Cão que ladra...



Desculpem, pessoas, mas todo esse tempo a floreios não queria aceitar o meu novo capítulo, e acreditem que eu venho tentando.
Bem, espero que vocês gostem do próximo ok?
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[N/A: Narração de Lupin][/b]

Aquela noite, depois que o Coopper saiu desabalado porta a fora, eu e a Tonks ainda ficamos para terminar a detenção. Eu simplesmente não conseguia me concentrar naquele monte de papéis da professora de transfiguração depois do que aquele... Idiota falou. Ninguém me tira da cabeça que ele sabe de tudo. E a Tonks não entendeu nada. Quer dizer, é óbvio que ela não entendeu e eu achei muito legal da parte dela não insistir no assunto. Ela deve ter percebido que, pela minha reação, era algo sério e eu falaria se quisesse.

Eu realmente queria contar para a tonks e isso é estranho. Não queria contar para quebrar aquele silêncio terrível ou para tirar dela aquela cara de... sei lá, choro, talvez. Queria contar porque estava, e ainda estou, louco de vontade para isso. Tipo, ela é a prima do meu amigo, dois anos mais nova que eu e nós nunca tivemos uma real aproximação. Acontece que ela não me passa o ar infantil que os quartanistas têm. Não sei, mas eu realmente controlo o meu impulso de contar tudo, contar do Greyback, do Salgueiro, da casa dos Gritos... Mas não só disso. Quando estou perto dela (o que não acontece tantas vezes assim) é como se eu pudesse falar de como o céu está azul à complexidade da Animagia. Como se eu pudesse conversar com ela como converso com Sirius ou Thiago, acontece que eu não viajo no sorriso daqueles dois. Eles dois não dão aquele sorriso que aperta os olhos e faz o cabelo mudar de cor involuntariamente (o dela, não o meu). O Sirius quase late quando ri e o Thiago chega a fazer escândalo. O mais estranho de tudo isso é que eu não acho todos esses meus pensamentos absurdos. Isso tudo para mim é tão... Verdade!

Ficamos ainda uns quarenta minutos na sala da professora e eles pareceram passar devagar. Reinava um silêncio incômodo entre nós, cortado apenas pelos “Aula-dupla da Lufa-Lufa fica ali”. A Tonks me olhava “disfarçadamente” de vez em quando, como se conferisse que eu não ia sair por aí tentando enforcar o Joshwa. Eu fiquei o mais controlado possível, embora minha mente insistisse em criar mil hipóteses sobre com o Coopper poderia ter descoberto o meu segredo lupino.

O olhar de Tonks sobre mim não me incomodava. Eu evitava encará-la, mas soube que havia preocupação neles e isso, incrivelmente, me deu uma pontada de alegria. Aposto que, quando voltávamos ao Salão Comunal, eu estava com bem mais cor.

-Ah, cara, minha vontade é de quebrar ele todo – Sirius rosnava andando de um lado para o outro – Ele que não cruze comigo quando eu estiver, literalmente, um cão!

-Caramba, eu ainda não havia pensado nisso! – Eu dei um tapa na minha testa que realmente doeu – Sabe, se de algum modo ele sabe que eu sou um Lobisomem, ele pode muito bem saber que vocês são Animagos!

-Muito azar o dele se ele souber! – Falou Rabicho, olhando assustado para a fúria de Sirius – Almofadinhas, você está me deixando tonto!

-E isso me interessa em que? – em seguida, Sirius parou abruptamente na frente de Thiago – Pontas, você não está nem um pouco preocupado?

Eu e rabicho nos viramos automaticamente para Pontas, ele se manteve tão quieto até agora que esquecemos de sua presença.

-Sabe... – Ele falava com ar pensativo – Eu não acho que ele saiba de coisa alguma.

Foi minha vez de levantar e olhar incrédulo para o Thiago.

-Tipo, o que a Lilly anda fazendo com os seus miolos? Você ouviu o que eu contei, Thiago?

-Claro que sim – ele deixou de olhar pro nada e fixou os olhos castanhos em mim, ainda pensativo – cada palavra. Mas ainda assim... Acho que ele só estava jogando verde, entendem?

-Como assim “jogando verde”, cara? – Sirius perguntou o olhando curioso, como se estivéssemos lidando com um louco.

-Ele me chamou de animal! – falei, sem entender onde aquele surtado pretendia chegar – Ele poderia ter me chamado de mil outras coisas, mas ele me chamou de ANIMAL, Pontas! Por que ele me chamaria assim por nada? Eu tenho cara de Lontra Marinha, por acaso?

-Vocês não entendem, não é? – Potter me lembrou da frase que usei minutos antes com uma certa garota metamorfomaga – Ele pode ter desconfiado sim, mas talvez não tenha certeza, ou talvez nos tenha visto saindo pela noite e resolveu jogar isso para ver no que dava.

