FORA DA SELEÇÃO



Já caía a noite quando o Expresso de Hogwarts parou em sua estação final, com um solavanco. A umidade, juntamente com a queda de temperatura experimentada no fim daquele dia tinham formado uma leve neblina que atrapalhava a visão dos campos da escola. Os alunos dos diversos anos desciam como formigas dos diversos vagões que compunham o longo trem, populando rapidamente os seus arredores. No meio daquele emaranhado de gente, destacava-se uma figura bastante alta e corpulenta, que caminhava carregando um lampião. Com seu jeito desajeitado e caloroso, o meio-gigante Hagrid pigarreou alto, chamando a atenção de todos, para então anunciar:



- Alunos do primeiro ano, venham comigo! – ele dizia, balançando a lamparina de modo estabanado – Em fila, por favor! – os diversos meninos e meninas mais novos se aproximavam dele, ao mesmo tempo espantados e admirados com o seu tamanho.



Logo que reconheceu os pequeninos, Hagrid lhes deu um dos seus abraços capazes de rachar as costelas.



- Como vocês ‘tão? Um pouco assustados, é?



- Assustado, não, estou é com frio, Hagrid. – Alvo disse, tremendo um pouco.



- Eu também – disse Rose, pálida.



- Vamos lá, garotos, deixem esse nervosismo de lado – Hagrid encerrou a conversa e dirigiu-se à frente do grupo de alunos do primeiro ano, a fim de guiá-los em direção à beira do lago.



Alvo e Rose seguiram com o restante do grupo até chegar perto dos pequenos barcos que fariam a travessia, ambos com aquela sensação de frio cada vez mais acentuada. Os dois sentaram-se em um dos barcos, com a companhia de um garoto moreno, com cabelos cacheados; e de uma garota de cabelos lisos bem negros, que contratavam com sua pele, muito branca. Nenhum dos dois pareceu muito aberto a conversas, e a pequena condução ficou mergulhada em silêncio por algum tempo.



Ninguém mais está sentindo frio? Que diabos está acontecendo conosco?, pensou Alvo, começando a se preocupar. Olhou para Rose e acabou percebendo que ela estava em situação parecida à dele. Aguenta aí, Rosie! Só falta mais um pouquinho! Cada balanço mais forte do barco o espantava e ele virava-se alarmado para conferir o estado de sua prima.



Quando já estavam bem próximos da margem oposta, o garoto desconhecido passou a olhar curiosamente para o rosto de Alvo, depois analisou Rose demoradamente, observando o tom de pele do seu rosto e de suas mãos.



- Vocês estão passando bem? – inquiriu ele – A pele de vocês está meio esverdeada.



A garota ao seu lado, que estava olhando com grande fascínio para o castelo que se erguia à sua frente, voltou sua atenção aos dois primos após a pergunta dele.



- É apenas o frio... – tentou Alvo, com grande dificuldade em abrir a boca e organizar algumas palavras em sua mente. Ao reparar no estado de sua prima, viu que ela estava fraquejando, prestes a desmaiar – Droga, precisamos chegar logo.



- Aguentem mais um pouco, já estamos bem perto. Quando chegarmos, ajudamos vocês a saltar do barco e procuramos ajuda – a menina falou, confiante.



Na opinião de Alvo, a pequena distância até a margem pareceu levar séculos para acabar, e a cada onda que a embarcação sobrepunha ele sentia uma pontada de dor em alguma articulação: joelho, cotovelo e ombros já estavam o incomodando bastante. Sentiram um pequeno solavanco quando o barco encostou na beirada do lago, indicando o fim da angustiada viagem. Nesse momento, Rose caiu em cima de seu primo, desacordada.



- Por Merlin! Precisamos nos apressar! – o outro garoto disse, levantando-se.



- Acho que ainda consigo ficar em pé, tentem carregar somente ela. – Alvo afirmou sem muita convicção. O garoto passou um dos braços de Rose sobre seus ombros, enquanto a garota fez o mesmo com o outro braço. De maneira um pouco atrapalhada, os dois conseguiram equilibrar Rose entre eles e conduzi-la para fora do barco, deitando-a no gramado que levava até a entrada principal do castelo. Alvo saltou do barco com grande dificuldade, agora sentindo dores também na cabeça e no pescoço. A garota apressou-se à procura de Hagrid e rapidamente sumiu de vista. Os dois garotos sentaram-se no chão, ao redor de Rose, checando a respiração dela de tempos em tempos. Preocupado com a ajuda que não chegava, o menino de cabelos enrolados tentou puxar conversa para evitar que Alvo também perdesse a consciência.



