Quadribol





"O banquete seguiu tranqüilo, embora por vezes Potter e seus amigos tentassem iniciar uma batalha de comida, sendo interrompidos todas as vezes que faziam isso por McGonagall. Eu estava criando uma grandíssima antipatia por aqueles meninos... Evitava olhar na direção deles para não ser alvo de deboche ou implicância. Eu e as meninas conversamos muito pouco e logo seguimos, junto com o monitor da casa, para o salão comunal. Me surpreendi com o tamanho do local: não parecia ser tão grande, mas tinha uma aparência bastante acolhedora e tranqüila, exceto quando os tais meninos não estavam lá. Ao mesmo tempo que me sentia irritada com eles, temia ser vítima das traquinagens que aprontavam ao longo do dia. Aquilo começou a se tornar uma rotina, realmente cansativa e irritante, e se qualquer pessoa esquecesse de ficar alerta estaria perdida. E pra variar, num dia infeliz, eu saía da biblioteca, completamente distraída pensando nas tarefas. Não deu outra: alguns corredores à frente havia um fio, quase imperceptível de tão fino e transparente, ligado aos dois extremos das paredes. Adivinha quem foi ao chão? Tomei um tombo legal, meus livros se espalharam por toda extensão do corredor, além de meu queixo doer tanto que eu chegava a ver estrelinhas. Por um bom tempo permaneci sentada, a cabeça latejando acompanhada do queixo. Comecei a ouvir passos se aproximando, mas mesmo assim continuei de cabeça baixa.

-Evans? -ouvi uma voz de garoto me chamar. Levantei a cabeça. Era Lupin, um dos amigos do Potter. -Por Merlim, seu queixo está sangrando! -exclamou assustado abaixando-se.

-Graças às brincadeirinhas homicidas de você e seus amigos. -disse com dificuldade, talvez pelo meu queixo estar dilatando com força. Ele pareceu envergonhado:

-Mas, sabe... Nunca quisemos realmente machucar alguém... -desconcertou-se.

-Ah, e achavam o que? Que as pessoas se espatifariam em suas armadilhas e um segundo depois pulariam de pé sãs e salvas feito desenho animado? Poupe-me Lupin! -retruquei bastante aborrecida.

-Tudo bem, tudo bem, eu sei que é perigoso. Mas é melhor você parar de falar agora, antes que piore. Vem, vou te levar pra Ala Hospitalar.

Nesse momento eu levantei, mas travei, desconfiada. O garoto olhou para trás, impaciente:

-Anda Evans! Não pode continuar com esse queixo desse jeito!

Rendida pelo seu tom de voz, o segui. Chegamos na enfermaria e Madame Pomfrey, cuidadosamente me fez um curativo, logo após lançar alguns feitiços para estancar o sangue e fechar o corte. Não demorou muito pra sairmos dali. Notei que Lupin acompanhava tudo em silêncio, com ar de preocupação e curiosidade:

-Você está melhor? -indagou.

-Sim, bem melhor, já não dói tanto. -respondi com um sorriso gentil no rosto. -Obrigada Lupin!

Ele pareceu novamente sem jeito.

-Ehr... Quer ajuda pra voltar no corredor pegar suas coisas?

Bati com uma mão na testa.

-É mesmo, quase ia me esquecer! Bom, se quiser, eu gostaria. -falei sorrindo, enquanto já andávamos lado a lado. Conversamos um pouco, e percebi que ele não era tão terrível como julgávamos eu e minhas amigas. Os outros seriam assim também? Meu pensamento foi interrompido por uma cena irritante: meus livros levitavam no ar, e os donos do feitiço acenavam suas varinhas alegremente, fazendo-os bater uns nos outros, aos risos. Quando nos enxergaram, pareceram surpresos e ao mesmo tempo satisfeitos:

-São seus Evans? -perguntou James.

-Dê-me aqui Potter. -respondi simplesmente, usando um tom frio. Ele me olhou com sua típica cara de deboche, como se fosse um trasgo com quem eu estivesse falando e não entendesse nada.

-Então foi você que achou a nossa brincadeirinha? -comentou Sirius divertido. Lupin que até ali não havia se manifestado, finalmente disse, com voz cansada:

-Qual é caras, devolvam os livros pra ela. -os dois fizeram cara feia para ele, como se tivesse dito algum palavrão muito obsceno.

-E desde quando você começou a ficar sem graça assim? -disse James, ainda levitando os livros. Eu apenas observava aquela discussão, que se tornava interessante. Será que Lupin me defenderia até o fim?

-Desde que percebi que nossas brincadeiras podem acabar machucando as pessoas sériamente. -respondeu ele em tom calmo.

-Isso nunca foi problema pra nós, foi James? -retrucou Sirius displicente.