Nós três o olhamos por um tempo e Sirius falou:
-Você está com problemas, cara? Tipo se estiver, podemos resolver juntos...

-Deixa de ser tapado, Almofadinhas! Olha só: vai que um dia ele resolve olhar pela janela e vê o Lupin acompanhado de um cervo e um cachorro, provavelmente sem ver o Pedro. Todo mundo sabe que cachorros não são animas de estimação comuns nesta escola e não existem cervos na Floresta Proibida. Ele pode ter chegado à conclusão de que o Lupin aqui também é um animago, mas ainda não transformado no momento como os outros seres que o acompanhavam.

-Mas animagia normalmente não gera preconceito...
-Inveja mata, meu caro...
-Mas então, pela minha reação...
-Pois é, Aluado, acho que você confirmou as suspeitas dele.
-Mas então não há grande risco! –Começou Rabicho com a mão no queixo - Tipo, ele continua não sabendo que o Remo é um lobo e o que tem ele pensar...

-Não esquece que somos ilegais, Rabicho...

Nós quatro permanecemos em silêncio, a nova preocupação agora fazendo surgir um zumbido na minha cabeça que berrava por um travesseiro. Não seria só o Sirius, da próxima vez eu machucaria muito mais do que o pescocinho medíocre dele...

-Quem são voc... Aaaahhh.

Uma figura de cabelo rosa-choque totalmente desordenado, uma camisola lilás e pantufas verde-limão, surgiu no portal do corredor que dava para a escada do dormitório feminino, coçando o olho e interrompendo a frase no meio de um grande bocejo.

-Prima, o que você perdeu aqui a essa hora?

-Ah, Sirius, são vocês? Eu só ouvi um barulho lá de cima e vim conferir. Cara, vocês fazem um barulho tremendo.

Sabe aquela história de que eu poderia conversar com Tonks como com o Pontas e o Almofadinhas e coisa e tal? Então, esquece. Apaga. Deleta da sua memória. Nenhum dos dois (graças a Merlin) faz o meu rosto pegar fogo nem o meu estômago se sentir no Globo da Morte. Quando o Sirius falou “prima” e ela saiu toda sonolenta em direção ao outro lado do Salão, onde havia uma garrafa e um copo de água, eu quase perdi o movimento das minhas pernas. Mantive-me seguro e em pé ante o olhar irônico do Sirius. Cachorro! O que está se passando na cabeça dele? Por que ele está me olhando assim? O fato da prima dele passar de roupa de dormir curtinha por nós não tem nada a ver comigo, cara!

Pareceu que o Sirius leu os meus pensamentos.
-Tonks, que tipo de roupa é essa?

Tonks olhou para o Sirius em meio ao sono, tentando obviamente compreender as palavras dele. Pude jurar que o olhar dela passou por mim antes de olhar para o próprio corpo e se assustar. Acho que ela estava esperando ver uma Burca no lugar da camisola lilás e das pantufas verdes, pois, assim que olhou para baixo, soltou um gritinho rápido e deixou cair o copo cheio de água no chão, que se espatifou no chão. Concertou o copo rápido e o fez voltar para sua mão.

-Ah, Sirius! É o tipo de roupa que se usa para dormir – falou, tentando parecer rapidamente recuperada, mas com as maçãs do rosto muito vermelhas. Não sei por que, mas eu também senti um aquecimento no meu rosto.
-Ótima resposta! – falou Sirius enfezado, cruzando os braços e o olhar dele também passou rápido (e acho que furioso) por mim. Cara, o centro das atenções é ela e não eu! – Como é que você desce assim? Tonks, você não...
-Ah, Sirius, por favor! Olha a hora! Eu estava mesmo notando a roupa com que eu estava descendo! – Tonks deu uma olhada geral pela sala. O Pedro parecia muito interessado em suas unhas roídas e o Thiago assobiava, olhando para o outro lado com um leve sorriso na boca. O olhar dela parou em mim. “Oh, Merlin”, pensei, por que todos os olhares se voltam para mim? – Dá para [i]alguém[/i] secar isso aqui? A gente não aprende isso no quarto ano!

Olhei para o Sirius e ele mantinha os braços muito cruzados e a respiração muito forte para pegar a varinha, então eu mesmo sequei toda a água que ela derramou.
-Obrigada, Remo – Respondeu Tonks, sublinhando todas as letras e ainda olhando para o primo – Acho que você é o único cara que presta nesse mundo E que não quer ser o meu pai!
-Não há de que, Nympha – Respondi na maior inocência.

A garota deu um sorrisinho de queixo levantado e saiu em direção ao dormitório feminino, batendo as pantufas verde-limão no chão e fazendo um “humpf” ao passar pelo primo.

