Capítulo Dois



Capítulo Dois - Futuro

Harry acordou sentindo a vista embaçada. Piscou três vezes para ver melhor. Enxergou tudo branco. "Será que estou no hospital ou morri?" Procurou se sentar, temendo sentir alguma dor, mas esta não veio. Tateou na cabeceira ao lado, procurando os óculos. Quando o colocou, não pode deixar de ficar surpreso.

Se aquilo era um quarto de hospital, então tinha ganhado na loteria. Pois aquilo não lembrava nem de longe um quarto de hospital. Era amplo com uma porta que dava para um closet. Uma enorme penteadeira com um banco de madeira almofadado. Ao lado dela, uma porta que dava para o banheiro.

Olhou ao lado e tomou um susto. Não estava deitado numa cama de solteira e sim, numa enorme king-size de mogno, enfeitada com lençóis de cetim. Havia outro conjunto de travesseiros além do dele.

"Eu morri? Só pode ser. Um hospital não tem nada disso. Mesmo que for particular." Hesitante Harry colocou os pés no chão e levantou-se, sem nenhuma dor. Vestia apenas uma samba-canção preta. "Decididamente, não estou no hospital. Mas onde será que estou?"

Foi até a janela que dava para uma sacada de um sobrado. Observou melhor e viu que casas em volta eram enormes e luxuosas. Todas em estilo europeu. Um enorme muro as cercavam e logo Harry deduziu ser um condomínio fechado.

“Eu estou sonhando, é isso”. Daqui a pouco, vou acordar numa cama de hospital com fraturas.

- Harry, acorda!!! O café está na mesa!! - uma voz lhe chamou no andar de baixo.

"Quem será que está me chamando?" Harry abriu a porta pra descer e estancou. Não podia ir lá embaixo seminu. Olhou pros lados procurando uma roupa e encontrou uma calça jeans e uma camiseta numa cadeira ao lado da cama. "Essas roupas são minhas, tenho certeza." Vestiu a roupa e desceu após passar por um enorme corredor que abrigava mais três quartos e um banheiro.

Sentiu um delicioso aroma de café ao chegar à ampla sala. Observou tudo atônito. Havia uma sala de TV com uma enorme tela plana e um home teacher, sofás confortáveis, um sala de jantar com mesa para dez, com uma lareira. "Meu deus, se isso for um sonho, não quero acordar."

Harry seguiu o cheirinho de café e entrou na enorme cozinha. Tal foi seu susto ao ver uma mulher ruiva vestida de branco colocando a mesa do café. Ela olhou para ele sorrindo.

- Bom dia!!

- Quem é você?? - Harry deixou escapar seu espanto. Ela riu.

- Oras Harry. Quem mais poderia ser? Sua namorada, Ginny!! - ela respondeu em tom brincalhão.

Por um momento, Harry pensou não ter escutado direito. "Namorada? Mas eu não tenho namorada! Eu teria se a Hermione não estivesse.." hesitou ao pensar na amiga. Nunca se sentira tão arrasado quanto estivera quando ela apresentou o namorado.

- Anda logo, se não vai se atrasar! - Ginny o puxou para a mesa, sentando-se ao seu lado. - Trabalhei muito essa noite e quero descansar. - encheu seu prato de panquecas e waffles. Encheu um copo de suco e se dispôs a comer. - O que foi? Não está com fome?

Harry despertou dos devaneios. Ele nem sabia o que estava sentindo. Estava zonzo, atordoado. Uma hora estava sofrendo um acidente de carro e outra era como se nada tivesse acontecido.

- Eu... - encontrou voz. -... Eu sofri um acidente de carro. Era para eu está num Hospital, mas estou aqui e... - a ruiva arregalou os olhos.

- Ai, meu deus! Outro acidente??? Onde você se machucou?? - Ginny tateou Harry em busca de ferimentos.

"Outro acidente? Como assim 'outro acidente'? Eu só me lembro de ter sofrido um e..." seus olhos se fixaram no calendário perto da janela. 2006. "Esse calendário está errado!"

- Você tem certeza que está bem? - Ginny fez Harry a encarar.

- Tenho. Estou bem. Estou muito bem. Nunca estive melhor. - estava surpreso com tudo aquilo. - Tem certeza que eu sofri um acidente. Você disse "outro acidente"... Qual foi o primeiro?

