Capítulo Três



Capítulo Três

Harry chegou em casa completamente exausto. Não sabia que ser chefe era tão trabalhoso. Tentara dar conta de todo o serviço, mas deixou mais da metade pendente. Ashley organizou sua agenda e desconfiava que o chefe estivesse com estafa. Avisou que uma comitiva árabe chegaria no país em breve para um projeto de um restaurante, o que empolgou Harry naquela correria toda.

Abriu a porta e se jogou no sofá macio. Harry se aconchegou nele e teve vontade de dormir. Tinha assuntos para resolver. A começar por sua situação com Ginny.

- Harry, a Hermione me ligou, está tudo bem? - Ginny desceu as escadas vestida de um roupão branco, que escondia sua barriga. O moreno pode perceber que ela era uma moça com um belo corpo. Gina se sentou ao lado de Harry.

- Estou bem. Não se preocupe. - tentou disfarçar com um meio-sorriso

- Ela me disse que você estava estranho quando foi lá no escritório dela. Aconteceu alguma coisa? - havia preocupação na voz da ruiva. Ela não acreditou muito bem nas palavras dele.

Harry não sabia o que dizer. Diria: "Nada. Só estou me adaptando ao futuro". Certamente, Ginny pensaria que ele estava louco. Queria saber por quanto tempo conseguiria manter essa farsa.

- Só estou cansado. - Ginny aproximou-se mais.

- Eu conheço um bom jeito para acabar com esse cansaço. - tirou o paletó dele. - Que tal um banho de banheira e uma bela massagem? Tenho certeza que te fará bem. - Harry percebeu que havia malícia na voz dela observou ela desfazer o laço do roupão e viu, de relance, que ela estava nua. Sentiu o rosto quente e se afastou.

- Não, obrigado. Eu estou bem. - Ginny insistiu.

- Certeza? - avançou e tentou sentar no colo dele, o roupão abriu um pouco, deixando metade de um dos seis à mostra. Harry disfarçou e suou quando Ginny entrelaçou os braços no pescoço dele. - Poderíamos descansar os dois, juntos. O que você acha? - tirou a gravata dele.

Harry sentiu um calor no baixo ventre quando Ginny começou a desabotoar sua camisa, tocando na pele cada vez mais descoberta. A ruiva comprimiu os seios contra o peito malhado dele. Estava sentada no colo dele, com as pernas entrelaçadas atrás dele. Roçou os lábios nos dele e ela passou o nariz pelo pescoço dele, aspirando o perfume que lhe aguçava ainda mais seus sentidos.

O moreno tinha a respiração ofegante. Por que não conseguia sair de lá? Ginny o arranha com as unhas, o nariz ainda no pescoço dele.

- Er... Ginny. - Harry conseguiu falar, antes que a ruiva tirasse o roupão. - Eu realmente, estou mesmo cansado. - Ginny fez cara de desaprovação e saiu de cima dele. - Desculpa. - não sabia o que dizer.

- Tudo bem, Harry. É que você sempre chega cansado. Entendo que ser chefe não deve ser fácil. Só que estou com saudades. - pelo olhar da ruiva, Harry entendeu o tipo de "saudades" que ela se referia.

- Mas você está grávida. - Ginny abriu a boca para responder quando a campanhia tocou.

- Eu vou me trocar. Você atende? - levantou-se e subiu as escadas. Havia decepção na voz da ruiva e Harry não podia culpá-la. Não se sentia a vontade com ela.

Harry vestiu a camisa e foi abrir a porta. Estancou ao ver quem era.

- E ai, Harry? Beleza? Posso entrar? - Rony arriscou ao ver que Harry não falava nada.

- Claro que n... quer dizer, entre! - abriu o caminho para o ruivo entrar. Sentiu ganas de matá-lo. O homem que roubara o coração de seu grande amor. O homem que arruinara sua vida...

Rony observou Harry fechar a porta encará-lo. Não percebera o olhar fulminante que o moreno lançava para ele.

- O que você quer? - sua voz saiu dura antes que Harry pudesse perceber. Rony se sentiu estranho e, antes de responder, Ginny chegou.

- Rony! Como vai, maninho? - Ginny já estava vestida e abraçou Rony sorridente. Harry ficou estupefato.

- Maninho? Vocês são irmãos? - Agora Harry percebia algo que não notara na foto de seu gabinete: a semelhança entre Rony e Ginny. Os cabelos vermelhos, as sardas... Harry estava praticamente casado com a irmã do seu rival.

- Harry, de que planeta você veio? - o tom de voz era brincalhão e Harry se segurou para não brigar. - Claro que somos irmãos! E tenho o maior orgulho dessa minha irmãzinha. - deu um beijo estalado na bochecha de Ginny.

