Run



Capítulo 12





Run



A segunda-feira amanheceu mormacenta e depressiva, com nuvens cinzentas pairando num céu mal humorado. Molly Weasley tinha certeza de que havia fantasiado aquela manhã de forma diferente. Achava que, sendo o dia em que sua filha mais jovem finalmente começaria a sua vida profissional, ela teria um café da manhã animado e depois a veria sair – acompanhada do irmão e dos amigos – com uma saudosa melancolia. Ao invés disso, Molly encontrara à mesa uma Gina distante e fria e um Harry numa tristeza de dar pena; Rony e Hermione, por seu turno, pareciam não saber mais o que fazer para aproximar os dois. E, em uma determinada altura, as tentativas de Artur em animar os quatro já começavam a se tornar constrangedoras.

Meia torrada depois de ter sentado e deixando quase intocado o suco de abóbora, Gina se levantou, deu um beijo na mãe e disse que os esperaria do lado de fora para aparatarem. Apenas quando não foi mais possível atrasar a saída ou esperar que Harry fosse atrás dela, foi que Hermione deu seu desjejum por encerrado e arrastou Rony para aguardarem com Gina no jardim. O Sr. Weasley e Harry também se levantaram e o garoto agradeceu o café em voz baixa, antes de sair.

– Não fique com essa cara, Molly – disse Artur assim que os pés do rapaz sumiram pela porta. – É só uma briguinha de namorados. Logo, logo, vamos ver os dois grudados, como estavam antes disso acontecer.

Molly franziu a testa e balançou a cabeça com ceticismo.

– Eu realmente queria pensar assim também, Artur. Mas Gina e Harry não são de “briguinhas” como Rony e Hermione. E eu conheço bem a minha cria. Gina acha que está absolutamente certa e não vai dar o braço a torcer. E o Harry... ah, o pobrezinho!

– Sim, sim, – Artur concordou obviamente sem a mesma preocupação da esposa – mas os dois se gostam. Vão acabar se entendendo, você vai ver. Quando foi que as suas intuições estiveram erradas, hein?

A mulher fez um muxoxo e ele continuou:

– Você não diz que sempre imaginou os dois juntos? Que idade a Gina tinha quando você me disse isso? Uns quatorze, eu acho – fez um carinho no rosto da esposa numa tentativa de animá-la. – E eu achava que ela era quase um moleque, lembra? Nem a via pensando em rapazes.

– Ora Artur, por você, provavelmente Gina ainda usaria tranças e brincaria de bonecas.

– Bem... – ele falou pensativo – Gina ainda faz tranças e, se me recordo, as bonecas dela, pelo menos desde os dez anos de idade já tinham um “pai”... – a esposa sorriu com a lembrança. – O que estou dizendo, querida: é que vai dar tudo certo. Você vai ver.

Molly deu um longo suspiro e tirou alguns fiapos de poeira da roupa do marido, depois ajustou o colarinho das vestes.

– Vou torcer para que você tenha razão.

– É claro que eu tenho. “Cabeça dura” nunca foi o suficiente para manter apaixonados longes por muito tempo.

– Umpf, você conhece muito poucas histórias de amor.

– Conheço a nossa.

As faces de Molly ficaram um pouco rosadas. Ela deu um tapinha no ombro de Artur quando ele se inclinou e lhe deu um beijo.

– Ora, vá logo ou vai se atrasar – disse com um sorriso largo e o observou sair parecendo feliz, depois voltou a ficar preocupada. Queria tanto que Artur estivesse certo.

Contudo, o seu coração de mãe não ficou mais satisfeito quando eles retornaram ao fim da tarde e nem nos dias que se seguiram. De fato, Molly precisou de cada resquício de força de vontade para não interferir. Ela tinha praticamente obrigado Rony e Hermione a lhe contarem o teor da briga e a verdade é que não saberia exatamente a quem dar razão. Achava adorável Harry pensar em Gina com tanto cuidado e, conhecendo a história do pobre garoto, quem poderia culpá-lo? Mas também sabia que sua filha era voluntariosa demais para aceitar “esse tipo” de cuidado. A tentativa de falar com a garota não dera em nada. Gina lhe dissera que não queria falar no assunto e pediu que, por favor, a mãe não insistisse. Molly não insistiu.

Ao contrário dela, porém, Artur parecia ter claramente escolhido um dos lados para apoiar. Passara a monopolizar os jantares narrando os elogios que ouvia no Ministério ao desempenho de sua filha mais nova no treinamento de Aurores.

– ... e aí eu disse, mas Marvin, você esperava algo diferente? – Ele tomou um grande gole de suco para engolir as batatas coradas com cebolas. – Ele me respondeu que achava que por Gina ser menor na época da segunda guerra, ela não seria tão boa quanto Rony. Então eu lhe falei que Gina tinha sido treinada pessoalmente por Harry Potter... – ele engasgou um pouco e Molly lhe bateu nas costas e deu um olhar de advertência – na A.D., é claro. Ele já tinha ouvido falar da A.D. Hoje é quase uma lenda, não é? O fato é que ele não para de dizer o quanto a nossa Gina é fantástica em feitiços e defesa, Molly.

Concluiu muito satisfeito. A mesa, porém, ficou um pouco constrangida. Gina manteve todo o tempo a atenção no garfo que raspava o prato. E Hermione, que agora vinha jantar pelo menos dois ou três dias por semana com eles (os outros Rony ia para a casa dela), também parecia ter tomado o partido da amiga. Depois de alguns segundos de silêncio, ela perguntou, de um jeito animado, o que Gina fizera de especial nos treinamentos. Em troca, ganhou da amiga um olhar mortiço.

