O primeiro ano de Lily







"...eu percebi o que estava prestes a acontecer: minhas coisas voaram pra todos os lados, e eu, bem, me espatifei. Foi um tombo digno de vídeocassetada. Enquanto, ainda sentada no chão eu me recuperava do acontecido, o mesmo garoto ria freneticamente atrás de mim, quase rolando de tanto gargalhar. Olhei para ele com cara de quem não está entendo nada, e ao mesmo tempo sentindo a irritação pulsar no sangue.

-Por quê fez isso? -perguntei simplesmente, num tom chateado. Ele parou de rir e me encarou:

-Estava precisando me divertir um pouco. -respondeu sorrindo. Soltei um suspiro, levantei-me e fui começar a pegar minhas coisas.

-Bom, acho que já acabou não é? -retruquei com uma expressão de poucos amigos no rosto. Ele ficou sério:

-Foi uma brincadeira.

-Se isso foi uma brincadeira, quando você resolver me matar eu vou estar perdida. -falei em tom ríspido. Virei-lhe as costas e fui a caminho de algum lugar, longe dali. Sentei-me num banco, aborrecida e quase desistindo de acreditar que aquela carta era mesmo verdade. Faltavam apenas trinta minutos e eu não fazia a menor idéia de como chegar à tal plataforma. Talvez foi aí, que com uma ajuda divina, alguém tenha reparado na minha preocupação, quando uma garota se aproximou:

-Algum problema? -perguntou ela analisando atentamente minhas coisas.

-Estou perdida. -respondi cansada, olhando para ela.

-Não consegue achar a plataforma? -arrematou sorrindo animada.

-Como sabe?

-Ora, é só olhar para as suas coisas. -ela baixou a voz -Materiais de bruxos. E provavelmente, pra você não saber onde é a plataforma, é filha de pais trouxas.

Observei-a tagarelar espantada. Trouxas? Já era a segunda vez que eu escutava aquilo.

-Então, deduzo que você possa me ajudar. -sugeri esperançosa.

-Mas é claro que sim! Levante-se e eu vou te mostrar como faz. Vem comigo! -falou ela muito animada. Estava sob seus calcanhares, cuidando para não a perder de vista, apesar da estação não estar cheia. Ela me levou ao mesmo lugar onde o garoto de alguns minutos, James, estava. Encarei-a desconfiada. Só o que me faltava era dar de cara com a coluna de novo, mas eu não ia cair nessa, não mesmo!

-Faça assim: -começou ela ao meu lado. -Mire o meio das plataformas nove e dez e siga em frente. Pode correr se estiver nervosa. -sugeriu novamente. As mesmas instruções. Ah, eu não ia cair de novo!

-Por que você... Não vai primeiro pra eu ver como é? -arrematei, achando que tinha acabado de vez com a peça que ela ia me pregar. Mas, para minha surpresa, ela deu de ombros e seguiu para a coluna, sumindo dos meus olhos em seguida. Ela tinha atravessado a parede! Por alguns segundos de choque, fiquei parada, mas olhei para o relógio próximo que já marcava quinze minutos restantes para eu embarcar. Suspirei e corri. Fechei os olhos quando me vi cara a cara com a parede, só que dessa vez não bati. Senti uma coisa estranha, como se estivesse passando por uma cortina. Quando olhei para trás, a parede estava ali, sólida, intacta. Então voltei a atenção para a grande locomotiva vermelha apitando alto e a placa que informava "Plataforma nove e meia". Então aquilo era realmente verdade! A carta, os materiais estranhos. Despertei de meus pensamentos quando a mesma garota que havia me ajudado chamava-me para embarcar. Rapidamente deixei minhas coisas no bagageiro e entrei no trem. O corredor era imenso, e eu conseguia escutar as pessoas conversando alegres. Parecia um trem que só levava alunos, notei. Enquanto passava pelas cabines, observando tudo curiosa, deparei-me com a tal garota de novo. Sorrindo, me convidou a sentar com ela na cabine. Entrei ainda bastante surpresa com tudo aquilo. Ela pareceu perceber.

