O lado Malfoy dos Weasley



Capítulo III
O lado Malfoy dos Weasley



A água caia fresca pelo seu rosto enquanto os pensamentos fluíam. Ele sempre fora assim, pensava demais quando estava parado e de menos quando no meio da ação, uma bela mistura do casal que o gerou.

Hoje ponderava sobre si mesmo... Sempre acreditara que viera ao mundo para quebrar regras, já que rótulos e convecções não eram o seu forte, definitivamente. Mas desde que entrara para a Grifinória, sua suposição virou certeza. Afinal, ser o primeiro Malfoy da história a não cair na Sonserina era realmente o que se podia chamar de inovações.

-Lúcifer, filho, vamos logo, esta quase na hora...

Começou a tirar o xampu do cabelo lembrando de como sua mãe tinha um sorriso lindo, daqueles que desarmavam qualquer um. Não era de se admirar que tivesse conquistado seu velho, mesmo os dois sendo tão diferentes... Infinitamente diferentes.

O que ele achava estranho, foi o pai ter conquistado ela, isso sim. Ainda mais com aquele humor (ou deveria dizer falta de humor?).

Volta e meia se pegava pensando como ele conseguiu. Talvez fosse o charme, algo que o rapaz torcia para ter herdado também, afinal à senhora Gina Weasley Malfoy sempre lhe pareceu apaixonada pelo marido. E ele sonhava em ter uma esposa tão apaixonada quanto a mãe algum dia.

Sua tia Hermione costumava contar que a união dos dois, na época, fora um choque para os Weasley (bom, para os Malfoy com certeza também o fora, mas os poucos que sobraram vivos – lê-se: sua avó Narcisa – não costumavam comentar o assunto), mas que com o tempo as coisas foram se encaixando e agora tudo parecia muito natural. Se bem que tio Ronald não compartilha dessa opinião, sempre resmungava irritado quando tocavam no assunto.

Lúcifer concordava com a tia, afinal, era sabido por todo o mundo mágico que Lorde Voldemort nunca teria sido derrotado se seus pais não tivessem se apaixonado.

“O mané do Santo Harry Potter não teria derrubado o cara sozinho...” Pesou enquanto tirava o sabão do corpo.

Os irmãos Malfoy tinham uma relação estranha com os filhos da lenda, algo entre o amor e o ódio. Lúcifer era o único deles a se dar melhor com JS, não era grudado nele tanto quanto com os primos de sua idade, Alan, Anna e Albert, mas tinham um ótimo relacionamento no “frigir dos ovos”. Algo que não acontecia com seus outros irmãos os quais adoravam irritar os Potter, e vice versa.

Quanto a Lúcifer... Bom, só havia uma pessoa no mundo que ele achava divertido de irritar.

-Malfoy! Será que é tão difícil sair desse banho, sua noiva! Você não vai casar não, sabia... A gente só está voltando pra escola.

-Se você é desleixada com a aparência eu não sou, GRANGER!

Sua doce prima Elizabeth Granger Weasley.

Costumava chamá-la de Granger só pra irritar e ela o chamava de Malfoy pelo mesmo motivo. Não que Lizzy se encomendasse com o sobrenome da mãe, para ela isso não era um xingamento. E nem ele considerava assim seu próprio, mas era uma forma carinhosa que tinham de se lembrar que detestavam ser primos pelo lado Weasley de ambos.

Ela deu mais três batidas na porta.

-Anda logo, se não...

-Se não o que, Granger? Vai entrar aqui par me tirar do chuveiro??

“Ela provavelmente deve estar da cor dos cabelos agora” pensou, sorrindo satisfeito diante do silencio que se seguiu.

Não era pra menos, Lúcifer tinha o orgulho de se considerar o único primo que consegui fazer aquela chata calar a boca. Os gêmeos de Fred também conseguiam, às vezes, mas eles precisavam derrubá-la (já que eram menores) e amordaça-la. Lúcifer achava essa técnica muito arriscada, Lizzy não costuma ficar amordaçada muito tempo.

Novas batidas.

-Lúcifer, cadê o seu perfume?

-Está num lugar bem longe de você, pirralho!

Descrição de pirralho: garoto com cabelos platinados de 14 anos de idade, convencido, nojento e imprestável que ele tinha o desprazer de chamar de irmão e que atendia pelo mesmo nome do seu pai, com um acréscimo de “segundo” no final.

