A escolha de Ginny




Cerca de meia hora depois, Harry, Rony e Hermione estavam sentados na sala de estar, em frente á lareira, se esquentando naquela manhã fria, quando a porta se abriu mais á frente e por ela entrou o Sr. Weasley, seguido pelo resto da família. Rony levantou-se rapidamente da poltrona em que estava sentado e abraçou o pai. Somente após esse gesto todos perceberam a aflição que o havia invadido naquela manhã. A notícia de um segundo ataque ao pai, tendo em conta quando dois anos atrás ele fora parar no St. Mungus para Doenças e Acidentes Mágicos, havia sensibilizado o garoto. Harry e Hermione se entreolharam, penalizados. Molly logo juntou-se ao abraço, pressionando a cabeça do filho contra o peito, fazendo-o curvar-se ao meio:
- Oh, Rony, querido... Mamãe está aqui! - Rony ficara muito vermelho e tentava gentilmente desvencilhar-se da senhora, exclamando:
- Tudo bem, mamãe, tudo bem... Eu estou bem!
- Fiquei tão preocupada, tão preocupada! Quando Os Comensais, aqueles demônios mataram o Ministro, pensei que tivessem vindo aqui em seguida, atrás de vocês...
- Molly, querida, está tudo bem agora. - Disse o Sr. Weasley, puxando a mulher pela mão. - Os meninos estão bem, nós estamos bem... Só do que precisamos agora, é de descanso e um bom cochilo, viajamos a madrugada toda! - Ele acariciou a mão da senhora Weasley, parecendo extremamente cansado, mas, aliviado. - Venha, vamos procurar Alastor.
Os dois se afastaram, Fred, Jorge, Gui, Carlinhos e Fleur cumprimentaram os garotos:
- Arry! Ronn... Hermion... Como eston? - Disse a garota, dando um beijo na bochecha dos dois garotos e um abraço em Hermione. - Oh, ecstamos ton acssustados! "Qui" disse que os Comenssaiss atacarron Perrcy... Perrcy non quis virr parra cá, secundo ele, prrecisá ficarr e ajudarr o Ministérrio! - Fleur tinha os olhos magníficos extremamente arregalados e seu sotaque francês parecia piorar quando nervosa. - Pem... - Ela suspirou. - Querro comerr alcuma coisá... Ecstou faminta á horras! Esta viaxem horríble... - Ela fez uma cara de cansaço e balançando a cabeça, afastou-se com os gêmeos, Carlinhos e Gui (Que tinha no rosto as marcas feias de cicatrizes causada pelo lobisomem antes do verão.)
Ginny se aproximou do canto escuro aonde estivera sentada todo aquele tempo. Abraçou Rony, Hermione e então se virou para Harry:
- Lô, Harry... - disse, evitando os olhos dele, deliberadamente.
- Lô, Ginny... - Harry, hesitantemente, passou os braços em torno do corpo dela, sentindo o perfume floral de Ginny invadi-lo, como acontecera quando aspirara a poção do amor na aula de Slughorn. A garota parecia meio dura no começo, mas, fechou os braços em torno do pescoço de Harry como se tivesse medo que ele fugisse. Rony e Hermione se entreolharam e a garota puxou ele pela mão.
- Vem, Ronald... - sussurrou. - Deixe os dois sozinhos. - Puxou-o gentilmente pelo braço, guiando-o para fora da sala.
Ginny suspirou:
- Harry... - ela disse, soltando-se do abraço. - Eu estive tão preocupada esse tempo todo... - Havia uma seriedade grave em seus olhos, e Harry pôde ver que estavam ficando molhados nas extremidades. - Todos no Ministério só falam de como Voldemort está atrás de você... E... Mamãe e papai queriam que eu ficasse com minha Tia Muriel, mas, Harry, eu não poderia deixar você sozinho. - A pele extremamente branca de Ginny foi para um rosado muito forte. - Vou ficar com você.