Aquilo era demais para Harry. Já não bastava ver seu grande amor com outro e tê-lo como cunhado. Sem pensar, pegou as chaves do carro e saiu. Queria ficar sozinho.

- Harry, aonde você vai?? - Ginny tentou chamá-lo, mas ele já havia arrancado com o carro. Lágrimas rolaram pela face da ruiva quando o carro sumiu na curva.

"Ela não tem culpa. Ela não tem culpa de nada. Não tem culpa pelo meu amor por Hermione".

Harry chegou em casa depois da meia-noite. Ginny já havia saído para trabalhar. Melhor assim. Andara a esmo por aí, pensando tudo em que acontecera. Queria se acostumar com a nova vida. Tinha que se acostumar com o fato de que não tinha mais chances com a Mione.

Foi para o seu quarto e revirou gavetas e armários até achar o que estava procurando. Uma foto de Hermione vestida de noiva. Linda. Harry passou os dedos pela foto. Quem dera se os dois tivessem casados... "Seria tão perfeito!"

Ginny chegou em casa. Ainda estava magoada com a atitude dele. Arrumara uma desculpa para irmão, dizendo que o namorado estava estressado e nervoso. Tentara ligar várias vezes no celular dele, mas estava desligado. Deixara um bilhete na cozinha, dizendo que havia comida no forno. Um risoto de camarão que ele adorava.

Foi na cozinha preparar o café. Viu o bilhete no mesmo lugar e o risoto no forno. Ele não havia comido. Duvidou que ele sequer passado na cozinha. Preparou o café e foi chamá-lo. Era sábado e Ginny teria o final de semana de folga.

- Harry?? - entrou no quarto que estava escuro. Abriu a janela e foi sacudi-lo. Quando se aproximou, tal foi seu espanto ao ver Harry dormindo com a roupa de trabalho e com uma foto de Hermione nas mãos.

Sentiu seu coração apertar e essa imagem a levava até fatos que tinha certeza que havia sido superado. Sufocou um gemido e passou a mão na barriga involuntariamente. Pela primeira vez, Ginny sentira o bebê chutar e estava louca para contar a Harry, antes de perceber que ele estava estranho, frio, distante...

Virou-se para Harry, que dormira com um sorriso nos lábios. Aproximou-se.

Harry acordou com o sol batendo em sua cara. Levantou-se e percebeu que a foto de Hermione tinha sumido. Olhou ao redor, procurando a foto e viu Ginny sentada numa poltrona com a foto de Hermione nas mãos.

- Precisamos conversar. - o tom dela era uma mistura de frieza e mágoa. Pela primeira vez, Harry sentiu-se culpado. Percebera que magoara a jovem. Sentou-se na beirada da cama e baixou a cabeça. Ginny também não o encarou. - Primeiro, você me evita. Depois, trata o meu irmão com frieza, sai sem das satisfações e agora. - mostrou a foto com lágrimas nos olhos. - E agora isso! Por favor, Harry! Me diga o que está acontecendo, para que eu possa entender! - soluçou.

Harry demorou a responder. Levantou os olhos. Tinha que falar a verdade, ou uma meia-verdade.

- Desculpe... mas eu não conheço você. Eu não conheço nada disso. - abriu os braços e suspirou. - E eu sou apaixonado pela Hermione! - encarou Ginny esperando a reação dela. A jovem tinha os olhos vermelhos e o encarava de volta, tremendo.

- Como... como você não me conhece? Harry, olha para mim. Sou eu, Harry. A sua namorada. A mãe do seu filho. - pausa. - Você... você está com amnésia??

- Não, não é isso! - levantou-se e virou de costas. - Olha, eu sempre fui apaixonado pela Hermione e...

- PÁRA!!!!! - Ginny gritou. - PARA DE DIZER QUE É APAIXONADO PELA HERMIONE!! PORQUE VOCÊ NÃO É MAIS APAIXONADO POR ELA DESDE QUE COMEÇAMOS A NAMORAR!

- O quê?? - Harry visou-se para encará-la. - O que você está dizendo??

- Exatamente o que você ouviu. Você não é mais apaixonado pela Hermione desde que nos apaixonamos.

- Eu... - Harry estava estático. Como assim ele não era mais apaixonado pela Hermione Ele sempre fora apaixonado pela Hermione desde o tempo do colégio. - Como isso aconteceu?? - Ginny deu uma risadinha fraca.

- Eu sempre soube que você gostava da Hermione. Quando nos conhecemos, era visível a mágoa que você sentia ao vê-la com meu irmão. - Ginny sabia que era ridículo explicar aquilo, mas não teve como evitar. - O acidente... - sua memória voltou há um ano atrás. - Era a prova disso. Você sofreu um acidente porque você descobriu que sua grande paixão estava namorando.