-Nympha?? – Sirius meio que perguntou para mim com os olhos semi-cerrados quando Tonks sumiu no dormitório. Largou-se na poltrona junto a lareira depois, ainda de braços cruzados - É claro que o Reminho aqui não quer ser o pai da minha prima!

Eu fiquei estático, sem nem saber o que pensar até o Thiago dar uma gargalhada como sempre escandalosa.
-É muito mais interessante ser pai do que a Tonks é capaz de produzir!

Sirius jogou uma pesada almofada na cara do Pontas e eu até pude ver um sorriso no rosto dele, que sumiu bem rapidinho quando olhou para mim.

ALÔÔ! Eu não fiz nada, não falei nada, nem botei camisola nenhuma e sai por aí! Que conspiração é essa?

Quando o Pedro comentou “Acho que tem gente que quer entrar para a família” eu fui para o quarto antes que tivesse de assistir “Enforcando o Joshwa – Rodada 2”, mas com mudanças de personagens e estrelando: EU!

[b]Narração do Sirius [/b]

Lá estávamos nós três, mais o Rabicho, discutindo a melhor forma de matar o Joshwa causando a maior dor possível (mentira que a gente não estava discutindo isso) quando minha querida priminha resolve fazer uma aparição confusa e sonolenta no Salão Comunal de madrugada. Nada demais no fato dela aparecer lá – e eu nem vou falar sobre as pantufas verde-limão dela – É que a Tonks estava usando uma camisola lilás meio curtinha, entende? Tipo, alcinha e perna toda de fora. Presumo que ela estava bem “bonitinha”, para não dizer outra coisa, pela cara e sobrancelhas erguidas do Pontas. Conhecendo-o tão bem, era um visível sinal de aprovação, só que meu nível de parentesco com ela não permite que eu concorde. Cervo safado!

Os três (Pontas, Aluado e Rabicho) ficaram lá, olhando-a atravessar a sala em direção a água , com as maiores caras de bobos e eu, obviamente irritado com eles quatro, neh! Inclusive a Nymphadora!! Pelo amor de Merlin! Ela é só uma criança! 14 anos! Olha só para eles: três marmanjões de 16 com os olhos brilhando para uma garotinha inocente. Ta, uma garotinha inocente bastante desenvolvida e uma lista considerável, mas ainda assim INOCENTE!!

E a cara do Lupin? Oh, Merlin! Ele estava absolutamente abobalhado e sem nem disfarçar como o Thiago e o Pedro. E que história é essa dele chamar minha prima de “Nympha”? Quando surgiu essa intimidade? E ela ainda respondeu com um sorrisinho! Para o Remo, lógico, porque para mim ela se limitou a um “humpf” emburrado!!

Certo, eu sei que eu falei para Tonks para investir, que era possível que o Lupin estivesse a fim dela e tal. Mas eu admito! Eu não achava realmente que o Remo pudesse estar a fim dela. Quer dizer, se eu não fosse seu primo talvez eu até a achasse bem lindinha, mas é o Remo, cara!! Tipo, não sou eu ou o Pontas. Quer dizer, esse papel é nosso, sabe? Nem mais tanto do Pontas, aquela ruiva exerce poder sobre ele... Mas sim, de qualquer forma isso não tem nada a ver com o Aluado. Ele é um cara mais romântico, sensível, sentimental... Vamos dizer assim... O veado da história deveria ser o Aluado e não Pontas, ok?! Um lobo na verdade é bem macho. Não que eu duvide da sexualidade do meu amigo...

Eu já fui obrigado a ouvir a extensa lista dela. Por mais que eu tenha fingido não ligar, eu preferia não saber dessas informações. Cara, a tonks pegou o McFllain! Desde quando alunos grifinórios têm relações não-conflituosas com sonserinos?

Ah, e deixa eu contar: ELA ME ACUSOU DE QUERER SER PAI DELA!

Lógico que eu não quero! Eu não quero assumir responsabilidade nem sobre mim mesmo! Mas veja só: Ela ainda não chega nem a bater no meu ombro e já se acha gente! E estamos falando do alto da cabeça dela não alcançar o meu ombro. Tipo, ela é bem bonitinha. Apresentável, vamos dizer assim, mas os adolescentes desta escola não estão fáceis... Tipo, olha só para mim! E a Tonks é só uma criança no meio de um monte de idiotas cheios de testosterona.

E o Lupin... Aposto que ele está cheio de hormônios escondidos por aí!

Nympha... Eu avisei para ele criar noção de perigo!

