Capítulo III



Capítulo III – Soluções

Harry deixou seu talher no prato pela terceira vez em menos de um minuto e tornou a fitar seu pai. Ele abriu a boca, no entanto, nenhum som emitiu. Olhou para sua irmã e para sua mãe um instante antes de volta a pegar seu garfo e apressadamente enfiá-lo na boca.

James Potter parecia estar se divertindo com a atuação tão atípica de seu filho. Podia dizer que, certamente, tinha algo a falar, mas estava hesitante. Ele poderia até mesmo ouvir seu cérebro maquinando uma saída viável, pelo jeito, não estava saindo-se bem...

Lílian lançou um olhar interrogativo ao filho; este apenas meneou negativamente a cabeça, antes de voltar-se para seu prato, como se daquilo dependesse sua vida. Ela continuou a fitá-lo por alguns instantes, mas Harry estava resoluto a não levantar, de modo algum, a cabeça até terminar seu café. “Ao menos” ponderou consigo mais que aliviada. “Ao menos, já não está tão agressivo”.
Na verdade, por esses dias, o rapaz andava tão distraído que não se surpreenderia se ele apenas houvesse esquecido de todo assunto sobre seu casamento...

Harry respirou fundo antes de beber um pouco do conteúdo de seu cálice.
Estava tão confuso!
Desde que Hermione lhe beijou, desmoronando toda sua confiança de que apenas a amizade deles estava certa em toda sociedade. Fazendo-o finalmente cair em si. Fazendo-o finalmente admitir que não a protegia apenas porque tinha que zelar por sua honra ou porque o senhor Granger havia lhe feito prometer... Fazendo-o entender o porquê de sempre ter achado qualquer partido insuficiente para Hermione. Ou quando sentia uma estranha satisfação todas as vezes que Hermione rechaçava Ron - tipo que, supostamente, era seu melhor amigo.
E por todas as inúmeras vezes que se viu sentindo sua falta, admirando-a. E até mesmo os ciúmes, que para ele, não passavam de proteção. Proteção de uma das pessoas que mais amava, porque o compreendia demasiadamente, porque o fazia rir e até mesmo chorar, porque sempre estivera ao seu lado por todos os momentos que se lembrava. Porque era altiva e orgulha e quando demonstrava isso, fazia com uma graça tão feminina que o encantava. Havia incontáveis “porque’s”...

O rapaz suspirou com força. Tinha de tomar uma decisão. Havia apenas duas: deixar que Hermione se casasse com seu melhor amigo, Ronald Weasley. O que a morena jurava por tudo de mais sagrado que nunca iria acontecer enquanto estivesse viva, enquanto estivesse sã. Ou... bom, a outra opção: casaria ele com Hermione.
Rony nunca ia lhe perdoar. Mas sabia que não podia deixá-la se casar com Rony. Era... Mal. Hermione seria, pra dizer no mínimo, infeliz.

[Flash-back]
Seus olhos se encontraram novamente e ele sentiu seu rosto queimar. Hermione parecia mais cheia de brilho no momento, ela sorria de maneira gentil a todos, e dispensava um olhar peculiar a Harry. “Temos um segredo”.
Ele poderia jurar que, de repente, a maneira como o olhava havia mudado. Ela era toda uma mistura. Sutil e atrevida; doce e sensual; inocentemente maliciosa... “O que vais fazer, Harry? Temos um segredo”. Ele precisava de mais ar. Olhá-la fazia sua boca ressecar... Ninguém estava percebendo que Hermione o estava provocando?
Olhou para os lados para constatar que ninguém se impostava com suas trocas de olhares. Ele virou, do canto dos olhos, Hermione morder o lábio inferior. E ele expirou com força. Harry descobrira, infelizmente, que ela poderia ser mil vezes bem mais atraente quando fazia desse modo. O que estava acontecendo com ele?
[Fim do flash-back]

Quando o café terminou, Harry se aproximou de James rapidamente. - Meu pai – disse por fim. – Preciso falar com o senhor. Agora.
***//***//***

Hermione Granger lançou um olhar feroz ao pai. – Eu nunca irei me casar – disse em tom baixo. – Nem mesmo sob tortura casarei com Ronald Weasley – disse com altivez.

