Cygnus e Persephone




Capitulo XVI
Cygnus e Persephone

-Então vocês dois vão mesmo fazer essa loucura? – perguntou Jack.
Ele, Eric e o jovem Black haviam se refugiado a sobra de um enorme carvalho próximo da agradável queda d’água do rio que cortava a propriedade.
-Loucura? Por que aprender Animagia é loucura?
-É Lancaster... – perguntou Cygnus, maliciosamente, concordando com Eric – Por que aprender isso seria loucura?
-Aprender não é loucura... Seguir o Noah quando ele estiver transformado sim... Ele... Ele pode machucá-los mesmo transformados e...
-Engraçado... Eu imaginava que você iria fazer o mesmo, Jack... Se pudesse se transformar, claro.
O outro deu um olhar cortante na direção de Cygnus, que parecia se divertir com aquela situação.
-Lógico que não faria, Cygnus. Eu não sou maluco como vocês.
-Pois eu tenho absoluta certeza que você seria o primeiro a seguir o Noah. – respondeu Eric divertido – Aliás, estou com medo que você faça isso mesmo sendo um trouxa.
Jack levantou a sobrancelha visivelmente incomodada com o comentário.
-Trouxa? Desde quando você me chama de trouxa, Eric?
Cygnus não agüentou e começou a rir.
-Ah... Trouxa, pessoa sem magia... Você sabe, Jack... – Eric sorriu amarelo – Não quis ofender.
-E afinal... – Cygnus não conseguia parar de rir, mas mesmo assim completou – É isso que você é, não?
-Ah Cygnus, cala a sua boca! – respondeu o outro irritado – Quer saber, vocês dois conseguem me tirar do sério quando se juntam, eu vou dar uma volta... E vê se faz algo de útil e cuide do príncipe, Black!
Cygnus bateu uma continência.
-Sim senhor, senhor! – respondeu antes de cair na gargalhada novamente.
Jack se afastou, indo em direção a queda d’água. Olhou para trás e os viu se afastar, também. Era bom mesmo, queria ficar sozinho, precisava pensar.
Cygnus havia lhe dado diversas deixas e indiretas para que contasse a Eric sobre sua condição, mas ele simplesmente não conseguira.
Começou a se perguntar se um dia conseguiria abrir a maldita boca para falar que era um maldito bruxo e animago ainda por cima.
-Muito bem, Jack Lancaster... Saia dessa agora... – murmurou para si mesmo.
Um riso infantil lhe chamou a atenção.
-Você é patético, sabia? – ele virou-se para encarar os olhos negros de Vega, que ria da sua incapacidade de abrir a boca para o amigo.
-E posso saber por que, senhorita Black? Não que a sua opinião seja para ser considerada, claro. – ele riu de lado – Afinal, prefiro ser patético a ser ingênuo.
Ela fechou a cara, emburrada, e Jack não pode conter o pensamento de que ela ficava ainda mais bonitinha com aquele bico nos lábios.
Não haviam conversado desde a noite da fuga frustrada dela. Ele a evitava e Vega não parecia se importar com o fato, até o momento.
-Pelo visto ainda está chateado comigo, pois bem... – ela virou-se para ir embora.
-Não... – Vega parou e voltou a encará-lo – Espera, pequena... Eu te devo desculpas.
Ela sorriu satisfeita e deu mais alguns passos na direção dele. Jack riu ao perceber que a garota ficara extremamente feliz de vê-lo se desculpando.
-Desculpe pelo que te disse aquela noite, você não teve culpa.
-Eu sei disso. – ela respondeu orgulhosa, cruzando os braços – Não pedi para ninguém ir atrás de mim.
-É... Não pediu mesmo... – ele disse, com o olhar perdido nos olhos dela – Mas acho que, assim como Noah, eu não me arrependo do que fiz...
Ela deu de ombros. Depois levantou uma das sobrancelhas, demonstrando curiosidade.
