Amigos de Infância



Sentou-se debaixo de um grande carvalho em frente ao lago, e ficou observando a lua, que estava cheia e brilhante. Pensou. “Ele é tão sozinho...Porque será que ele é tão cruel com todo mundo? Será que ele não gosta de ninguém? Mas comigo ele é tão diferente...comigo, ele até sorri...Ah, em que encrenca eu fui me meter...”Duas lágrimas escorreram de seus olhos, e num momento de descuido, desenhou um letra S na areia que se juntava à grama. Sentiu-se gelar por dentro quando ouviu aquela voz aveludada confundir seus sentidos:
-Fora da cama depois do horário, Baglioni?-Estava de pé atrás dela com os braços cruzados e um olhar inquisidor. Ela levantou num pulo e ficou de frente pra ele.
-Ah...eh...professor...eu...eu só estava...-Começou com medo de que o professor a repreendesse.
-Está tudo bem...Não se preocupe...sente-se...-Laura levantou as sobrancelhas e pasmou.-Posso fazer companhia?-Perguntou calmo.
-Ah...claro...pode sim...-Voltou a sentar-se e por um momento, depois que ele sentou ao seu lado, ela sentiu-se desconfortável. De repente, os olhos de Snape pararam no S escrito na areia e um sorriso se formou em seus lábios finos.
-A srta. está apaixonada, é? Quem é esse S?-Imediatamente, a menina apagou o a letra e tentou desconversar.
-Ah...não...eh...é a primeira letra do nome da minha mãe...Sarah...-Mas não convenceu...
-Hum...sei...então quer dizer que as lágrimas são de saudade?-Ela abaixou a cabeça, não conseguiria mentir pra ele.
-Não senhor...
-Não precisa se envergonhar. Quantos anos você tem?
-14, senhor.
-Olha, Laura...eh...posso te chamar de Laura?-Ela afirmou com a cabeça.-Olha, é uma boa idade pra se apaixonar. Muito natural.
-Se minha mãe estivesse aqui, diria que eu sonho demais.-Ele soltou o ar pelo nariz e sorriu.
-Com quem você vai ao baile?
-Não sei...
-Eu iria com você, mas faço ronda em dia de baile. Sabe como é, não? Muitos alunos descumprindo regras...-Um sorriso desdenhoso.
-É muita gentileza sua, professor. Mas acho que não vou.
-Vá...se divirta...quem sabe o senhor S não está lá...
-Não, ele não vai estar...E eu não gosto muito de festas.
-Você é quem sabe. Mas me diga quem é...Eu vou ficar de olho no sujeito pra você.-Ele estava diferente, era como se fossem amigos há tempos.
-Não precisa...-Tentou desconversar.
-Está bem. Mas porque você não fala pra ele?
-Porque ele não pode saber. Ele não pode sequer desconfiar.-Dizia cabisbaixa.
-Porque? Ele tem namorada?
-Não. Acho que não. Pelo menos, não que eu saiba.
-Ele não gosta de você, é isso?
-Não sei, senhor.
-Então ele é mais velho?-Ergueu uma sobrancelha.
-É. Bem mais velho.
-Então isso pode ser um problema. Digo, problema pra você, entende? Podem dizer que ele tem idade pra ser seu pai, seu avô...E eu não sei se você iria agüentar a barra.
-É, eu sei. Minhas amigas dizem isso o tempo inteiro.
-Mas mudando de assunto, porque do contrário, vou ficar perguntando a noite inteira quem é esse misterioso senhor S. -Ela sorriu.
-Um dia, quem sabe...O senhor vai saber...
-Mas...é a primeira vez que vem ao lago de noite?
-Sim senhor. É que eu precisava pensar.
-Entendo. Bem, já é tarde. É melhor se apressar.-Eles se levantaram da grama, mas antes que ela se fosse...-Espere!
-Senhor?-Ele fez aparecer em sua mão um caderninho.
-Tome. Sempre que precisar conversar a noite, é só escrever, que eu lhe responderei. Mas não conte a ninguém, certo?
-Certo.-Ela sorriu.-Boa noite, professor Snape.
-Boa noite, Laura. E pense bem.
-Pensarei. Obrigada.-E antes que ele pudesse ver, ela já tinha sumido nas sombras em direção a Sala Comunal da Grifinória...
Chegando lá, a menina sentou-se na escrivaninha. Já passava da meia noite. E pôs-se a escrever uma carta. Carta essa, que ela sabia que jamais seria entregue ao seu destino.

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