A Vidente



CAPÍTULO 10

A VIDENTE

Andi sentia-se muito bem quando acordou na manhã seguinte.

Tentou se lembrar do sonho que tivera naquela noite, porém, quanto mais ela o buscava em sua memória, mais a lembrança se esvaía... Deve ter sido bom sonho; os lençóis da cama estavam totalmente revirados.

E ela se sentia disposta e com vontade de trabalhar em seu concerto. Adiaria, portanto, a sua caminhada matinal, indo, ao invés, direto para o primeiro andar.

Andi entristeceu-se ao perceber que as rosas cintilantes não sobreviveram à noite: já sem brilho algum, elas pendiam mortas nas bordas do copo no qual haviam sido depositadas.

Com a sua partitura em mãos, ela apressou-se pelo Salão Principal e subiu a escadaria na qual havia as estátuas de tatus no corrimão. Por segurança, Andi seguia o mapa que Dumbledore lhe dera: apesar de sempre achar que conseguia se lembrar dos caminhos, nunca lembrava.

Quando ela já subira a metade da escadaria, ouviu-se um terrível um rangido e os degraus abaixo dela começaram a estremecer. Andi se agarrou ao vão da escada.

Aquilo não podia ser bom...

Olhou por todas as direções e choramingou quando finalmente percebeu que a escadaria estava se movendo; deslizando lentamente, tal qual uma corrida de carrossel. O topo da escada pairou pelo ar até encontrar chão, à direita.

Andi não se moveu.

Ela poderia subir, ela poderia descer... Mas, que diabos!, ela não voltaria para pedir a ajuda de Snape!

Lentamente, ainda um pouco trêmula, Andi subiu o restante do lance de escada e observou aonde chegara. Agora ela não tinha um mapa. Como acharia o Salão?

O melhor, ela decidiu, era caminhar numa linha reta e virar a esquerda em algum lugar... Mas, aparentemente, isso a levou a um local completamente diferente do desejado.

Agora, admitindo-se totalmente perdida, Andi apenas vagava na esperança de topar em algo familiar.

- Ah, minha criança, você está perdida...

Andi sobressaltou-se ao ouvir aquela voz dura e rouca. Olhou ao seu redor e viu uma pintura a óleo de uma mulher muito velha sentada à uma mesa redonda. A mesa estava coberta por um tecido prateado com bordas douradas – um belo artefato que chamava atenção naquele quadro escuro e sem vida. Jaziam encima do tecido o que parecia ser cartas de baralho.

- Sim... Eu estou perdida. Eu preciso ir para…

- Fique por um momento. Eu sou a Vidente... A mulher Sábia. Venha, deixe-me ver a palma da sua mão e eu lhe direi o que vejo...

- Oh, eu acho que nã...

- Eu acho que pode, sim.

Tinha algo no tom de voz da velha mulher que levou Andi a parar para prestar atenção no que ela poderia dizer.

- Tudo bem. – Ela mostrou-lhe a palma da mão, como pedido.

- Ah! – exclamou a mulher quase imediatamente. – Uma dinastia feminina. Você traz o nome da família da sua mãe e da mãe antecedente.

Andi engoliu no seco.

- Sim, é verdade. Carver era o nome da minha avó.

- Elas eram espíritos livres. Não vejo alianças em nenhuma delas.

- Não – ela disse lentamente.

- Você tem vergonha da sua mãe, eu vejo.

Andi engoliu seco mais uma vez. Não se importaria se os seus pais simplesmente não fossem casados; mas ser o resultado de uma rapidinha de uma bêbada com um estranho atrás do cinema local nunca fora fácil para ela.

- Ela me abandonou – Andi respondeu.

- E você a substitui pela música. Quem é Josefina?

- Minha avó.

- Você a amava profundamente.

- Sim. – Andi suspirou.

- E ela criou a sua mãe sem um casamento. Mas eu não lhe vejo sentir vergonha nenhuma dela...

- Com ela foi diferente. Minha avó estava apaixonada. Minha mãe sequer sabia o nome do meu pai.

- Sua mãe foi concebida aqui.

- Sim. Na Escócia. Minha avó estava de férias.

A Vidente encarou Andi com os olhos brilhando, antes de voltar a sua atenção para a palma da sua mão.

- Quem é Alice?

- Eu não conheço nenhuma Alice.

