UMA MANHÃ DE DECISÕES



A Aliança não tinha se escondido tão bem e por tanto tempo por pura sorte. A infra-estrutura que possuíam em conjunto dava um suporte tão grande, que eles quase não precisavam se expor aos olhos humanos. Número Dois estava profundamente enfraquecido por conta de seu esforço mágico realizado na convocação do espírito negro, mas as habilidades mágicas dos outros integrantes estavam fazendo ele se recuperar com um pouco mais de rapidez. Número Seis era um curandeiro poderosíssimo e estava comandando o tratamento de seu aliado com bastante competência. Apesar de não haver muito companheirismo entre eles, havia um acordo de segurança mútua, no qual eles não poderiam abandonar um companheiro ferido, nem matar outro membro da Aliança. Era literalmente um contrato mágico, do qual não era possível se esquivar após a assinatura do mesmo. A punição pela quebra do contrato não consistia na morte em si, pois seria muito comum. O castigo era composto por um crescente enlouquecimento e perda gradual dos cinco sentidos, algo um pouquinho mais interessante.

Após horas de luta entre a vida e morte, o estado de saúde de número Dois havia alcançado certa estabilidade, aumentando suas chances de sobrevivência. O espírito lacrado na Obsidiana Negra de vez em quando emitia ruídos, diferentes a cada vez que eram escutados. Soltava gemidos de lamento e de choro, gritos de tortura e medo, além de diversos sons mágicos e estridentes. No meio disso tudo, número Cinco chamou todos para debater a continuação dos planos.

- Precisamos dar prosseguimento às nossas atividades agora que o risco de morte de número Dois já se encontra sob controle. Nossa força para combate direto está bastante enfraquecida por conta do nosso esforço durante a conjuração do Espírito Negro, como já tínhamos previsto. Nossa prioridade agora é manipular as missões que Harry Potter irá realizar como auror. Vamos usar todos os nossos contatos com delinqüentes inferiores, de modo que os aurores mais fracos saiam em missões de pouca importância, forçando Potter a agir sozinho por conta da grande quantidade de ocorrências ao mesmo tempo. Realizaremos esses ataques em massa como teste na próxima semana, repetindo o processo somente quando nós sete estivermos com a plenitude de nossos poderes mágicos.

- Bom, levando em conta nossa idade e nossa quantidade de magia gasta, acredito que nossos poderes estarão restaurados dentro de aproximadamente dois meses. – relatou número Seis – Porém, número Dois levará de noventa a cem dias para retornar à sua saúde completa.

- Ok, então teremos três meses e meio para recrutar a maior quantidade possível de bandidos de meia-tigela para trabalhar para nós? – questionou numero Três.

- Isso mesmo. A partir disso, atacaremos massivamente a cada dois dias, e quando Harry Potter demonstrar sinais de cansaço nós partiremos para o golpe final. Devemos nos concentrar em recuperar as forças e praticar ao máximo nossas habilidades em duelos, pois é uma chance apenas, e não podemos nos dar ao luxo de cometer erros. – todos se olharam seriamente, ao passo que número Seis continuou o discurso – Estamos entendidos? – e todos concordaram, com seus pensamentos sedentos de poder.

Número Seis foi o único a permanecer no local após a reunião, pois tinha sido encarregado de monitorar o estado de saúde de número Dois até que ele despertasse. Os outros cinco Aliados haviam recolhido seus pertences e desaparatado para diferentes locais, continuando mascarados por seus disfarces cotidianos. O grande salão agora se encontrava praticamente vazio, com suas paredes lúgubres entoando os ecos originados pelos ruídos que espírito preso dentro da obsidiana emitia. Como forma de proteção, número Seis havia conjurado abafadores de som para ele e seu paciente, impedindo que aqueles barulhos persistentes levassem embora toda sua capacidade de raciocínio e o mergulhassem num estado de permanente loucura.

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A manhã de Natal de Harry não havia começado nada bem, já que a carta de Neville mudara seu humor drasticamente. Após responder um discreto “Confio no seu julgamento, notícia em breve”, ele puxou o assunto com Rony, Gina e Hermione assim que eles acordaram, pois estava bastante inquieto.

- Parece que vamos ter que avisar nossos filhos quanto a isso. – Hermione falou com naturalidade após ler a carta de seu antigo colega de escola.

- Eu não concordo com você Hermione... Se esse professor disfarçado notar alguma mudança no comportamento dos garotos, pode querer se apressar para terminar o que quer que esteja planejando. – Rony expressou sua opinião.

- Por outro lado... – começou Gina – Se eles não souberem de nada não poderão se prevenir de eventuais ataques, fato que eu considero ainda mais perigoso. Estou com a Hermione e acho que devemos contar a eles.