– Não sei bem – respondeu a garota de má vontade. – Acho que só cumpri as tarefas corretamente. Eu... na verdade, tenho algumas coisas para ler para o treino de amanhã. Se vocês me dão licença?

– Mas Gina – protestou a Sra. Weasley olhando horrorizada para o prato do jantar da filha – você mal tocou na comida.

Agora o olhar vazio se voltou para a mãe.

– Temos lanche no trabalho, mamãe. Eu fiquei sem fome.

Ela saiu da cozinha com passos firmes, dizendo boa-noite a todos e a ninguém em especial. Harry não ergueu os olhos da própria comida, ficou decorando as ranhuras do pudim de carne e agüentou com estoicismo o Sr. Weasley voltar a falar no quanto Gina era capaz de se defender e impressionar até Aurores experientes. Na verdade, mesmo que a notícia do namoro dos dois não tivesse chegado a extrapolar os muros da Toca (ou, talvez, por isso mesmo), todos pareciam achar necessário vir elogiar o desempenho de Gina para ele. Alguns por causa da A.D. – afinal, Harry fora o “professor” – e outros, os irritantes, porque os viam como uma espécie de “irmãozinhos” em razão dos longos anos de convivência. Ele, por acaso, era ruivo? E em que maldito lugar estava escrito que, por morar com os Weasley, ele era o cara mais indicado para informar se Gina tinha namorado ou não. Se outro cretino lhe perguntasse isso, ele o azararia com certeza.

Esmigalhou o pudim de carne no prato, enquanto lembrava que quase tinha feito isso com o rapaz que o interpelara no refeitório do Ministério, na hora do almoço, perguntando sobre Gina.

– O que você respondeu? – Rony quis saber quando o encontrou resmungando, logo após o colega se afastar. Harry até tinha tentado disfarçar o desagrado, mas foi difícil, já que atingira rapidamente a cor e a temperatura de uma chaleira fervente, e isso o obrigou a contar o que tinha acontecido.

– O que acha que respondi, Rony? – rosnou cheio de irritação e fugindo deliberadamente da pergunta.

O amigo cruzou os braços o analisando.

– Na verdade é o que eu estou curioso para saber.

– Ah, por favor! Qual é a desses caras? – estourou Harry. – Gina é bonita, sim, mas não é a garota mais bonita da seção, tampouco do Ministério. E não faz nem uma semana que ela entrou aqui, eu não entendo todo esse assanhamento!

– Você disse que ela era comprometida – afirmou Rony e Harry ficou ainda mais vermelho o que valeu como resposta, embora ele não abrisse a boca. – Acha mesmo que ela não é a garota mais bonita daqui?

– Não enche!

Rony deu um sorrisinho malvado e Harry teve vergonha de si mesmo.

– Ok, pode falar – admitiu derrotado – eu sou horrível.

– Não. Você é humano – falou Rony num tom compreensivo “demais”. – Provavelmente é por isso que é tão babaca. Uma verdadeira anta, para usar o termo adequado aos seres humanos que são tão humanos que se portam como quadrúpedes.

– Valeu! – agradeceu entre os dentes.

– Sempre às ordens, companheiro.

As lembranças indigestas da hora do almoço foram interrompidas pela voz carinhosa da Sra. Weasley perguntando se ele queria mais alguma coisa. Todos já tinham terminado o jantar e Harry ainda remava com o prato pela metade a sua frente. Murmurou alguma coisa, dispensou a sobremesa e subiu para o próprio quarto fazendo um imenso esforço para passar reto pelo quarto de Gina e para não fechar a porta com um estrondo. Depois, como se estivesse sufocado, arrancou a camiseta do corpo e escancarou as janelas. Sentou no parapeito, atirando longe os tênis e as meias, e pensando infeliz que nem todo o oxigênio do mundo o faria respirar melhor.

Harry sempre achou que sua condição de órfão o fizera muito independente. Que ele tomava decisões desde muito cedo, e sempre decisões muito sérias. Isso deveria servir para que ele se sentisse seguro quanto ao que fazer em relação ao próprio futuro. Mas o que via à sua frente hoje, não era menos turvo do que o que ele percebia na época da guerra. No fundo, parecia que antes era mais simples: ou era vida, ou era morte; ou era certo, ou era errado. Agora, essas coisas pareciam não ter o mesmo sentido. Parecia tão difícil ter qualquer tipo de certeza. Será que ela não entendia que ele estava tentando fazer o que era certo? E que, para ser correto, ele não podia assumir um compromisso que a colocasse em perigo? Respirou fundo. Nesse caso – e ele odiou constatar isso pela enésima vez – Gina estava certa, então. Ele não devia era assumir compromisso nenhum.

Era isso, claro. Harry devia deixar Gina livre. Devia esquecê-la e engolir vê-la com outro homem. Como você engoliu o Luc? A voz soou maldosa dentro da sua cabeça, e para fazê-la calar, Harry bateu várias vezes com a nuca no caixilho da janela.

– Shsss... – alguém pediu silêncio com risos lá embaixo, saindo pela porta da frente. – Para Rony!

– O quê? – perguntou o garoto com fingida inocência.

– Sua mãe deve estar na janela.

– Não está não. Vem!

