Capítulo Quatro



Capítulo Quatro

Harry saiu do banho com uma toalha enrolada na cintura quando sentiu um cheirinho delicioso e que parecia familiar. "Será que é o que estou pensando?" Antes de tomar banho ele pedira desculpas a Rony e convidara "o cunhado" e Hermione para almoçarem no dia seguinte e esclarecer alguns mal-entendidos. "Tomara que eles venham”.

Harry desceu e foi direto à cozinha. Ginny estava colocando a mesa e aquele cheiro estava embriagando-o.

- Deve estar com fome. - Ginny sorriu ao vê-lo. - Preparei seu prato preferido.

"Prato preferido? Só podia ser...”

- Risoto de camarão. - Harry sentiu seu estômago reagir com aquelas palavras. Gina abriu o forno e retirou uma enorme travessa de risoto. - Você se lembra que esse é seu prato preferido?

- Se eu lembro? E como... - Ginny sorriu.

- Certa coisa não nos esquecemos nunca. Esse prato é de ontem, mas você não comeu.

- Talvez fosse pelo que aconteceu ontem. Me desculpe. - Harry sentou-se à mesa.

- Tudo bem. Agora está tudo resolvido.

- Está e... Ginny? Hã, eu convidei seu irmão e a Mione para almoçaram amanhã. Sabe... para pedir desculpas pelo meu comportamento. Se você não se importa... - Harry manteria aquela mentira até voltar para seu tempo.

- Fico feliz com sua atitude - pegou a mão dele. - É por isso que gosto tanto de você e... Ai,
meu Deus!

- O quê foi? - Ginny colocou a mão na barriga, seus olhos brilhando de felicidade.

- O bebê! - Ginny levantou-se da mesa. - Ele mexeu, Harry! - a ruiva passou a na barriga, sorrindo radiante. - Ele mexeu!

Harry ficou sem reação. Não sabia como agir nessas horas Ginny pegou a mão dele e pousou-a na sua barriga.

- Sentiu?

Harry sentiu um soquinho na sua palma e uma emoção tomou conta de si. Ele seria pai! Estava sentindo seu filho!

"Meu filho... quem diria que um dia falaria isso”.

- Está se mexendo... - sorriu. Manteve a mão na barriga da ruiva por alguns minutos. Uma lágrima de felicidade escorreu pelo canto dos olhos de Ginny.

Passaram alguns momentos sentindo o bebê chutar até que Ginny se recompôs.

- Ele vai chutar de novo. - sento-se na mesa. - Vamos comer que esses momentos me deram fome!

Harry se serviu de risoto e não podia negar! Estava divino! O mesmo sabor, a mesma textura!

- Está uma delícia... É o segundo melhor risoto que já comi. - o primeiro era de sua mãe.

- Não, é o primeiro e único, Harry! - ele estranhou. - Quem você acha que me ensinou essa receita e todos os segredos.

Harry não podia acreditar! Sua mãe passara sua especialidade para Ginny... ou melhor, sua namorada.

"Mãe, você é demais!" A campainha tocou.

- E por falar nela... - Gina levantou-se e foi até a porta. - Adivinha quem passará uns dias conosco?

Harry nem precisou responder porque já sabia quem era. Levantou-se uma emoção tomou conta de si ao ver a senhora ruiva que o olhava com carinho.

- Não vai dar um abraço na sua mãe? - Lily estendeu os braços e Harry correu até ela, sentindo-se protegido. Teve que se segurar para não chorar.

- Mãe... que saudades.

- Harry, nem parece que você me viu no último natal. - Lily sentiu o filho tremer entre seus braços. - Você está bem? - olhou o filho, intrigada.

Ginny, que observara tudo, interveio.

- Harry teve um pequeno acidente e ele perdeu uma parte da memória. - Lily a olhou preocupada.

- Minha nossa, filho! O que aconteceu? - Harry abanou a cabeça.

- Não deve ser nada demais. Não se preocupe.

- Porque não vamos comer? - Gina aconselhou enquanto mãe e filho se separavam. - Lily, adivinhe o que fiz para o almoço?

- Você colocou aquele "ingrediente especial?” - Lily perguntou seguindo Ginny até a cozinha enquanto Harry levava as malas da mãe para o quarto de hóspedes.

- Sim. Sempre. - pôde ouvir Ginny respondendo na cozinha.

O almoço foi bastante descontraído. Harry tentou extrair das duas mulheres (incrivelmente ruivas, ele percebeu) qual era o segredo do risoto, mas as duas se olhara compreensivamente e se recusaram a falar. Harry suspeitou que Ginny o conquistara pelo estômago.

- O que você quer calar comigo, meu filho? - perguntou Lily quando Harry fechou a porta do oponente escritório. Depois do almoço, Harry alegou querendo conversar com mãe e Ginny os deixou à vontade e foi preparar um café.

