NOSSO DESEJO



NOSSO DESEJO


 


_Eu não vou e esta é a minha ultima palavra – Hermione gritou quase fora de si. Harry Potter estava de pé do outro lado da sala do apartamento


 


A volta do hospital tinha sido de arrebentar os nervos. O barulho do transito ajudara a aumentar a tensão. Hermione quase explodiu de raiva, enquanto discutiam. Sentia um desespero crescente, pois Harry mantinha o tom irônico.


_Não quero que Rony tenha uma recaída – disse Harry, de pé junto à janela da sala. Virou a cabeça para olhar para ela – A Sicília é o lugar ideal para ele neste momento.


_Mas não para mim – ele retrucou lançando faíscas pelos olhos castanhos. Ela não iria de maneira alguma. Não iria mesmo.


_Use a cabeça. Se você não for, Rony saberá que não vai se casar com ele. Quer ser responsável pelo que possa fazer quando descobrir?


_Ele já é um homem feito! Por favor, Harry! Rony é um adulto! – ela protestou, procurando controlar as lagrimas de frustração – Já tem idade suficiente para enfrentar um problema como esse.


_Você sabe que não é bem assim e ele já provou isto. Nós três temos a mesma idade, mas Rony é um fraco. Não sabe lidar com as próprias emoções. Desta vez ele poderá mesmo se matar.


_E a culpa é minha?


_Você não aprende nunca? Já o empurrou para o abismo uma vez. Vai fazer o mesmo de novo?


_Não fiz aquilo de propósito e você sabe disto!


_Espero que não mesmo – Harry comentou com frieza lançando-lhe um olhar sinistro e ameaçador – Porque se eu algum dia descobrir que você... – a agarrou pelo cabelo, a puxando para si – Eu a mataria.


 


Ela sentiu todo o corpo tremer, invadida pelo pânico. Ficou olhando para ele em silêncio. Prendeu a respiração com medo e excitação quando Harry deu um passo à frente. A mão dele ainda segurava o seu cabelo.


_Você irá para a Sicília, srta. Granger, nem que eu tenha que arrasta-la. Não duvide disto.


_Você é capaz de qualquer coisa, eu sei.


_É melhor acreditar nisto – falou num tom ameaçador. Olhou-a por um momento e depois a soltou com rispidez e foi para o bar pega uma dose de uísque.


_Pelo amor de Deus – Hermione protestou, tentando uma ultima cartada – Você não compreende o quanto está sendo injusto? Eu tenho a minha própria vida, meus amigos e um trabalho.


_Meu irmão esta no hospital com os pulsos cortados e você vem me dizer que eu sou injusto?


_Você esta sendo egoísta! – exclamou, torcendo as mãos. Sentia-se culpada e confusa. A frustração tomou conta dela – Você só vê as coisas pelo seu ponto de vista.


_Chega! – Harry bateu o copo de uísque na mesa, andando e direção a ela. Estava com o rosto tenso e os olhos brilhantes de raiva


 


Hermione deu um pulo, se afastando. Sentia a ameaça da violência estampada no rosto dele. Seu coração batia descompassado e o pulso estava acelerado. Harry parou a sua frente, com uma expressão dura. Suas mãos agarraram o ombro dela com força


_Agora mais uma palavra, uma só palavra, e ficara em apuros. Estou sendo claro? – ela olhou pasma para ele. Depois acenou com a cabeça comprimindo a boca com amargura. – Muito bem. Lupin fique de olho nela. Não a perca de vista.


_Claro – Lupin se aproximou de Hermione.


_Ela é tão esperta quanto uma raposa – Harry falou se dirigindo para a porta – Não confie nem um pouquinho nela – deu um sorriso gelado para Hermione, depois saiu do apartamento deixando os dois em silêncio.


 


E lágrimas de raiva brotaram dos seus olhos e ela cobriu o rosto com as mãos. Não conseguia mais se controlar. Estava com raiva, medo e ressentida. Lupin a observou afundando no sofá. Ela chorava. Lupin saiu da sala em silêncio e voltou com uma caixa de lenços de papel. Ela pegou um e enxugou os olhos com as mãos tremulas. Ele sentou-se ao lado de Hermione, parecia mesmo um amigo.


_Você não acha isto injusto? – Hermione perguntou – Lupin, você pode me ajudar! Deixe-me sair agora.


_Você esta louca? Ele mandaria me matar!


 


Hermione suspirou. Sentia-se indefesa, frustrada. Mas tinha que haver uma saída! Lupin não podia ajudá-la. Ela tinha que se virar sozinha. Harry Potter a mantinha sob seu domínio e não iria deixá-la escapar.