Harry olhou para baixo a tempo de ver o amigo puxar Hermione para si e beijá-la com ardor. “Que ótimo!”, ironizou enquanto se encolhia para não ser visto e pedia silenciosamente que os dois fossem logo embora. Mas eles não foram. E Harry já estava achando que ficar ouvindo algo ser salivado e engolido continuamente não valia o preço do oxigênio que ele tanto precisava. Começou a descer da janela tentando não fazer barulho. Já estava constrangido o suficiente para que eles o percebessem ali.

– Rony... – gemeu Hermione – precisamos conversar... antes de eu... ir embora…

– Estamos conversando – disse Rony e Harry negou com a cabeça sem saber o que era pior: os beijos ou a “conversinha” de namorados. Ele pegou a varinha e já apontava para a janela para fechá-las cuidadosamente, quando:

– Sobre Harry e Gina, Rony.

Estacou.

– Ah Mione!

– É sério, Rony. Isso não pode continuar desse jeito. Eu não agüento vê-los nesse estado.

– Os dois são grandinhos. Vão se acertar.

– Rony! Eu não acredito! Depois de tudo o que você fez para os dois ficarem juntos.

Fez?

– Hermione eu não posso amarrar um no outro até que entrem num acordo, posso? Ok, esquece a imagem. De qualquer forma, não era você que não queria interferir?

– Eu estou é começando a pensar é que ajudar seu melhor amigo e sua irmã a serem felizes foi só uma desculpa.

Harry cruzou os braços e ficou ouvindo, definitivamente interessado. Até porque, a voz sibilante de Hermione estava apontando para Rony entrar numa enrascada e, com o prazer de quem está miserável, ele não sentiu nenhuma pena do amigo. Lá embaixo, Rony deu um longo suspiro.

– Bem, se quer a minha opinião, não creio que vá ajudar você e o papai ficarem elogiando as habilidades de Gina em feitiços e defesa. Isso não vai mudar a opinião do Harry.

– Eu sei... mas a Gina tem se esforçado tanto. Ela não vai desistir enquanto não provar para ele que ela é capaz.

– Acha que ela só quer provar que é capaz? Tenho a impressão de que ela vai fazer ainda pior do que isso.

– O que quer dizer?

– Ela está brava e foi desafiada, Mione. Acredite a “rainha da pirraça” seria capaz de sair a caçar dementadores unicamente para esfregá-los na cara do Harry. Por que essa cara? Pensei que conhecesse melhor a sua amiga. Ela é a pessoa mais compreensiva do mundo até que alguém lhe diga: Gininha, você não pode fazer.

Harry se inclinou um pouco na janela e viu Hermione concordar com a cabeça.

– Ela arrombava o galpão das vassouras desde os seis anos porque vocês não a deixavam jogar quadribol.

Rony fez um gesto de “o que foi que eu disse?”.

– Mas não é isso que está me incomodando – ele comentou.

– O que é?

– Ah, não me diga que não percebeu? Ela está detestando, Mione. Não acho que Gina esteja empolgada ou curtindo os treinamentos para se tornar Auror.

Hermione ficou um minuto pensativa, depois assentiu e Rony prosseguiu.

– Acho que, em outra situação, ela já estaria pensando em fazer alguma outra coisa.

– É – falou Hermione. – No fundo, acho que ela escolheu ser Auror por causa do Harry. Como se isso a tornasse melhor para ficar com ele. E, agora... Bem, agora é que ela não vai desistir mesmo. Vai se matar trabalhando lá dentro.

– Não é o máximo? – questionou Rony cheio de ironia. – Os dois vão conseguir o feito de serem duplamente infelizes. Talvez possamos convencê-los a escrever um livro e vender o segredo.

– Arrrr – Hermione bateu o pé com raiva no chão – porque o Harry é tão teimoso? Ela não é mais vulnerável que eu ou você. Harry parece achar que Gina ainda é a garotinha que ele salvou do Riddle e do basilisco.

Harry ouviu Rony abafar uma risadinha pelo nariz.

– O que foi? – perguntou a garota, desconfiada.

– Você não entende, não é? Nem ela.

– Não entende o quê?

– Não tem nada a ver com a capacidade de Gina, ou a idade ou o tamanho dela. Tem a ver com ele, com o Harry. E não é nem parte do complexo de herói dele. – Rony fez uma pausa como se esperasse que Hermione completasse o que ele falava, mas ela não completou, continuou a olhá-lo com curiosidade. Então, ele continuou: – Harry não suporta a idéia de fracassar. E quem pode culpá-lo? Nada é mais aterrorizante do que fracassar com alguém de quem você gosta muito, não corresponder ao que essa pessoa quer ou a gente acha que ela merece. Harry não suportaria fracassar com a Gina. Na minha opinião, é disso que ele mais tem medo.

Houve um silêncio, enquanto Hermione assimilava as palavras de Rony e Harry procurava desesperadamente não pensar nelas.

– Você acha...

– Eu tenho certeza.

– Por quê?

– O que acha que sinto na maior parte do tempo em que olho para você?

A garota fez um som engraçado e depois pulou no pescoço do namorado e Harry recuou para trás na janela. Foram longos minutos de beijos e sussurros que ele não conseguiu e nem quis identificar. Finalmente voltou a ouvir a voz da amiga num tom mais alto e Harry mais uma vez se inclinou para olhar.

– Será que vou ter de passar o resto da minha vida te convencendo que não acho você menos do que ninguém? Que não seria tão apaixonada por você se não o achasse incrível, maravilhoso e...