-Pra você deve ser o máximo não é?

-Ah... Por que?

-Ah, filha de pais trouxas, nunca viu nada disso... Ou já?

-Não. E acho que você deveria ser detetive.

Ambas rimos.

-Não é tão difícil notar assim... A propósito, meu nome é Alice, Alice Hoss.*

-Lílian Evans. -correspondi ao seu sorriso, também estendendo a mão. Nossa conversa foi deveras animada, e senti uma grande simpatia por Alice. Quase no meio da viagem uma nova garota surgiu: meio tímida, ela abriu a porta da cabine.

-Ehr... Com licença? Será que eu poderia ficar por aqui? Tem uns garotos enchendo ao lado da cabine onde eu estava... -relatou dando de ombros e cabeça baixa. Eu e Alice nos olhamos e concordamos, dando passagem para ela sentar. -Obrigada. Ah, que falta de educação a minha -disse corando. -Meu nome é Catherine Martin... Mas eu prefiro apenas Cat...

-Tudo bem, prazer em conhecê-la. De que garotos você falava?

-Ah, alguns novatos que eu nunca vi... Mas parece que vão acabar tocando o terror em Hogwarts... -respondeu ela ao mesmo tempo preocupada e aborrecida.

-Ora, sempre tem que ter né? -suspirou Alice, jogando-se de braços cruzados sobre o banco.

-Eu que o diga... -comentei lembrando das amigas de Petúnia, enquanto as duas me olharam com ar de desentendimento. -É que eu tenho uma irmã... E as amigas dela não são bem do tipo receptivas...

Ao longo da viagem seguimos conversando sobre os meninos, a escola, os professores e enfim eu pude ter uma noção maior das coisas. Quando nós chegamos à estação havia um professor nos esperando. Ele era baixinho e tinha uma aparência bastante simpática. Nos levou até um lago que parecia não ter fim naquela escuridão. Suas águas eram tão negras quanto o céu, que embora estivesse apinhado de estrelas naquela noite estava sem a nobre presença lunar. No lago haviam alguns barquinhos. Eu, Cat e Alice fomos juntas em um, enquanto escutávamos os tais meninos rindo muito à frente e sendo censurados pelo professor por jogarem água um no outro. Analisei que pareciam se conhecer há muito tempo, enquanto nos aproximávamos, deslizando, de um grande castelo com muitas janelas iluminadas. Fiquei perplexa, admirando-o:

-Bem-Vinda a Hogwarts Líl! -falou Alice baixinho, tão encantada quanto eu. Nós três descemos rapidamente na outra ponta do lago, enquanto o professor ia nos guiando até um grande portão de entrada. No meio do caminho pensei ter visto James me encarando com um misto de espanto e divertimento, até ultrapassarmos ele e seus amigos e o mesmo se distrair com mais brincadeiras bobas entre eles. Entramos no castelo, sendo deixados num grande lance de escadas, que seguia em uma extensa escadaria. Paramos ali. James e seus amigos, por infelicidade minha, acabaram ficando do nosso lado. Percebi que Cat os encarou com asco, e encolheu-se um pouco. Então ouvi James:

-Então conseguiu achar o caminho certo Evans? -perguntou ele com um sorriso malicioso no rosto.

-Sim Potter. Ao contrário de algumas pessoas, tem gente que se sente bem em ajudar garotinhas perdidas. -retruquei sarcástica e levemente irritada com a presença de tal garoto. Seus amigos soltaram exclamações do tipo "uuuhh" ao seu lado e depois começaram a rir debochadamente. Revirei os olhos, voltando a atenção para uma mulher de chapéu longo e pontudo parada acima. Quando a maioria percebeu a presença dela ali, calou-se.