- Qual o seu nome? – perguntou ele.



- Alvo... Potter... – respondeu fracamente, tentando manter o foco no olhar – E você?



- Me chamo Phillip Riley. – ele respondeu, animado – De vez em quando Phil, mas geralmente Phillip mesmo. A menina que saiu em busca de ajuda se chama Molly Wood, acabamos ficando na mesma cabine com alguns outros alunos do primeiro ano e nos conhecemos lá. – ele apontou para Rose e continuou – E ela, quem é?



- É minha prima, Rose Weasley. – o pequeno Potter já estava respirando com tanta dificuldade que seus pulmões latejavam, porém, não demorou muito e Molly retornou, falando rapidamente com Hagrid e explicando-lhe a situação.



O Guarda-Caças de Hogwarts ergueu um primo em cada braço, e pediu para os outros dois o acompanharem. Atravessaram rapidamente pelo meio de vários alunos e logo entraram no grande castelo. Hagrid dava passos tão grandes que os dois alunos que o seguiam tinham que correr para acompanhá-lo. Passaram por vários corredores e finalmente chegaram à enfermaria, onde Madame Pomfrey lia uma revista bruxa de fofocas sem nenhuma preocupação.



- Madame Pomfrey, estamos com sérios problemas! – exclamou Hagrid, deitando Alvo e Rose em camas próximas.



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A cerimônia do Chapéu Seletor já havia começado, e a atual diretora, Minerva McGonagall, chamava os alunos para serem selecionados para uma das quatro casas. James esperava com um sorriso o nome de seu irmão ser anunciado.



Duvido que ele caia na Sonserina! Mas do jeito que ele é cabeçudo, pode acabar indo para a Corvinal... Rose também, inteligente do jeito que ela é. Corvinal não é uma casa ruim, longe disso. Aí sobraria apenas eu na Grifinória... Epa! Calma lá! Seria chato demais! Eles PRECISAM ficar na Grifinória! Nem que eu tenha que convencer pessoalmente o Chapéu Seletor!



James trocou seu sorriso por um olhar inquieto enquanto acompanhava o restante da cerimônia, já ansioso para que Alvo e Rose fossem selecionados para a Grifinória.



- Malfoy, Scorpius – o pequeno garoto de cabelos louros sentou-se no banco e botou o Chapéu Seletor em sua cabeça – Sonserina!



- Neckles, Stephen – Corvinal!



- Pollard, Morgan – Sonserina!



- Potter, Alvo – ao anúncio da diretora, ninguém apareceu.



James olhou intrigado para a porta de onde seu irmão deveria ter saído alguns segundos antes. Cadê ele?



A Prof. McGonagall remexeu-se no púlpito em que se encontrava, confusa. De onde estava, ela conseguia ver o restante dos alunos esperando a seleção e ainda assim não conseguira reconhecer Alvo em meio aos outros



– Potter? – Minerva chamou mais uma vez.



Novamente nenhuma resposta.



Ela então acenou para o professor de Herbologia, Neville Longbottom, sugerindo que ele se aproximasse dela. Baixando a voz, eles trocaram sussurros apressados, nos quais a diretora deu algumas ordens rápidas e diretas a Neville. Logo em seguida, ele caminhou em direção a James e Victoire e retirou-se da cerimônia junto aos dois.



- Riley, Phillip – de novo nenhum movimento foi visto entre os alunos do primeiro ano que ainda não tinham sido selecionados



– Onde estão esses garotos? – murmurou ela.



- Stark, Robert – Lufa-Lufa!



A seleção prosseguiu normalmente até os dois últimos nomes da lista de primeiroanistas que a Prof. McGonagall tinha em mãos.



- Weasley, Rose – mais uma vez ninguém apareceu e a Prof. McGonagall percebeu que não havia mais ninguém esperando para ter sua casa anunciada pelo Chapéu Seletor. Ainda assim, ela chamou o último nome para concluir de vez a etapa de seleção dos alunos iniciantes – Wood, Molly – como Prof. McGonagall esperava, nada ocorreu.