Rony a havia pegado pelos braços, afastando dele o suficiente para olhá-la bem de frente.

– Quero ouvir isso de novo – falou sério.

– Que você é maravilhoso? – ela tinha riso na voz.

– Não. A parte do “resto da vida”.

Até Harry arregalou os olhos.

– Rony, eu...

– Vai retirar o que disse?

– Não – ela disse com convicção.

Rony respirou audivelmente.

– Então... – ele pareceu meio sem jeito, meio engasgado – se eu... pedisse para você ficar comigo... assim, para sempre... Você responderia que sim?

No alto da sua janela, Harry tapou a própria boca para impedir a si mesmo de soltar uma interjeição impressionada em voz alta. O longo silêncio de Hermione deixava claro que ela não sabia o que dizer. Ele novamente arriscou olhar para baixo. Os dois estavam parados no mesmo lugar e os contornos pareciam a Harry estranhamente borrados e ele levou alguns instantes para perceber o quanto eles tremiam.

– Nós... – Mione engoliu em seco – namoramos não faz nem uma semana. – Rony levou a mão ao pescoço e o massageou assentindo, parecia arrependido de ter dito o que disse e obviamente, ela notou. – Mas eu não consigo pensar... em nada que eu fosse gostar mais – o rapaz ergueu a cabeça, dava para ver o peito erguendo e baixando rápido – do que passar o resto da vida com voc...

Ele nem a deixou terminar de falar. E Harry, mesmo feliz pelos dois, preferiu recuar definitivamente e fechar a janela. Tinha certeza de que Gina e ele não seriam mais o tema da conversa. Sentou na cama sorrindo sozinho, mas quando deitou a cabeça no travesseiro, a conversa que tinha ouvido voltou palavra por palavra a sua cabeça e isso lhe rendeu mais uma noite de briga com a temperatura, com o colchão e com cada um dos pequenos demônios que tinham se mudado para dentro do seu cérebro.

No dia seguinte, Harry levantou cedo e saiu antes que os outros sequer sentassem à mesa para o café da manhã. Também voltou mais tarde que o normal; e Rony confidenciou à Hermione que mal o viu durante o dia no Ministério. Nenhum dos dois descartou a idéia de que ele estivesse evitando as refeições e, por conseguinte, os elogios ao desempenho de Gina, que o Sr. Weasley continuava pressurosamente a transmitir. Os dois programaram de imprensá-lo, para saber o que estava acontecendo, no final de semana, mas no sábado de manhã, quando Rony acordou, já encontrou o quarto do amigo vazio. E Harry não voltou para a Toca antes no fim do dia.

– Conseguiu falar com ele? – Hermione correu para encontrar Rony ao pé da escada. Ele tinha subido para conversar com Harry, assim que o amigo chegou.

– Não. Ele disse que precisava tomar um banho, que depois falava com a gente.

– Ele disse onde esteve?

Rony lhe devolveu um olhar cansado.

– Nem me deixou perguntar. Mas sabemos que ele não estava no telhado, não é?

– Ele já entrou no banheiro? – Rony confirmou. – No que ele sair eu vou tentar falar com ele – disse Hermione, decidida.

– É todo seu. Você sempre conseguiu arrancar mais do Harry do que eu. Falando nisso, conseguiu alguma coisa com a Gina?

– Aquela ostra? Nem batendo com um martelo. Ela me deixou falar por um tempão e quando eu perguntei o que ela tinha a me dizer, você acredita que ela me falou: desculpe Mione, mas eu perdi o que você estava falando – terminou com sonoro bufo de contrariedade e deu de cara com a expressão divertida do namorado. – O que foi? Não me venha com: “você fica bonitinha furiosa”, Rony. – O rapaz engoliu o riso e ela continuou a reclamar. – Eu simplesmente não consigo acreditar. Estava tudo tão perfeito. Ainda mais agora que a gente...

– Você contou para a Gina? – havia uma nota de ansiedade nos olhos azuis e Hermione esqueceu por um momento que estava indignada com os dois amigos e sorriu.

– Foi o único momento em que arranquei dela alguma reação genuína. É óbvio que ela adorou. Fez a maior festa e mais!

– O quê?

– Gina exigiu que contássemos hoje à noite, no jantar de aniversário dela, para o resto da família.

– Ho-hoje! – Rony engasgou com a saliva e pigarreou. – Mas... no aniversário dela? Eu pensei que...

– Ela disse que não haveria presente maior – Hermione parou e respirou fundo. – A não ser, claro,... é muito precipitado. Afinal...

– Corta essa. Vou falar para todo mundo que queremos nos casar e que faremos isso assim que terminar o meu treinamento – disse Rony voltando a parecer muito seguro e Hermione não conteve um sorriso. – Apenas queria que fosse uma festa de noivado, sei lá, uma coisa legal. Mas se para você não tem problema, por mim ótimo. Mas você sabe o que os gêmeos vão dizer, não sabe?

Ela riu enquanto jogava os braços em torno do pescoço dele.

– “Grande novidade” – disse imitando o jeito de Jorge e Fred falarem em coro. – Eu não preciso de uma festa de noivado, Rony. Por mim, você pode até mandar anunciar no Profeta Diário, não me importo que o mundo inteiro saiba. – Rony correspondeu ao abraço muito satisfeito e beijou-a longamente. Depois, voltou ao assunto dos gêmeos.

