Um presente de Natal



Tonks estava se arrumando para o Natal muito tristemente, pois não queria comemorar o Natal, só iria mesmo por causa de seus pais. No dia anterior, ela tinha ido visitar Molly, para dar-lhe seu presente de Natal; um livro com um lindo cartão de Natal a agradecendo por tudo que tinha feito por ela, que fez Molly chorar. Ela também tinha deixado a Molly o presente de Lupin (somente um cartão de Natal, onde Tonks se sentira desabafar) já que ele iria passar o Natal na Toca.
– Nove horas, melhor eu ir... – disse ela a si mesma.
E já se encontrava na casa de seus pais. Estava bem cheia, a casa. Com sorte não notariam sua chegada. Mas infelizmente, quando adentrou o quintal, sua avó paterna (óbvio que é paterna) já começara a exclamar:
– Ninfadora! Mas como cresceu! Venha cá dar um beijo na vovó!
– Oi vó. – Tonks se dirigira até à avó e lhe dera um abraço apertado.
– E aí Dora? – disse Rian, um primo metido de Tonks, e seu ex-namorado. Rian e Ninfadora eram os únicos da família Tonks que eram bruxos.
– Ah, oi. – disse Tonks de má vontade, pois não o suportava.
– Ai, que “oi” mais feio Srta. Tonks, vem dar um abraço no seu priminho querido aqui. – E apertou Tonks em um abraço.
– Me solta Rian! Ou você não dá valor ao que tem entre as pernas, heim? – disse Tonks parecendo muito brava, mas que por dentro mal se agüentava por lembrar da bela azaração que jogou no primo em seu lugar mais querido.
– Ô, como se desse pra esquecer... – disse ele meio sem jeito e se afastando bruscamente dela.
Tonks se dirigira até à cozinha, onde se encontrava sua mãe.
– Ahh, oi filha, que bom que veio... hei mocinha, que cara é essa, heim? É Natal. Anime-se. – disse Andrômeda à sua filha.
– Ah, mãe ... eu não queria estar aqui... desculpe. Não entrei em clima de Natal este ano... – disse Tonks cansada e tristemente, se apoiando no balcão.
– Tudo bem querida. Mas se não quiser ficar aqui até à ceia, pelo menos leve algo dela para comer.
– Então... posso ir? Tipo, a senhora não vai ficar chateada comigo? – falou Tonks, que além do tom triste e surpreso da voz, fez uma carinha de inocente.
– Tá filha, pode ir. Mas ainda acho que não te fará bem, mas fazer o quê né...
– Não vai ficar chateada? – disse Tonks insistentemente.
– Não querida, vá.
– Obrigada mãe... e olha só, eu deixei os presentes, todos com identificação, lá na sala, e o da vovó eu já dei.
– Tudo bem. – disse Andrômeda voltada para o fogão – Gostou do presente que lhe dei?
– adorei mãe, é lindo. Então é isso... tchau.
E Tonks dera um abraço forte na mãe e disse “Feliz Natal”. Ted Tonks adentrara a cozinha nesse momento. Tonks foi correndo ao encontro do pai e disse “pai, eu já vou. Te amo muuuuuito tá? Feliz Natal, te amo.” E foi embora sem nem ao menos esperar o pai retribuir-lhe.
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Enquanto isso Remo Lupin tinha chegado à Toca. Assim que colocou o pé na casa, ficou observador. Não sabia o porquê. Mas cumprimentava o pessoal monotonamente, sem emoção. Na verdade, ele sabia o porquê. Será que Tonks estaria lá? Será que estava lá?
– Remo?! Poderia vir aqui comigo um instante? – disse Molly Weasley, tirando Lupin de sua conversa com Harry e Rony.
– Ah, claro Molly.
Molly o levou para a cozinha, que não tinha ninguém. Abriu um armário com um aceno de varinha, e fez um cartão levitar até à mão de Lupin.
– o que é isso, Molly? – Ele perguntou meio intrigado.
– Um cartão de Natal, presente de Tonks. – disse a Sra. Weasley em um tom meio reprovador.
