O MISTÉRIO DOS WEASLEY



O MISTÉRIO DOS WEASLEY


 


Hermione ficou acordada até a uma hora da manhã. Estava esperando por eles. Finalmente se sentiu cansada daquela tensão que a envolvia. Levantou-se devagar e foi para o quarto. Tirou a roupa e se enfiou na cama. Estava numa armadilha e não sabia o que fazer para escapar. Por um momento pensou em dizer a Rony o que o irmão dele estava fazendo com ela, mas decidiu ficar quieta. Rony ainda não estava forte o suficiente para receber tal noticia. Além do mais, ela não gostava da idéia de jogar um irmão contra o outro. Foi pegando no sono, o corpo relaxando na maciez da cama. Os olhos fecharam e ela adormeceu.


 


No meio da noite acordou. Percebeu que havia alguém em movimento no outro quarto. Sentou na cama e procurou espantar o sono, se levantou. A porta do quarto abriu e Harry apareceu. A mão dele procurava o botão da luz. Ele a olhou por um momento, o rosto mais relaxado.


_Maravilhosa – ele comentou, passando os olhos pelo corpo coberto apenas pela camisola – Esta é a minha festa de boas-vindas? – Hermione vestiu o roupão, amarrando-o na cintura, e fechou os olhos diante da repentina luz.


_Preferia estar vendo um escorpião!


_Eu já lhe disse que sou mais perigoso do que qualquer animal venenoso. E eu ataco mais depressa do que qualquer escorpião.


_Você me trancou – ela disse com raiva – Por quê?


_O que você acha? – Harry perguntou com desdem.


_Não havia necessidade. Você teria me achado mesmo que eu fugisse. De que adiantaria eu tentar a liberdade?


_Você esta começando a me entender, srta. Granger – ele a estudou por um momento e, depois foi para junto dela – Estava dormindo?


_Sim. Por que pergunta?


_Meus parabéns – a voz dele era rouca e sexy. Fixava os olhos no rosto lavado dela, sem nenhuma maquilagem – Não agüento mais a vontade de ver o seu lindo rosto no meu travesseiro.


_E vai cansar de esperar – Hermione respondeu com raiva, corando diante dos olhos dele.


_A caça difícil aumenta o meu interesse. Acrescentaria um pouco de tempero, não acha?


_Por que você saiu? – ela perguntou, tentando mudar de assunto – O que tinha acontecido?


_Entraram no meu escritório. Pensei que tinha matado um dos meus homens, mas felizmente o tiro não foi fatal – olhou para ela e levantou uma sobrancelha – Satisfeita?


_Estou é bastante cansada – Hermione tentou parecer indiferente – Vou voltar para a cama. Boa noite – olhou para Harry com esperança de que ele fosse embora.


_Esta com medo, srta. Granger? – e sorrindo virou-se para sair do quarto – Boa noite.


 


Hermione respirou aliviada. Por um momento pensou que ele tentaria seduzi-la. O que mais a preocupava era que não tinha certeza se conseguiria resistir àquela boca e aquelas mãos. Harry estava certo: ela estava ficando com medo. E quanto antes saísse de perto dele, melhor. Sua cabeça estava girando quando voltou para cama. A única coisa que poderia fazer era esperar que Rony melhorasse. Então fugiria para bem longe de Harry Potter.


 


PA


Hermione passou os dias seguintes com Rony no hospital. Harry estava quase sempre fora, e quando se encontravam no apartamento a conversa era sempre carregada de tensão. Nenhum dos dois conseguia ficar a vontade. Varias vezes o pegou a olha com os olhos apertados, isso lhe provocava arrepios no corpo todo. Quando via Rony, este falava sobre o casamento deles. Hermione ficava de mãos dadas com ele. Queria matar Harry por tê-la forçado a passar por essa experiência. Sentia por Harry uma mistura de emoções: a atração sexual a aproximava dele, enquanto ao mesmo tempo se sentia afastada pelo ódio.


 


Como sempre ela passou o dia com Lupin. Foi ao hospital, fez compras. Tentava manter um relacionamento amigável. Quando voltaram para casa, Remo abriu os pacotes com um sorriso.


_Vou preparar o melhor jantar que você já teve – disse, a empurrando para fora da cozinha – Será uma grande surpresa, portanto fique lá na sala e espere.


