One



Capítulo 11




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Gina estava deitada com os olhos muito abertos, apreciando o escuro. A casa continuava quente apesar da chuva já ter refrescado bastante a temperatura lá fora. Por isso, ela tinha deixado a janela aberta e, agora, o cheiro de terra molhada e o som hipnotizante da água batendo no telhado invadiam o quarto por ali. Apurou o ouvido, o resto da casa parecia finalmente ter mergulhado nas horas silenciosas do sono. Mas ela estava bem acordada e Hermione também. Então, quando não foi possível mais ouvir nenhum som, ela se sentou num salto na cama.

– Você começa! – Ordenou num sussurro e Hermione riu.

– Estava demorando... – a outra socou o travesseiro e se virou para olhar para Gina, de quem mal distinguia a sombra. – Mas você é quem devia começar, afinal, é uma questão cronológica, não? Você ficou com o Harry antes de eu ficar com o Rony.

– Mas comecei oficialmente a namorar depois.

– Horas depois.

– Não enrola, Mione!

– Não estou enrolando – Hermione comentou rindo. – Garanto que você está muito mais interessada em falar do Harry do que em saber do seu irmão.

– Hermione, minha querida, eu falo há anos do Harry e, ao contrário de você, eu já tinha tido uma provinha, portanto, essa é a sua hora, meu bem. – Gina se jogou na cama e colocou o rosto a centímetros da amiga. – Vamos! Conte-me tudo, não esconda nada!

Hermione continuava a rir tolamente.

– O que quer saber?

“Tudo!”

– É verdade que ele te beijou no baile?

– É.

– E?

Um longo suspiro cortou o escuro e Gina revirou os olhos, enquanto pegava a varinha e murmurava “Lumus”. Se Hermione ia ser tão econômica nos detalhes, ela pelo menos queria ver a cara de boba da amiga.

– Se foi tão maravilhoso assim, porque você o deixou passar o final de semana naquele estado miserável?

– Eu não queria deixar ele mal – se defendeu Hermione. – Você tem idéia de como eu fiquei?

– Imagino... Ainda assim, eu não entendo o porquê da tortura.

Hermione sentou na sua cama, feita no chão, ao lado da de Gina.

– Você está sendo injusta, Gina. Eu nunca quis torturar o Rony. Eu só... só... – a voz dela se perdeu no caminho.

– Sei – disse Gina. – A guerra. – As duas ficaram em silêncio por um momento, então Gina prosseguiu. – Mas... sei lá... não seria a melhor forma de superar tudo o que passou simplesmente tentando ser feliz?

– Não é tão fácil assim, Gina. Você e o Rony falam em seguir em frente, como se desse para apagar tudo... esquecer o que passou.

– Eu não disse que era fácil – ela se defendeu. – E também não se trata de simplesmente esquecer, Mione. Mas de construir coisas boas com o que temos. E a gente tem muito! Muito mais do que outros.

A fala de Gina rodou por alguns minutos no vazio. Hermione manteve a cabeça baixa, parecendo muito interessada em analisar o próprio pé, até que ela voltou a falar num sussurro.

– Você nunca se sente culpada?

– Culpada? Culpada de quê?

Hermione ergueu os ombros e disse alguma coisa num tom tão baixo que Gina tirou, impaciente, o cabelo de cima da orelha e se inclinou mais sobre a cama para ouvi-la.

– Eu não entendi. Culpada de quê?

Demorou um pouquinho para Hermione repetir, parecia ter vergonha.

– De estar viva – disse num tom bem baixo.

Gina se endireitou na cama e a olhou, muito séria.

– É isso que você sente?

– Às vezes – falou Hermione. – Não sei... parece tão errado. A gente estava na linha de frente, estava mesmo disposto a morrer se fosse preciso (é claro que queríamos ficar vivos), mas sempre pensei que era uma possibilidade bem plausível, sabe... a gente morrer. Ainda mais... ainda mais...

– Quando pegaram o seu pai.

– É... – ela falou tristemente. – Eu achava realmente que aconteceria. Mas depois de tudo... estamos aqui e... Eu sei que é loucura, mas... parece errado ficar tão... – fez uma careta um pouco constrangida – feliz.

Gina cruzou os braços e quando falou havia uma certa rebeldia na sua voz.

– Uma coisa é se sentir culpado porque aconteceu algo ruim e você tomou parte nisso, – Gina não precisava falar para que a amiga soubesse que ela se referia ao seu primeiro ano na escola, quando fora possuída por um pedaço da alma de Tom Riddle – outra é se sentir culpado por sobreviver ao horror. Não há nenhuma culpa nisso, Mione.