-Mas eu preciso dele!

-Nem pensar!

Ele chutou a porta, irritado. O mais velho não deu atenção.

“Não sei pra que meus pais tiveram três filhos, juro. A Loureine da até pra entender, tiveram um menino, depois tentaram uma menina... Pronto... Pra que mais um filho? Me digam????”

-Lúcifer, pelo amor de Merlin, sai logo daí pra irmos embora...

O loiro abriu a porta do banheiro, mesmo não estando devidamente arrumado para isso. Trazia a blusa branca totalmente aberta e a toalha por sobre os ombros, com a qual usava uma das pontas para secar o cabelo.

-Que foi dessa vez? Puxaram seu cabelo de novo? – perguntou à irmã que trazia os fios loiros presos em um rabo de cavalo para tentar mantê-los no lugar.

Loureine também tinha uma estranha mistura de seus pais. O corpo aparentemente frágil e as sardas da mãe, unidos a um cabelo platinado e olhar expressivo de Draco Malfoy. Mas, mesmo ele a achando uma graça de menina, não dava para culpar os primos por implicar com ela. Ela era simplesmente INSUPORTAVEL quando queria ser. E normalmente ela queria.

O velho Malfoy nunca aparecia nesses tradicionais fins de semana, antes do começo do ano letivo deles. Não costumava ir a Toca já que ele e o Santo Potter não se davam nada bem e a presença da “lenda” sempre fora constante no lugar. A bem da verdade, seu pai não se dava nada bem com ninguém. Mas Lúcifer achava que só de imaginar dar de cara com o outro, a pele do seu velho começaria a empolar de alergia...

Ele sentiu uma luz excessiva por sobre sua imagem, o barulho de flash logo o fez entender o que acontecera.

-Daisy! Eu não acredito que você tirou uma foto minha assim!

A sorridente filha de Percy Weasley soltou uma gargalhada gostosa, enquanto escondia a maquina atrás do próprio corpo.

De todas as mulheres de sua geração, Lúcifer sempre achara ela a que mais se parecia com sua mãe. Mais até do que sua irmã, já que os cabelos eram cor de fogo e os olhos não transmitiam aquela arrogância tão comum dos Malfoy.

A única diferença eram as ondulações dos fios, que viviam amarrados por conta do volume e os óculos, que ela ostentava com orgulho. Costumava dizer que os melhores apanhadores sempre usavam óculos, e ela dava bastante trabalho ocupando esse posto no time da Lufa-lufa.

-Ah primo, é um presente para uma amiga querida...

-Amiga querida o caramba, Daisy, você não vai dar uma foto minha sem blusa para ninguém!

-Mas você está de blusa! Ai Lúcifer, deixa de ser chato vai! O JS deixaria...

-O JS adora aparecer Daisy! Eu não! Agora me da isso aqui!

-Se tentar me pegar vou chamar o padrinho!

Ah sim, padrinho. Harry Potter era padrinho de dois dos seus primos Weasley, Lizzy, filha de Ron e Hemione, logicamente e Daisy. Percy lhe pedira para batizar a filha após ter sido salvo da morte pelo cara. Por isso, ouvi-la chamando-o de padrinho sempre remetia os Malfoy as horas intermináveis de discurso sobre gratidão que tiveram que aturar de seu tio Percy, antes dele falecer.

Ele deu um passo em direção a prima, mas teve que repensar sua ação ao ouvir vozes mais altas vinda do quarto dos meninos.

-Já mandei largar isso, quatro olhos!

Bella Lílian - que era obrigada por Hermione a usar os óculos que detestava quando estava na Toca - e Draco II deviam estar no mesmo recinto por mais de meio segundo já... Eles sempre conseguiam arrumar um bom motivo para brigarem quando extrapolavam esse tempo no convívio.

-Larga isso, você! Rato albino! Esse perfume não é seu!

Lúcifer deu um pulo que economizou todos os passos que precisaria para alcançar a porta, a abriu de supetão, dando um susto nos dois. Mas chegou tarde demais.

Com o susto, Bella e Draco soltaram juntos o vidro do perfume o deixando espatifar em mil pedacinhos no chão.

E, como se tudo isso não bastasse, Albert e Alan apareceram no exato momento em que ele lamentava a perda do seu Dolce and Gabbana.