 


Ela foi obediente para a sala e começou a ler uma revista que tinha comprado. Depois de mais ou menos quarenta e cinco minutos, a porta se abriu e Lupin apareceu. Sorria como um menino. Tinha preparado uma travessa de espaguete à bolonhesa. Parecia estar magnífico.


_Delicioso! – Hermione disse com um sorriso, começando a comer.


_Não! Assim não. Vou lhe mostrar


 


Ele pegou o garfo dela e a ensinou a enrolar o macarrão mostrando tudo com muita elegância. Ela fez o possível para imitá-lo, sorrindo enquanto comia. Lupin balançava a cabeça em aprovação e serviu-lhe um pouco de vinho para acompanhar a refeição.


_Minha garota – ele falou com um sorriso – Faz o melhor espaguete da Sicília. É por isso que vou casar com ela.


_Você é siciliano, Lupin?


_Não, sou inglês. Fui embora da Inglaterra junto com os Weasley e o Harry. – depois de responder é que ele se tocou da pergunta – Você não sabia?


_Não, eu não sabia – Hermione respondeu vagamente – Rony sempre disse que a terra dele era a Itália, mas eu não sabia que era da Sicília.


_Fomos todos embora – Lupin falou com o olhar perdido como se estivesse lembrando de alguma coisa – A Inglaterra foi ingrata conosco e nossa comunidade também.


_Sicília – Hermione olhou para Lupin com um sorriso, tentando mudar ao ar pesado – Não é de lá a Máfia?


_Sim, mas... – ele deu uma boa risada – Eles vão para Nápoles, matam todos, depois voltam para a Sicília para rezar.


_O que? – ela estava chocada


_É terrível, eu sei. Mas é a vida – notou o rosto preocupado dela – Coma, coma! É só uma brincadeira.


 


Hermione começou a comer devagar, mas não tirava os olhos dele. Tinha um pressentimento de que aquilo que ouvira não era brincadeira. No entanto, resolveu encerrar o assunto. Harry chegou depois que eles tinham acabado de jantar e estavam tomando café. Entrou na sala com um ar cansado. Esfregou a mão na nuca.


_Deus, estou exausto – falou, sorrindo para Lupin – Ainda tem café?


_Claro. – Harry se dirigiu ate a cozinha e voltou com uma xícara de café. Sentou-se na poltrona esticou as longas pernas e suspirou.


_Como esta Rony? – perguntou de repente, olhando para Hermione.


_Muito melhor. Você não foi vê-lo? Pensei que estivesse supre preocupado com ele.


_Eu o vi essa manhã. Só queria saber como você está se saindo com ele.


 


Hermione corou se sentindo uma tola. Não tinha tido a intenção de ser indelicada, só quisera fazê-lo sentir-se arrependido por mantê-la pesa ali. Tomou o café em silencio.


_Quando acha que poderei voltar?


_Ainda não decidi.


_Você não pode me segurar para sempre. Tenho um trabalho à minha espera.


_Ah sim, o seu trabalho.


_Já lhe disse uma vez. Tenho que ganhar a vida. E se ficar sentada em Nova York, como vou poder pagar o meu aluguel.


 


Harry ficou de pé. Andou ate a janela e se encostou à parede, de costas para ela. Hermione o observava com raiva, aborrecida pela maneira como ele a tratava. Harry não se preocupava com os problemas que ela teria que enfrentar quando voltasse para Londres.


_Eu pagarei o seu aluguel – Harry falou com frieza sem olhar para ela – Diga-me quando e quanto e eu mandarei o cheque para quem você quiser.


_Não quero que pague o meu aluguel. Quero voltar para casa e trabalhar.


_Porque diabos o seu trabalho é tão importante? Tudo o que faz é passar o dia semi nua enquanto um idiota fica tirando fotos suas.


_Isso não é verdade! – ela protestou com veemência, os olhos castanhos faiscando de raiva.


_Oh não, claro que não – ele riu com ironia – Então qual era o contrato que você assinou? Eles, que eu tenha lido bem, vendem lingerie.


_Eu ia posar com roupas de dormir – a verdade era que ela não iria posar de roupas, uma outra moça tinha sido escolhida para aquilo.


