulada de Aurelius Malfoy, que parecia que voltara a si, empertigando o peito e elevando o rosto.
- Prontinho... - disse Mme. Malkin. - Um rapaz bonito como você vai fazer sucesso em Hogwarts.
- Obrigado - disse Lucius. - Meu colega aqui também vai para Hogwarts esse ano.
- Ah, sim, o sobrinho de Soraya... - resmungou Mme. Malkin, evitando o rosto de Severus. - Bastante baixo para a idade, não? - ela perguntou.
- Vou fazer doze final de outubro - sussurou Severus.
- Bom, já vou indo - disse Lucius. - Nos encontraremos dia 1º de Setembro, certo?
- Certo... - respondeu Severus, estranhando a atitude amigável do garoto.
E Lucius saiu, empertigado como seu pai.
- Humm... - disse Mme. Malkin. - Antes de qualquer coisa pingue isso nos olhos - ela lhe mostrou um frasco com conta-gotas, de cor amarela.
Severus pingou o líquido em seus olhos e imediatamente sentiu alívio. Piscou várias vezes e pode reparar melhor na bruxa baixa e gordinha à sua frente. Ela parecia nervosa, e várias vezes lhe espetou as pernas com alfinetes. Talvez, pensou ele, ela não gostasse de vender a crédito...

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