- Mas Gina, ainda não sabemos onde está a verdadeira Minerva e nem temos informações concretas sobre Chalmers. – respondeu Rony – Não temos nenhuma prova que essas pessoas estão relacionadas ao envenenamento de nossos filhos, ou seja, não temos a mínima idéia do que elas querem a partir dessa infiltração na escola.

- Instinto materno, Rony. – a ruiva respondeu, seriamente.

- O que acha Harry? Apóia a minha idéia ou a delas?

- Não sei... Temos que considerar outros fatores também... Número um: os poderes de Alvo, James e Rose já se encontram num nível bom o suficiente para se defenderem de uma investida surpresa do inimigo? Número dois: mesmo se souberem, conseguirão se defender? Pois acho que se esses bruxos são poderosos o suficiente para derrubar McGonagall e ludibriar todos os professores de Hogwarts, não devem ser subestimados. Número três: eles estão invadindo o castelo por conta própria ou estão a mando de alguém? Número quatro: existe alguma maneira de nós intervirmos sem que sejamos identificados? Número cinco... – Harry gesticulou com a palma da mão aberta, tentando pensar em mais alguma coisa para falar – Bem, não tem número cinco.

- É por isso que eu ainda me questiono como esse infeliz conseguiu se tornar um bruxo tão poderoso. – Rony disse enquanto balançava a cabeça negativamente – Mas deixa para lá...

- São itens bem interessantes – continuou Hermione – Confio nos poderes de nossos filhos, mas acredito que os três ainda não possuam experiência suficiente em duelos para combater um bruxo adulto. Acho que isso responde as perguntas um e dois que Harry mencionou.

- Creio que os dois invasores estejam trabalhando para alguma organização criminosa, pois já passaram quase um semestre sem mostrar as caras. Está na cara que estão esperando a ordem de alguém para agir. – propôs Gina.

- Também penso assim. – expressou-se Hermione – Com base nisso, pensei em duas coisas que podemos fazer: vasculhar a vida de Chalmers até encontrar algo que o incrimine; refazer seus passos com objetivo de descobrir para quem ele trabalha; e por último, mas não menos importante, ensinar para nossos filhos os princípios básicos dos duelos bruxos.

- É isso mesmo meu amigo ruivo, acho que mais uma vez elas têm razão. Teremos que contar às crianças o que está se passando em Hogwarts.

- Fazer o quê, não é mesmo? – Rony falou, dando de ombros.

- Acho que sei um modo de auxiliar nossos filhos sem sermos descobertos. – anunciou Gina.

- E qual seria esse método revolucionário? – desdenhou o irmão.

- Não é revolucionário, seu bobalhão. Aliás, já foi usado antes por vocês três: a passagem escondida pelo retrato da irmã de Dumbledore no Cabeça de Javali. Se nós usássemos a passagem secreta, poderíamos ajudar nossos filhos a desenvolver suas habilidades de combate e aprimorar seus feitiços dentro do espaço da Sala Precisa.

- É uma ótima idéia! – apoiou Hermione – Apenas teríamos que deixar bem claro que quando fossem convocar a Sala Precisa eles deveriam pensar em um local apropriado para a prática de duelos e treino de encantamentos, sem esquecer também de pensar no retrato de Ariana.

- Mas como eles iriam pensar em uma figura que nunca viram? – indagou Harry.
- Isso é bem simples, é só nós darmos uma passada no bar de Aberforth em Hogsmeade antes de iniciar essa estratégia que estamos construindo. – respondeu Gina – Temos que definir quais de nós vão ficar encarregados de cada tarefa.

- Pela experiência, acho que Harry seria o mais indicado para dar as aulas de duelos e ensinar os diversos feitiços e azarações, por conta disso, Rony ficaria encarregado da escolta do cigano até a volta ao trabalho no Ministério. Eu ficaria aqui cuidando dos pequenos e Gina iria com Harry para Hogwarts.

- Não, Mione. Acho que você seria a pessoa mais certa para acompanhar o Harry, já que ele é ótimo praticante de magia, mas ninguém supera você na parte teórica de tudo isso. E por mais que eles não queiram, vão precisar aprender o básico de teoria para terem condições de controlar melhor suas mágicas.

- Concordo com você, irmãzinha. Acho que devemos primeiro dar uma chacoalhada no cérebro desses garotos para depois deixá-los aptos a combater, pois é bem possível que eles saiam fazendo arruaça com as novidades que irão aprender.

- Então está decidido. Eu e Hermione vamos dar aulas para nossos filhos em Hogwarts, enquanto Rony e Gina ficam por aqui. Mione e eu partimos amanhã cedo com eles para Hogsmeade, visitamos o Cabeça de Javali e mandamos as crianças para a escola com as instruções de uso da Sala Precisa. Levaremos nossos pertences para ficarmos alojados com Aberforth até o começo do ano letivo.