– Eu sei! Eu sei. Não é algo claro. Na verdade, acho que só consigo identificar que é isso, porque li muito sobre o assunto no meu quinto ano.

Não haveria nenhuma surpresa na voz de Gina se não fosse a data.

– Leu? No quinto ano? Por quê?

– Harry – respondeu Hermione com simplicidade. – Ele estava tão fora de si naquela época e eu sabia que tinha um pouco a ver com o Cedrico. Eu queria entender como ele estava se sentindo para poder ajudar. Então, pedi para os meus pais me enviarem uns livros de psicologia trouxa. O irmão da minha mãe é psicólogo, sabe? Bem... sentir culpa por sobreviver é bem comum, apenas... nunca achei que eu... Acho que só me dei conta quando o Rony me beijou e eu fiquei tão mal – a outra arqueou a sobrancelha – por ficar tão bem...

Gina deu suspiro. Entendia Hermione perfeitamente e sabia que a amiga se martirizava por estar complicando coisas que podiam ser simples. Mas, ainda assim a admirava supremamente. Poucas pessoas seriam tão lúcidas quanto às próprias dores.

– Eu... – Hermione prosseguiu – ainda ouço os gritos, sabe, e tenho pesadelos e... vejo tão bem os rostos... Mas tem dias... Dias, em que não consigo lembrar. Não lembro direito de como o meu pai era ou qual era o som da voz dele, ou de quais os livros que ele gostava de discutir comigo e... isso dói e eu me sinto péssima...

Sem pensar muito, Gina escorregou da cama e abraçou a amiga.

– Eu sei... – consolou – sei sim... Fazem tanta falta, não é? – Hermione mexeu com a cabeça. – Mesmo as coisas irritantes. Tem dias que me pego olhando as piadas dos meus irmãos e fico imaginando como Percy iria incomodá-los se os ouvisse. E tem vezes, que acho que eles param e também ficam pensando nisso. Qual a regra que nosso irmão invocaria para nos censurar...?

Hermione saiu do ombro de Gina e pegou a sua mão.

– Ainda assim, sua família continua inteira.

– É. Falta um pedaço sim, sempre vai faltar, não há o que tape isso. Mas só tem um jeito de ser feliz, Mione, e é sendo. – Gina brincou com um cacho solto do cabelo da amiga. – Minha mãe perdeu dois irmãos na primeira guerra. Meu pai perdeu um tio e meu avô morreu de tristeza por isso. E sabe o que eles fizeram? Tiveram nós sete. E mesmo com toda a falta de ouro, eu só me lembro de rir nessa casa, a minha infância toda...

As duas sorriram juntas.

– É por isso que não tem como não adorar a sua família.

– Minha? Queridinha, depois do que eu vi no muro hoje, acho que dá para chamar de sua família também e... Mérlin ajude que vocês já não a estejam aumentando. – Hermione lhe deu um tapa no braço, enquanto ria e passava as mãos sob os olhos.

– Nem diga isso... não depois do que eu fiz hoje...

Gina arregalou os olhos dramaticamente e abriu a boca.

– Não! – Protestou Hermione, negando enfaticamente e então parou. – Bem... quase. – Gina levou as mãos à boca para segurar um soluço de riso. – Se não fosse o Rony era bem capaz de ter sido!

– O QUÊ?

– Gina! Fala baixo! – Implorou Hermione segurando uma gargalhada.

– Ah não! Agora, eu quero detalhes! Todos os pequenos, pecaminosos e sórdidos detalhes.

Hermione quase enfiou o punho na boca para controlar o acesso de riso e quando finalmente conseguiu, negociou.

– Certo, mas em compensação quero saber tudo o que aconteceu no telhado. É... eu estou sabendo, bruxinha. E também de umas escapadas do Harry para o seu quarto – Gina fez uma cara inocente – também quero detalhes, viu? O que você não contar, vou te fazer desenhar.

A outra abriu a boca, falsamente escandalizada.

– Pervertida!

– Atirada!

Seguiram em “xingamentos” até rirem às lágrimas. Depois mergulharam numa longa troca de confidências como se tivessem novamente quinze ou dezesseis anos. Como se não tivessem tido a adolescência cortada por acontecimentos tristes. Como se amizade fosse um tipo de poção que curasse feridas profundas. Ainda estavam acordadas quando chuva parou e o ar que entrava pela janela se tornou tão frio que Gina, finalmente, a fechou. Depois, ela voltou para a sua própria cama e deitou, os olhos ainda muito abertos. Pela respiração, Hermione estava tranqüila o suficiente para abraçar o travesseiro e sonhar com Rony.