– ahh, sim... – disse ele meio sem jeito.
– Então, vou voltar à sala... – disse Molly já se retirando.
Lupin queria muito abrir o cartão logo, então optou por lê-lo na cozinha, sem ninguém à vista. Abrira o cartão, muito bonito por sinal, com uma Hogsmeade cheia de neve e enfeites de Natal e pessoas se mexendo fazendo compras. Dentro, Lupin reconheceu ser a letra de Tonks havia os certos dizeres:

Lembro-me bem do dia em que nos conhecemos
Não sei se era por proteção ou por implicância
Você me queria fora dali.
Mas sou muito útil, e fui aceita.
Trabalhamos muito tempo juntos sem nos falarmos
E eu o olhava com pena, pois sabia de seu problema.
E quando nos falamos pela primeira vez
Parece que acendeu uma luz dentro de mim.
Todos sabem o quanto sou desastrada.
E quando derrubei aquele santo suco em você
E ficamos corpo a corpo, cara a cara.
Aprofundei-me naqueles olhos cor de âmbar
E foi mais forte que eu
Apaixonei-me perdidamente por aquele homem.
E hoje estamos aqui, todos já sabem do nosso intenso amor,
Que você repudiou tanto,
Que você quis tanto esconder
Você vive dizendo que é velho demais, pobre demais, perigoso demais.
Mas eu não me importo.
Doze anos não é muito, dinheiro não é tudo,
E eu não sou mais criança,
Sei me cuidar e posso cuidar de você.
E não adianta esconder ou ignorar, nossos destinos já se traçaram.
Sempre irei te amar,
Mesmo você me fazendo chorar todo esse tempo.
O que me dá esperanças para viver,
É saber que você também me ama.
E os dias que passamos juntos foram os melhores de nossas vidas,
E que um faz parte do outro,
Que não podemos ser felizes assim tão distantes.
E hoje posso dizer que a única pessoa que desejo é eternamente você

Ele ficou sem pensamentos, sem palavras, sem chão. Era linda a poesia que Tonks fizera, mas ele sabia que ela colocara seus sentimentos mais profundos nela, e se sentia muito mal por estar a fazendo ficar desse jeito. Queria muito que isso não estivesse acontecendo, ou que pudesse ficar com ela. Mas ele pensava somente no bem dela, e o bem dela não seria ao seu lado. Guardou o cartão no seu bolso e foi direto para a sala da Toca. Ele estava sentado, contemplando a lareira, não ouvia nada, somente pensava em Tonks e no cartão que dera a ele, ele nem sequer deu um presente a ela...
Lupin, agora, escutava atentamente uma conversa de Arthur Weasley com Harry. Acabou se metendo na conversa (ain, vcs sabem q conversa é... pág.260 até 264 do EdP).

Acabou que ele, ao invés de Arthur ficara conversando com Harry. Estavam falando de Snape e Malfoy, e a conversa fora parar em Greyback.
Então, quando as “crianças” subiram para deitarem, Lupin aproveitara e dissera que precisava ir embora. Na verdade, queria muito ir embora. Aquela conversa toda com Harry o deixara num ânimo não muito bom, que já estava mais do que afetado e ainda teve o cartão de Natal de Tonks para completar.
– Bom, já vou. – disse ele cumprimentando Arthur e Molly. – E obrigado pelo jantar, estava tu ótimo.
– ah, de nada. E você vem amanhã para o almoço de Natal certo? – perguntou Molly.
– Claro Molly. – E deu um sorriso enviesado.
– Boa noite, Remo. – disse Arthur acenando.
– Boa noite.
Lupin chegara em casa. Estava acabado emocionalmente. E tudo isso estava afetando seu corpo físico, estava mais magro que nunca e com uma aparência terrível (na opinião dele). Não conseguiu dormir, rolava na cama, somente pensando em Tonks. E quando tentava não pensar nela, pensamentos ruins vinham à sua mente como a lua cheia, a Ordem, etc. Então preferia ficar pensando nela, era mais agradável, porém doloroso.