_O que é a mesma coisa – ele falou, saindo de perto da janela e se aproximando dela com as mãos enfiadas nos bolsos da calça.


_Não, não é.


_Aquela linda camisola que você estava usando naquela noite – ele falou, percorrendo o corpo dela com os olhos – Era uma modelo, não era?


_Recebi algumas como parte do negocio – ela murmurou, agindo daquele olhar experiente.


_Não tenho dúvidas. O que mais eles deram para você?


_Um contrato, nada mais.


_De qualquer forma, o seu trabalho não é dos mais importantes. O mundo não vai parar por sua causa, srta. Granger. Não há pressa em voltar.


_Como ousa fazer isto comigo?! Não pode decidir a minha vida. Sou um ser humano, não um pedaço de papel num arquivo do seu escritório.


_Um pedaço de papel é a ultima coisa com a qual eu a compararia. Você tem muito mais forma.


_Seu bruxo desgraçado! – ela gritou irritada com ele.


 


Harry se virou devagar e com um olhar felino sobre ela. Hermione não sabia exatamente o que tinha feito, mas dessa vez ficou com muito, mas muito medo mesmo.


_Do que você me chamou? – ele perguntou furioso – Repita Granger.


_Não chamei de nada – ela percebeu o que tinha feito, tinha entregado sua verdadeira natureza – Vou descansar um pouco, boa tarde. – e saiu correndo em disparada pro seu quarto. O homem correu pra pega-la e conseguiu, bem no corredor.


_Você me chamou de bruxo – ele gritava a segurando pelos braços com uma força extrema – Explique-se.


_É que você é ruim feito um – ela tentava se soltar, mas a raiva dele era tanta que nem de perto conseguiu.


_Acha que eu sou algum tipo de idiota? – os olhos dele estavam tão verdes quanto nunca, sua boca tremia de raiva e suas mãos a apertavam tanto como se quisesse esmagá-la. – Acredita em magia Granger?


_Claro que não – ela respondeu de imediato e tentou rir para despistar – Magia é coisa de criança, você já esta bem velhinho pra isso.


 


Harry a soltou devagar, mas sem deixar de olhá-la, parecia que ela disse exatamente o que ele queria ouvir. Hermione respirou fundo e se fazendo de desentendida ainda insistiu um pouco na conversa.


_Por que esse estresse todo apenas porque te chamei de bruxo? – Harry a olhou com calma e sorrindo de leve disse.


_Nada não – e como se nada tivesse acontecido se virou e foi pro seu quarto – Amanhã tenho o dia livre. Iremos ver Rony a tarde.


 


Hermione apenas disse O.K. e voltou e foi direto pro seu quarto. Quando decidiu abandonar o mundo da magia escondeu sua varinha no piso falso da sua cozinha e se amaldiçoou por tê-la deixado lá. Se a tivesse trazido já poderia ter saído daquele apartamento a tempos. Mas ficou feliz em saber que Harry não lembrava dela. Também, estava tão diferente daquela época e porque ele lembraria de uma coisinha a toa insignificante. Ela se jogou na cama ressentida. Tinha que sair da vida dos Weasley e do Potter, se acaso alguém a conhecesse como bruxa, Harry a mataria por ela ter omitido essa informação dele.


 


PA


 


No dia seguinte, pouco antes de eles saírem para o hospital, houve um telefonema. Lupin atendeu. Um sorriso iluminou o rosto dele, que começou a falar em italiano. Depois de um momento, colocou a mão no aparelho e virou-se para Harry.


_É Luna. Ela quer saber quando pode ver Rony.


_Logo – Harry murmurou, olhando para Hermione.


 


Eles foram para o hospital em silencio. Hermione, sentada ao lado de Harry, o olhava de vez em quando, querendo saber quem era a tal Luna. Toda vez que olhava para o lado encontrava os olhos deve fixados nela. Não conseguia enfrenta-lo por muito tempo, e acabava virando o rosto. Rony estava alegre, mas um pouco irritado.


_Quando poderei sair deste lugar? – perguntou, tendo Hermione do seu lado direito e Harry do lado esquerdo.


_Espero que possa sair logo – Hermione respondeu feliz por vê-lo já recuperado – Quanto mais cedo melhor.


_Está sentindo minha falta? – Rony sorriu com carinho.