– Mione?

– Hum?

– Eu queria te perguntar uma coisa.

– Hum?

– Aconteceu... algo que eu não sei? Na guerra?

– Está falando do que? – perguntou Hermione com a voz já menos sonolenta.

– Harry – Gina sentiu que Hermione se ergueu nos antebraços. – Ele quer me contar alguma coisa... Acho que tem a ver com a guerra.

– O quê?

– Eu não sei! Ele ainda não contou. Achei que você soubesse.

Hermione ficou em silêncio, pensando.

– Não imagino exatamente o que...

– Tem coisas que eu não sei?

Dessa vez, o fato de Hermione ficar quieta teve um sentido bem eloqüente para Gina.

– Tem, não é?

– É. Tem sim – concordou a amiga, sem coragem de negar. – Bem, quem sabe agora, que vocês voltaram, o Harry não quer te por a par de tudo? Te contar os detalhes?

– É – disse Gina – deve ser isso.

– É sim! – Hermione pôs entusiasmo na frase e voltou a deitar a cabeça no travesseiro.

As duas disseram boa noite e se acomodaram, finalmente fechando os olhos. Gina apenas desejou que aquele pontinho minúsculo e frio que havia se instalado no seu estômago fosse dormir também. Mas ele ficou bem ali.

Ela ficou esperando que Harry tocasse no assunto, mas ele não falou no dia seguinte, nem no outro, e nem no que veio depois desse. Na verdade, até o final o final de semana seguinte eles conversaram bem pouco sozinhos. Isso não quer dizer, de forma alguma, que Harry estivesse tentando fugir da tal conversa. Não mesmo. O problema era outro. E tinha tudo a ver com o fato de serem namorados oficiais morando sob o mesmo teto que os pais e os irmãos dela (os gêmeos faziam visitas freqüentes demais no entender de Harry, que esperava uma folga com Rony ocupado com Hermione). Assim, toda a vez que conseguia um minuto a sós com Gina, sinceramente, a última coisa em que ele pensava era puxar assuntos chatos e incômodos. Não quando ela estava na sua frente toda cheirosa, e macia, e se acomodando tão bem no meio dos seus braços, e lhe oferecendo os lábios convidativamente. Fazendo-o ter pensamentos que nada tinham a ver com guerras, mas que o mantinham em constante sobressalto para a entrada intempestiva de algum membro da família dela no lugar em que estivessem.

Foi por isso que ele prometeu a si mesmo que aquela história não passaria do último final de semana de férias. Na segunda-feira, ele voltaria ao treinamento de Auror e Gina também iniciaria o seu curso no Ministério. Como estavam em turmas diferentes, isso diminuiria o tempo dos dois juntos e Harry achava que adiar a conversa não era a melhor maneira de tirar o que estava lhe incomodando do caminho.

Hermione tentara saber o que ele queria conversar com Gina – obviamente as duas haviam trocado confidências –, mas Harry, embora apreciasse a ajuda, não conseguiu ter alguns instantes em que pudesse se explicar para a amiga. Novamente, não era culpa de ninguém especificamente. Afinal, se ele mal conseguia ficar a sós com Gina, como teria tempo para conversar com Hermione? Não quando ele sentia que todo o tempo em que seu corpo não estivesse, de alguma forma, encostado no da namorada era um tempo perdido. Rony também não parecia muito disposto a dar espaço para que Hermione ficasse longe dele. E, felizmente, a necessidade do amigo abria espaço para a sua. Pois enquanto Rony estava colado em Hermione, parecia menos atento no que Harry e Gina estavam fazendo. O que vinha sendo uma dádiva dos céus. Isso e aqueles instantes em que eles se arriscavam a serem flagrados. Mas nada, nada se comparava a maravilha de poder trocar carinho explicitamente ou de poder olhar para ela sabendo que ela era dele. Só dele.

Harry entrou da cozinha para a sala de jantar, onde Gina colocava sobre a mesa os pratos para a janta do sábado à noite. Sorriu observando-a se inclinar distribuindo os lugares e depois caminhou sem fazer barulho até o lado dela, largando os talheres sobre a mesa.

– Ah, obrigada, Harry – Gina agradeceu distraída, tratando a proximidade dele com familiaridade.