- Como você sabe disso?

- Porque você me contou. Quando eu reparei que você era apaixonado pela Mione, você negou. Até que um dia, você confessou. Disse que estava tentando esquecer a Hermione, mas que estava difícil. Então, eu disse que você encontraria uma garota te merecesse. Só que, lá no fundo, eu queria ser essa garota. - Harry franziu as sobrancelhas. Ginny o encarou nos olhos. - Eu já estava apaixonada por você nessa época. Eu tentei negar para mim mesma, dizendo que você nunca amaria outra garota além de seu amor de juventude... - tornou-se a se sentar. - Mas eu arrisquei. Eu prometi a mim mesma que lutaria por você. Faria de tudo para você esquecer a Hermione.

Harry sentou-se, sentindo-se muito confuso. Claro que as coisas não eram as mesmas depois de um ano. Ele se perguntava como havia esquecido Herrmione. O Harry do futuro havia esquecido. Já o Harry do passado... E Ginny? Era apaixonada por ele. Tinham convivido bastante para se apaixonarem um pelo outro? Harry começava a acreditar que sim.

- Só que eu fracassei, não foi? - encarou-o, sentindo-se enganada. - Você nunca esqueceu a Hermione. Você... mentiu para mim... esse tempo todo? - Harry a encarou incrédulo. Ele, mentir, iludir enganar uma garota? Jamais! Havia desespero estampado nos olhos de Ginny e Harry sentiu-se miserável.

- Eu nunca mentiria para você, Ginny. É que... - Harry não sabia o que dizer. Diria: "desculpe, Ginny, eu não sei como aconteceu, mas vim parar no futuro e ainda estou preso no passado?"

- Harry... - Gina levantou a cabeça e o encarou nos olhos. - Você... você está com amnésia?

Harry pensou seriamente sobre a questão. Talvez ele estivesse com amnésia, sei lá. Talvez ele estivesse louco. Ou talvez estivesse sonhando. Porém, Harry sabia que não era nada disso. Contudo, resolveu não assustar Ginny mais do que ela já estava.

Ginny continuava o encarando num misto de preocupação e curiosidade. Harry demorou muito para responder e, quando voltou a encará-la, ele resolveu que aquela era a melhor saída.

- Quando eu acordei hoje de manhã, é como se a minha memória tivesse sido apagada. É como se eu... como se eu tivesse voltado no tempo, como se nada disso estivesse acontecendo. Na minha mente... - respirou fundo... - eu continuo apaixonado pela Mione, eu ainda sou um mero funcionário da Archtect. Cia. Eu ainda estou solteiro e dividindo um apartamento com Neville.

Harry encarou Ginny, esperando sua reação. Ela estava imóvel, quase em choque. Harry achou um absurdo aquela mentira, mas o que iria dizer? A hipótese de teletransporte para o futuro parecia tão irreal quanto sua amnésia. Vendo que Ginny não diria nada, ele continuou.

- Me desculpe Ginny. Eu não te contei nada, porque eu não queria te assustar. Eu não me lembro o que aconteceu nos últimos meses. Pensei que era apenas estresse, mas quando eu cheguei, eu continuava esquecido. Foi por isso que te afastei naquela hora, foi por isso que tratei Rony daquele jeito. - agaichou-se diante de Ginny. - Eu gostaria de poder me lembrar, me lembrar de você... - acariciou o rosto dela num gesto automático. - Você sabe como é horrível não se lembrar de nada.

Harry sabia que estava sendo miserável ao mentir daquele jeito. O que poderia fazer? Só não sabia por quanto tempo sustentaria aquela mentira.

Ginny acariciou a mão dele que estava no seu rosto e, com um olhar, compreensivo, respondeu:

- Eu já tinha percebido isso. - sorriu fracamente. - Não era você naquela cama, com aquela foto. Seria você, há um ano. Mas sei que não é. - por um momento, Harry teve a sorte de ter uma namorada tão compreensiva e... tão carinhosa. Esse pensamento o assustou.

- Você pode me ajudar a lembrar? Quer dizer... me mostrar fatos que aconteceu nesses meses, para que eu possa me lembrar? Por favor...

Ginny levantou-se e ficou de costas. Seu rosto estava marcado pelas lágrimas, mas não estava mais chorando. Virou-se para Harry com um olhar decidido. Não aguentava a carinha de pidão que ele fazia.

- Tudo bem, Harry, eu te amo e vou te ajudar. - Harry sorriu agradecido. Num impulso, a abraçou e Ginny se aconchegou nos braços dele.

Depois do café, eles estavam rodeados por recortes de fotos, reportagens, Cds com fotos do dois juntos.