– Eles também vão pressioná-la para desistir, pode esperar. Vão apelar para a sua sanidade mental. Dizer que você escolheu o segundo pior da família. Que quem visse seus N.O.M.S. e N.I.E.M.S. esperaria muito mais de você.

Hermione deu de ombros.

– Você sabe que eu sempre achei os gêmeos dois malas, não sabe? E bem idiotas na verdade.

O sorriso de Rony se alargou como se a festa de aniversário fosse para ele e não para a irmã.

– Posso mandar fazer camisetas com isso?

Ela revirou os olhos.

– E você é um bobo. Eu te amo. Mas você é muito bobo – completou rindo e ele voltou a beijá-la empurrando-a para o sofá e dizendo que mostraria quem era bobo.

Sendo assim, nenhum dos dois percebeu quando Harry desceu as escadas e passou por eles em direção à porta dos fundos. De fato, ele fez um enorme esforço para não se fazer notar e, por isso, também passou pela cozinha praticamente deslizando para que a Sra. Weasley, que estava atarefada com as panelas para o jantar, não percebesse que ele estava ali.

Agosto parecia ter decidido que seria um mês quente e úmido, o que dava a sensação de que se era lentamente cozido no vapor. O fim da tarde trazia, agora, um abrandamento no calor na forma de uma garoa fina que mais parecia ar líquido, mas que continuava a encharcar o gramado não muito aparado da casa dos Weasley. Ao longe, o horizonte tinha uma aparência borrada de algo coberto por uma fina cortina de banheiro, o que dava a sensação de que a propriedade estava suspensa no meio das nuvens.

Harry seguiu sem se deter, atravessando o pátio em direção à cerca de pedra. O chuvisqueiro pareceu decidir que iria se transformar em chuva de verdade com grossas gotas caindo sobre os seus ombros, mas ele não alterou o passo. Ia contando cada shop que os pés faziam na grama enlameada como um antídoto contra qualquer tipo de pensamento. Tão logo passou o portãozinho de madeira preso por uma única dobradiça – a outra já perdera dois pregos e estava torta – Harry fixou os olhos nas portas abertas do galpão-garagem dos Weasley. Se pensou em voltar foi naquele momento, mas passou a idéia para um canto da mente. Não haveria outro momento, nenhum mais propício. Era melhor que fosse feito longe da família e, de qualquer maneira, eles não poderiam se esquivar eternamente de conversarem.

Parou diante da porta. Uma brisa fria colou a camiseta já molhada nas suas costas enquanto ele observava Gina. Tinha certeza de que ela estaria ali. Treinando. Ela passara cada momento livre que tivera na semana dentro daquela garagem e Harry não deixou de ficar admirado com a transformação que tinha ocorrido no lugar. A maior parte da enorme e caótica coleção de objetos trouxas do Sr. Weasley tinha sido empilhada junto às paredes, das quais, Gina livrara somente as janelas, cujos vidros imundos não ajudavam a melhorar a claridade lá dentro. No centro, como se houvesse uma arena, estava um manequim enfeitiçado para lançar raios a intervalos regulares. Harry já trabalhara com um treinador improvisado como aquele, na época da A.D. No Ministério havia objetos de treinamento mágico mais sofisticados. Um cheiro de queimado se sobressaia ao da poeira e da umidade. E, em alguns cantos, as pilhas de ferramentas e tesouros do Sr. Weasley tinham desmoronado, e dava para ver alguns objetos quebrados.

– Oi – falou num tom que não lhe deu certeza de que ela o tinha ouvido.

O manequim girou e atirou um raio na direção dele e Harry, num reflexo, se jogou para o lado, mas o movimento foi desnecessário. Gina havia pulado na sua frente e, com um movimento de varinha, o raio bateu em uma parede invisível e retornou ao manequim, fazendo-o entrar em combustão. Com um segundo movimento, mais displicente, ela apagou o fogo. Ainda com o coração alterado pelo susto, Harry registrou a perfeição do feitiço escudo não-verbal, enquanto uma outra parte do seu cérebro parecia ter ficado mais impressionada com o fato de que Gina, em trajes de treino, estava estonteante. Piscou várias vezes tentando desviar a atenção de uma mecha de cabelo que tinha escapado do rabo de cavalo e agora caía, apontando como uma seta para o decote feito pela camisa que ela tinha amarrado acima da cintura, por causa do calor.

– Desculpe pelo ataque – disse a garota.

– Sem problema. Foi... só o susto. – Ela também não pareceu querer prestar muita atenção nele e seguiu para o lado do galpão, onde pegou uma toalha, que estava pendurada em uma cadeira, e secou o rosto suado. – Eu... – fale logo, seu idiota – feliz aniversário.

– Obrigada.

– E-eu... – pare de gaguejar. Harry deu alguns passos na direção dela e levou a mão direita às costas – eu trouxe um presente para você.

Gina finalmente o encarou de frente e isso não tornou as coisas melhores.

– Não precisava se incomodar.

– Não foi incomodo – reagiu ofendido, enquanto pegava o embrulho que ele prendera ao cós da calça, sob a camiseta, e o estendia para ela. – Eu realmente queria te dar um... este presente.

A garota secou as mãos na toalha e a recolocou no espaldar da cadeira, depois deixou a varinha sobre o assento e pegou o presente.

– Muito obrigada – disse.

– Abra – pediu Harry.

Ainda ofegante por causa do exercício, Gina tomou ar e começou a abrir o pacote. Rasgando um pouco o papel, os olhos dela lampejaram ao ver a capa do livro Vai encarar?: A trajetória do Harpias de Holyhead, seu time de quadribol.