O rapaz conferiu por sobre o ombro o fato de estarem sozinhos. Depois, ergueu a mão afastando a massa de cabelos vermelhos e se inclinou lhe dando um beijo demorado na nuca. Gina estremeceu num arrepio e riu, mas antes que ela protestasse, ele a puxou para si e voltou a colar os lábios no pescoço da garota, o corpo inteiro sinalizando que aquele não era o lugar para aquilo e que ele queria bem mais. Seu polegar subiu do cós da bermuda de Gina até deslizar por um pedaço de pele descoberto pela camiseta. A outra mão subiu até o rosto dela e a fez voltar-se para beijá-lo. Ela acabou se virando de frente para ele e o puxou pela camiseta, tão entregue que Harry desejou aparatar dali para algum lugar no fim do mundo, onde ninguém pudesse interrompê-los ou atrapalhá-los.

– Hem... hem...

Os dois afastaram as bocas, mas não se soltaram já que aquela era a forma favorita de interrupção do Rony. Harry ficou muito sem graça ao perceber que era a Sra. Weasley que pigarreava da porta da cozinha. Gina, porém, não se alterou. Puxou a varinha e distribuiu os talheres sobre a mesa, mas se manteve abraçada a ele.

– Pronto, mamãe. Quer que a gente faça mais alguma coisa?

– Não... – Molly examinou os dois. – Onde estão Rony e Hermione?

– Provavelmente fazendo o que estávamos fazendo – disse a garota com um sorriso – mas com privacidade.

– Gina! – Repreendeu a Sra. Weasley e Harry viu a namorada morder o lábio para não rir. A mãe dela, no entanto, não pareceu aborrecida com a resposta quase mal criada. Os cantos da boca davam a idéia de que ela os olhava com uma resignação divertida. Por fim, Molly rolou os olhos e começou a enxotá-los da sala com as mãos. – Vão, então! Aproveitem enquanto seus outros irmãos não chegam. Vocês vão ter os cinco na cola de vocês esta noite. Vão namorar enquanto eles não chegam. Vão!

Gina deu um sorriso radiante e pulou na mãe enchendo o rosto dela de beijinhos.

– Te amo, mamãe.

– Tá, tá, vão de uma vez!

Harry também não se conteve e abraçou a Sra.Weasley lhe dando um sonoro beijo na bochecha.

– Valeu, Sra. Weasley.

Ela corou e voltou a empurrá-los para fora da sala.

– Juízo, hein? – Gritou enquanto os dois saíam pela porta e se afastavam, caminhando pelo pátio da Toca, abraçados. – Os garotos vão chegar a qualquer momento! E vão atrás de vocês, viram? Se comportem! Ouviram? Juízo!

As recomendações ainda continuaram até ela achar que os dois não a ouviam mais. E Harry já tinha aproveitado a semi escuridão do anoitecer para voltar a mergulhar no pescoço da namorada.

– Parece que ela se arrependeu de nos tirar das vistas dela – murmurou puxando a alça da camiseta para poder beijar o ombro dela enquanto caminhavam.

– Ela confia em você – respondeu Gina, lânguida.

– Ahh ela não devia. – A garota riu. – Acho que nem eu ando confiando em mim, no momento.

– Isso chocaria muitos fãs seus, sabia?

Harry se afastou com uma careta, mas a manteve firmemente segura pela cintura. Os dois seguiam a passos mais lentos, agora. Apenas saboreando o fato de estarem tão próximos. Era uma sensação estranha, às vezes. Mas parecia que tinha uma espécie de alimento vital nisso. Como se o calor de Gina o nutrisse, o deixasse satisfeito como nenhuma outra coisa era capaz.

– O quê? – perguntou com um suspiro incomodado.

– Ora, que você não consegue se controlar quando está com uma garota.

– Isso não é verdade. Até onde eu me lembro, eu só me descontrolo com você.

Gina se aconchegou nos braços dele, fazendo-o respirar fundo para não jogá-la na grama.

– Eu achei você bem controlado quando me deu o fora.

Harry parou do sorrir.

– Foi a coisa mais difícil que eu já fiz. Pensei que soubesse disso. Mas em compensação, dei o maior espetáculo em frente à grifinória inteira... Você ri, não é? – Ele a fez parar de caminhar e virou-a para si, unindo fortemente a cintura dela com a dele. – Me diz como consegue?