-Você vai atrás dele, não vai?
Ela se referia ao lobisomem que Richards se transformaria, o que significava que estava ouvindo a conversa deles há muito tempo.
-Claro que vou.
-É perigoso... Mesmo para um Cavalo como você...
-Eu sei... – ele sorriu – Mas isso não importa.
-Então por que se preocupa tanto que Cygnus e o príncipe aprendam animagia também?
-É meu dever proteger o príncipe, pequena... E não incitá-lo a fazer coisas que são perigosas a sua vida.
-Pare de me chamar de pequena.
-Mas por que? - ele andou os poucos passos que o separavam dela, parando a sua frente e, com a mão demonstrou-lhe que ela batia um pouco a baixo do seu ombro, na altura do peito - Você é pequena...
Ela levou as mãos à cintura, sem se intimidar com a proximidade do homem.
-Porque você esta me chamando de criança, Lancaster, e eu não sou mais criança.
Jack soltou uma gargalhada leve.
-Não é mais criança? Sei...
-Não sou e posso te provar isso quando bem quiser!
Os olhos negros chispavam o desafiando, Jack riu, adorava desafios.
-Jura, pequena? Que tal agora? O que você pensa em fazer para me provar que não é mais...
Ele não terminou a frase por que Vega havia se erguido na ponta dos pés e o silenciado com seus lábios.
Mas antes que Jack pudesse realmente aproveitar a sensação que aquilo lhe causava, ela rompeu o toque tão de repente como o começara. Depois sorriu, ao perceber que o havia desconcertado.
-Crianças beijam assim, senhor Lancaster?
-Vega... – ele voltou do pequeno transe que o toque lhe causou – Nunca... Mais... Faça... Isso...
-Ora, por que não senhor? Não consegue resistir a um beijo de uma simples criancinha?
E dizendo isso lhe virou as costas e se retirou.
Jack suspirou, passando as mãos pelos cabelos.
-Certo, pequena... – murmurou – Você realmente não é mais uma criança... E isso definitivamente é um problema.

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Persephone andava irritada, isso acontecia sempre que ele passava muito tempo fora de casa. E atualmente ele parecia só se importar com aquele príncipe Eric, com o lobisomem e com aquele outro trouxa, Jack.
Ela não podia estar com ciúmes! Não de Cygnus!
-Querida, ele esqueceu de você? Parece só ter olhos para os amigos agora. Imagine só se fosse uma mulher, não lembraria nem mais do seu nome! - Sua irmã comentou maliciosamente.
Ela sabia como ler as emoções no rosto de Persephone, não conseguia esconder nada da irmã.
-Por que não vai para o seu quarto e arruma-se para o jantar? Talvez consigamos arrumar um bom marido para você esta noite. – Hera continuou, surpreendentemente de bom humor para quem estava vivendo sob o mesmo teto que um lobisomem.
Persephone controlou a vontade de responder e dizer que não queria marido nenhum, lembrou-se que estava naquela casa somente pela boa vontade da irmã e seguiu para o seu quarto.
A banheira já estava preparada, é claro, graças aos eficientes elfos da mansão. Ela se despiu lentamente, e suspirou ao sentir o contato da água fria com a pele. Poderia ficar deitada ali o dia todo, banhando-se e relaxando, se duvidasse acabaria dormindo e só acordando no dia seguinte...
-Persephone, você está aí? - ela ouviu a voz de Cygnus, enquanto ele batia na porta.
Levantou-se assustada, espalhando água pelo chão, vestiu o roupão rápido e desajeitamente e encaminhou-se para abrir a porta, torcendo-se para que parecesse decente.
-O que você quer, Cygnus? - ela perguntou irritada, corando ao notar o olhar de surpresa no rosto do sobrinho. Ela devia ter simplesmente mandado-o embora ao em vez de abrir a porta.