[b] Narração da Tonks [/b]

Você pode imaginar [e até rir demais] do estado de choque que eu voltei para o dormitório. Uma tremedeira absurda tomou conta de mim! Eu olhei no espelho de corpo inteiro do quarto e morri, mas morri muito mesmo, de vergonha! Cara, eu estava com meus cabelos rosa-choques lá em cimão, um par de pantufas muito bizarras [fofas e confortáveis, porém bizarras] e o pior dos piores: A minha camisola de cetim lilás, altamente curta, de alcinha e estampa de borboletinhas. Pense no mico! Aliás, pense na cara dos garotos! Ou melhor ainda: pense na cara do Sirius! Ele só faltava se jogar em cima de mim de modo que não sobrasse uma lasquinha do meu corpo para fora para ninguém conseguir ver! Vou descrevê-los para vocês:

Sirius Black: Já disse, morrendo de vergonha pela linhagem Black inteira.

Thiago potter: Um sorriso atrevido no rosto (ele pensa que eu não vi) e um assovio sugestivo. Uns olhares para mim de vez em quando (Oh, merlin, por que eu fui descer? Por que? Por que?).

Pedro Pettigrew: Quase podia ver uma baba quase escorrendo queixo abaixo. Mantinha-se fixo em suas unhas roídas.

Remo Lupin: ... AAiinn... Pior parte! Ou melhor, sei lá... (Tonks, que pensamentos libidinosos!) Mas é sério, ele não cantarolou, babou, nem nada, ele só se manteve ali, parado, estático e vermelho. O que foi mais constrangedor do que a cara-de-pau do Potter ou a cara-de-fúria do Sirius.

Custei a dormir pensando no Remo falando “Não há de que, Nympha” e nele secando a água do chão e no Sirius lançando olhares furiosos para o coitado do Lupin (será que ele sabe de algo e não quer me contar?) e em mim, com minha mágica inocência, atravessando o salão na maior para beber água.

Sonhei que eu passeava ao redor do lago e de repente me virava ao sentir que tinha algo logo atrás de mim. Vejo o Sirius me olhando com um olhar acusador, do nada o Sirius vira uma figura adulta, com um cabelo castanho muito bem penteado e muito parecido comigo, pronto para me dar uma bronca. Daí aparece o Remo não se sabe de onde, em um hipogrifo branco e me salva do Sirius/Pai. Mas quando estamos pousando em um campo já próximo a Hogsmead damos de cara com um rapaz de cabelo muito escorrido e sobrancelha feminina. Ele grita alguma coisa que eu não consigo entender e o Remo vira um animal quadrúpede enorme e assustador. Me agarra, me joga nos ombros dele e sai correndo comigo em direção ao castelo e começa a escalar o castelo (ainda comigo nas costas) uivando para uma lua redonda no céu.

-Poxa, amiga, você poderia ter pegado minha pantufa roxa! Combinava mais! – Dizia a Edda enfiando um pedaço de pudim na boca.
-É, eu tava mesmo consciente da cor das pantufas que eu usava e do tamanho da minha roupa de dormir!
-Mas o Remo tava lá, cara, você devia ter dado uma olhada no espelho e entrado no salão triunfalmente, não coçando o olho! – Megan falava por trás do Profeta Diário.
-E daí que o Lupin estava lá? – eu sabia muito bem onde as minhas amigas queriam chegar. Isso estava se tornando tão habitual – Se fosse esse o motivo, eu poderia ter dado uma olhada no espelho porque o Potter estava lá ou porque o Pe... Não, o Pedro não... Mas sim, essa não é a questão, entendem?
-Não – Edda finalmente posou o garfo quando toda a torta de morango sumiu da mesa – Lógico que não entendemos!
-Pois é, não entendemos por que essa sua lerdeza.
-Nem por que essa sua resistência.
-Nem por que a sua falta de confiança em nós.
-nem por que...
-Tá, eu já entendi que vocês não entendem muita coisa mesmo!
-Ei, cara, sem ofensas! – reclamou a Edda, procurando vestígios de comida esquecida pelos elfos do castelo.
-Beleza. Olha, espero vocês na aula de adivinhação, ok?
-Um-hum – Megan abaixou o jornal para fixar os olhos em mim e eu sabia que elas iam começar a fazer comentários assim q eu saísse da mesa.

Acontece que hoje eu não estou me sentindo bem. Tipo, sei lá. Há uma nuvem negra pairando sobre mim e tudo o que eu queria era estar jogada na minha cama do Salão Comunal.

Fui andando lentamente para a torre em que ficava a sala de adivinhação e a aula foi um porre. Mais do que o normal, sabe por que?? Por que aquelas duas coisas que são as minhas amigas não deram as caras na aula! Elas deviam estar aproveitando o ótimo dia de primavera que fazia e eu naquela sala, olhando para uma névoa entediante dentro de uma bola mais entediante ainda.

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