– O que? – Gina fez aquele mesmo ar inocente que ela já tinha confessado ensaiar e Harry a perscrutou por dois segundos antes de decidir que não se deixaria convencer. Os cantos dos lábios dela tremiam ligeiramente.

– Você sabe.

– Não. Não sei – ela disse cheia de doçura, mas obviamente o provocando.

– Ok, se você quer brincar... – Harry baixou a cabeça e chegou bem próximo da orelha da menina, beijando-a de leve e sentindo a pele dela arrepiar. Então, ele começou a sussurrar tudo o que ele pensava quando ela tocava nele. Como o cheiro dela o deixava maluco. E como quando ela estava longe, ele sentia tanta falta dela que doía.

Nem precisa dizer como acabou. Logo estavam se beijando e (viva ao anoitecer) tinham caído sobre a grama, mal lembrando que a Toca logo seria inundada por um bando de ruivos grandes e ciumentos. Era por esse motivo – o de esquecer tudo mais quando estava com ela – que a tal conversa nunca ocorria. E Gina ainda tinha a coragem de dizer que ele não estava se controlando. Harry tinha a impressão de que não fazia outra coisa desde que ela o beijara na manhã seguinte à festa em Chenonceau. Era a primeira vez em toda a sua vida que ele podia estar simples e totalmente apaixonado, e viver isso. Por outro lado, ele admitia que havia um certo egoísmo naquilo e que adiar tratarem do assunto que o incomodava, mantinha as coisas perfeitas. Teria de achar um jeito de fazer Gina entender como teriam de serem as coisas entre eles. E tremia só de pensar que... Jogou, decidido, aqueles pensamentos para um canto escuro da sua mente e voltou a beijar a namorada com fúria, como se ela fosse fugir dele e ele não quisesse permitir. E houve umas duas vezes em que ela reclamou por estar sendo esmagada e Harry teve de voltar a se conter, mas como Gina também não parecia disposta a soltá-lo de todo, foi providencial quando os dois ouviram a voz de Hermione berrar da porta aberta da casa.

– GINAAAA!!! HARRYYYY!!! O Gui e o Carlinhos chegaram!!

Harry soltou-a e se jogou de costas na grama respirando rápido e profundamente. Gina também estava sem fôlego ao seu lado, e nenhum dos dois estava em condições de levantar naquele momento.

– É melhor entrarem logo – gritou Jorge, que não podia vê-los por causa da luz difusa do anoitecer. – Antes que tenhamos de ir buscá-los!

– É – berrou Fred. – Não nos responsabilizamos pela integridade do Harryzinho se encontrarmos os dois em atitude suspeita!

Dava para ouvir algumas risadas e a Sra. Weasley ralhando com os dois. Mas os gêmeos continuaram a berrar das janelas.

– Isso está começando a perder a graça – resmungou Gina.

– Eles têm razão.

– Harry!

Ele virou a cabeça para olhá-la. As luzes vindas da casa fizeram os olhos dela brilharem no escuro.

– Eles não estão supondo errado, Gina – ele achou que ela tinha corado um pouco, mas tudo o que viu foi um sorriso. Certo, além de não controlar as mãos e os pensamentos, ele também não controlava a própria boca. Fugiu do olhar dela. – Desculpe, eu...

– Hei! – Gina se ergueu e se escorou no peito dele obrigando-o a encará-la. – Não se desculpe! – Ela deslizou o dedo pelo lábio inferior dele. – É muito bom ser desejada... por você.

Harry retornou o carinho mexendo no cabelo dela.

– Não vai achar que eu sou algum tipo de tarado?

A garota riu.

– Não. Vou achar apenas que você é um namorado normal. – Harry estreitou os olhos, a lembrança de que ela tivera outros namorados incomodou muito mais do que ele podia lembrar, naquele momento. Mas Gina pareceu entender e continuou sorrindo. – Não esquente, algo me diz que você vai ter bem mais sorte que os outros.

– Vou, é?

– Uhum.

– Alguma qualidade especial?

Ela fez um ar pensativo.

– Não – respondeu distraída. – Acho que é só porque você é... bem, você sabe... Harry Potter.

Harry respondeu atacando-a com cócegas na volta da cintura. As risadas dos dois devem ter sido ouvidas na casa porque Fred e Jorge, ajudados agora por Carlinhos, voltaram a berrar para que eles aparecessem. Gina levantou primeiro do chão e ofereceu a mão para puxá-lo. Com esforço, Harry aceitou a mão sem puxá-la de volta para ele e ficou em pé. Depois, eles seguiram novamente abraçados até a Toca. Estavam quase lá, quando Gina tornou a falar.