– Ei, eu queria isso – falou quase sorrindo.

– Eu lembro, você me disse quando viu a resenha do lançamento do livro no Profeta.

– É... Obrigada, Harry – ela o encarou e o rapaz sentiu o estômago dar um solavanco, como se ele estivesse prestes a morrer de inanição. – Eu gostei muito.

Ele assentiu, mas não fez nenhum movimento nos vinte segundos que se passaram e a situação começou a ficar esquisita. Era isso, não era. Entregar o presente. Ver se ela diria alguma coisa. Talvez conversar a partir daí, mas Gina também não se moveu e, ao contrário de Harry, ela não perecia vítima de um desconforto insuportável.

– Humm... Quim falou em montar um jogo, digo, de quadribol para integrar a equipe e o pessoal em treinamento na seção. Você... vai participar?

– Talvez. Você vai? – perguntou e Harry confirmou rápido.

– Acho que você tem que participar, Gina. Quero dizer – ele deu uma risadinha – Rony, você e eu... os veteranos não terão a menor chance.

Sem o mesmo entusiasmo, Gina concordou.

– Eu preciso entrar e tomar um banho – ela disse de um jeito um pouco apressado e, pegando a varinha, a toalha e o presente, passou por ele em direção à porta. – Logo meus irmãos estarão chegando e mamãe também convidou Luna e Neville, eu...

Mas Harry a tinha segurado pelo braço, impedido-a de se afastar.

– Acho que a gente precisa conversar – falou enquanto o coração subia para a garganta. A garota olhou com frieza para a mão que lhe segurava o braço e Harry quase pode vê-la queimar.

– Você mudou de idéia?

– Gina, escute...

– Não vejo o que possamos ter para conversar neste caso, Harry.

Ela soltou o braço com um movimento firme e Harry achou que preferia ouvi-la gritar e xingá-lo, mas Gina não se alterou. Apenas voltou a caminhar em direção à porta com os mesmos passos decididos.

– Rony e Hermione falaram que você não está gostando do treinamento de Auror – comentou em voz alta para ver se ela reagia a uma abordagem direta. Gina parou e se virou para ele.

– De onde eles tiraram isso?

Harry não tinha a menor idéia.

– É verdade?

A menina cruzou os braços diante do corpo. De novo havia aquele brilho teimoso e rebelde no seu rosto quando ela ergueu o queixo.

– Não.

– Você não precisa fazer uma coisa de que não gosta, Gina. Não por...

– Você? Não estamos juntos Harry. Logo, o que eu faço ou deixo de fazer não tem nada a ver com você, nem é da sua conta. Ser Auror é uma profissão como qualquer outra. E eu tenho me dado muito bem nos treinamentos. O que, aliás, você certamente já sabe, e o meu pai te lembra diariamente.

Por que aquele tom calmo e decidido era mais agressivo que qualquer outro?

– Você não vai – buscou uma palavra adequada, uma que não fizesse ele se parecer com o “pai dela” ou coisa assim, mas só lhe veio uma – ser feliz fazendo uma coisa que não gosta.

Gina deu de ombros, completamente desinteressada.

– É a vida adulta.

E girando os calcanhares ela voltou a caminhar para a porta. Harry ficou olhando-a sair. O que afinal ele estava fazendo ali? Tinha empurrado Gina para fora da sua vida. Não tinha nada o que fazer ali. Nada que pudesse realmente oferecer a ela. Na verdade, ele mais parecia uma maldição na vida da garota.

Por gostar dele, Gina quase fora morta aos onze anos de idade. Para segui-lo, ela correra riscos aos quatorze, chegando a se machucar seriamente. E, ao se aproximar dela, como ele fizera, buscando perder-se na luz que emanava daqueles olhos, daquele sorriso, parecia somente ter trazido infelicidade. O fato, aquele que Harry via e não queria aceitar, é que não podia ficar perto dela. Tinha sido um erro vir morar na Toca. Tinha sido um erro tentar vê-la depois do baile, tentar conversar depois daquele beijo. E, provavelmente, era um erro ainda maior ter vindo procurá-la ali, sob o “falso” pretexto do presente. Harry só se deu conta do quanto a sua desculpa tinha sido mentirosa quando já não podia mais controlar os seus pés, que quase correram atrás dela, ou os seus braços, que a juntaram contra o corpo como se ele pudesse absorvê-la pela pele. Ou, talvez, sugar a sua alma pela boca, pois quando ela entreabriu os lábios para protestar, Harry já tinha adentrado neles como um homem sedento em um oásis.

Foi a coisa mais estranha que ele já tinha sentido em toda a vida. Seu cérebro berrava, o chamava de louco, dizia que ele tinha perdido completamente qualquer coisa boa da qual se orgulhasse no seu caráter. Gina não parecia satisfeita, tampouco. As mãos dela forçavam os seus ombros para trás. Ela parecia realmente furiosa porque o estava esmurrando com toda a força que tinha. E ainda assim, seu corpo parecia obedecer a outro mestre. Estava completamente fora de controle. As mãos prendiam Gina junto a ele, uma delas se enfiando sob a camisa, que acabara por desamarrar e abrir-lhe mais espaço, o que o fez soltar algo como um ganido prazeroso. A outra mão, treinada para seguir a obsessão do dono, desamarrou o rabo de cavalo e se enfiou sob os cabelos dela. Foi só quando sentiu que a resistência de Gina começou a esmorecer que Harry se deu conta de que estava ultrapassando mais do que os limites de um amasso. Soltou-a como se tivesse levado um choque. Estava com nojo de si mesmo. Estava com tanta raiva que tinha olhos molhados, mas de pura fúria. Ficou de costas, sem coragem de olhá-la.