-Bem-Vindos alunos do primeiro ano. -começou ela em tom formal. -Sou a professora McGonagall. Levarei-os até o Salão Principal, onde todos serão selecionados para suas casas e logo após poderão participar do banquete de início do ano letivo. Por favor, venham comigo e tentem fazer o mínimo de barulho possível. -terminou ela dando as costas em sinal de que os alunos poderiam seguí-la.

-Casas? -perguntei em tom meio urgente para Alice -O que é isso?

-São quatro as casas de Hogwarts: Grifinória, Lufa-lufa, Sonserina e Corvinal.-começou ela como quem está recitando um poema. -Enquanto estiver nela, seus acertos valerão pontos ganhos e seus erros pontos perdidos. No fim do ano a casa com mais pontos será a vencedora da Copa das Casas e receberá um troféu. Não é legal?

-É, é sim... -respondi apesar de achar que seria o zero á esquerda da casa que estivesse. Como uma menina como eu poderia ganhar pontos se não fazia a menor idéia de nada? Ou pelo menos quase nada...

-Façam fileiras. -ordenou a professora enquanto os alunos iam se organizando. Ela pegou uma lista, um banco, e colocou sobre ele um Chapéu bastante surrado e velho. Do nada, abriu-se um rasgo em forma de boca e o tal começou a cantarolar, surpreendendo não só a mim.

"Não me julguem pela aparência,
Chapéu mais inteligente no mundo não há,
Analiso seus traços fortes,
E seleciono para a melhor casa,
Quem sabe a gentil Lufa-lufa,
Ou a destemida Grifinória,
Talvez a sábia Corvinal?
Ou a astuta Sonserina?
Basta me colocar,
Eu escolherei quem irá melhor te acolher,
E também posso lhe guiar com conselhos,
Sou um sensato seletor,
Sou um sábio chapéu,
Venham alunos!
Basta me colocar!"

O cântico finalmente encerrou-se e todo o salão prorrompeu em intermináveis aplausos, até a professora pedir silêncio e todos obedecerem. A seleção estava para começar.

-Adams, Jude! -anunciou a professora enquanto o tal aluno seguia para frente.

-Corvinal! -finalizou rapidamente o chapéu. A seleção seguiu assim, os alunos iam, sentavam no banquinho, eram anunciados para sua casa e saíam em direção a mesa dela.

-Black, Sirius!

Um dos amigos de James seguiu para o banco, sentando-se com ar de quem estava entediado. O chapéu pareceu confuso a princípio. Eu, curiosa, fiquei observando até ele concluir:

-Grifinória!

Várias pessoas pareceram surpresas e Sirius seguiu com um sorriso de orelha a orelha para a mesa da casa. Depois de um tempo minha vez chegou:

-Evans, Lílian!

As meninas me empurraram porque eu pareci congelar quando McGonagall disse meu nome. Segui até o banco, enquanto ela colocava o chapéu na minha cabeça. Ele pensou um pouco, mas não se demorou muito.

-Grifinória!

Segui para a mesa, num lugar distante de Sirius. Apesar de infeliz por ter parado na mesma casa que um dos amigos de James, senti-me confortada por estar ali. Fiquei esperando as meninas serem selecionadas, torcendo para que ficássemos na mesma casa. Para meu desespero Potter e seus outros dois amigos ficaram na Grifinória, mas para minha alegria Alice e Cat também. O banquete seguiu tranqüilo, embora por vezes Potter e seus amigos tentassem iniciar uma batalha de comida, sendo interrompidos todas as vezes que faziam isso por McGonagall. Eu estava criando uma grandíssima antipatia por aqueles meninos..."

N/A: 3º capítulo aí :] espero que estejam gostando e prometo que daqui em diante os marotos terão mais espaço =**** obrigada por lerem e comentarem :} eu fico super feliz ao ver um novo número ou comentário.. =)

*O sobrenome foi "inventado"... Catherine Martin é a única personagem minha. Todas as outras são propriedade de J.K. como vocês bem sabem ;D

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