_Claro – ela deu-lhe um sorriso gentil, mas afastou os olhos. Rony a observou com uma expressão de felicidade, depois se virou para Harry.


_Hei, você pode ser o nosso padrinho! Você adora usar fraque e cartola!


_Está planejando um casamento mais estilo inglês do que italiano?


_Sim, é verdade. Mamma não vai gostar, mas terá que aceitar. Não quero um casamento siciliano, é muito tradicional.


 


Hermione ouvia com tristeza, pensando no desapontamento de Rony quando descobrisse que ela não se casaria com ele. Olhou para Harry com os olhos frios. Condenava-o, desejando que ele parasse de manipular a vida dela.


_Você ainda não conheceu mamma, não é? – Rony perguntou a Hermione – Ela é formidável. Conseguiu nos educar sozinha. Deve ter sido difícil para ela, sete filhos, depois que papai morreu. Ainda bem que Lupin e Sirius foram embora com agente pra Itália. Fomos uma família muito unida, e demos a volta por cima depois que o Ministério da Mag...


_Hermione a conhecerá logo – Harry falou interrompendo Rony, como se ele tivesse falado demais.


 


Mas Hermione sabia que ele iria falar Ministério da Magia. Ela sabia bem da história que o ministro abandonou a família Weasley depois da morte do patriarca da família e tirou tudo deles. O que aconteceu com eles de fato, ninguém sabe. Só se sabe que anos depois eles voltaram e acabaram com todos que os fizeram mal. Uma família unida, porém perigosa.


_Você já comprou seu vestido de noiva? – Rony perguntou voltando ao assunto: casamento – Espero que seja muito sexy! Quero exibi-la para todos os meus amigos.


_Não vamos falar sobre isto – ela disse bruscamente – Dá azar.


 


Hermione não podia mais suportar aquela situação. Só podia esperar que Rony estivesse completamente recuperado para saber da verdade.


_Falei com o Dr. Leslie – Harry falou – E ele disse que você poderá sair daqui dentro de poucos dias.


_Que maravilha! Porque você não me disse antes?


_Queria que fosse uma surpresa – e lançou um olhar zombeteiro para Hermione.


_Não é maravilhoso? – Rony apertou a mão dela


_Maravilhoso mesmo – Hermione concordou. Estava chegando à hora de ele encarar a realidade e ela não sabia se teria coragem de machucá-lo.


_Decidi tira-lo de Nova York durante sua convalescença – Harry anunciou. Hermione olhou para ele assustada e alarmada. Sentiu um tremor interno.


_Para onde? – Rony perguntou animado, quase caindo da cama de entusiasmo – Algum lugar quente, eu espero. Adoraria um pouco de sol depois deste hospital. É como morar no castelo do Drácula.


_Vou levá-lo para casa – Harry falou, olhando para Hermione com uma expressão bastante calculista – para Soluto.


_Soluto? – ela perguntou sentindo a garganta seca.


_Sicília – ele disse com tranqüilidade. Ela sentiu o coração parar.


 


Sicília! Hermione procurava esconder o que sentia. O corpo dela gelava. Será que Harry esperava que ela fosse com Rony para lá? Ela não iria. De jeito nenhum. Por outro lado, talvez ele tivesse decidido levar Rony para bem longe dela. [Sim, era isso], pensou amargurada. Harry a queria longe do irmão. Bem, isso era ótimo para ela. Gostava muito de Rony, mas não iria se casar com ele só para agradar o irmão.


_Nem posso esperar – Rony falou excitado como um menino – Não é mesmo, Hermione? – o olhou com um sorriso ausente e então as palavras começaram a fazer sentido. Estremeceu.


_Não posso esperar! – ela repetiu tentando esconder o pânico.


_Você não está escutando... – ele falou com ternura – Diga-lhe Harry.


_Nós vamos passar uns dias na casa da família, na Sicília. – Harry explicou, com cinismo. Parecia se divertir – Nós três.


 


Hermione arregalou os olhos. Sentiu o ódio crescer ao sentir o sorriso irônico de Harry. Gostaria de poder dar um tapa na cara dele.


_ Poderemos nos casar lá – disse Rony encantado.


 


Mas Hermione não estava ouvindo. Olhava para Harry Potter e sentia um ódio profundo.

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