Nesse mesmo instante, Tonks estava em sua casa, também em sua cama, pensando nele. Como queria poder passar o Natal com ele, perto dele. Seria ótimo para aliviar todo esse estresse que vem sentindo por culpa do trabalho, um grande amor ao seu lado. Mas ela já estava quase perdendo as esperanças. Mas pensava “Eu nunca fui mulher de desistir, com fé sempre consegui o que queria, e não é dessa vez que vou falhar”.
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Era dia vinte e cinco de dezembro, Natal. Tonks foi convidada para passar o Natal na Toca por Molly, mas negou o convite. Iria passar o Natal sozinha, em sua pequena casa, que ficava próxima ao Ministério da Magia. Ficou pensando se Lupin havia recebido o seu cartão, e qual fora sua reação ao lê-lo. Estava sentada, comendo porcarias da Dedosdemel e de uma loja de chocolates trouxa. Agora ela não se alimentava direito, mal sentia fome, e quando sentia, comia chocolates, tomava sorvetes, comia sanduíches na rua... As únicas refeições decentes que fazia era quando ia comer na Toca ou na casa de seus pais. Não era bem assim que Tonks pretendera passar o Natal. Ficou lá, sentada em frente à lareira, por horas pensando em como seria seu Natal se Lupin estivesse ao seu lado.
Por outro lado, Lupin almoçara na Toca com os Weasley, Harry e Hermione. Molly demonstrara certa raiva dele no almoço por causa do “assunto Tonks”. Harry também havia perguntado por que razão o patrono de Tonks mudou, e Lupin se sentiu imensamente culpado, afinal era por causa do choque emocional que estava causando nela que ela não conseguia mais se metamorfosear e a alteração de seu patrono também foi devido ao choque.
Agora ele estava em sua casinha, contemplando as profundezas de sua lareira, pensando “incrivelmente” em Tonks. Desde a noite de Natal, quando recebera o presente de Tonks, ele estava com a consciência pesada. Não dera nada a ela. Nem sequer respondera o cartão...
A voz de Molly ecoou em sua cabeça: “Ela me disse que iria passar o Natal sozinha”.
Então teve a idéia de visitá-la em sua casa, pelo menos para lhe desejar um Feliz Natal. Na verdade queria realmente vê-la, sentia falta de sua voz, de sua ternura, de sua alegria, que talvez não encontraria lá.
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DingDong...
Soa a campainha.
Tonks acorda de seus devaneios, levanta da cadeira estabanada e acaba tropeçando e por pouco não cai no chão. Vai até à porta.
– Quem é?
– Ah, sou eu, Remo.
“Ai meu Deus, o que ele está fazendo aqui justamente quando eu tô com essa cara? Ok... vamos lá”. Pensou Tonks.
E abriu a porta.
– Olá – Cumprimentou-a Lupin, com as mãos no bolso do casaco.
– Oi – disse Tonks olhando para o chão, muito aérea.
– Posso entrar? – Perguntou ele olhando nos olhos dela. Havia percebido que seus olhos estavam inchados e vermelhos. Com certeza ela havia chorado naquele dia.
– Ah, claro, entre. – E dizendo isso, adentrou a sala.
Lupin fechou a porta e foi direto à Tonks, que estava de costas para a lareira.
– Ahhh, Feliz Natal. – disse ele, tentando iniciar um diálogo.
– Feliz Natal... – disse ela de cabeça baixa e ainda de frente para a lareira e de costas para Lupin.
– Recebi seu cartão... – disse ele tentativamente.
– Uhumm. – ela realmente não sabia o quê falar.
E de repente ela se sentiu envolvida em um abraço aconchegante. Lupin a tinha pegado pelos ombros e a virou de frente a ele e a deu um forte abraço. Ela não agüentou. Sentia-se muito bem naquele silencioso abraço, mas começou a chorar.
– Tonks, me perdoe se não posso te fazer minha mulher... me perdoe... – disse ele igualmente a ela, sentindo-se mal, mas bem por poder abraçá-la uma última vez.