Ele não conseguia formar nenhuma palavra, sequer lembrava o que fora dizer. O roupão dela estava um pouco aberto, deixando entrever um pedaço das pernas, além da curva dos seios.
Se sua tia já o tinha na palma da mão antes, agora que deixara ele ver, mesmo que inconscientemente, pedaços da pele alva molhada pela água, ela era capaz de levá-lo à loucura.
Lentamente ele levantou os olhos, os seus negros encontrando os castanhos dela. Perse estava corada, ele podia perceber, estaria com vergonha?
Ele certamente não entenderia porquê, mas no estado em que se encontrava só conseguia pensar em juntar sua boca à dela enquanto retiraria aquele roupão branco do corpo dela.
-Cygnus! Você está bem? - ela perguntou, tirando-o do transe.
-Claro que estou! - ele respondeu na defensiva. - Podemos entrar? Não fica bem conversar assuntos particulares do meio do corredor, as paredes têm ouvidos.
Ela fez uma careta, mas cedeu, deixando-o entrar. Poucas vezes ele havia entrado no quarto dela, era enorme e extremamente arrumado. Ele notou a banheira no meio e a água espalhada pelo quarto e sorriu, pensando como ela deveria ficar linda tomando banho.
Persephone não parecia tão feliz.
-Pronto, Cygnus, agora diga logo o que quer para me deixar em paz. – ela falou, cruzando os braços abaixo do peito, sem notar como até aquele pequeno gesto tinha um efeito enorme sobre ele.
Cygnus teve que lutar contra a vontade de responder “tomar banho” e permaneceu sério.
-Sobre aquele negócio de animagia que estávamos discutindo...
Os olhos de Persephone brilharam.
-Você finalmente desistiu?
-Não, isso que vim dizer. Eu e Eric planejamos estudar a fundo para tornarmo-nos animagos o mais cedo possível.
-Ótimo, Cygnus, ótimo!- ela respondeu irônica. – Se você quer acabar sua vida passando as noites com um lobisomem, por mim tudo bem. Só não espere que eu vá ajudá-lo com os ferimentos do dia seguinte, porque eu não vou.
-Perse, vem cá. – ele falou carinhoso, puxando-a para perto. – Você não entende! Richards salvou a vida da minha irmã, se existe algo que eu possa fazer para tornar a vida dele um pouco menos complicada, eu vou fazer. E, outra, ele é um cara legal.
Ela levantou uma das sobrancelhas, surpresa.
-Não acredito que estou ouvindo isso justo de você.
Ela tentou se livrar do abraço dele, mas ele simplesmente sorriu e apertou-a mais forte de encontro ao peito, enquanto com a outra mão desmanchava o coque dela e brincava com seus cachos pretos.
-Senti saudade de ter você perto de mim.
-Pensei que estivesse preocupado demais com seus amigos, para sentir saudade de mim. – ela respondeu fria, não querendo se deixar levar pelos carinhos dele.
Ele riu, fazendo-a sentir cócegas no lugar do pescoço que ele beijava.
-Você não está com ciúmes, está? Acredite, eu só tenho olhos para você, titia.
Ela não teve tempo nem de responder nem sequer para fazer uma careta, pois a boca dele já havia encontrado a sua.
Surpresa, demorou certo tempo para ela poder reagir. Eles já haviam se beijado sim, mas nunca de tal maneira, com tanta ferocidade e paixão. Ele aproveitou o momento para aprofundar o beijo e desamarrar o roupão dela, tentando tirá-lo o mais rápido possível.
-Não, Cygnus, nós não vamos...- ela conseguiu formular em meio aos beijos do rapaz.
-Ah, nós vamos sim.
Ela o olhou desesperada e ele parou por um momento.
-Se você quiser que eu pare, eu paro, é só dizer. Mas você não vai conseguir, vai? Vamos, diz. - ele falou, voltando a beijá-la e fazendo cair na cama -Você não consegue, né? - ele continuou, descendo numa linha de beijos até os seios dela, e ela assentiu com a cabeça, admitindo o fato.
