A Filha do Lobo



Bem, esse capítulo é meio que um resumo do que aconteceu até a nossa história começar. Mostra um pouco dos sentimentos da Sylvie e como ela lida com seus relacionamentos, para então o resto da trama se desenrolar! Espero que gostem!

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Capítulo 1 - A Filha do Lobo

- Não fique assim, lindinha. Vai dar tudo certo.

- Não! Eu não vou!

- Sylvie...

- Eu já disse que eu não vou para Hogwarts! Não vou!

A menina saiu correndo escada acima, fazendo barulho o suficiente para acordar toda a vizinhança. Tonks fez menção de correr atrás dela, mas se deteve. Não adiantaria insistir. Se ela realmente não quisesse ir não haveria quem a convencesse do contrário. Aos onze anos, ela provara inúmeras vezes que ninguém conseguia passar por cima de sua teimosia. Era melhor esperar que se acalmasse um pouco, antes de tornar a falar com ela.

Ela nunca se recuperara...

Não conseguia aceitar a reação da filha, a revolta, a raiva, o modo como ela se fechara atrás de um muro de respostas sarcásticas e trancara suas emoções onde ninguém poderia atingi-la. Era assim desde pequena, desde o terrível acidente daquela noite de lua cheia. Era possível contar nos dedos das mãos o número de vezes que a menina sorrira depois daquilo, e a maioria fora há anos, quando ela ainda não entendia o quanto a maldição afetaria sua vida. Não tinha amigos, por que os afastava com palavras ásperas e olhares duros. Era inteligentíssima, sim, mas solitária.

E infeliz, Tonks sabia. Era uma criança triste e que não permitia a ninguém tentar ajudá-la. Aquilo a fazia sofrer tanto quanto a filha, talvez ainda mais.

Pensava em Remus e sua gentileza. Apesar de todos os problemas que tinha, ele nunca deixara de sorrir para ela, de se importar com os outros, de ajudar sempre que podia. Era reservado, mas tinha muitos amigos, e apesar de ter relutado por algum tempo, amou-a incondicionalmente. Isso, especificamente, a fazia repensar a atitude que tomara anos atrás, sem saber se se arrependia ou não. Fora para o bem de Sylvie, afinal...

Não podia deixar que ele a ferisse mais. Não podia deixar escapar outro erro, que talvez a matasse.

Tinha que ter paciência com ela. Era a única que Sylvie tinha, a única que conhecia seu segredo. Era normal que ela se sentisse zangada, e se tivesse sido com ela provavelmente teria a mesma reação. Mas não podia deixar que a menina ficasse em casa, não recebesse educação, quando tinha condições de ir para Hogwarts e fazer amigos como toda criança normal. Era sua única chance, pensou com um suspiro, era a única oportunidade que a menina teria para começar de novo e viver sua vida com alguma emoção.

Cansada de repetir a mesma conversa tantas vezes, começou a subir as escadas atrás da filha. Bateu à porta de seu quarto, e não ficou muito surpresa quando não recebeu resposta.

- Sylvie, abra a porta! Eu quero conversar com você!

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Ela não ia abrir. A mãe podia passar o resto da vida batendo na porta, ela não abriria. Ia ficar sozinha ali, esperando a lua mudar a cada mês, e nunca, de jeito nenhum, iria para Hogwarts para ser taxada de esquisita e perigosa por crianças estúpidas!

Sentiu as lágrimas quentes escorrendo, e secou-as na mesma hora. Não ia chorar por isso, não mais, depois de tudo o que já sofrera quando menor. As coisas não iam mudar em nada se ela abrisse o berreiro; ela continuaria sendo Sylvie Tonks Lupin. Ela continuaria carregando a maldição da lua cheia.

Andou até o espelho grande que havia em seu quarto desde que podia se lembrar, e olhou para sua imagem. Tinha o rosto em forma de coração, igual ao da mãe, mas reconhecia os olhos nas fotografias do pai. Castanho-claros, de aparência triste e ar cansado. E ela realmente se sentia cansada. Passou o dedo de leve por uma pequena cicatriz no lado do rosto, onde ela se arranhara violentamente na última transformação. Ainda doía se ela pressionasse um pouco, e foi o que fez, sentindo uma estranha satisfação com a dor. Não parou até abrir a ferida, até ver pequenas gotas de sangue pingar nos cabelos castanhos e lisos, cortados acima do ombro. Quis chorar, furiosa, mas não se permitiu. Continuou encarando seu rosto do outro lado, a garota bonita que ela não conseguia acreditar que fosse ela. Alguém amaldiçoada e suja como ela nunca seria bonita assim. Nunca seria bela como Ninfadora era, teve vontade de gritar para seu reflexo irritantemente bonito e inocente no espelho.