Ela não falou absolutamente nada, só continuou chorando e envolvida nos braços de Lupin. Trinta segundos se passaram e ela reuniu a coragem que lhe faltava e começou a dizer meio ofegante.
– Eu... err... você leu o cartão? – disse numa tentativa frustrada de sair daquela história de perdoar. Não queria perdoá-lo. Queria tê-lo.
– Li... é por isso que vim aqui te ver. – e a soltou (só agora!).
– Ele não mexeu nem um pouco com você, não é mesmo? – disse Tonks calma.
– Claro que mexeu e é por isso que...
– Que veio aqui dizer que não dá? – interrompeu-o.
Ele baixou a cabeça.
– Olha, você parece que não entende nunca, que isso é somente para sua própria proteção.
– Então porque você nunca admite? – perguntou tonks olhando bem fundo nos olhos de Lupin.
– Admito o quê? – ele disse aturdido.
– Se tudo isso é somente para minha proteção, porque pelo menos não admite que me ama? Aliás, agora não sei mesmo se você algum dia me amou, se me enganou ou se me iludiu... – alou ela de um fôlego só, para ver qual resposta conseguiria obter dele com aquelas insinuações. Pois tinha certeza que ele a amou...
– Não fale isso! Eu te amo como nunca amei ninguém... e se tô fazendo tudo isso e te vendo sofrer de perto mesmo te amando, é porque te amo e quero somente o seu bem.
Tarde demais, Lupin se tocou que agira com a emoção à flor da pele. Falara demais...
Tonks, que já estava chorando outra vez, foi se aproximando cada vez mais de seu rosto. E Lupin não conseguia afastar-se, parecia que era feito de pedra, só conseguia ficar ali, esperando ela se aproximar, emocionada, de seu rosto. E quando deu por si estava beijando-a. Foram apenas dez segundos de beijo. Depois dos dez segundos, Lupin a afastou com carinho de si.
– Não, Tonks, é sério. Eu não sou páreo para você, não mesmo.
– Pare!! Pare de besteiras! – Berrou Tonks frustradamente. – Pare... – falou num tom de voz mais manso.
Ele só fez baixar a cabeça. Precisava pensar rápido. O que iria fazer? Não podia a deixar nessa frustração como da última vez em que a visitou. Não podia.
– Tonks, por favor, olhe, não é besteira. Pense. Por favor... olhe meu lado... fique calma. – acrescentou ao ver o aturdimento dela.
Ele não resistiu. A abraçava e dava palmadinhas carinhosas em suas costas. E falava em pensamento “Um dia irás me agradecer por isso. Você merece um homem melhor que eu, querida. Mas eu te amo muito, muito, muito”. Ele a soltou, e viu que não tinha mesmo como explicar à Tonks porque não poderiam ficar juntos. Mesmo que ele dissesse um milhão de vezes.
– Lupin, me desculpe se às vezes te empurro contra a parede, mas... é que você nunca me dá uma explicação que eu aceite e ainda diz que me ama... desculpe por não te entender.
Ele ficou em silêncio. A abraçou de novo, um abraço de despedida tão forte que parecia ser pra sempre.
– Tchau Tonks, a gente se vê. E feliz Natal. – disse ele, já na porta.
– Tchau, Feliz Natal.
Tonks fechou a porta, e por mais incrível que pareça, ela sorria. Pois, afinal, mesmo depois dessas palavras, ela ganhara um ótimo presente de Natal. Já tinha esquecido como era o beijo dele... Não, com certeza não. Não havia como esquecer aqueles beijos. Mas sentia falta deles. E também descartara a possibilidade de que ele não a amava, pois havia admitido que ainda a amava. Então ficara mais feliz, mas ainda não desistira dele e falava o tempo todo para si mesma “Remo Lupin, você ainda vai ser somente meu...”.
Por outro lado, Lupin estava muito aborrecido com si mesmo. “Por que não podia se segurar? Por que tinha que sempre dar mais esperanças a ela? Remo Lupin, seu grande idiota...” falava para si mesmo nas ruas de Londres. Tocou os dedos em seus lábios e sentiu uma profunda alegria por tê-la beijado como não fazia há quatro meses.

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