Hoje admitiria qualquer coisa pra que Cygnus não parasse.
A mão dele desceu sobre o pano macio, enquanto os lábios seguiam acariciando-lhe os seios.
Persephone gemeu quando o rapaz alcançou a pele de sua perna, e se pôs a acariciar a parte interna de suas coxas.
-Você está gostando? - ele perguntou baixinho. E ela suspirou em resposta, sem conseguir responder com palavras, e levantou as mãos, puxando-o para perto do seu rosto e fazendo-o beijá-la novamente. Enquanto isso, suas mãos queriam explorar o corpo dele tanto quanto ele explorava o seu, e as roupas que ele usava estavam começando a incomodá-la. Ela puxou a camisa com certa brutalidade, Cygnus chegou a rir da ação. Em poucos segundos o pano que lhe cobria o peito definido estava no chão.
Persephone arranhou-lhe as costas, fazendo com que ele soltasse um gemido seco por entre os cabelos dela.
Sem conseguir se conter, Cygnus levantou o corpo, permanecendo ajoelhado sobre a cama, e, com delicadeza, abriu o roupão que ela usava.
-Você é linda, Perse.
Ela corou, Cygnus não sabia se pelo elogio ou porque ele finalmente a estava vendo nua, tal como viera ao mundo. Sendo como fosse, ele não esperou uma reação dela, e suas mãos voltaram a tocá-la, a acariciá-la, enquanto seus lábios percorriam todo o corpo da moça, fazendo-o gemer mais alto.
-Cygnus, eu não posso mais agüentar... Eu preciso...- ela tentava formular as frases enquanto suas mãos percorriam a costa dele, arranhando-o, mas não conseguia.
-Precisa do que Perse? – ele sussurrou em seu ouvido – Vamos diga...
-De você...
Cygnus sorriu satisfeito, aquela era a ultima autorização que precisava para findar o que haviam começado, se afastou dela novamente e, em poucos segundos se livrou da calça que ainda lhe cobria as pernas.
Voltou-se a deitar calmamente sobre o corpo dela, fazendo Persephone soltar um suspiro demorado.
-É assim que você me quer?
Ela gemeu.
-Sim...- foi só o que foi capaz de dizer, tão necessitada que estava – Cygnus, eu realmente preciso...
Ela não teve que terminar a frase, pois ele começa a entrar nela, atendendo seus pedidos. A dor que muitas moças sentiam, ela não sentia, tão necessitada que estava de tê-lo dentro de si, de ver que os dois se completavam e formariam um.
O movimento começou lendo e foi se intensificando a medida que os gemidos dela o incentivavam mais e mais. Algum tempo depois, ela chegou ao êxtase, antes dele, gritando, e Cygnus logo a acompanhou, beijando-a, e tornando tudo mais intenso.
-Foi bom. – ele murmurou, tão logo conseguiu falar, ainda em cima dela. Ela assentiu, não tinha palavras para descrever tudo o que acontecera. – Eu não te machuquei, machuquei? - ele perguntou preocupado, sabia como tudo poderia ser doloroso.
Ela negou, beijando-o.
-Foi tudo perfeito, não poderia ter sido melhor.
-Não poderia, é? - ele perguntou sorrindo.
-Bem, poder pode, se nós fizermos de novo. – ela respondeu maliciosa, enquanto descia a mão pelas costas dele, arranhando-a.
Ele gemeu, sorriu e beijou-a.
-Ótimo, e ainda podemos jantar aqui.

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Vega ainda tinha um sorriso zombeteiro a brincar nos seus lábios ao lembrar-se do que acabara de acontecer. Certamente, depois daquele fato, Lancaster pensaria duas vezes antes de mexer com ela.
Mas o seu ar satisfeito automaticamente morreu ao lembrar-se do que ele dissera no dia que a trouxe de volta para casa e o pedido de desculpas que ele lhe disse posteriormente.