Harry ficou em silêncio por alguns segundos encarando os olhos azuis da garota marejados de lágrimas, mal acreditando no que ouvia. Seria maravilhoso ter Ginny ao seu lado em um momento como aquele, mas, não podia deixar de sentir pavor com a idéia de que ela corresse perigo como ele, Rony e Hermione corriam. Harry tocou a mão de Ginny de leve:
- Ginny - disse com esforço. - eu não posso aceitar a idéia de você correr algum tipo de perigo, seria maravilhoso estar ao seu lado todos os dias, mas...
- Eu não me importo, Harry, eu...
- Não Ginny... Será perigoso demais... Mortal... e...
- E você acha que eu não consigo enfrentar situações perigosas? - Agora as lágrimas escorriam pelo rosto dela, mas, sua voz continuava firme.
- Não, não é isso... Eu não quero que você sofra...
- Harry, eu não me importo! Eu não me importo! - Ginny exclamou, seus lábios tremendo agora. - Vou sofrer mais ainda se não estiver ao seu lado! - Ela apontou as malas ao seu lado no chão. - Já falei com mamãe e papai. Vou ficar aqui.
- Ginny... olhe. - Harry estava ficando desesperado. - Se tivermos um encontro com ele, ele vai procurar te atingir atráves de mim! Quero você segura, quero...
- EU NÃO ME IMPORTO! - Ginny gritou, fazendo com que Harry desse um pulo com o susto. - HARRY, SERÁ QUE VOCÊ NÃO ENTENDE??? EU NÃO VOU FICAR LONGE DE VOCÊ! - Harry sentiu que seus próprios olhos se enchiam d'água. - Pensei... - Ela respirou fundo, sentindo a voz tremer. - ...p-pensei que você tivesse parado com essa mania idiota de heroísmo! As pessoas que te amam, querem estar junto com você... Você disse no enterro de Dumbledore que iria se sentir culpado se no lugar do Dumbledore, eu estivesse sendo enterrada... E como você acha que EU vou me sentir... - Ela chegou mais perto, com lágrimas correndo livremente pelo rosto. - Se você morrer, e eu não estiver nem junto pra te olhar uma última vez? Você acha que EU conseguiria viver com a culpa de que tudo poderia ser diferente se eu estivesse por perto? - Ela pegou as malas com a mão esquerda tremendo. - Portanto, pare com essa história de herói mártir e solitário porque não é assim que vai ser! Rony e Hermione já vão com você, não é? Eu também irei. E se tentar me impedir, eu azaro você!
Harry estava sem ação. Mais do que tudo, queria Ginny por perto. E lhe parecia que seria impossível evitar isso. Além do mais, talvez fosse melhor que ela estivesse por perto. Seria mais fácil protegê-la assim. Lutando contra uma lágrima que teimava em lhe escapar pelo olho, engoliu fundo e ia dizer a Ginny que se ela queria daquele jeito, daquele jeito seria, quando a garota pegou as malas e saiu da sala, deixando-o sozinho e boquiaberto.
Rony e Hermione vinham vindo em sua direção com os rostos espantados:
- Harry, oque houve? - Hermione perguntou, chegando mais perto. - Ginny subiu as escadas e se trancou em um dos quartos... O que você disse a ela?
Harry sacudiu os ombros e disse:
- Disse que não queria que ela ficasse... Disse que queria protegê-la. Mas, ela não quer me ouvir.
- Foi o que pensei. - Sussurrou Rony passando a mão pelos cabelos. - E se conheço minha irmã, ela não vai mudar de opinião.
- Eu sei. - Harry murmurou, infeliz. Não sabia o que pensar. Teria Ginny do seu lado, mas, também sabia que a pessoa que mais amava no mundo poderia morrer graças á ele.
- Harry, - Hermione quebrou o silêncio. - talvez seja bom ter Ginny do nosso lado. Ela é realmente ótima em azarações e não é tão vulnerável quanto parece. Talvez... Talvez ela realmente deva nos ajudar. E Harry... - Ela colocou a mão no ombro do garoto. - Você a ama. Será muito mais forte com ela do seu lado... Harry... - Ele olhou pra ela. - Agora é hora de esquecer os receios e orgulhos e permanecer com quem se ama. Mesmo que seja arriscado.
Rony e Harry olharam admirados para ela. Como a amiga havia amadurecido. De repente todos se deram conta de que haviam crescido, de que tinham chegado á um ponto em suas vidas, que não podiam mais voltar atrás, de que tinham que enfrentar todos os perigos impostos juntos e permanecerem unidos. Naquele momento, os três sentiram uma ligação tamanha entre eles que não havia explicação, era como uma só força se ligando e interligando entre os três corpos e seus corações batiam acelerados. Os três eram um. E assim seria para sempre.

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