- É, acredito que nossa tática tem grande possibilidade de ser bem sucedida. – reforçou Gina.

- Ah... Tem uma coisa que iria ser muito útil para eles, Harry.

- O Mapa do Maroto?

- Leu meu pensamento, amigo.

- Está na minha casa, é só aparatar que rapidinho eu trago para cá.

- O que está esperando? Seu sem futuro! Vai logo! – Rony apressou-o, animadamente, e em um instante Harry havia desaparecido no ar com um estalo.

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O quarto que as cinco crianças dividiam amanhecera repleto de embrulhos, já que cada um deles havia recebido diversos presentes de Natal. As garotas despertaram mais cedo e já tinham começado a rasgar os pacotes na ânsia de descobrir o que haviam ganhado. Lily abriu dois presentes ao mesmo tempo, verificando na embalagem os nomes de seus devidos remetentes: a embalagem parda continha os nomes de Rony e Hermione, enquanto a vermelha era de seus avós; a primeira revelou-se um belo par de pantufas em formato de leão, com um símbolo da Grifinória gravado no solado, a segunda, como não poderia deixar de ser, um suéter laranja com um grande “L” bordado por sua avó. Rose também estava rodeada de variados objetos que desembrulhava numa velocidade impressionante. Ela e Lily prosseguiam em sua atividade de forma bastante alvoroçada e acabaram acordando os meninos, o primeiro a se manifestar foi Alvo.

- Mas que coisa! – ele disse, pondo os óculos rapidamente e expressando sua insatisfação – Vocês são muito barulhentas!

- Ah, sai do meu pé, chulé! – exclamou Rose, subitamente – Não estamos fazendo nada de mais. Afinal, só ganhamos essa quantidade de presentes uma vez no ano.

- Não se contarmos os nossos aniversários...

- Alvo, para de encher e aproveita para abrir os seus presentes também. – mas nem foi necessário Rose mandar, e ele já estava rasgando um grande pacote verde enviado por Hagrid.

James despertou no meio da discussão e ainda esfregava os olhos quando seu irmão se calou, já Hugo deu um grande bocejo e espreguiçou seu corpo inteiro antes de ficar sentado em sua cama. Os muitos embrulhos rasgados que se acumulavam no chão passavam despercebidos, tamanha era a felicidade das crianças em descobrir todos os presentes endereçados à elas. Das muitas coisas que ganhou, James empolgou-se demais com a vassoura que seu pai lhe dera, fazendo inveja para seus irmãos. Alvo, apesar de desejar também uma vassoura (que seus pais haviam lhe recusado até chegar ao segundo ano da escola), prendeu sua atenção a dois presentes em especial: um xadrez bruxo dado por seu tio Rony e duas pequenas estatuetas em forma de cabeça de dragão que seu tio Carlinhos havia lhe dado, pois elas eram muito especiais, serviam como uma espécie de walkie-talkie de longo alcance e ainda podiam ser utilizadas para lançar uma pequena labareda de chamas. Dois brincos que tocavam música acionados por meio de magia tinham caído no gosto de Rose, era só apertá-los, dizer o nome da canção e “plim” você estava escutando sua música predileta numa qualidade incomparável. Hugo, o último a terminar a tarefa de abertura de embalagens, deliciou-se com o filme “As aventuras do rato Cloudy na Terra dos Doces” e seus dez diferentes finais, presente dado por seu pai.

- É uma vassoura de última geração! Acabou de ser lançada no mercado, com vocês: Thunder Tail 3000, versão Sport, ideal para jogos de quadribol. Feita totalmente de madeira encantada, suas cerdas são modificadas para dar melhor aerodinâmica e incrementar a velocidade máxima possível. O cabo é super flexível, permitindo manobras inacreditáveis que...

- Já entendemos! – cortaram Alvo e Lily.

- Acho que agora todo o mundo bruxo já sabe o que você ganhou de Natal, James. – reclamou Hugo.

- James, além de estarmos quase decorando o manual da sua vassoura também está na hora de irmos tomar café, não acha?

- Que nada, agora que eu ia começar a explicar as diversas alterações feitas unicamente para a versão Sport...

- Concordo com a Rose, nunca o café da manhã me pareceu em tão bom momento. – Lily disse, olhando com desdém para seu irmão mais velho.

- É realmente uma pena que tenhamos que deixar esse discurso para depois, James. Mas você não se importa, não é mesmo? – Hugo perguntou, rumando para fora do aposento.

- Lógico que ele não se importa. Ele é um gentleman. – gracejou Alvo, vendo a cara emburrada do irmão.

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N.A: Gostaria de agradecer em especial a Julia Antoun e Nanda Weasley por deixarem seus comentários. Após MUITO tempo que eu não passava por aqui, esses comentários praticamente me obrigaram a voltar a escrever.
Obrigado também Flávia, por estar me dando força nesse retorno.

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