Algo dentro de si dizia que Lancaster não deveria ter pedido desculpas para ela, afinal, tudo o que ele dissera tinha o seu fundo de verdade, mas o seu orgulho jamais a admitiria dizer isso, principalmente na frente dele.
-Ele disse que eu sou ingênua. – ela soltou num resmungou, a satisfação sendo substituída pela raiva. – Ainda bem que ele admitiu que é um patético, afinal, qual seria o rapaz que ficaria daquele jeito só por causa de um simples beijo? – ela riu do próprio pensamento. – Aposto que ele não tinha a mínima idéia do que fazer depois. – ela tornou a rir mais um pouco e depois tornou a suspirar.
Talvez não lhe agradasse a idéia dele saber como continuar um beijo, ou seja, corresponder. Vega deixou seu rosto se contrair em uma breve careta ao imaginar isso e mais ainda ao chegar à conclusão do que realmente havia acabado de fazer.
-Por Merlin, como eu tive coragem de beijar um idiota como o Lancaster? – ela chutou mais uma vez uma pedra qualquer que teve a ligeira impressão de que era a que havia chutado antes. - Certo, Vega, você não está muito bem esses dias.
Ela parou de andar aos pés de uma trilha ligeiramente íngreme que tão conhecia. Sorriu de modo meio saudoso ao lembrar-se de que ela e os irmãos costumavam ir para a cripta que havia no topo para explorá-la. Também se lembrou do dia em que eles brincaram de quem fazia o eco mais longo e que o fato acabou acordando um bando de morcegos que não ficaram muito satisfeitos com o grito que Cygnus dera.
Mas não foram as lembranças que aquele lugar lhe trazia que lhe chamaram realmente a atenção, mas o relinchar meio longínquo de um cavalo. O irmão, o príncipe e o seu cavaleiro idiota estavam próximos à queda d’água, ou, certamente, já deveriam estar a voltar para casa, ela cria, então, quem estaria ali?
Ela chegou a duas conclusões: Betel ou Lynce. Conhecia bem as irmãs e sabia que as duas adoravam esse lugar. Talvez, as duas até estivessem juntas. Vega sabia que a irmã mais velha não estava muito bem desde o dia em que o trouxa fora mordido pelo lobisomem para salvá-la e, desde então, costumava sair para cavalgar, coisa que Betel também adorava fazer.
Ela levantou as saias do vestido com um leve bufo de raiva e subiu a trilha com certa dificuldade, resmungando algo como nunca ninguém ter feito nada para melhorá-la. Quando chegou ao topo suspirou, meio aliviada e tomou direção à gruta, não demorando muito a avistar dois cavalos à sombra de uma árvore que ficava próxima à entrada do local.
Vega não demorou muito a reconhecer o cavalo de Betelguese, mas arqueou a sobrancelha quando notara que o cavalo de cor acastanhada que estava ao lado dele não parecia com nenhum daqueles que os Black possuíam.
-Betel, Betel... – ela murmurou para si. – Esse é um fato bem interessante. O que a senhorita anda escondendo de nós, maninha? – ela sorriu de forma meio moleque, como alguém prestes a cometer alguma travessura. – Eu não sou ingênua, sabia? – ela completou, imaginando o que estava para ver enquanto caminhava a passos apressados até a cripta.
A pequena Black respirou fundo, caminhando sorrateiramente por entre a trilha larga que fora formada naturalmente entre algumas estalagmites, que reluziam timidamente diante dos raios que adentravam de leve através do teto da caverna.
Não demorou a achar, no caminho para a parte mais ampla da caverna, a capa de Betel sobre o chão. Vega arqueou a sobrancelha, pegando-a do chão, imaginando se o que veria se continuasse a caminho seria um tanto quanto constrangedor de se ver.