- Mãe... eu... - sentou-se defronte a ela. - Eu preciso que você me ajude. Ontem eu acordei, foi como minha memória tivesse regressado ao passado... eu não me lembro de nada disso... eu não me lembro da Ginny. - Lily ficou boquiaberta. - É, eu sei que é estranho, mas essa é a realidade e isso não é tudo... Eu disse para a Ginny que não a conhecia e que ainda era apaixonada pela Mione...

- Harry...

- Mãe... Ginny me disse que eu não sou mais apaixonado pela Mione, mas eu não me lembro disso! Você sabe mais do que ninguém o quanto eu am... amei aquela moça e você deve saber como eu esqueci dela porque eu havia prometido a mim mesmo que não a esqueceria... mas aconteceu. E eu quero saber como.

Lily levantou-se e virou-se de costas para o filho. Resolveu que ajudá-lo.

- Sabe... quando a Ginny foi cuidar de você, eu percebi o carinho e a atenção que ela tinha por você. Ela cuidou de você com tanta dedicação que você não demorou a se recuperar. Mas você não tinha percebido nada. Depois, vocês se tornaram amigos. Lembro que você ficou chateado quando descobriu que ela era a irmã de Rony, o cara que "roubou" Hermione de você.

"Ginny disse que não sabia que Hermione era a garota por quem era apaixonado. Ginny até brigou com você, dizendo que não tinha nada a ver, mas você era orgulhoso. Ela até tentou consolá-lo, mas você permanecera irredutível. Então, Ginny deixou de falar com você durante um tempo e foi ai que você percebeu a falta que ela fazia".

Harry permaneceu atento, projetando a história em sua mente.

- Daí você foi, de acordo com sua história, procurá-la para pedir perdão e a encontrou com outro rapaz. Qual era mesmo o nome dele. - Lily tentou lembrar. - Ah, Dino Thomas. Os dois estavam ficando e... bem, você voltou para casa completamente furioso naquela noite.

A imagem de Hermione apresentando Rony apareceu na mente dele como um "flash". Ele estava arrasado por perder Hermione e acontecera novamente... ele quase perdera Ginny.

- Depois você se afastou de Ginny novamente. Ficaram longe um do outro durante um mês. Você disse que não queria atrapalhar a vida dela e que a amizade foi boa enquanto durou.

- E o que aconteceu depois?

- Aconteceu que, durante o noivado de Rony e Hermione, você bebeu além da conta. Eu achei que era por causa da Hermione, mas foi quando eu percebi que não era... Você não agüentava ver Ginny com outro.

- Então, eu já estava...

- Sim, estava, mas estava negando isso e rebatendo que era apaixonado pela Mione. Mas você não tirava os olhos de Ginny e Dino. Eu e Neville o levamos para casa para você não criar confusão. No dia seguinte, eu perguntei se você estava gostando da Ginny e você confessou que sim, mas era novamente outro amor perdido e eu o aconselhei a batalhar por ela e você não hesitou.

"Uma semana depois, Ginny e Dino terminaram e você viu a chance de conquistá-la. Convidou-a para sair. Me lembro que você chegou de manhã todo feliz.” Lily sorriu e Harry corou. "Você e Ginny estão junto desde então. Você descobriu o que era o amor nos braços de Ginny, Harry!”

Aquela última frase ecoou na mente de Harry como um anestésico. O que ele sentira pela Hermione não foi nada comparado ao que sentia por Ginny? E ele não se lembrava...

Harry estava emocionado com tudo aquilo. Era muita informação para um dia só, mas ele precisava. Precisava dar uma chance a Ginny... e a si mesmo.

- Mãe... eu prometo... me lembrar de tudo isso... - Harry não suportava mentir para a mãe, mas não tinha como contar a verdade. Ela não entenderia. Ninguém entenderia.

- Eu sei que vai... - acariciou os cabelos do filho. - Seu coração vai lhe ajudar e creio que Ginny estará ao seu lado para te ajudar.

Harry sorriu e os dois se abraçaram emocionados. Ginny entrou com o café sem desconfiar de nada e nem do olhar de cumplicidade que mãe e filho trocaram.

E Harry prometera esquecer Hermione de uma vez por todas.

****

Harry estava muito nervoso com aquele almoço. Ele teria que contar a mentira que ensaiou justamente para sua melhor amiga, que era muito esperta. Harry se perguntou por quanto tempo conseguiria mentir para ela. "Mas é necessário.”

Teve um pouco de ciúmes ao vê-la com Rony, mas nada comparado com o que tivera quando ela o apresentou (há um ano atrás!). Harry parecia estar aceitando o fato da amiga estar com outro. "Eu só quero que ela seja feliz.”

Mais uma vez, Harry aprovara os dotes culinários de Ginny. Se ela não fosse enfermeira, com certeza, seria uma chef de cozinha. Ginny riu com esse comentário e lhe deu um beijo, deixando Harry envergonhado e os visitantes, risonhos.