– É assim que quer ser Auror – falou com a voz carregada da irritação e náusea –, você estava armada! Devia ter me azarado!

Gina não respondeu e o silêncio se alongou por tanto tempo que Harry achou que ela tivesse saído do galpão, mas quando se voltou ela estava no mesmo lugar. Teve de engolir em seco diante da visão dela, os cabelos soltos, a camisa entreaberta, os olhos ainda faiscando. Mas Gina não parecia tão furiosa, pelo menos não tão furiosa quanto ele.

– Não me passou pela cabeça – ela falou ainda ofegando.

– Pois é o que devia ter feito! – gritou. – É o que se faz quando um cretino age desse jeito! Você azara ele! Deixa no chão, manda para o hospital! Faz ele se arrepender de ter nascido!

Gina estreitou os olhos e Harry, mesmo com o peito doendo de um jeito quase insuportável, notou que havia uma certa maldade neles.

– Não quero que você se arrependa de ter nascido – ela deu um passo na direção dele. – Quero que se arrependa de agir como um idiota.

Dessa vez foi ela a beijá-lo, mas se Harry acreditava ser um erro maior que todos continuar a agarrá-la, seu corpo parecia rir-se dele. Seus braços voltaram a envolvê-la e o beijo foi ficando cada vez mais desesperado, lentamente perdendo qualquer controle, qualquer tipo de segurança que eles quisessem guardar. Se os dois desejassem realmente se manter firmes em seus pontos de vista, teriam se afastado. Mas como se separa algo que é inteiro, sem quebrá-lo?

Harry só registrou que a camiseta molhada que usava estava fora dele, quando as mãos de Gina deslizaram pelo seu tronco e ele se viu afastando a camisa da garota para beijar-lhe o ombro. O último botão ainda fechado estourou com o movimento.

– Me manda parar – implorou.

– Não – disse Gina cheia de segurança e Harry, apavorado e incapaz de agir de forma diferente, deslizou as mãos por trás das pernas dela e a ergueu no colo. Ela o enlaçou pela cintura e continuou a beijá-lo jogando o cabelo sobre o seu rosto.

Antes que Harry conseguisse apoiar as costas de Gina contra a parede, a camisa dela já tinha voado para algum lugar. Não era a questão de ir longe demais ou não. Era a situação em que eles haviam perdido o controle. Em qualquer momento da semana anterior, se Harry tivesse conseguido ficar a sós com Gina tempo suficiente, as coisas seguiriam aquele caminho. Afinal, estava ali. Sempre esteve. Desde o primeiro beijo. Como uma coisa certa, marcada. Como a coisa que ele mais queria no mundo.

Talvez, por isso tudo, tenha sido estranho que eles tenham parado, os dois juntos, estando tão perto. Harry encostou a testa suada na de Gina. Estavam ofegantes e engasgados com a quantidade de coisas que não conseguiam nem ousavam dizer. Com um esforço supremo, ele encostou as mãos na parede, uma de cada lado da garota, escrupulosamente sem encostar nela.

– Só... tem uma coisa que me interessa – falou num resquício de fôlego. – Quero que você seja feliz, Gina.

– Eu só conheço um jeito disso acontecer – ela respondeu também ofegante.

Harry finalmente abriu os olhos e devorou o rosto bonito e teimoso da menina a sua frente.

– Eu vou resolver isso. Juro que vou.

– Harry...

– Você me ouviu aquele dia, Gina. Eu não consigo ficar longe de você. Está além das minhas forças – ela estava quase a ponto de sorrir, mas Harry cobriu os lábios dela com o dedo para que ela não o fizesse. – Mas se for preciso, vai ser o que eu vou fazer.

Poucas vezes Harry viu Gina tão parecida com uma leoa. Ela o empurrou para longe e saiu para o centro do galpão catando pelo caminho a blusa amarrotada e suja de poeira, que vestiu rápido, mantendo-se de costas para ele.

– Imagino que já tenha um plano – resmungou.

– Vou me mudar para o Largo Grimmauld. Afinal, a casa é minha e... não é exatamente como não ter para onde ir.

Gina deu um risinho sem humor.

– Você vem planejando isso há dias, não é? Deixou para hoje para completar meu presente de aniversário?

– Não vejo no quê continuar aqui melhore a nossa situação, Gina. Talvez, assim fique mais fácil.

– Claro. E quando é que você e seu demônio particular se mudam?

– Depois do jantar.

– Rápido. Bem, nesse caso, só me resta desejar felicidades. A vocês dois: você e o fantasma do Voldemort. Espero que o enfim sós seja proveitoso para ambos. Agora, se me dá licença? Eu preciso de um banho.

Harry enfiou as mãos nos bolsos do jeans e fechou os punhos. Gina já estava na porta quando ele conseguiu falar.

– Eu vou derrotá-lo, Gina.

– O seu fantasma? – ela perguntou sem se desfazer da ironia que havia se instalado na sua voz.

– O que quer que seja. Não o deixarei voltar.

– Boa sorte, então – ela retornou alguns passos até o lado dele. – Uma pena que você queira fazer isso sozinho – disse cheia de mágoa.