- Você fraturou o osso da canela e tivemos que restaurar. - mostrou uma foto que Harry estava com a perna engessada. - Você ficou um mês sem colocar os pés no chão e andando numa cadeira de rodas. - Harry fez uma careta.

- Você cuidou de mim? - Harry perguntou ao ver uma foto dos dois juntos no antigo apartamento dele.

- Hermione me pediu que o auxiliasse no seu tratamento e fisioterapia... ah, não, não se preocupe, eu não dei banho em você, se é isso que quer saber. - corou ao ver a cara intrigada de Harry. - Eu apenas amarrava um saco de pano na sua perna para que não molhasse o gesso. Sim, você tinha que tomar banho sentado! - cara de Harry fez Ginny ficar mais vermelha ainda.

Harry não queria nem imaginar alguém lhe dando banho como se fosse um inválido.

- Você fez dois meses de fisioterapia. E em um mês, voalá, já estava andando.

Harry pegou uma folha de jornal onde dizia: "Arquiteto sofre acidente de carro". Continha uma foto do seu antigo carro amassado pela árvore.

- Porque não olha a sua cicatriz? - perguntou Ginny simplesmente. Harry levantou a barra esquerda da calça e viu uma enome cicatriz de 20 centímetros na canela, em direção ao joelho.

- Quanto tempo demorou para cicatrizar?

- Cinco meses. - Harry arregalou os olhos.

- E quanto tempo fiquei sem trabalhar?

- Durante a recuperação. Você tinha que coordenar as obras do Hotel na Irlanda do Norte.

- E era tão workaholic assim?

- Não muito. Apenas que você não devia se dar ao luxo de tirar férias. Não naquele momento.

Minutos depois, estavam vendo um vídeo onde Harry, andando de muletas, fazia piadas sobre seu estado e dizia que Ginny era melhor enfermeira do mundo e a câmera ia direto na garota, que tampava o rosto.

- Vamos Ginny. Eu quero que eles conheçam a pessoa que cuidou de mim esse tempo todo. Vamos. - o Harry do vídeo tentava fazer com que a ruiva olhasse a câmera, mas ela apenas balançava a cabeça e tampava o rosto com as mãos. - Uma pessoa maravilhosa. Futura enfermeira-chefe daquele hospital. Ginny Weasley. Vamos, Gi, fale alguma coisa.

A Ginny do vídeo levantou a cabeça e sorriu para a câmera.

- Ele está exagerando...

- Minha babá perfeita! - Harry abraçou Ginny e os dois caíram no sofá dando risadas.

Depois viram um vídeo onde Harry cumprimentava o representante do Hotel que projetara na Irlanda do Norte. Um da festa de sua promoção. Um vídeo dele de Ginny já como um casal, no noivado de Rony e Hermione. Um onde eles dois exploravam a casa deles, antes de comprá-la.

Tudo se passou como um filme na cabeça de Harry e ele não poderia nem imaginar o quanto de coisas boas ele vivenciara durante aqueles últimos meses. Baixou a cabeça ao saber que Ginny era uma das responsáveis por aqueles momentos. E ele fora tão frio com ela... E ele agradeceu por ter aquelas lembranças guardadas. Embora ele não tenha vivido nada daquilo.

- Eu sabia que um dias essas coisas seriam importantes... mas, não para uma perda de memória temporária e sim... - Ginny corou e Harry não pôde deixar de perceber...

- Para o quê?

- Para mostrar ao nosso filho. - passou a mão na barriga e Harry compreendeu.

- Ele vai ver tudo isso. Você vai ver.

Depois de reviraram todas as "memórias", Ginny desceu para preparar o almoço. Harry ficou no quarto refletindo sobre todos os acontecimentos. E deu graças a Deus por ter vivido muitas coisas.

Levantou-se e olhou para a janela. A paisagem de um verde das montanhas era cobertas por pássaros. Estava tudo muito calmo.

- Eu vou me adaptar a isso. Eu prometo. Porém, antes, eu tenho que consertar algo. - pensou, indo direto para o chuveiro, repetindo a si mesmo que Hermione era coisa do passado...

Um passado que ele teria que esquecer.

Continua...

N/A: Gente, eu sei que prometi atualizar essa fic antes da "PA2". É que eu recebi uma ameaça de morte... ops, de um "Cruciatos" e eu atualizei a PA2 antes. Perdoem eu.
Espero que gostem e comentem. Muitas coisas acontecerão. Aguardem.
Bem, eu voltarei com as fics depois do dia 14/09 (ou só no final). Esse é o meu último semestre da faculdade e eu tenho monografia e estágio para entregar. Espero que vocês entendam.

Bjos. Jubs.


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