Vergonha!



Capítulo Nove

VERGONHA!

- Dá tempo para eu me trocar?

A passos largos, Andi e Snape encaminhavam-se para as masmorras.

- Não. Os elfos-domésticos já serviram o jantar.

Continuaram andando.

- Como você soube onde me encontrar?

- Eu tenho meus métodos, Srta. Carver.

Chegaram ao quarto. Snape abriu a porta e permitiu que Andi entrasse primeiro. Ela entrou – e congelou.

A lembrança da vergonha que sentira naquela tarde a fez corar violentamente enquanto ela olhava para os frutos do mar maravilhosamente dispostos na mesa.

Peixe!

Levou alguns momentos para que a raiva que Andi sentia pudesse ser traduzida em palavras.

- Você é realmente um grande idiota – ela disparou. – Sim, eu entendo que você tenha feito uma brincadeirinha sobre os meus astros e o peixe mais cedo, professor. Mas não é só porque você teve uma boa visão da minha bunda ontem que você pode se comportar como um adolescente que não pode deixar passar uma piada...!

“... Eu estava mal. Eu estava vulnerável. Eu estava inconsciente, pelo amor de Deus! Que bom samaritano você tem saído! Bem, eu espero que você tenha apreciado o espetáculo! Agora, se você não se importa, eu acho que prefiro comer no meu quarto. Sozinha!

Andi passou por Snape em disparada e foi-se pelo corredor.

- Srta. Carver...

- Dane-se!

- Srta. Carver, o seu quarto fica para o outro lado.

Ela parou imediatamente.

Merda!

Com o máximo de compostura que ela pôde reunir, virou-se e começou a andar para o outro lado.

Snape continuava recostado à porta, observando-a. Seus braços estavam cruzados e na sua boca abria-se um infame sorriso.

- E talvez seja do seu interesse – ele disse enquanto Andi passava por ele – ... a idéia de servir frutos do mar foi dos elfos, e não minha.

Ela parou novamente.

- Ah. – Voltou-se para ele, desconcertada. – Foi mal.

- Essa resposta dificilmente pode ser vista como adequada, considerando as acusações e abusos jogados contra mim, mas eu sobreviverei. Agora, podemos entrar...? – ele gesticulou para a sala.

Que temperamento, Andi pensou enquanto lentamente entrava na sala. Por causa dele, eu tive que agüentar um inferno, e agora ele reclama do meu pequeno surto...

Mas ela estava com fome, e a refeição parecia deliciosa.

Mais uma vez, o jantar começou em silêncio – porém, Andi estava feliz com isso. Seu corpo ainda estava tenso por causa do constrangimento de ter tirado conclusões precipitadas e pelo que ela sabia que ele vira no dia anterior.

- Eu não sabia que você tocava piano, Srta. Carver.

A voz de Snape cortou o silêncio; Andi sobressaltou-se.

Teve que pigarrear antes de falar.

- Você não tinha como saber, já que não é muito fã de jogar conversa fora.

- Eu não lhe creditaria qualquer tipo de talento.

Andi piscou algumas vezes. Ele tem noção do que fala?

- Bem, obrigada, professor, – ela respondeu acidamente – pelo que eu acho que foi uma tentativa de elogio.

Ela continuou comendo. Tomou um gole de vinho.

- ... E já que estamos despejando elogios... Eu fiquei surpresa com o truque que você fez hoje à tarde na minha porta. Deve ser bem útil poder fazer as coisas aparecerem e desaparecerem. – O olhou irritada. – Eu queria poder fazer isso, algumas vezes.

- Eu sinto que você teria que ter nascido com sangue bruxo para tanto, Srta. Carver, e eu não detecto mágica alguma em você.

- Bem, você tem sangue bruxo, professor, mas eu posso lhe assegurar que não vejo nada de mágico em você, também.

Ela mastigou lentamente.

O que diabos foi isso?

Por que disse aquilo?

- … e para que eu não mais incomode, – ela continuou – eu devo lhe informar agora que planejo dar uma caminhada amanhã e depois praticar música na sala do piano à tarde.

- Obrigado.

Novamente, silêncio.

- Você… Você teve notícias de Alvo Dumbledore, por um acaso? – Ela perguntou lentamente.

- Nós temos nos comunicado, sim.

- Ele deu alguma previsão de quando eu poderei voltar para casa?

- Apenas que não poderá ser antes da lua-cheia. – Confusa, Andi o olhou. – A lua-cheia acontecerá daqui a três dias – acrescentou.

- Eu estou presa aqui por mais três dias! – choramingou.

- Pelo menos – ele disse, asperamente.

Andi recostou-se à cadeira e descansou os talheres em seu prato. Mais três dias?! Pelo menos?!

- Eu acho que preciso respirar um pouco de ar puro – ela disse, levantando-se da cadeira.

Snape também se levantou, caminhando até a porta e segurando-a aberta.

- Srta. Carver...

Já no meio do corredor, Andi voltou-se para Snape.

- …não vá muito longe. As coisas tendem a ficar diferente à meia-luz e é fácil perder-se. E eu não quero sair à sua procura.

.-.

Andi caminhou pelo gramado, na direção do lago e do grande salgueiro à sua margem. O ar noturno estava quente e suave, o céu exibia um profundo tom de violeta e alguns morcegos pairavam sobre sua cabeça.

Mais três dias?!

Sua mente rodopiou com todas as razões para ela não querer, de maneira alguma, continuar ali.

Vagou pela margem do lago, até que um belo perfume atingiu suas narinas.

Andi olhou para baixo. Seu pé tinha batido numa flor branca, pequena e brilhante. Haviam centenas delas crescendo naquela parte do lago, todas brilhando à luz do luar.

Ela se abaixou, pegou aquela que o seu pé tinha batido e a cheirou.

O cheiro era forte e inebriante, porém maravilhoso – como uma poderosa madressilva ou mimosa. O perfume era tão magnífico que ela não conseguiu deixar de soltar um suspiro de prazer.

Andi colheu um pequeno buquê delas e caminhou de volta para o castelo.

Já em seu quarto, ela arrumou as flores num copo e as deixou em sua mesinha de cabeceira enquanto dormia.

XxXxXxX

Reviews, por favor.

Bjus para a Lara, que betou, e para Nandda, Ana Lucia e Shey, que revisaram!

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