Ele ergueu a cabeça e olhou o mais profundamente nos olhos dela que conseguiu e, ainda assim, percebeu que, lá fora, a noite caíra de supetão. Gina parecia ser a única coisa iluminada num raio de quilômetros.

– Eu gosto demais de você para te pedir que fique comigo numa situação assim, Gina.

– Esse é o seu problema, Harry. – Ele arqueou a sobrancelha. – Você gosta de mim. Ou pelo menos é o que acredita, não é?

Sem esperar resposta ela andou uns passos e recolheu o presente que ele havia lhe dado e que acabou indo parar no chão. Gina limpou o livro cuidadosamente com a mão e o segurou contra o peito.

– Mais uma vez, obrigada pelo presente. – Harry continuou quieto.

Tudo o que conseguiu foi vê-la sair e se deixar ficar, enquanto a noite entrava pelas janelas do galpão.



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N/B: Que talento formidável você tem, Anam, para nos fazer adorarmos ainda mais estes casais. Mesmo quando um deles se mostra a dupla mais cabeça dura do mundo literário! Definitivamente, compreendi como a Molly se sentiu, neste capítulo. Dou razão aos dois e a nenhum, ao mesmo tempo. Mas, é assim que eles são, e é assim que os amamos. Particularmente quando escritos por você, Sally. A cada capítulo a forma como consegue ir fundo nos sentimentos dos personagens, e como consegue transmiti-los para nós, me surpreende e me enche de admiração. Já disse aqui, e repito sempre: BETAR SUAS FICS É UMA HONRA E UM PRESENTE!!! Obrigada por nos trazer sempre passagens tão incríveis com nossos personagens tão queridos! Ler sua fic enche de alegria esse coração potteriano!! Betá-la faz meu orgulho autoral valsar com essa alegria!! _ EXCELENTE!!!! Palavra de amiga, de beta, de fã e de colega!!! Beijos muitos!!! Por favor, me mande logo mais trabalho, ok??? ;D – p.S.: As cenas quentiiiisss ficaram... escaldantes. E Ron e Hermione marejaram meus olhos...


N/A: Tinha programado este capítulo para ter outra música, mas a Michele Potter me viciou nesta, então a culpa é dela. Inclusive do fato de eu repetir uma banda, coisa que originalmente eu não pretendia fazer. Rsrsrs Valeu por ter me apresentado a Run, do Snow Patrol, amiga. Como sempre a letra está na comu das fics no Orkut e a música no Multiply. Um detalhe, Run pode ser traduzido também como Fuga.

Vou responder de forma geral algumas perguntas que têm aparecido em mais de um comentário e tem alguns spoilerzinhos de DH na resposta, então que não leu pule, ok?.


Não. Não é minha intenção tornar a Just uma pós DH. Até porque, acho que a primeira coisa que o garoto fez depois de comer alguma coisa e dormir longas horas, foi chegar na ruiva. Mas isso não impede ninguém de imaginar que seja assim, ok?

A outra pergunta é se esta fic antecede o Retorno das Trevas ou vai se tornar uma fic de aventura.No primeiro caso, também fica de acordo com o gosto e a imaginação. A fic pode ser vista como independente pois tem escolhas diferentes (no caso da Gina) ou não. Fica pelo critério de vcs, mas não vou tornar a fic aventura. Um pouco de suspense talvez (eu não resisto), mas ela é basicamente um romance, ok?


Não sei se tenho muitos comentários a fazer a este capítulo – que escrevi com dor no coração em boa parte –, apenas peço desculpas pelo pequeno Spoiler de DH que plantei no meio, nada sério, sobre o time de quadribol da Gina. E, de qualquer forma, eu não posso deixar de agradecer imensamente a todos os que têm deixado os comentários aqui. Então:


Valeu


Gessy Silva, Sônia Sag, Mimi Potter, Priscila Louredo, Pamela Black (adorei o 4 estações em um único dia), Mi Potter, Bernardo Cardoso Silva (bate não, tadinho, ele faz isso sozinho rsrs), Lola Potter, Bruna Perazollo, Gina W. Potter, Srtáh Míííhh, Drika Granger, Belle Sarmanho (querida, eu não desisti de usar a música, apenas adiei, ok? Espero que não fique chateada, mas eu precisava acompanhar o ritmo do capítulo, Bjs), Patrícia Ribeiro, Expert2001 (muito obrigada mesmo!!), Edu Pimentel, Daina Braga Pereira, Thais Domingos dos Santos Rodrigues, Amanda (obrigada e bem vinda!), Lica Martins (vc é um anjo, sabia?), And GW (obrigada!), MárciaM (adorei o estica o dedinho, hihi), Lili Negrão (Liz), Dibiela, Charlotte Ravenclaw, Amanda Regina Magatti, Nandagina, Naty L. Potter, Ana Eulina Carvalho, Sô (rsrs), Gianna, Maionese (você resumiu tudinho no seu comentário, querida, mas dê tempo ao tempo), Mari Granger, Luisa Lima, Virna Manu, Camila Martins (que maravilha ler seu comentário aqui, um beijão linda!), Paty Black, Morgana Black, Dani Potter, Gabizinha (muito obrigada, querida), Luvlilo (valeu!), Susani Gehlen (fiquei muito lisonjeada mesmo, obrigada), Sus, Carol Lee e Telma Freitas.

Um beijo carinhoso em todos, inclusive nos que não comentam, tá?
Sally



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