- Vejo que está tudo bem entre vocês, então. - Rony comentou servindo-se de mais costela.

- Estamos levando... - Harry pegou a mão da "namorada".

- Fico contente com isso. Harry estava estranho esses dias... - observou Hermione. - O que houve?

Harry sentiu que era o momento de contar toda a verdade. Ginny apertou sua mão lhe dando apoio e a mãe lhe deu um olhar conciliador. Harry respirou fundo e começou.

- Há dois dias atrás, eu estava com um problema. Corri para Hermione procurando ajuda. Achei que estava doente ou coisa assim, mas foi dai que eu percebi que... pode parecer estranho eu dizer isso agora, pode parecer piada, mas... eu perdi uma parte da memória. -Hermione abriu a boca para falar, mas Harry não permitiu. - Eu sei, é estranho, tipo: como eu sei que perdi parte da memória? Ai que está a questão: eu perdi PARTE da memória, porque eu lembro de todos vocês, menos da... - Ginny abaixou a cabeça. - Resumindo: eu não lembro de fatos recentes. Minha memória registra momentos até o acidente de carro.

- Então é por isso que você não se lembra da Ginny? - Hermione perguntou.

- E por isso que eu maltratei Rony. No começo, não fui com a cara dele, mas depois...

- Vocês ficaram amigos. - Ginny completou.

- É...

Rony e Hermione, ao contrário que Harry pensava, pareciam entender o que Harry dissera. Hermione olhou para o amigo conciliadora e ele agradeceu aos céus por ter uma amiga tão compreensiva.

- Isso explica seu comportamento...

- É... olha, me desculpe por tudo. Eu sei que fui um idiota, mas eu estou tentando me lembrar de tudo. Vai ser complicado, mas eu vou conseguir...

- Harry... por que você não procura um médico? Sabe, um neurologista? - Hermione arriscou e Harry engasgou-se com o suco.

- E ele fará a minha memória voltar? - tentou parecer cético.

- Não, mas ele pode te ajudar... com tratamentos... - Harry balançou a cabeça.

- Desculpe Hermione, não creio que é uma boa idéia e... - parou ao ver a cara de Hermione. - Se o problema persistir, talvez eu procure.

Harry queria encerrar o assunto e conseguira. Hermione deu de ombros e disse que, se ele quisesse, lhe indicaria um, mas ele sabia que nenhum médico poderia curá-lo.

Conversaram amenidades e o casal lembrou algumas coisas a Harry, que ria ao lado de Ginny. Ela contou toda contente que o bebê chutara e Hermione disse que é muito emocionante esse momento. Lily também concordava. Ela entrara na conversa e contara algumas peripécias do filho quando era criança, deixando-o envergonhado.

- E como está o emprego, Harry? Se acostumando com o cargo de chefe? - Rony perguntou, enquanto Hermione devorava com vontade o pavê de amendoim preparado por Lily.

- Eu sou chefe, mas continuo fazendo projetos. O meu próximo projeto será um restaurante-bar árabe.

- Legal. E quando você começará o projeto? - Harry ia responder, quando Ginny interveio.

- A maquete está pronta. Harry passou noites em claro a construindo. - Harry boquiabriu-se.

- Ela está... pronta?

- Sim, há uma semana. Agora é só marcar a reunião com o shake e apresentar o projeto.

- Puxa, Harry! Continua eficiente como sempre! - disse Hermione pegando mais pavê. "Estou grávida, amor!” Hermione justificou quando Rony a advertiu que era o quinto pedaço de doce que ela pegava.

- E onde está a maquete? - Rony perguntou.

- Está no outro quarto de hóspedes. Querem ver? - Ginny levantou-se e foi acompanhada pelos presentes.

O "outro quarto de hóspedes" parecia uma biblioteca, mas um pouco maior do que o escritório de Harry. Possuíam duas enormes estantes de livros e enciclopédias, dois sofás no canto e uma mesa redonda no centro onde estava a enorme maquete bem trabalhada do restaurante-bar.

- Ele passou noites em claro para construí-la, com café e mais café. Mas está ai: mais um projeto do meu Harry. - Ginny beijou o namorado, divertida.

- Uau, cara! - Rony olhou impressionado. - Está perfeita!

- Realmente, Harry... Não tem como o shake não gostar.

Harry analisou bem seu "projeto". Realmente, não havia falhas. "Apenas alguns ajustes e estará boa”.

Mais um projeto pronto para ser analisado. Harry percebera que continuava amando sua profissão, mesmo estando no cargo de chefe.

Seu próximo passo seria ser um bom chefe.

Continua...

N/A: Não lembro como se escreve, mas coloquei “shake”. Se alguém souber, me dê um toque, certo?
Bjos da Juh (Jade Weasley Potter).

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