-Acho que não... -respondeu o amigo. Lupin finalmente irritou-se:

-Finite Incantatem! -ordenou apontando a varinha para os livros, que despencaram no chão. Seguiu até eles e começou a juntá-los sob os olhares de James e Sirius: -E não ousem qualquer feitiço! -apressou-se ele em dizer, ameaçador. Pegou todos os meus livros do chão e me entregou. -Aqui estão Evans. -falou sorrindo. James e Sirius pareciam não acreditar naquilo:

-Obrigada Lupin! -agradeci enquanto os garotos me olhavam enjoados. Virei as costas e segui meu caminho para a sala comunal.

-Você ficou louco? -ouvi James dizer alto, em um tom muito irritado.

-Qual é cara? Que que te deu? -completou Sirius sacudindo as mãos indignado.

-Pra sua informação encontrei a Evans com o queixo sangrando, graças à armadilha que vocês botaram no corredor. Levei ela até a Ala Hospitalar.

-Grande coisa... -resmungou James, dando de ombros.

-Não é problema nosso. -falou Sirius emburrado, colocando as mãos nos bolsos e caminhando ao lado deles. Apesar de suas declarações, ambos haviam se preocupado com o que Remus disse. Tanto haviam, que depois disso travessuras do tipo não eram mais vistas. As peças se tornaram mais 'inocentes' e saudáveis, exceto com quem se metia no caminho deles, esses eles não perdoavam.

Os anos foram passando, e os "Marotos", como eles resolveram se entitular a partir do terceiro ano, pareciam aprontar cada vez menos. Na verdade não era isso: eles aprenderam a ser um pouco mais... Sutis. Todas as confusões que aconteciam nós sabíamos que tinha dedo deles, mas não tínhamos como provar, já que eles faziam tudo 'às escondidas'. Tornaram-se excepcionais alunos em quase todas as matérias e já era muito comum vê-los ganhando pontos para a Grifinória. Mas o que mais me surpreendeu, foi o fato de que eu, Lílian Evans, adquirira uma enorme facilidade em fazer magia, e, se dissesse que nasci bruxa as pessoas com certeza acreditariam. Graças à fama que recebi de 'aluna mais aplicada' acabei me aproximando, de certa forma, dos marotos. Não era amiga íntima, mas trocávamos palavras por vezes nas aulas, corredores, e salão comunal. Cat e Alice também se tornaram mais tolerantes em relação aos meninos, apesar de serem mais desconfiadas que eu. Talvez isso fosse um defeito meu... Acreditar demais nas pessoas...

-Bela tarde não Evans? -disse Lupin sentando-se ao meu lado, embaixo de uma enorme árvore sombreira no jardim. Fechei meu livro, sorrindo para ele.

-Sem dúvida que sim. Onde estão seus amigos? -perguntei estranhando o fato de ele estar sozinho. Sua aparência era meio doentia. -Ei! Você tá legal? -perguntei preocupada. Como sempre, ele pareceu desconcertado:

-James e Sirius estão fazendo o teste do time de Quadribol, Peter está obviamente procurando por mais comida na cozinha. Pobres elfos. -disse ele rindo em seguida, parecendo não querer tocar no assunto "bem-estar próprio".

-Não enrola Lupin! -retruquei séria -Ora vamos, somos amigos há três anos, e não me esqueço de como me ajudou no primeiro ano. O que houve com você?

-Não é nada juro! Acho que foi apenas uma gripe, mas já passou. -respondeu ele tentando sorrir de maneira convincente, sem sucesso. Encarei-o profundamente como se tentasse ler seus pensamentos. Ele pareceu perceber e baixou a cabeça.

-O que você esconde menino? -falei baixo, pensando alto demais.

-Nada. -respondeu ele simplesmente, tomando uma expressão séria. Senti que deveria parar por ali. -E suas amigas onde estão? -desconversou ele, de maneira inteligente.

-Ah. -dessa vez quem se desconcertou fui eu. -Não sei, devem estar assistindo ao teste de Quadribol. Quer ir pra lá? -ele deu de ombros. Nos entreolhamos e eu levantei, decidida, sendo seguida por ele. Estava aprendendo a lidar com seu jeito tímido e era com ele, que eu tinha mais proximidade, comparando com os outros. Chegamos lá e havia vários alunos, entre eles Sirius e James apostando corrida, voando ao redor do campo. Cat e Alice estavam sentadas numa arquibancada bem próxima e nós fomos até lá.

-E aí? -perguntei curiosa.

-Só faltam os testes para artilheiro e apanhador. -respondeu Cat parecendo um pouco nervosa. Ela adorava quadribol e quando a Grifinória jogava, parecia entrar em campo junto. Sugeri certa vez que ela fizesse o teste para entrar no time, mas ela recusou-se, disse que preferia apenas torcer. Vai entender...

-São as posições que Black e Potter querem não é?