- Você não se lembra? - Harry negou com a cabeça. - Você bateu numa árvore há um ano atrás ao desviar de um caminhão. Teve uma fratura na perna, mas graças ao cinto e ao air-bag, você sobreviveu. - sorriu e deu um beijo na testa dele.

Como um flash, as cenas do acidente lhe vieram na cabeça. Ele louco para se declarar para Hermione. Ele arrasado ao vê-la com namorado. Ele dirigindo transtornado. O caminhão. A árvore...

"Um ano atrás?? Não é possível! Será que fiquei em coma durante um ano? Mas o que estou fazendo aqui então? Por que não estou num hospital?"

- E você sabe se fiquei em coma? - Harry queria que Ginny o ajudasse a se localizar e a explicar essa loucura toda.

- Em coma? Oh não. Você dormiu algumas horas após a operação. Mas não chegou a ficar em coma. - Ginny sentou-se. - Harry, você sabe disso tudo. Está com amnésia?

"Amnésia? Só pode ser. Mas espera! Eu me lembro de muita coisa! Eu só não me lembro disso..." Contudo, resolveu não assustar a ruiva que dizia ser sua namorada.

- Então é melhor de ir se curando porque temos consulta com o médico na semana que vem.

- Médico?

- Sim, Harry. Eu vou fazer ultrasonografia para saber se nosso filho é menino ou menina. - ele olhou para ela como se fosse louca. "Filho? Essa garota é maluca. Eu não tenho namorada e muito menos filho." Ginny levantou-se e foi então que Harry percebeu certa saliência na barriga dela. "Ela está mesmo grávida."

- Come logo antes que se atrase. Vou dormir. Antes de sair, tranque a porta.

- Mas acabou de amanhecer. - Ginny virou-se para ele.

- Esqueceu que eu sou uma “morcega”? Trabalho durante a noite e durmo durante o dia? Fiquei cuidando de um senhor que vomitou a noite inteira. Ele acalmou um pouco ao amanhecer, mas o estado dele ainda é grave. - suspirou com pesar. - Se alguma coisa acontecer, o hospital me liga. - Ginny deu um beijo nele e subiu as escadas.

"Ela deve ser enfermeira, então". Harry sentou-se na mesa refletindo. Olhou o calendário. "2006. Um ano. Como eu vim para cá? Isso é totalmente impossível" Sentiu a barriga roncando e se pôs a comer. Olhou no relógio e quase engasgou ao perceber que estava atrasado para trabalhar. Terminou de comer e correu para se arrumar. Estancou novamente no meio do caminho.

"Espera ai! Será que eu trabalho no mesmo lugar que antes? Será que me demitiram?" Harry procurou sua pasta de trabalho por todos os lugares e encontrou uma preta, feita de coro e abriu-a. Ela continha vários envelopes e documentos. Procurou e viu o emblema da Archtect e cia. numa pasta de papel. "Ainda bem".

Subiu as escadas. O quarto estava fechado. Ginny já estava dormindo. Abriu a porta devagar e entrou. O quarto se encontrava na penumbra e Harry foi até o closet. Abriu todas as portas procurando suas roupas e viu que a última porta continha ternos Armani, Christian Dior e camisas de linho. "Eu fiquei rico, só pode!" Harry pegou as roupas e resolveu tomar banho no outro banheiro, para não incomodar Ginny.

Desceu as escadas e seus olhos se fixaram no telefone. Pensou em ligar para Hermione, porém conteve-se. A paixão pela melhor amiga ainda batia dentro do peito, mesmo com toda aquela situação. Correu até o telefone e discou o número dela.

- Alô? - uma voz desconhecida atendeu.

- É... é da casa da Hermione?

- Aqui não tem ninguém com esse nome.

- Ah... me desculpe então. Acho que liguei errado. - Harry desligou. "É claro que ela se mudou. Será que ela se casou com aquele Rony Weasley"? Trincou os dentes só de pensar nessa possibilidade.

Olhou para os lados e viu uma agenda telefônica. Pegou-a e foleou-a até chegar letra H. Havia dois números ao lado do nome de Hermione. Um da casa e outro do consultório. Ligou para o segundo.

- Clínica Lewis, bom dia. Em que posso ajudar??

- Preciso falar com a Hermione! - Harry pediu, esquecendo-se das formalidades.