 


Passou o resto do dia deprimida. Roeu as unhas sem parar, ate quase tirar sangue. Lupin sentou-se ao seu lado, numa atitude amiga, mas sem dizer uma só palavra. Ela não queria nem olhar para ele, pois se concentrava em pensamentos, planos para fugir dali. A meia noite, Lupin fechou o livro que estava lendo e chegou perto dela.


_Vá descansar. Não faz bem ficar acordada ate tarde.


_De que adianta? Não conseguiria dormir mesmo que tentasse. – Lupin ficou em silêncio, depois desapareceu da sala.


_Tome – ele voltou com um copo de água e duas pílulas – Ajudam a dormir.


 


Hermione sentiu-se em pânico. Porque ele queria que ela tomasse pílulas para dormir? Escondeu-as na palma da mão, fingindo engoli-las. Depois devolveu o copo de água com um sorriso obediente.


_Uma boa moça – Lupin comentou feliz – Agora, vá dormir. Já é muito tarde.


 


Hermione levantou-se, agindo de maneira normal, e enfiou as pílulas no bolso do vestido. Ele não percebera nada. Pensara que ela tinha tomado o remédio e que iria adormecer profundamente. Foi para o quarto, dizendo boa-noite. Deu um suspiro de alivio quando fechou a porta. Tirou a roupa e entrou embaixo das cobertas. Ficou acordada por muito tempo, a cabeça pegando fogo. Pensava e pensava, mas sempre encontrava uma barreira intransponível que bloqueava sua fuga.


 


De repente teve uma idéia. Saiu da cama, vestiu o roupão, colocou os chinelos e foi na ponta dos pés ate a porta. Lupin ainda estava de pé. Ela mordeu os lábios, rezando para que a idéia funcionasse. Entrou na sala.


_O que foi? – Lupin perguntou preocupado, colocando o copo de uísque sobre a mesa.


_Estou com sede. Vou pegar um pouco de água.


_Claro. É por causa da pílula. Fique aqui, vou buscar água para você.


 


Hermione estava tensa ao sorrir para ele. Logo que Lupin saiu da sala, foi ate a mesa onde estava o uísque. Sem tirar os olhos da porta, pegou as pílulas no bolso e com mãos trêmulas colocou no copo de uísque. O coração dela quase parou... As pílulas não estavam dissolvendo.


 


Desesperada, enfiou o dedo no copo e amassou as pílulas. Depois pegou a garrafa de soda e na confusão acabou derramando um pouco de bebida na própria roupa. Nisso ouviu os passos de Lupin e fechou os olhos, rezando para que tudo desse certo. A soda, felizmente, ajudou a desfazer as pílulas brancas.


_O que você esta fazendo? – a voz dele a assustou. Hermione derrubou soda por todos os lados.


_Eu... – as mãos dela tremiam ao colocar a garrafa na mesa – Pensei que você quisesse um pouco de soda. Não gostaria de vê-lo bêbado.


_Tudo bem. Já vou para a cama – Lupin entregou-lhe o copo de água – Levo o meu uísque e um bom livro para o quarto. É melhor do que remédio para dormir.


 


Hermione tentou controlar o tremor das mãos ao pegar a água e ir para o quarto. Encostou-se na porta quase sem fôlego e fechando os olhos procurando relaxar. Dez minutos mais tarde ela estava vestida e de malas prontas. O elevador a levou para baixo num segundo. Estava com medo de encontrar Harry, mas graças a Deus e Merlin não havia sinal dele. Logo depois já estava na rua. Pensou que estivesse sonhando, mas a brisa da noite bateu-lhe no rosto como uma chamada a realidade.


 


Procurou se esconder nas sombras. Tinha mais medo de encontrar Harry do que estar sozinha nas perigosas ruas de Nova York. Saiu andando apressada, olhando ao redor. As pessoas passavam por ela, a olhando com curiosidade. Carros, buzinas, luzes vermelhas. O coração dela batia com força, chamou um táxi.


_Aeroporto Kennedy, por favor – ela falou batendo a porta com fúria – O mais depressa possível!


_Esta bem moça – disse o motorista – Se segure, então!


 


Só quando estavam já bem longe é que Hermione conseguia relaxar. Seu coração batia com alegria. Estava livre! Fechou os olhos e sentiu-se leve, era um alivio. Trinca e cinco minutos depois chegou ao aeroporto. Comprou sua passagem e foi tomar um cafezinho. Os minutos custavam a passar, ela não via a hora de embarcar. Quando chamaram seu vôo, se dirigiu ao Controle de Passaporte.