-Pó, Lúcifer! Precisava empestear a casa toda desse jeito?

Vindo de um troglodita de dois metros de altura por cinco de largura, não era de se admirar que o filho de Carlinhos não fosse muito ligado a certos cuidados. Na opinião do loiro o apresso pela boa aparência era algo que somente os três Malfoy ali compartilhavam... Eles e Charlotte, filha do seu tio Gui com a ex-esposa francesa... Não lembrava o nome dela agora.

Mesmo assim, o fato de Albert não entender o que era um Dolce and Gabbana e, conseqüentemente, a perda de um, realmente tirava Lúcifer do sério. Tanto que ele nem se importou com o tamanho do primo ao dar-lhe um olhar assassino.

O ruivo de cabelos encaracolados não deu a mínima para isso, porém. Esticou o pescoço por cima de seu ombro direito, para ver a mesma cena que ele, enquanto Alan fazia o mesmo, sobre o seu ombro esquerdo.

Os dois riram.

-Ih! Parece que você vai ter que se virar sem seu perfuminho predileto em Hogwarts... – zombou Alan, que sabia que o velho Malfoy havia informado que não lhe daria mais nenhum perfume até seu aniversário, quase no final do ano letivo – As meninas vão reclamar, primo.

Lúcifer bufou descontente.

–Bom, já estão todos pronto? – Albert perguntou a Daisy, que assentiu com a cabeça – Estou descendo para pegar o carro.

Draco foi o primeiro a seguir o grandalhão. Passou pelo irmão sem encará-lo. Daisy, logicamente, já havia sumido na confusão. Quanto a Potter, ela teve ao menos a decência de lhe pedir desculpas pela perda do perfume.

-Tudo bem... – disse tentando se acalmar – Você não teve culpa, esse pirralho que é uma peste mesmo.

-Nisso você tem razão o seu irmão é uma mala sem alça, alias, igualzinho a todo Malfoy e... – o olhar que Lúcifer lhe deu fez a garota repensar o comentário que ia fazer – Er... Desculpa. Às vezes eu esqueço que você também é um...

Ela se retirou rapidamente. Loureine e Lúcifer já começavam a fazer o mesmo quando a porta do quarto das meninas também foi aberta.

-Então o primo lindo já saiu do banho? – eles viraram-se para encontrar os olhos verdes de Charlote.

-Sabe que você fica bem melhor me chamando de lindo do que brigando por conta do Potter, Lotte?

-Eu, brigando? Quando? – desconversou ela.

-Finalmente, - Anna aparecera logo atrás da outra - eu queria chegar em Hogwarts antes da nossa formatura, Lúcifer... Céus, como você demora... – disse descendo a escada em seguida.

-Ah, vejo que o primo MALA finalmente saiu do banho. – era a voz de Lizzy, a última a sair do quarto das menina.

-Mala, mas gostoso, prima... Confesse. – brincou Charlote. Mas ela não confessou, apenas fechou a cara e desceu as escadas.

-Pai, finalmente a lesma oxigenada do Lúcifer já está pronto! Podemos ir. – gritou, seguida por um “Oh! Finalmente” dos demais primos que aguardavam na sala juntamente com o resto da família.

-Lesma oxigenada é a mãe, seu fósforo ambulante! – respondeu ele, dando de cara com Hermione ao fim da escada – Er... Desculpa tia... Foi modo de dizer.

A mulher lhe deu um meio sorriso não muito animado.

-Quando vocês dois vão parar com essas implicâncias infantis, heim?

-Quando ele deixar de levar séculos para se arrumar... Todo ano é a mesma coisa para chegarmos a Hogwarts. Não sei pra que tudo isso.

-Eu tenho uma fama de lindo para manter, Lizzy, não da pra chegar de qualquer jeito à estação sabe.

Ela o olhou de rabo de olho enquanto os demais passavam correndo em direção a porta.

-Lindo? – sorriu debochada – Faça-me rir, Malfoy.

-Seu primo é lindo sim, Lizzy. - foi a vez de Molly se intrometer - E pare de tratá-lo pelo sobrenome. Ele é seu primo! Que coisa mais feia.

Lúcifer deu-lhe um sorriso mais debochado ainda, Elizabeth nunca percebia que ele parava de chamá-la pelo sobrenome quando estava perto da avó. E SEMPRE caia na besteira de tratá-lo formalmente na hora errada.

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