- Alice é muito importante. Ela traz uma pergunta que você quer muito ter respondida. Na completude da lua ela traz Ansuz, a runa mensageira, e a sua questão será respondida. Ela lhe trará clareza. Ela lhe trará um sinal para que você confie na sua intuição. Você deve esperar o inesperável, minha criança.

Esperar o inesperável? Nesse lugar? Ela só pode estar brincando! Eu já dei uma matinê para fantasmas e andei em escadas moventes…

- Mais uma coisa – a Vidente se inclinou, dando a impressão de ficar mais perto te Andy. – Eu vejo algo em você, minha criança. Algo crescendo... Por que eu estou vendo flores?

- Eu não sei. Eu colhi algumas ontem à noite – ela disse –, mas estavam todas mortas hoje de manhã.

A Vidente a encarou ansiosamente.

- Que tipo de flores?

- Umas pequenas e brancas. Elas brilhavam e tinham um perfume muito forte.

- Nox Adamus. Diamante da Noite. Um ingrediente poderoso para muitas poções. Você as levou para seu quarto?

- Sim. Não deveria? – Andi sentiu-se ansiosa. As achara bonita, somente.

- Isso depende de muitas coisas com o ciclo da lua. – A velha senhora deu um grande bocejo e apertou os lábios. – Isso é tudo que posso lhe dizer, acredito. Não vejo mais nada. Espere pelo sono e espere o inesperável, criança.

E ela dormiu.

Andi ficou lá, pasma. Como ela podia dormir naquele momento? Andi tinha tantas perguntas...

Ela esperou de frente à pintura, desejando que a Vidente acordasse... mas ela não acordou. Ela adormeceu pacificamente.

Lentamente, Andi vagou pelo corredor. Sua mente zunia com tudo que a Vidente dissera.

Não conhecia nenhuma Alice. Como Alice podia ser importante? Como ela podia trazer a resposta para uma pergunta que Andi sequer tinha feito? E o que diabos tinha demais com o tal Diamante da Noite? Tudo que ela fizera foi colher um pouco...

E então ela lembrou que estava perdida.

Uma familiar onda de pânico começou a revirar o seu estômago; um sentimento que sempre a atingia quando estava perdida.

Ela atravessou corredores após corredores. Nada lhe era familiar. Ocasionalmente ela parava para perguntar às pinturas se sabiam onde ficava a sala de música, mas nenhuma sabia...

Onde diabos ela estava?

O pânico se acentuou. Começou a correr, desesperando-se cada vez mais quando chegava a corredores que terminavam em becos sem saída. Entrava em qualquer buraco, esperando achar alguma escada ou qualquer coisa que indicasse o caminho, mas as únicas escadas que ela achou iam para andares de cima.

Começou a transpirar.

E se ela ficasse perdida durante o dia todo, talvez a noite toda? E se nem todos os fantasmas fossem bons, como os de ontem? Snape não mencionara um poltergeist? E ela teria que dormir no corredor?

Sua mente estava lotada com o pânico... e o Diamante da Noite, e a Vidente, e o espere o inesperável...

Ela dobrou em mais uma entrada e gritou assim que se chocou contra Snape.

- Oh! Graças a Deus! – estava tão aliviada que chegou a quase abraçá-lo. Snape deu um passo para trás de modo a ficar fora do seu alcance, e Andi recuou os seus braços tão rapidamente quanto. – Eu estou perdida. Eu não faço a mínima idéia de onde estou.

- Eu percebi. Por aqui.

Andi o seguiu por mais alguns corredores – alguns ela reconheceu vagamente – e então viu o retrato da Vendedora de Leite e finalmente soube onde estava.

Eles pararam do lado de fora da porta verde. Ela virou a maçaneta e olhou com alívio para o Salão.

Virou-se para ele.

- Obrigada – disse com sinceridade. – As escadas se moveram… Eu tive uma manhã bem estranha e eu… - e viu a expressão no rosto dele. – Desculpe-me. Eu não vou lhe segurar por mais tempo.

- Eu virei lhe pegar às seis horas. Se não o fizer, afinal, temo que nós acabemos tendo de jantar à meia noite. – Acenou curtamente em despedida a saiu.

XxXxXxX

Reviews, por favor.

MTO obrigada a Olívia Lupin e a Lulu-lilits, que revisaram... E, naturalmente, a minha maninha linda, a Lara, que betou!

PS.: Por onde andarão as pessoas que estão lendo a fic???? O.o

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