Ela prendeu o riso, imaginando a feição da irmã e do seu misterioso amante, prosseguindo em seu caminho até o meio da caverna. Não demorou muito para a trilha se abrir em um grande semi-círculo e ela avistar, a um canto, beijando um rapaz de cabelos castanho-claros de uma forma meio lasciva. Sorriu e, aproximando-se meio jubilante do casal, pigarreou para se fazer presente.
Quem abriu os olhos primeiro fora Betel, que ficou lívida ao reconhecer a irmã.
Aparentemente, o rapaz não ligara muito para o fato dela não mais corresponder ao seu beijo, nem as suas carícias, visto que descia os beijos até o pescoço de Betel, enquanto suas mãos desciam pelo vestido dela com certa irritação, como se a peça incomodasse e, realmente, incomodava.
A outra Black não pensou duas vezes em afastar o rapaz com certa ansiedade e encarar a irmã com a respiração ofegante. Lestrange a encarou de modo confuso, mas Betel estava muito mais preocupada em olhar algo a sua frente.
O rapaz respirou fundo e passou a mão pelos cabelos, já antecipando o que viria a seguir. E isso não era nada bom.
-Vega, o que você está fazendo aqui? – Betelguese falou num fio de voz, erguendo uma das mangas do vestido que lhe descera até os ombros, enquanto seu rosto adquiria um tom rubro.
-Você perdeu isso no meio do caminho, Betel. – a pequena falou num ar inocente, estendendo a capa para a irmã. – Achei que estivesse procurando, mas, creio que deva ter achado algo melhor. – ela riu, travessa. – Muito boa tarde, senhor Lestrange.
O rapaz apenas acenou de leve em resposta, sem saber o que dizer e lançando um olhar meio de esguelha para Betel, que retribuiu o olhar e respirou fundo.
-Vamos para casa. – ela falou rapidamente, tomando a capa da irmã com certa pressa e colocando-a de qualquer jeito. – Nós conversamos depois, Felix. – ela murmurou para o rapaz, que apenas assentiu com um longo suspiro.
Alguns instantes depois, as duas irmãs já estavam em seus respectivos cavalos andando tranqüilamente de volta para o castelo em completo silêncio. Vega encarava o rosto envergonhado da irmã com um sorriso divertido, notando que ela fazia de tudo para não encará-la.
-Há quanto tempo vocês dois estão juntos? – Vega indagou, a fim de quebrar o silêncio que se estabelecera entre elas.
-Um pouco antes da nossa mãe tentar casá-lo com Sté. – ela respondeu de forma vaga e sintética ao que Vega arqueou a sobrancelha.
-Como vocês dois passaram a ter algo?
-Cavalgando, Vega. – ela falou num suspiro. – Ele sempre me seguia e torrava a minha paciência todas as vezes que nós nos encontrávamos, até que um dia... – ela se calou com um leve pigarro. – Bem, não importa.
-Alguém mais sabe, além de mim, é claro?
-Acho que a Lynce e a Stella desconfiam, mas, bem, não sei ao certo. – ela respirou fundo. – Mais alguma pergunta? Ou vai querer algo em troca para ficar em silêncio e não contar para ninguém o que acabou de ver?
-Você acha que eu contaria? – a pequena falou num ar inocente.
-Na primeira oportunidade. – falou pausadamente. – Seria bem divertido, não?
-Talvez eu conte ao Cygnus. – ela avaliou, meio risonha. – Ele iria reagir pior do que a nossa mãe.
-Nisso eu devo concordar com você. – as duas se encararam e riram um pouco.
-Mas talvez ele morra antes de conseguir dar uma de irmão mais velho super-protetor. – comentou Vega calmamente. – Afinal, ele imagina que você é a mais quieta de nós, Bel. – ela falou, risonha.
A irmã a encarou meio de esguelha com um breve sorrir, antes de atiçar o cavalo para que ele andasse mais rápido, sendo seguida pela irmã alguns segundos depois.

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