_Vai a algum lugar? – uma voz rouca fez seu coração parar. Os olhos dela se arregalaram quando Harry a agarrou pelo braço. Hermione tentou fugir – Não tenha pressa! – ele falou entre os dentes a puxando com força.


_Como você soube que eu estava aqui? – perguntou desanimada.


_Foi uma conclusão obvia que tirei logo que cheguei em casa e encontrei Lupin apagado. Você é uma mulher perigosa. Seja lá o que for que colocou no drinque dele, o apagou mesmo.


_E agora o que acontecerá? – o tom de voz dela era baixo, cheio de raiva. – Agora que cheguei ate aqui não vou voltar. Quero ir para casa, você não pode me deter! – havia muita gente por ali. Ele não ousaria força-la a nada diante das pessoas – Você não... – ela começou, olhando ao redor.


_Sim? Continue. Estou fascinado. Olhe, você tem duas alternativas: primeira, você volta para o meu apartamento por sua livre vontade. Segunda, eu pego você e a levo na marra – a olhou com os olhos verdes tão frios que chegavam a machucá-la – Escolha.


_Você chama isto de alternativa?


_É tudo que posso oferecer. Se eu fosse você escolheria logo. Sou um homem muito impaciente.


 


Hermione sentiu o coração fraquejar enquanto andava ao lado de Harry em direção da saída. Quando passaram pelas portas automáticas teve um sobressalto.


_Minhas malas...


_Eu tomo conta disso – a voz era ríspida os dedos apertavam-lhe o braço a arrastando para um táxi. O que fez Hermione perguntar por impulso.


_Como chegou aqui tão rápido num táxi? – Harry a olhou com raiva e a jogando dentro do táxi respondeu


_Eu aparatei – ela ficou seria e ele riu de lado, pensando que ela não entendia o que queria dizer.


 


Logo os dois estavam novamente no hotel. Hermione relutou com todas as suas forças descer do táxi e encara a fúria de Harry.


_Desça – ele ordenou já fora do carro. Ela desceu fazendo uma careta de desgosto parecia uma menina minada – Pra dentro – ordenou a arrastando pro elevador.


_Lupin esta bem? – Hermione perguntou, não suportando o silêncio no elevador.


_Tirando o fato de que está morto para o mundo, posso dizer que sim, ele esta bem – apertou-lhe o braço, puxando-a do elevador para o apartamento – Mas ele terá uma terrível dor de cabeça amanhã.


_Eu não pensei... – Pobre Remo, ela pensou preocupada.


_Não?


_Foi uma decisão repentina. Tinha que arriscar.


_E arriscou mesmo – Harry falou, a queimando com os olhos – Porque desta vez você foi um pouco longe demais, moça.


_Eu não tinha escolha – ela engoliu em seco – Não irei para a Sicília com vocês de maneira alguma. É melhor aceitar isto de uma vez por todas.


_Não aceito coisa nenhum!


_Seja razoável, pelo amor de Deus!


_Eu tenho sido paciente com você, tenho me controlado – endureceu o queixo e balançou a cabeça – Agora não vou mais bancar o cavalheiro!


_Você não é cavalheiro coisa nenhuma! Não tem feito outra coisa a não ser me atormentar desde que me encontrou.


_Você pagou para ver. Sabia o que estava fazendo e sabia como eu reagiria. – Hermione deu um passo para trás e encostou as costas na porta aberta do seu quarto.


_Não importa o que diga, eu não vou para a Sicília!


_Meu irmão...


_Oh, não recomece, por favor! Você não liga a mínima para seu irmão. Quer apenas me punir!


_Porque diabos eu iria fazer isso?


_Porque você me deseja e se odeia por isto! – ela gritou sem pensar. Em seguida levou a mão ao rosto, o olhando horrorizada.


_Sua prostituta! – os olhos dele estavam escuros de raiva. De repente começou a se aproximar dela, afastando os moveis com violência. Hermione tentou fechar a porta do quarto, mas Harry a impediu colocando-se diante dela.


_Por favor – ela implorou em pânico – Eu não queria dizer aquilo...


 


As mãos dele seguraram-lhe os ombros, a puxando para perto. Os olhos estavam cheios de fúria. A boca de Harry cobriu a dela num beijo violento, a forçando a abrir a os lábios. Ela tentou afasta-lo, batendo no peito dele com as mãos. Harry a empurrou para trás ate quase cair na cama.