A mãe era tola!, pensou com raiva. Sempre dizia que tudo ia se ajeitar, sempre a tratava como bebê, como se ela não entendesse as coisas. Dizia que ela podia ter uma vida normal como qualquer um, mas ela sabia que era mentira. Ela não era normal. Nunca poderia viver como se fosse.

E era tudo culpa dele!

Seu pai a mordera quando era ainda pequena. Não se lembrava bem. Mas podia recordar os gritos, e o medo que sentiu ao ver o lobo imenso se atirar contra ela, e as mãos da mãe a puxando para longe, tentando salvá-la. Tarde demais. Ela fora mordida com apenas cinco anos de idade. Pelo seu pai. Por Remus Lupin.

Não o vira mais depois daquele dia, mas o odiava. Odiava-o por submetê-la a uma vida anormal como aquela e, mais ainda, por fugir depois disso. Continuou forçando o corte em seu rosto, como se a dor física pudesse fazê-la esquecer o resto. Finalmente, lágrimas salgadas se misturaram ao sangue.

- Sylvie, abra já essa porta! – ela ouviu a mãe insistir.

Sentiu-se esgotada emocionalmente, cansada demais para outra briga. Abriu a porta. A mulher que viu tinha os cabelos loiros bem curtos e olhos verdes, mas sabia que não era essa sua aparência verdadeira. A mãe mudava a cor dos olhos e cabelos constantemente, mas se observasse seu rosto com atenção podia encontrar muitos traços iguais aos dela.

- O que você quer? – perguntou asperamente.

Tonks não chegou a articular qualquer resposta antes de notar o estado da filha. Lançou seus braços sobre ela e a abraçou.

- Quero que vá para Hogwarts e estude como uma criança normal – disse com a voz abafada saindo por entre os cabelos da menina – Não quero mais você presa aqui, passando por tudo sozinha. Quero que tenha amigos, que aprenda coisas novas. Hogwarts vai ser o melhor lugar do mundo para você, confie em mim.

Ela confiava. Confiava na mãe mais do que em qualquer outra pessoa. Em parte por isso e em parte por que estava exausta, ela concordou em ir para a escola. E também, admitiu, por que havia uma parte dela, pequena, que tinha vontade de tentar, que ainda tinha esperança de que ela pudesse fazer amigos e mudar sua vida. O único pedacinho dela que continuava sonhando.

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Tonks entrou em contato com a diretora para que fossem tomadas as providências necessárias. Sabia que a cada lua cheia Sylvie seria levada para a Casa dos Gritos, o mesmo lugar onde Lupin passara suas noites de maldição quando jovem. Aquilo lhe causou uma sensação estranha e, por alguma razão, não conseguiu contar isso para a filha. Tinha consciência dos sentimentos atribulados que ela tinha pelo pai.

Foi com uma alegria imensa que viu a menina fazer as malas. Não, como ela sugeriu maldosamente enquanto empacotava os livros, para se livrar dela, mas por saber que ela estava indo para um lugar que mudaria sua vida. Seus melhores amigos, seu primeiros namorados, recordou, todos aconteceram dentro daquele castelo cheio de torres e passagens secretas. Aprontara muito, rira muito, tivera algumas brigas, chorara... tivera uma vida inteira por aqueles corredores de pedra. E ficava contente sabendo que, no futuro, Sylvie também teria essas memórias.

Ela torcia por isso.

Havia, porém uma pontada de incerteza, o medo de que não houvesse garotos bons, que a acolhessem. Remus, ela repetia em sua mente, Remus fora aceito e Sylvie também seria.

Mas talvez a filha não encontrasse novos Marotos; não havia nenhum James Potter ou Sirius Black dessa vez, que estivessem dispostos a tudo por ela. Talvez ela não encontrasse um garoto que a amasse o suficiente para enfrentar o problema. Ela podia acabar sozinha.

Passando os dedos pelos cabelos cor-de-rosa que nuca deixara de usar, ela tentou afastar esse pensamento.

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Sylvie embarcou no Expresso Hogwarts com seu habitual mau-humor, uma mala enorme, e uma coruja cinzenta de olhos muito brilhantes que ganhara no dia anterior. Chamara-a de Selene, a personificação grega da Lua, como lera em um de seus livros de mitologia há algum tempo atrás. E, de alguma forma, Selene, com as penas em um tom claro de cinza, pequena e arredondada, a lembrava muito a verdadeira lua, que a acompanhava aonde quer que estivesse, por mais que tentasse fugir. Selene, porém, não a machucaria, e a faria feliz se a acompanhasse em qualquer lugar. Ela não precisaria temê-la.