- Desculpe, mas a Srta. Granger está numa reunião importante! Quer marcar uma consulta? - mas Harry já havia desligado. Sem reparar como era seu, pegou-o e dirigiu até a clínica Lewis.

Quinze minutos depois, Harry estacionou o carro numa vaga e correu para a clínica. Havia muita gente na sala de espera que estranharam a entrada do rapaz.

- A que horas a reunião termina? - a recepcionista olhou para ele surpresa.

- Daqui a meia-hora. Em que posso ajudá-lo?

- Quero falar com a doutora Hermione. É um assunto muito importante! - a moça percebeu a aflição do rapaz.

- Vou avisar que o senhor está aqui. Queira aguardar.

- Obrigado. - Harry sentou-se no banco. Algumas pessoas ainda o olhavam intrigados.

Quarenta minutos depois, Hermione saiu da reunião, intrigada pela chegada de Harry. Pensou que fosse algum problema com a Gina.

- Harry? - aproximou-se dele. - O que você está fazendo aqui?

- Eu preciso falar com você, Hermione. Algo muito estranho está acontecendo. - Harry se emocionou ao ver a amiga, mas conteve-se para abraçá-la. Seus olhos se fixaram na barriga dela e na aliança no dedo anelar esquerdo. "Eu devia ter imaginado..." sentiu uma enorme tristeza tomar conta de si.

- Algum problema com a Ginny? O bebê está bem? - Hermione perguntou preocupada.

- O quê... Ginny? Ah, não. É outra coisa?

- Então o que é? - Harry viu as pessoas que esperavam ser atendidas.

- Deve estar muito ocupada agora. Podemos marcar para conversar?

- Claro Harry. Quando quiser.

- É melhor. Eu te ligo. Tchau. - Harry saiu correndo da clínica mais arrasado do que nunca. Mais do que estivera quando foi apresentado à namorada (e agora, marido) de Hermione.

Foi em direção ao seu carro e só agora pode reparar que não era o seu antigo corsa cinza, que devia ter danificado no acidente. Seu carro era agora um SpaceFox preto, quatro portas, blindado e vidro insu-film. "Devo ter ganhado um aumento de salário." Harry resolveu ir trabalhar sem imaginar que mais surpresas o aguardariam.

- Estou atrasado! Eric vai me matar! - Já estava esperando a brinca que tomaria quando chegou ao grande portão da empresa.

- Bom dia chefe! - o porteiro o cumprimentou gentilmente após abrir o portão.

- Chefe?? - Harry estranhou ao ver a vaga de Eric vazia. - Será que ele ainda não chegou? Impossível, Eric é sempre pontual. - estacionou e saiu correndo até o enorme edifício.

Correu atordoado ao ver as pessoas dizendo "Bom dia, chefe". Ao chegar no andar, abriu a porta e se assustou com a cena.

Assim que abriu, as pessoas que estavam conversando, tomando café, dando risadas, se dispersaram de imediato. Todas baixaram a cabeça quando Harry passava.

- O que aconteceu aqui? - Harry perguntou.

- Me desculpe senhor. - Thomas se aproximou dele. - Prometo que isso nunca mais vai se repetir.

“Prometo que isso nunca mais vai se repetir." Harry só lembrava dos funcionários dizendo essa frase apenas para Eric quando ele chegava e havia pessoas conversando no expediente.

"Então quer dizer que eu... sou chefe?" Pensou que teria um infarto ali mesmo. Isso explicava a casa, o carro, as roupas. "Mas como isso foi acontecer? Cadê a Ellen?"

-Thomas... Me responda uma coisa. Como eu me tornei chefe?

Por um momento, o moço pensou que seu patrão estava brincando, mas enganou-se ao ver a expressão séria dele.

- O senhor... - resolveu responder, mas foi interrompido por Ashley.

- O senhor se tornou chefe da repartição quando projetou o hotel. Não se lembra?

"O hotel me tornou chefe. Então Eric já pensava em me dar uma promoção se o projeto do hotel desse certo. E deve ter dado, sem dúvida". Harry sorriu.

- Peguei vocês! Queriam saber se ainda lembravam. - fingiu que estava tudo bem. - Agora, vão trabalhar e deixem a conversa para a hora do almoço.

- Sim senhor. - Ashley e Thomas responderam em uníssono antes de voltarem aos seus afazeres. Harry percebeu que agora era Ashley a secretária.