_Não! – Hermione gritou apavorada. Ele a deitou na cama, inclinando-se sobre ela com uma expressão furiosa.


_Cale a boca! – e a beijou outra vez com brutalidade, a machucando com os dedos. Ela lutou se contorcendo debaixo dele.


 


Nesse momento algo muito estranho aconteceu. Aquela luta se transformou num abraço apaixonado. Harry a beijava com intensidade, a deixando quase em forças. As mãos de Hermione passeavam pelo cabelo dele, enquanto correspondia ao beijo com mais intensidade do que esperava. Seu corpo moldava-se ao dele. Ela se agarrava naquele homem como se estivesse se afogando.


 


Os corações dos dois estavam acelerados, enquanto o fogo crescia dentro deles, aumentando cada vez mais o desejo. Harry levantou a cabeça, respirando com dificuldade, tinha o rosto corado. Eles se entreolharam confusos, os corações disparados, quase sem respiração.


_Meu Deus! – Harry murmurou com a voz rouca, os olhos brilhando de desejo, olhando para ela.


 


Hermione o fitava com o pulso acelerado. O coração dela batia loucamente. Ele inclinou a cabeça de novo e ela tentou afasta-lo com as mãos.


_Está certo! – disse quase sem fôlego, assustada e chocada pela chama que queimava dentro dela – Você ganhou. Eu vou para a Sicília! – tentava com desespero impedi-lo de beijá-la outra vez, mas não adiantou.


_É claro que ganhei. Sempre ganho. Sou um vencedor – e a beijou enquanto passava as mãos sensualmente pelo corpo dela, a deixando louca, sem controle.


 


As mãos dele acariciavam os seios dela e Hermione gemia de prazer. Estava completamente fora de si pela força do beijo dele. Harry desabotoou a blusa dela com as mãos fortes e ligeiramente trêmulas. Levantou a cabeça para olhar os seios expostos e um som rouco saiu da garganta dele, Hermione sentiu um arrepio. Harry desceu a cabeça ate o pescoço dela e passou a língua quente e sensual pelo colo branco. Os dedos da castanha se enroscaram nos cabelos dele enquanto a boca de Harry tocava-lhe os seios, mordendo com carinho. Hermione estava quase sem respiração. Sentia-se confusa. Harry voltou a beijá-la na boca. Era um homem suave e ao mesmo tempo experiente.


 


Hermione sentiu que a outra mão dele descia ate seu estomago e então se contraiu. Recuperou um pouco o autocontrole e conseguiu gritar, procurando fugir daqueles braços.


_Sim – disse Harry num sussurro rouco. Com um esforço supremo Hermione o empurrou para longe, Harry tentou agarra-la.


_Não! – ela suplicou em pânico, o empurrando com as mãos – Por favor, não! – suas pernas estavam tremulas, o corpo todo tremia e ela sentia que os joelhos estavam fraquejando.


_Nós nos damos bem – Harry falou com os olhos penetrando nela. – Você tem razão. Eu te desejo muito – as mãos puxaram os ombros dela – Eu te desejo com loucura!


_Mas eu não te desejo. Não desejo nada que se relacione com você.


_Não minta – ele murmurou, tocando-lhe o rosto – Você sentiu a mesma coisa.


_Não – ela sussurrou balançando a cabeça desesperada – Você me forçou


_Existe alguma coisa entre nós. Você sentiu isto quando a beijei. Não pode negar. Eu quase peguei fogo e você também.


_Não está certo – ela fechou os olhos para esconder a verdade.


_Escute, eu lhe darei tudo que você quiser. Sou um homem muito generoso, já lhe disse isto antes. Deixe-me ama-la, Hermione, e eu farei tudo o que você pedir.


 


Os olhos dela estavam agora abertos. Hermione o encarou. Sentia o calor de o corpo diminuir, estava agora com raiva daquele homem. Oferecendo-lhe dinheiro e favores, ele a estava insultando, fazendo com que ela o odiasse.


_Saia do meu quarto! – gritou olhando para ele com os olhos cheios de desprezo.


_Não consigo entender – Harry falou com o rosto tenso – Você estava vibrando comigo, eu senti. Se derreteu toda, como eu!


_Escute aqui Sr. Potter – Hermione disse com o rosto corado – Escute muito bem. Se encostar a mão em mim outra vez, eu o matarei.