Apegou-se muito àquela coruja. Tanto que chegou a considerá-la sua melhor amiga. Odiava seus períodos de ausência, e só a despachava raramente, para manter contato com a mãe. Ainda assim, contrariando suas expectativas, fez amigos em Hogwarts. Não eram muitos, e nenhum era íntimo o bastante para que ela lhe confiasse seu maior segredo. Ninguém sabia de suas noites amaldiçoadas na Casa dos Gritos. O mesmo lugar, ela sabia, embora ninguém tivesse lhe dito, que seu pai passara as dele.

Aquilo a deixou furiosa por algum tempo. Fez cada noite mais sofrida e dolorosa. Ela não queria compartilhar nada com ele, não queria se sentir ligada. Mas acabou aceitando por que era seu único jeito de permanecer na escola, e ser uma garota normal por pelo menos parte do tempo. Aquela era uma sensação boa que fazia tempos que ela não experimentava. Mesmo com alguma culpa, admitia que era agradável não ter a mãe protegendo-a o tempo todo. Gostava de andar com as próprias pernas, gostava dos jogos de quadribol, e gostava das aulas. Com alguma surpresa, teve de dizer a si mesma que gostava de estar em Hogwarts. E surpreendeu-se ao ver-se rindo e comemorando com a turma, no ano seguinte, quando Grifinória ganhou a Copa de Quadribol e a Taça das Casas.

Teve um namorado, lá pelo quarto ano. Não foi nada sério, e ela terminou com ele antes que realmente se apegasse, antes que se acostumasse a sua companhia. Por que, se tivessem um relacionamento de verdade, ela teria que contar-lhe sua história.

Deixou que isso se repetisse com todos os garotos por quem se interessava. Nunca se envolvia demais, pulava fora para não correr o risco de se apaixonar. Não suportaria passar por mais problemas, tinha medo de se machucar... e de machucar o outros. Preferia a fama de fria e distante a ver o medo nos olhos de alguém de quem gostasse.

Foi assim que chegou ao seu último ano, uma aluna com notas excelentes e alguns bons amigos, mas ainda uma garota fechada e irritada. Estava saindo com um garoto muito bonito chamado Dean, e já fazia alguns meses. Teve que parar para pensar no que faria a seguir, ainda mais quando terminassem as aulas. Continuaria com ele? Contaria a ele sobre a maldição? Ele já estava desconfiado por ela sumir sem explicação a cada lua cheia, embora ela não achasse que ele tivesse ligado as duas informações. Pensou muito, escreveu para a mãe. Se você realmente o ama, Sylvie, diga a ele. Mas ela o amava? Amava Dean?

Achava que sim; sentia-se diferente ao lado dele. Tinha caído na própria armadilha, se envolvera muito e agora não podia agüentar a idéia de ficar sem ele. Resolveu falar a ele no último de aula. O sétimo ano organizara uma pequena comemoração no Salão Principal, que só começaria depois que os estudantes mais novos estivessem nos dormitórios. Eles deixaram a festa silenciosamente e foram até os jardins. Sentaram-se à beira do lago, e ele a beijou. Então Sylvie deitou e sentiu-o fazer o mesmo ao seu lado, e ficaram os dois olhando as estrelas. Não queria estragar esse momento, podia passar a vida ali, ao lado dele; mas a lua crescente chamou sua atenção. Lembrou-a de por que estava ali e do que aconteceria dali a algumas noites.

- Dean, eu preciso te contar uma coisa – falou depressa, para não ter tempo de pensar duas vezes e desistir.

- Hmm? – ele sequer virou o rosto. Espreguiçou-se e se aproximou ainda mais dela, aparentemente não dando muita importância. Beijou lentamente seu pescoço e sua orelha, mas ela o afastou bruscamente.

- É sério, tá legal? É sobre mim.

Ele pareceu assustado de repente. Sentou e ficou olhando para ela, franzindo as sobrancelhas, tentando decifrar sua expressão em meio à escuridão da noite. Ela também levantou, para manter os lhos no mesmo nível dos dele. Ele sempre adorara seus olhos. Quando olhava paras eles, sentia que ela sabia muito mais, vivera muito mais do que a garota normal de dezessete anos aparentava. Eram claros e brilhantes, cheios de malícia, mas às vezes era como se uma janela se fechasse por trás deles, tornando-os escuros e sombrios. Eram olhos profundos e misteriosos. E, agora, exibiam uma expressão mista de aflição e raiva.

- O que há de errado? – perguntou, receoso – Aconteceu alguma coisa com você?