Cauteloso, Harry aproximou-se das enormes portas de carvalho que dava para a sala que era de Eric. Viu uma placa dourada com seu nome: "Harry Potter, diretor-geral". Tocou-a e sentiu uma enorme emoção tomar conta de si. Sempre sonhara em se tornar chefe algum dia, mas num pensou que seria tão rápido: um ano.

Abriu a porta e admirou a sala. A decoração era diferente da de Eric, pelo contrário, era a cara dele. Com aspecto jovem, a sala continha uma enorme mesa de carvalho, uma cadeira confortável. Ao seu lado, uma mesa com um computador de última geração. Na parede, quadro de projetos elaborados por ele.

Um enorme quadro lhe chamou a atenção aproximou-se. Era um enorme hotel, mas precisamente, um resort, com 2000 metros quadrados, pintado de branco e azul, ele se localizava um pouco afastado da cidade. Ao seu redor, montanhas e uma estrada um pouco longe. "Hotel Camps-Seller, Irlanda do Norte, R.U" Aquele era o hotel que estava projetando aos poucos. Jamais imaginou que ele ficaria tão grande daquele jeito.

Harry sentou-se na confortável cadeira, esticando os pés. Viu um porta-retrato com uma foto de Ginny. Sua consciência pesara. Não conhecia a garota, mas em um ano, estava morando com ela numa bela casa e seria pai em breve.

A porta bateu e Harry ordenou que entrasse. Era Ashley com alguns papéis para ele assinar.

- Obrigado. - viu que tinha que se adaptar a nova situação de ser chefe. - Ashley, onde estão Eric e Ellen? - a curiosidade era grande que ele não pôde evitar perguntar.

- O senhor Richardson está em casa se recuperando de uma operação que fez. E a Sra. Ellen está viajando com a família pela França.

- Preciso ligar para o Eric. - tentou disfarçar a surpresa que teve com a cirurgia. O telefone tocou e Ashley atendeu antes que Harry se manifestasse.

- Empresa Architect e CIA? Quem gostaria? Um momento, vou ver se ele pode atender. - tampou o bocal do telefone. - Neville Longbotton, senhor. - Harry sorriu e pegou o telefone.

- Neville? Como vai, meu amigo? Muito trabalho no consultório? - teve um estalo: Neville estava estudando para ser dentista. - Ah, sim, entendo. Mas como está indo? Eu não lembro onde você mora. - tinha certeza que o amigo não morava mais no apartamento que dividiam. - Onde? Como está a Luna? "Caramba, ele se casou?" Temos que combinar um jantar. É, nós quatro. Ah, ela está bem... grávida. Como é? Você também vai ser pai? Puxa, estou surpreso. Parabéns, amigo! - ficou contente pelo colega. - A fisioterapia? "Devo ter feito fisioterapia após o acidente." Foi boa. Estou andando normalmente. Ah, está certo. A gente se vê. Até mais. Tchau. - desligou. - Neville, meu amigo. Acredita que ele se casou com a namorada? - Ashley riu.

- Lembro. E que você foi padrinho. E não só do casamento dele, mas também da sua amiga Hermione com o senhor Rony Weasley.

Aquelas palavras o atingiram como raio. Só de pensar que Hermione se casara, lhe dava uma enorme angústia no peito.

- Olha a foto. - a secretária apontou um porta-retrato ao lado da mesa de computador. - o senhor olha esse retrato e sempre diz: "os casais mais feliz da terra".

Na foto continha Hermione e Rony vestidos de noiva no centro. Ao lado da noiva, estava Harry e ao lado do noivo, estava Ginny. Notou uma semelhança entre ela e o noive, mas achou que fosse só impressão. Ele e Ginny foram padrinhos de casamento de Rony e Hermione. Perguntou como conseguiu tal efeito.

"Talvez eu já não gostasse mais da Hermione quando ela se casou". Harry tinha que saber agora como ele e Gina se conheceram, como se apaixonaram e como estavam juntos.

E viu que tinha que investigar muita coisa. Tudo o que acontecera naquele ano. Uma missão impossível, mas que cumpriria nem que tivesse que contar a verdade, mesmo que o chamasse de louco.

E Harry torceu para que não estivesse enlouquecendo.

Continua...

N/A: Comentem please! Até a próxima atualização, Bjocas.

Jubs.

Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.