 


Ela o observou em silêncio por um momento. Depois a soltou com os olhos furiosos, e saiu do quarto, batendo a porta atrás de si. Hermione suspirou profundamente, depois sentiu as lágrimas quentes escorregando pelo rosto. E chorou em silêncio, sem emitir um som, mordendo o lábio com força. Sentou-se na cama, o olhar perdido. Não pensava em nada, as lágrimas secaram, mas ela não se moveu. Ficou ali, sentada, sabe Deus por quanto tempo. Era incapaz de pensar, de se mover. Apenas tentava controlar-se. Aquele beijo a tinha devastado. Tinha afastado todas as barreiras, tinha feito com que ela entendesse o quanto estava atraída por aquele homem. Ele estava certo, ela tinha correspondido o tempo todo, tinha sentido o mesmo que ele. E agora estava pasma diante de tal poder. Harry havia derrubado todas as barreiras e ela agora não sabia o que fazer. A atração entre os dois tinha sido acesa como uma corrente elétrica.


 


Não poderia permitir que Harry se aproximasse novamente. Havia algo poderoso, muito perigoso entre eles. Mas Hermione sabia que, no que dizia respeito a ele, não era amor, e só poderia se uma coisa. Harry a desejava perdidamente, mas só a desejava fisicamente. Queria dormir com ela. Ele já tinha dito aquilo? Queria conquistar o corpo dela, não o coração.


 


PA


 


Hermione evitava encarar Harry na manhã seguinte. Sentia os olhos penetrantes dele, mas sempre que, sem querer, os encontrava não conseguia fixa-los. Afastava-se dele, se lembrando da noite anterior. Durante o café da manhã, os rostos permaneceram inexpressivos e houve um silêncio insuportável entre eles. Ao meio dia se ouviu um barulho no hall. Eles se entreolharam, Harry levantou da cadeira e se dirigiu ao quarto de Lupin, deixando Hermione sozinha.


 


Ela mordeu os lábios, olhando para as mãos. Pobre Lupin! Não sabia nem o que dizer a ele. Será que ficaria com raiva dela? Se ficasse, tinha toda a razão. Ela também não gostaria de tomar um drinque com pílulas de dormir dentro, sem saber de nada.


_Olá Lupin – Hermione falou ansiosa, o vendo se sentar na cadeira com um gemido. Tinha medo de que ele não falasse mais com ela.


_Oh não! – Lupin gemeu apertando os dedos na testa – Aqui esta a mafiosa!


_Mafiosa? – perguntou Hermione perplexa


_Claro, uma pessoa que coloca alguma coisa na bebida de um pobre coitado é ou não uma mafiosa?


_Ah, às vezes não entendo muito bem o seu inglês – ela sorriu com afeto, fingindo que não tinha entendido.


_Meu inglês! – ele também sorriu com os olhos iluminados por um segundo, depois gemeu outra vez – Não ria, por favor. Ai minha pobre cabeça!


_Sinto muito Remo. Não pensei que iria derrubá-lo assim. – ansiosa Hermione colocou a mão com delicadeza no braço dele – Esta muito mal?


_Bastante. Mas tudo bem, eu perdoarei você. Agora, posso tomar uma xícara de café, por favor?


_Espere ai – ela disse com gentileza. Foi para a cozinha esquentar o café. Pegou uma xícara e voltou para a sala.


_Hei – Lupin falou quando ela lhe entregou a xícara – Espere um pouco. Prove você primeiro agora preciso tomar cuidado. – Hermione sorriu e depois bebeu um pouquinho de café.


_Esta vendo? É só café. Isto o deixara melhor.


_Será um milagre se eu ficar melhor. – ele comentou tomando o café e depois se recostando na cadeira com um gemido. Fechou os olhos com uma careta.


 


Harry apareceu na sala. Estava incrivelmente lindo com o conjunto jeans e uma jaqueta de couro preta. Enfiou as mãos nos bolsos e a fitou.


_Tenho muito que fazer antes de partimos amanha - disse com indiferença – Não gosto de deixar negócios por terminar. Fico zangado com isso. – Hermione corou entendendo a indireta.


_Ok, estarei aqui com Lupin. Acho que ele não pode ficar sozinho mesmo.


_É melhor arrumar as malas para partirmos amanha. Vamos pegar Rony no hospital às sete horas e voaremos direto para Palermo.


_Nem precisa, elas nem foram desarrumadas de ontem quando chegaram do aeroporto. – Harry fez cara feia, mas parecia querer dizer alguma coisa. Porem acabou se dirigindo a porta. Virou a cabeça, olhando por sobre os ombros.


_Esteja aqui quando eu voltar – saiu fechando a porta atrás de si.


 


Hermione abaixou os olhos, mordendo o lábio. Depois segurou o rosto com as mãos e suspirou. O que mais poderia fazer?

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