Embarcando



“Vamos sair de féééééériaaaaaas!” as garotas cantavam no carro durante o caminho todo até o aeroporto. Blaise havia se oferecido para deixá-las lá, mas estava logo se arrependendo. Estavam agindo como se nunca tivessem viajado antes. Gina não conseguia se lembrar da última vez em que se sentira tão verdadeiramente animada daquela maneira. Sentia-se como se estivesse numa viagem da escola. Sua mala estava abarrotada com pacotes e mais pacotes de doces, chocolates e revistas e elas simplesmente não conseguiam parar de cantar músicas bregas do banco de trás do carro. O vôo só sairia às nove horas da noite, então não chegariam no hotel até as primeiras horas da manhã.

Eles chegaram no aeroporto e as garotas saíram do carro enquanto Blaise tirava as malas do porta-malas. Luna atravessou a rua rápido e correu para o salão de embarque como se aquilo a fosse fazer chegar lá mais rápido, mas Gina se afastou do carro e esperou Laura, que estava se despedindo do marido.

“Você vai ter cuidado, não vai?” ele perguntou preocupado. “Não vá fazer nenhuma besteira por lá.”
“Blaise, é claro que vou me comportar.”
“Porque uma coisa é fazer bobagem por aqui, mas você não pode agir assim em outro país, sabe.”
“Blaise,” Laura disse, passando seus braços em volta do pescoço dele, “só estou indo numa boa e relaxante viagem; não precisa se preocupar comigo.”
Ele sussurrou algo na orelha dela e ela acenou com a cabeça, “Eu sei, eu sei.”

Eles se deram um longo beijo de despedida e Gina observou seus velhos amigos se abraçarem. Naquele momento, lhe bateu um sentimento inexplicável que só podia ser comparado com a mais imensa e profunda saudade. Como ela queria poder dizer adeus agora para Draco e ficar feliz com aquilo só sabendo que, se se despedia, era apenas para voltar para ele. Ela tateou sobre o bolso da frente de sua bolsa e sentiu a carta de Agosto de Draco. Ela poderia abri-la em alguns dias enquanto se deliciava com a vista maravilhosa da Espanha. Que sonho. O sol, a areia, o mar e Draco em um dia só.

“Gina, tome conta da minha esposa maravilhosa para mim, certo?” Blaise pediu, interrompendo os pensamentos de Gina.
“Vou tomar, Blaise. Mas só estamos indo por uma semana, sabe.” Gina riu e lhe deu um abraço.
“Eu sei, mas depois de ver o que vocês garotas fazem em uma noite fora, fico um pouquinho preocupado,” ele sorriu. “E você se divirta, Gina, você merece o descanso.”
Blaise observou-as arrastar as bagagens ao atravessar a rua e entrar no aeroporto.

Gina parou depois de passar pela porta e respirou fundo. Ela adorava aeroportos. Adorava o cheiro, adorava o barulho e adorava a atmosfera de pessoas andando felizes arrastando suas malas, ansiosas para viagens ou para voltar para casa. Adorava vê-las chegar e serem recebidas com sorrisos pelas famílias e adorava ver todos se abraçando emocionados. O aeroporto sempre lhe dava uma sensação esquisita na boca do estômago como se ela estivesse prestes a fazer algo especial e maravilhoso. No saguão principal, ela se sentia como se estivesse esperando para entrar numa montanha-russa num parque de diversões, como uma criancinha animada.

Gina seguiu Laura e elas se juntaram a Luna na metade do caminho para a longa fila do check-in.
“Eu disse que deveríamos ter vindo mais cedo,” Luna gemeu.
“Bem, então estaríamos esperando no saguão principal pelo mesmo tempo,” Gina argumentou.
“É, mas pelo menos lá tem um bar,” explicou Luna.
“Bem pensado,” Gina pensou em voz alta.

“Agora, posso só lhes dizer algo antes de irmos? Não vou beber que nem uma louca ou ficar fazendo festas animais à noite. Só quero poder relaxar na piscina ou na praia com meu livro, jantar fora algumas vezes e ir para a cama cedo,” Laura disse seriamente.
Luna olhou em choque para Gina. “É muito tarde para chamar outra pessoa, Gina? O que você acha? As malas dela ainda estão feitas e o Blaise não pode estar tão longe.”
Gina riu. “Não, tenho que concordar com a Laura nessa. Só quero ir e relaxar e não fazer nada que exija muito esforço.”

Luna bateu o pé no chão como uma criança.
“Oh, não se preocupe, bebê,” Laura disse gentilmente, “tenho certeza de que haverá outras criancinhas da sua idade para você brincar.”
Luna lhe fez um gesto obsceno. “Bem, se me perguntarem se tenho algo para declarar quando chegarmos, vou dizer a todos que minhas amigas são velhas rabugentas.”
Laura e Gina riram do trocadilho.
Depois de trinta minutos na fila elas finalmente fizeram o check-in e Luna correu como uma louca pelo duty-free comprando um suprimento para a vida toda de maquiagem.