-Hermione... Minha filha – a senhora Granger falou, mas a garota a ignorou ainda olhando para o pai.

-Tratarei de estar morta antes que me imponha este casamento.

O senhor Granger suspirou com enfado. – O senhor Weasley é um ótimo partido! Além do mais, tenho certeza que será um bom marido.

-Pois o será para outra que não eu – contrapôs ergueu o queixo ainda desafiante.

-Tenha mais respeito, Hermione!

-Por que o faria? – ela indagou erguendo a sobrancelha. Christine arregalou os olhos observando de esgueira seu pai ganhar mais cor. – Tratam-me como mercadoria. Como produto de troca. Eu não sou uma escada para maior status social! – falou com raiva. - Além do mais, o senhor Weasley é muito mais pobre que nossa família. Não seria um casamento viável, papai – disse mordazmente. - Não é isso que significa um casamento para a sociedade bruxa? Status? Deixará sua filha às margens da sociedade por um arranjo mal feito, papai? Mal posso crer – acrescentou fingindo-se de ofendida.

O homem lançou um olhar duro à filha; esta apenas continuou a fitá-lo com ironia.

-Além do mais, o senhor deveria saber: seguirei minha vocação, quero ser uma freira – disse calmamente, mas esperando a reação das pessoas à mesa. Ela prendeu o riso quando observou sua mão engasgar com a própria saliva e depois olhá-la em desconcerto. Christine tinha a boca entreaberta cheia de incredulidade, “Vocação?! Que vocação? Você não serviria nem mesmo para ser coroinha!” parecia estar escrito em seu olhar. Quando Hermione a encarou por alguns segundos, Christine balançou a cabeça negativamente, a irmã mentira descaradamente.

“Você vai pro inferno por isso” moveu os lábios, escondendo o sorriso. “Antes o inferno que aos braços de Ronald Weasley” Hermione ‘retrucou’ também movendo os lábios. Christine abaixou a cabeça rapidamente para seu prato quando seu pai a encarou, não conseguiria esconder o riso olhando-o.

Mas Hermione continuava com o ar solene enquanto seu pai parecia ter saído por fim de seu estado catatônico. – Freira?!

-Qual o problema meu pai? É uma “carreira” muito digna a seguir, eu ouço o senhor a chamar-me - Christine teve uma crise de tosse repentinamente enquanto secava o canto dos olhos, onde visivelmente encontravam-se lágrimas.

-Chris, querida, precisa de água? Encontra-se está bem? – Hermione indagou com ar preocupado.

A outra morena olhou para a irmã ainda com os olhos lacrimejantes. – Es-estou bem – murmurou com dificuldade, antes de desviar o olhar e disfarças com tosse uma risada.
***//***//***

James olhou para o filho com incredulidade. – Queres que me case, não é? Deixe-me escolher minha esposa – estavam no escritório da casa, a portas fechadas.

-E quanto tempo tu levarias para o fazer? Digo, escolher tua esposa? – James indagou com desconfiança.

Harry expirou. - Já o fiz. Já a escolhi.

O homem o encarou desconcertado, como se não o conhecesse. Não era aquele seu filho que a dias atrás retorcia-se em revolta só em menção da palavra “casamento”? A cada minuto que fitava o filho, sua incredulidade crescia. – E posso saber quem tem em vista?

Harry fez uma pequena reverência, mas não ergueu a cabeça para olhá-lo nos olhos. – Hermione Granger, meu pai.
***//***//***

-Encontra-se bem, meu amigo?

Charles Granger suspirou. – Está tudo bem, James... Apenas preocupações. Hermione quer me deixar louco.

– Ah! Os filhos... sempre tratando de nos dar dor de cabeça - James Potter sorriu e o outro homem assentiu.

-Mas diga-me, que bons ventos o trazem?