-Sim, são. Olhe, preste atenção agora! -falou ela, voltando sua atenção para o campo. O capitão do time havia apitado e todos os candidatos a apanhadores se direcionaram para o meio do campo. O teste era bem simples: quem capturasse o pomo em menos tempo ficava com a vaga.
Potter acenou para nós, parecendo bastante confiante. Haviam mais três garotos disputando a posição. Então, a seleção começou: logo de cara um dos candidatos foi desclassificado por demorar quase quinze minutos para capturar o pomo.

-Sinto muito, a tolerância máxima é dez minutos. -ouvi o capitão dizer, enquanto o garoto descia com sua vassoura, cabisbaixo. Senti um pouco de pena dele, mas voltei a me distrair: por pouco o segundo candidato não conseguiu: demorou onze minutos. Chegara finalmente a vez do Potter. Seu sorriso era confiante demais, e eu sinceramente achei que ele ia cair do hipogrifo. Mas pasmem: em cinco minutos, a bolinha dourada estava presa em suas mãos! Ele era realmente muito bom, mal o vi voando pelo campo. O último garoto, que parecia ser tão bom quanto ele, conseguiu capturar o pomo também em cinco minutos. Como eles estavam empatados, sua vaga no time estava garantida. Bastava saber quem ficaria como titular e quem ficaria como reserva. A disputa foi bastante acirrada, e embora eu não entenda muita coisa sobre esse esporte bruxo, posso afirmar que um teste de seleção nunca tinha sido tão interessante como aquele. James venceu o outro garoto por apenas vinte segundos! Lupin e as meninas prorromperam em aplausos para ele, que sorriu em nossa direção. Percebi seu olhar demorar-se um pouco mais em mim, talvez porque eu não estivesse batendo palma (sinceramente não ia dar a ele esse gostinho), mas foi meio constrangedor. Logo ele voltou a se distrair com o teste dos artilheiros: era apenas uma vaga. Aquele que conseguisse fazer a bola passar mais vezes pelo aro (ou seja, fazer o gol), seria o novo jogador. Desta vez a disputa não foi tão difícil, apesar de haver bastante candidatos. A grande maioria não teve sucesso e o número de alunos em campo ia diminuindo rápido. O sol já começava a se pôr, anunciando a noite lentamente. Finalmente o teste acabou: Sirius conseguiu a vaga por um gol de diferença, o que deixou o outro garoto, Kolling, furioso. Ele até tentou armar uma confusãozinha no final, mas o capitão com a ajuda de James conseguiu controlar os ânimos.

-Mau perdedor! -resmungou Sirius, cuspindo no chão enquanto encarava ele saindo.

-Sirius deixa pra lá! -reclamou James para o amigo. -Vamos voltar pra sala comunal...

A contragosto o garoto o seguiu e os dois nos acompanharam de volta. Por algumas horas o assunto ainda era quadribol e Sirius fazia questão de encenar o gol que lhe deu a vaga várias vezes, pois o outro grifinório estava lá e não parava de olhar em nossa direção.

-Dá pra parar com isso agora? -repreendeu Remus. -Cara, a escola inteira já decorou como você fez seu último gol! E se você arranjar briga eu não vou acobertá-lo!

Sirius apenas deu de ombros e se calou, dando uma última olhada na direção do garoto. Passei os olhos por todos que estavam ali e pude com surpresa, reparar que Cat encarava o moreno de um jeito diferente e com certa insistência. Sorri por dentro imaginando o que se passava na cabeça de minha amiga, enquanto o sono já tomava conta de mim. Os meninos finalmente subiram, deixando-nos praticamente sozinhas ali. Bocejei mais uma vez:

-Meninas, acho que já vou subir...

-Pode ir Líl... Ficaremos mais um pouco aqui e logo te alcançamos! -respondeu Alice sorrindo. -Boa noite! -desejaram ambas em uníssono.

-Boa noite... -ri divertindo-me com a situação. Subi as escadas até o dormitório feminino, quando ouvi alguns cochichos. Franzi o cenho e meio sonolenta, olhei para o lado para ver de onde vinham. Deparei com James e uma garota discutindo baixinho. Quando ela me viu, lançou um olhar de desaprovação à ele e seguiu seu caminho para o dormitório. James sorriu sem graça para mim e eu balancei a cabeça negativamente, sorrindo.

-Boa noite... -ele desejou meio temeroso. Virei-me e sorri de modo simpático:

-Boa noite Potter. -o vi sumir pela porta, sorri novamente, e segui em direção ao meu quarto. Troquei minha roupa, e já de pijamas, joguei-me na cama abraçando meu travesseiro. Sempre deixava o cortinado aberto em uma parte que ficava em direção à janela para observar a noite. Era a primeira de lua minguante. Fui adormecendo aos poucos, pensando nos fatos curiosos daquele dia."

N/A: Fim do 4º capítulo ;D nah eu adoro quando eu fico inspirada, me ajuda a escrever um monte de capítulos em poucos dias LOL ... Sobre o nome dele, gente sem comentários, mas não consegui pensar em um decente... '-' Aceito sugestões para mudança xD beijoooo :*

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