- Aconteceu.

Sylvie queria escapar. Forçou a mente, tentando inventar uma mentira de última hora, para que pudesse abraçá-lo e fazê-lo esquecer tudo aquilo com seus beijos. Queria isso, mas sabia que, a partir do momento em que começara a pronunciar as palavras, teria que ir até o fim. Saberia se ele realmente a amava depois.

- Na verdade, já faz muito tempo – criou coragem para encará-lo e levantou o rosto – Eu tinha cinco anos. Eu... meu pai... – ela engasgou. Não conseguiria dizer isso, e tampouco considerava aquele homem horrível seu pai – ele era um lobisomem.

Era horrível pensar sobre aquilo, contar aquela história. Jamais fizera isso e sentia o peito queimar em agonia, angustiada. Era como viver tudo de novo. Como se aquela sujeira, aquela impureza que havia em seu sangue se fizesse sentir, mais forte do que nunca.

“Em toda a lua cheia, ele tomava uma poção e se trancava em uma sala pequena da casa. Minha mãe ficava preocupada, mas nunca aconteceu nada. Até que, em uma dessas noites, eu acordei com um barulho o corredor. Não sei o que aconteceu. Eu era pequena e de repente vi o lobo enorme na porta do meu quarto, olhando para mim.”

Sentiu os olhos arderem enquanto revivia a história. O lobo enorme, castanho, com olhos amarelos e dentes enormes a observava recuar. Só por um segundo seus olhos se encontraram. E ele a atacou.

“Ele não me reconheceu, sei que lobisomens não reconhecem ninguém quando se transformam... mas ele tomava a poção. Não tenho idéia do que saiu errado. De repente ele já estava em cima de mim e eu estava gritando. Minha mãe entrou no quarto e o jogou longe com um feitiço. Pegou-me no colo, mas ele a derrubou a caminho do corredor. Mordeu minha perna. Ela tentou me tirar dele, lembro bem disso, e eu sentia aquele... aqueles dentes afiados entrando cada vez mais... uma dor insuportável...”.

Teve de parar um instante, odiando-se por chorar. Já havia passado, aquilo acontecera há anos. Não podia mais se permitir derramar lágrimas por isso. Mas sentia como se estivesse vivendo a cena toda outra vez, e aquela confusão de sentimentos voltasse a tomar conta dela. Ainda não acreditava que aquela fera fosse seu pai. E que ele fizera aquilo com ela.

“Minha mãe falou com ele. Tentou fazer com que ele lembrasse. Por fim usou algum feitiço poderoso que o deixou inconsciente e me levou para o seu quarto. Ficou algum tempo fora, e depois voltou pálida, apavorada, e começou a cuidar de mim. Disse que tudo ia ficar bem, mas nada ficou bem de novo.”

Quando olhou para ele, sentiu o coração doer. Ele estava amedrontado, olhava para ela como se nunca a tivesse visto.

- Agora você já sabe aonde eu vou quando desapareço misteriosamente. Há um lugar onde eu posso me transformar e ficar longe de todos. A Diretora McGonagall sabia da minha... condição especial, quando me aceitou na escola.

Ele continuou em um silêncio tenso, apenas encarando-a, como se tivesse sido petrificado. Então se pôs em pé de repente e afastou-se alguns passos.

- Você é... você n-não pode... Por Merlin, Sylvie, o que você está dizendo? Você não é... – ele parecia incapaz de pronunciar as palavras.

- Um lobisomem? – ele assentiu violentamente, com o olhar grudado nas árvores da Floresta Proibida, como se olhar para ela pudesse contaminá-lo – Acho que isso já ficou bem claro – respondeu, seca.

Onde estava com a cabeça para contar a ele? Tinha raiva agora, dele e de si mesma que fora burra e apaixonada. Ele nunca ia entender. Teve vontade de bater nele, lançar-lhe um feitiço, qualquer coisa que causasse nele um milésimo da dor que ela sentia.

- Eu não acredito – gaguejou ele, confuso.

- Mas é assim que as coisas são. Eu nunca faria mal a você de propósito, mas veja bem... ele era meu pai, e acabou me mordendo. É algo que quem está amaldiçoado não consegue controlar – ela manteve a voz calma e controlada, para disfarçar a explosão de sentimentos que a consumia por dentro – Estou te avisando para que você decida o que quer fazer. Eu não posso fazer nada a respeito.

- Você não pode ser um lobisomem! – ele gritou, de repente, irracional.