James se recostou na poltrona em que se encontrava. Fitando o amigo de longa data por um instante. – É justamente nossos filhos o que me traz aqui, Charles - o senhor franziu a testa e fez um ademais para que James prosseguisse. – Sabes que Harry está prometido à senhorita Ginevra Weasley desde que esta nasceu, não é? – o homem assentiu e James suspirou. – Também já está a par da recusa de Harry...

Charles tornou a assentir. Sim, Harry e Hermione eram uma problemática para suas famílias, não aceitavam o casamento muito bem.

James franziu a testa, antes falar. – Acontece, - pigarreou. – que o problema de Harry é a noiva.

-O que tem a senhorita Weasley? Ela é uma bela e doce jovem. Além do mais, pensei que Harry e a senhorita Weasley não soubessem do arranjo feito.

James assentiu. – E este é o problema. Harry se recusa a casar-se com uma suposta “desconhecida”.

-Ora, então faça-o de uma vez “conhecer” a jovem. Sempre lhe disse que não deveria ter feito um arranjo deste tipo.

O senhor Potter suspirou. – Sim, eu sei. Eu sei. A culpa foi toda minha. Mas isto não vem ao caso agora, nem é mesmo do que venho tratar – Charles ergueu a sobrancelha, instigando-o a continuar. – Ontem, pela manhã, Harry veio até mim. E me fez uma proposta. Queria escolher sua esposa.

-E ele já apontou a felizarda? – indagou sorrindo com desconfiança. Conhecia Harry Potter muito bem, suficientemente para saber que, talvez, fosse apenas um truque para ganhar tempo.

-Por mais incrível que possa parecer, sim, ele já escolheu sua esposa...

-Então qual é o problema meu amigo?! – Charles indagou numa risada.

-Pensei toda noite, não me preocupou o fato de romper o compromisso com a senhorita Weasley, visto que ela mesma não tem conhecimento... Além do mais, me agrada muitíssimo a jovem que Harry escolheu. Não sei como não pude pensar nisso antes...

–O problema já está resolvido então. E isto é ótimo! Todos ficarão felizes – ele sorriu ruidosamente, alegre. - Deixe-o casar com a moça que escolheu, Harry é um bom rapaz, ele o merece.

James assentiu. – Deixarei. E é por isso que estou aqui – Charles se mostrou confuso. E o senhor Potter se aproximou. – Harry escolheu Hermione como esposa, meu amigo.

A principio, Charles encarava James como um desconhecido, tratando de assimilar aquelas palavras. Então sorriu abertamente, parecendo bem empolgado e então murchou. - Impossível - disse muito baixo.

James encarou o amigo. – Eu sei que o senhor Weasley pediu sua mão, mas também sei que ainda não lhe respondeu, Charles. A não quer que...

-Não, não – abanou as mãos interrompendo-o. – Mas Hermione não quer pensar em casamento. Ela quer seguir sua vocação – disse com amargura. – Quer ser freira.

James franziu o cenho, depois ergueu a sobrancelha. E caiu na gargalhada. - Hermione, freira?! – o patriarca da família Potter riu com mais ganas. Num misto de incredulidade e gracejo. Mas seu riso foi sumindo ao observar o amigo, que sorria com tristeza.

-Eu sei. Mas ela está firme em sua decisão – disse desanimado. Seria tão bom juntar as duas famílias... Seus amigos mais íntimos e verdadeiros seriam sua família. Finalmente, poderia considerar Harry como seu filho também... Sabia do carinho e cuidado que Harry nutria por Hermione, mas inconscientemente ignorara e creditara suas atitudes como “fraternais”.

-Terei de falar com Harry – James disse, igual de desanimado. Lily já haviam feito tantos planos...

Charles suspirou. – Aceita, mas uma dose de conhaque? – James o encarou, mas sem atenção. Estamos precisando, não é? – só então assentiu. Harry ficaria tão desapontado...
**
(continua)
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Obrigada mesmo pelos comentários^^, fico feliz que tenham gostado!
Então, penúltimo capítulo^^.
Nada de dramas, sem estresse... Rapidinho.
PS: Desculpem-me algum erro.

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