“Por que aquela garota está me encarando?” Luna disse entre dentes, medindo a garota do outro lado do bar em que estavam sentadas esperando a hora do embarque.
“Provavelmente porque você está encarando ela,” Laura respondeu, olhando o relógio. “Só mais quinze minutos.”
“Não, sério, gente.” Luna se virou para encará-las. “Não estou sendo paranóica, ela está definitivamente encarando a gente.”
“Bem, então por que não vai até lá e pergunta se ela quer ir lá fora resolver isso?” Gina brincou e Laura prendeu o riso.
“Oh, ela está vindo,” Luna falou disfarçadamente e voltou a encarar as meninas, ficando de costas para a moça que se aproximava.

Gina olhou para a frente e viu uma garota magra e loira com muito silicone caminhando na direção delas. “É melhor você ir se preparando, Luna, ela parece perigosa,” Gina pirraçou e Laura engasgou no meio de um gole de bebida.

“Olá!” a garota disse num tom agudo.
“Oi,” Laura disse, tentando não rir.
“Não quis ser rude encarando, mas eu tinha que vir e ver se eram mesmo vocês!”
“Somos nós, sim,” Laura disse sarcasticamente, “em carne e osso.”
“Oh, eu sabia!” a garota guinchou e deu pulinhos de animação. Previsivelmente, seu peito permaneceu imóvel. “Minhas amigas ficavam me dizendo que eu estava enganada mas eu sabia que eram vocês! São elas ali.” Ela se virou e apontou para o outro lado do bar e as outras quatro Barbies balançaram os dedos de volta. “Meu nome é Cindy...”

Laura engasgou na bebida novamente.
“E eu sou simplesmente a fã número um de vocês,” ela guinchou animada. “Eu simplesmente amo aquele filme de vocês, já assisti dezenas de vezes! Você faz a Princesa Virgínia, não faz?” ela disse apontando uma unha vermelha para Gina.

A ruiva abriu a boca para falar mas Cindy continuou tagarelando.
“E você faz a dama de companhia dela!” ela apontou para Luna. “E você!” ela guinchou ainda mais alto, apontando para Laura, “você era a tal cantora!”

As garotas se entreolharam preocupadas quando ela puxou uma cadeira e se sentou à mesa.
“Sabem, eu sou atriz também...”
Luna revirou os olhos.

“...E eu simplesmente adoraria fazer algo como vocês. Quando vão fazer o próximo filme?”
Gina abriu a boca para explicar que não eram realmente atrizes, mas Luna foi mais rápida.
“Oh, estávamos discutindo agora mesmo sobre o nosso próximo projeto,” ela mentiu.
“Oh, que fantástico!” Cindy bateu palmas. “Sobre o que é?”
“Bem, não podemos dizer ainda na verdade, mas teremos que ir a Hollywood para filmá-lo.”

Cindy parecia que ia ter um ataque do coração. “Oh, meu Deus! Quem é o agente de vocês?”
Gina não coseguiu segurar a risada.
“Oh, não ligue para ela, Cindy, ela só está feliz,” explicou Luna.
“Nossa, e ela deveria estar mesmo!” Cindy olhou para a passagem de Luna sobre a mesa e quase teve um ataque. “Ai, vocês estão indo para Lanzarote também?!”

Luna agarrou a passagem e a enfiou na bolsa como se aquilo fosse fazer alguma diferença.
“Vou para lá com as minhas amigas. Elas estão ali,” ela se virou de novo e acenou de novo e elas acenaram de volta de novo. “Vamos ficar num hotel chamado Costa Palma Palace. Onde vocês vão ficar?”

O coração de Gina afundou. “Oh, não consigo lembrar o nome, vocês lembram, meninas?” Ela olhou para Laura e Luna de olhos arregalados.
Elas sacudiram as cabeças vigorosamente.
“Ah, bem, não importa,” ela deu de ombros alegremente, “vou vê-las no avião mesmo! É melhor eu ir para o avião agora, não quero que o vôo saia sem mim!” Ela gritou tão alto que as pessoas nas mesas mais próximas se viraram para olhar. Ela deu um abraço em cada uma das garotas e saiu saltitando para de onde viera.

“Parece que a gente precisava ter se preparado mesmo, no fim das contas,” Gina disse desanimada.
“Oh, não importa,” se recompôs Laura, sempre a otimista. “Podemos apenas ignorá-la.”

Elas se levantaram e se dirigiram ao portão de embarque. Enquanto procuravam seus respectivos assentos, o coração de Gina afundou mais uma vez quando ela se sentou numa cadeira longe da janela. Laura se sentou ao seu lado e o rosto de Luna parecia uma caricatura quando ela percebeu com quem se sentaria.

“Oh, que dez! Você vai se sentar comigo!” Cindy ginchou para Luna, que lançou um olhar assassino para Laura e Gina e se jogou ao lado de Cindy.
“Viu? Eu disse que arranjaria uma amiguinha para brincar com você,” Laura sussurrou para Luna. Laura e Gina explodiram em ataques de riso.

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