- Você acha que foi minha escolha? Acha que eu parei na frente de um monstro e disse “Ei, que tal uma mordidinha?”! Foi um acidente que mudou a minha vida e eu não tenho escolha a não ser passar por isso a cada lua cheia! Pensei que estávamos juntos a tempo o suficiente para você entender, e estou pagando o preço! Você pode ir embora, Dean, pode fechar os olhos e os ouvidos e fingir que nada disso aconteceu, mas não deixa de ser verdade!

Sylvie avançou alguns passos na direção dele. Queria sacudi-lo até enfiar aquela idéia na cabeça dele. Mas, surpreendendo-a, ele se afastou, mantendo distância, fugindo dela. Com medo dela.

- Não chegue perto de mim! – berrou.

A atitude a deixou pasma por alguns segundos. Continuou olhando para ele, sem saber o que vira no garoto que lhe despertara o interesse. Ele estava pálido, com cara de assustado, e agindo como um idiota. Sentiu-se furiosa, mas quando falou o tom frio de sua voz poderia congelá-lo.

- Não se preocupe. Eu nunca mais pretendo chegar perto de um imbecil como você – foi o que disse antes de voltar a passos rápidos para as luzes do castelo.

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Foi para a sala da diretora imediatamente. Explodindo, chutou as gárgulas de pedra e tentou inventar senhas, quase gritando de raiva quando nenhuma das alternativas teve sucesso.

Era culpa dele, era tudo culpa dele! Remus Lupin arruinara sua vida quando ela ainda era uma criança. Era um mestiço imundo, um monstro sem sentimentos que a machucara e destruíra seu futuro. Ela o odiava, queria fazê-lo pagar por toda a dor que lhe causara. Arranhou furiosamente o braço, fazendo uma cicatriz longa e bastante recente abrir-se e começar a sangrar. Era sempre a sua saída, era como acabava toda a mágoa que ela não se permitia botar para fora. Ver o sangue escorrer até a ponta de seus dedos lhe deu vontade de chorar.

- Senhorita Lupin? – ela ouviu a voz autoritária de McGonagall atrás de si e virou para ela, sem se preocupar em ser educada.

- Preciso saber o que aconteceu com ele.

- Desculpe? – a diretora ergueu as sobrancelhas, com cara de quem achava que a aluna perdera o juízo.

- Remus Lupin! O que aconteceu com ele depois que ele me mordeu? Nunca mais o vi! Sei que minha mãe lhe contou!

McGonagall suspirou, como se já esperasse a pergunta. Disse a senha às estátuas, que pularam para o lado para lhe dar passagem: - De fato, srta. Lupin, Tonks me contou a história há alguns anos, quando você entrou aqui. – ela abriu as portas da sala oval, e Sylvie admirou os quadros de todos os professores, que dormiam a sono alto.

- E você conhecia meu pai, também.

- Sim, conhecia. Ele era um homem muito bom, amava a sua mãe e a você mais do que tudo na vida. Sofreu muito quando jovem, assim como você, por causa da maldição.

- Ele me mordeu – retrucou asperamente – A culpa é toda dele. Ela o matou?

Os olhos da professora se arregalaram de espanto.

- Por Deus, menina, é claro que não!

Sylvie deu de ombros: - Ele teria merecido.

- Não diga uma coisa dessas. Eu a proíbo de falar assim de seu pai na minha presença. Mas fico surpresa que Ninfadora nunca tenha lhe contado tudo! Ela o amava tanto!

- Eu nunca quis falar sobre ele.

- Bem, e agora quer. Não vou perguntar seus motivos, senhorita Lupin, pois creio que seja algo pessoal. Mas é verdade que continuo mantendo contato com Remus, já que ele sempre foi um bom amigo – Sylvie fechou os punhos, brava com o fato de que todos pareciam amá-lo tanto. Ele era um monstro! Olhe o que fizera com ela! Como podiam gostar dele assim? – Posso dar-lhe seu endereço, se quiser.

Ela se controlou para não parecer muito ansiosa. Abaixou a cabeça e se concentrou por um momento, até voltar a erguê-la, com um ar inocente: - Sim, por favor. Eu... preciso falar com ele.

McGonagall pegou um pedaço de pergaminho em uma das gavetas, apanhou uma pena bonita e um tinteiro e escreveu algumas linhas rapidamente. Quando a menina foi até ela e guardou a informação no bolso das vestes, ela lhe lançou um olhar penetrante.

- Não vá fazer nenhuma besteira, senhorita Lupin.

Ela pensou em seus planos, e segurou com força o pedaço de papel dentro da capa. Então, já na porta, olhou pra a diretora por cima do ombro e sorriu: - Não se preocupe, professora. Eu não farei nada de que possa me arrepender depois.


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Tarãn... e agora a nossa história começa de verdade!!
Espero comentários, ok?

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