O burburinho entre os alunos foi generalizado, com as mais diversas teorias sobre o porquê daqueles quatro alunos não terem aparecido na Seleção das Casas. Com educação e um pouco de rispidez, a diretora retomou as rédeas da cerimônia de recepção e conseguiu aplacar os ânimos dos estudantes, ainda que seus pensamentos estivessem voltados para aquele grupo de alunos que não apareceu.



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- Você tem alguma ideia de onde seu irmão se meteu? – perguntou Neville desesperadamente, caminhando ao lado de James e Victoire – Ele não sabia que ia ser selecionado hoje?



- É lógico que ele sabia! – respondeu o garoto, exasperado – Não vejo motivo para ele ter faltado à cerimônia. Nem se ele estivesse com uma disfunção intestinal ou algo do gênero faria ele faltaria à seleção das casas.



- Então você acha que devemos dar uma olhada nos banheiros? – disse Neville, confuso.



- Acho que na enfermaria seria melhor professor. – Victoire afirmou categoricamente, ao que os outros dois assentiram.



O caminho até a Ala Hospitalar foi rapidamente percorrido, uma vez que, devido à cerimônia de recepção, os corredores estavam completamente vazios. Assim que os três chegaram, avistaram a imponente silhueta do Guarda-Caças Hagrid, conversando na entrada da enfermaria com outros dois estudantes que James desconhecia.



Que eles estejam bem, que eles estejam bem, que eles estejam bem..., repetia James em sua cabeça, como um mantra.



- O que aconteceu, Hagrid? Por que Alvo e Rose estão aqui? – James questionou, impaciente.



- Não estão nada bem, os dois. Madame Pomfrey suspeita que eles tenham sido expostos a veneno de Acromântula... – respondeu o meio-gigante, entristecido – Este tipo de veneno é realmente agressivo, então ela ministrou algumas medicações e pediu que os deixássemos descansando, mas eles me pareceram fora de perigo da última vez que os vi.



- Espero que você esteja certo, Hagrid. – falou James, esperançoso.



- Por que você não tenta avisar seus pais enquanto eu vejo se a Prof. Minerva já encerrou a recepção? Gostaria que ela também desse uma olhada nos pequeninos. – finalizou Hagrid, sugerindo a James uma rápida viagem ao corujal.



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Harry estava com Rony no Departamento de Aurores, examinando algumas fichas de bruxos procurados e separando-as por ordem de importância, quando uma coruja cinzenta entrou pela janela e pousou diante dos dois. O ruivo tirou uma pequena carta da pata do animal e a leu em voz alta:



- Pai, Alvo e Rose estão doentes. Suspeita de envenenamento. Venham rápido. Assinado: James.



- O quê? – Harry pensou não ter compreendido o que ouvira.



Rony leu novamente a carta e mirou Harry com um olhar aflito.



- Hogwarts nunca deixará de me surpreender. – disse Harry, já vestindo sua capa de viagem.



- Vamos lá, então! Nada de preguiça! – Rony deu um salto da cadeira, pegou duas corujas, enviando uma para Gina e outra para Hermione. Puxou seu amigo pelo braço e correu para a lareira – Via Flú é mais rápido, segure-se! – os dois jogaram pó na lareira e logo foram engolidos pelo fogo verde em direção a Hogwarts.



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Os quatro pais já se encontravam na enfermaria e escutavam atentos aos relatos de Phillip e Molly sobre a travessia do lago. Hagrid e James também falaram sobre o que aconteceu no trem e no desembarque.



- Ao que me parece, foram envenenados entre sua briga com Zabini e a descida do trem... – dizia Rony.



- Papai... É você mesmo? – Rose sussurrou.



- Sim filha, papai e mamãe estão aqui. Está tudo bem – ele disse, segurando a mão dela - Volte a descansar. – e dizendo isso, Rose fechou de novo seus olhos e esboçou um sorriso. Preocupado, Rony voltou-se para sua esposa e perguntou:



- Está tudo sob controle, não é, Mione?



- Não, não está – ela disse com um leve tom de angústia.



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N/A: Faa L.B. Dumbledore Muito obrigado pelo comentário! Ajuda muito, sabia. Por favor comentem! Digam se estão achando bom ou ruim. Valeu!


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