– Adoro a minha família – suspirou. – Mas queria ficar um tempo só com você.

Harry ainda seguiu quieto por alguns passos antes de sorrir de lado.

– Telhado? – Gina mordeu o lábio segurando um sorriso. – Depois que todo mundo dormir?

– Você é um namorado perfeito, sabia?

– Eu me esforço.

Havia um grande conforto em estar com Gina, porque Harry tinha certeza que nada no mundo era capaz de deixá-lo tão feliz. Mesmo que isso significasse ter de aturar todas as piadinhas e azucrinações dos irmãos dela. Mas ele não se importava. Gostava muito de todos e eles sempre o haviam tratado como se ele fosse apenas um Weasley de cabelos escuros. Até Gui e Carlinhos – que tinham menos contato – sempre foram incríveis com ele e os dois o receberam com abraços e felicitações para ele e Gina. Obviamente que a aprovação do namoro não diminuía os cuidados dos cinco com a irmã mais nova, como eles deixaram bem claro. Isso fez Harry se sentir um pouco culpado em boa parte do jantar, e por mais de um motivo. Decidiu que falaria com Gina quando se encontrassem no telhado. Isso diminuiria o peso que ele estava carregando.

Contudo, seus planos falharam miseravelmente. Gui tinha vindo com Fleur, que estava grávida. Normalmente, os dois voltariam para a casa deles, mas Fleur estava toda dengosa, e sua relação com a Sra. Weasley tinha melhorado muito, pois a espera do neto fazia com que Molly lhe fizesse todas as vontades. O resultado foi que eles ficaram para dormir na Toca para não terem de vir novamente para o almoço de domingo. Carlinhos também resolveu ficar e isso deslocou Harry do seu quarto para o de Rony.

Nenhum dos dois ficou muito feliz. Foram deitar trocando apenas resmungos e mal se olharam tal era o mau humor. Rony podia fingir que Harry não estaria com Gina se ele não estivesse debaixo do seu nariz. Mas naquela situação, ele se via obrigado a vigiar Harry, o que também o impedia de sair para encontrar com Hermione, que estava dormindo no quarto de Gina. A noite quente não melhorou em nada a disposição deles. Harry rolou de um lado para o outro na cama, mas pela quantidade de vezes que ouviu Rony socar e xingar baixinho o próprio travesseiro, teve a impressão de que não foi só ele que fingiu dormir.

Por isso, deu uma certa raiva ao ver as garotas cheias de sorrisos no dia seguinte. Rony e ele trocaram um olhar indignado pela falta de sensibilidade delas. Afinal, elas podiam ao menos fingir que também tinham ficado chateadas em terem os planos estragados. Ao invés disso, as duas pareciam cheias de segredos muito engraçados, falados em voz baixa, com riso e olhares cheios de provocação para os dois.

– Garotas! – Resmungou Rony furioso enquanto espancava, com a faca cheia de manteiga, uma torrada, durante o café da manhã.

O correr do dia não melhorou muito. A casa cheia não era o lugar para namoro. O almoço de domingo também exigia de todos algum tipo de envolvimento e o Sr. Weasley ainda exigira muitas vezes a presença de Harry no galpão. Ele resolvera consertar a antiga moto que fora de Sirius e que Harry tinha herdado. No meio da tarde, Harry achou que teria uma oportunidade, mas a Sra. Weasley e Fleur pediram para Gina ajudá-las a pensar no quarto do bebê que ia nascer. Foi nesse instante que ele decidiu. Se fosse encontrar sozinho com Gina, mais tarde, estaria com tanta saudade dela que acabaria não falando. Precisava de algo que o mantivesse no prumo. Sem pensar duas vezes, ele deixou Gina na cozinha com as duas mulheres e subiu até o terceiro andar da Toca. Parecia que Rony tinha lhe dito que iria lá fazer alguma coisa, que ele não lembrava o quê.

Entrou sem bater.

– Preciso de ajuda! – Arrependeu-se imediatamente. Rony e Hermione estavam no maior amasso sobre a cama dele e o amigo se virou para olhá-lo como se pretendesse reduzi-lo a pó.

– Eu não. Cai fora!

Harry não pretendeu nem retrucar, já estava saindo, o rosto ardendo de vergonha, mas Hermione empurrou Rony.

– Espera, Harry. Tudo bem. O que houve?

Rony rosnou distintamente e Harry se manteve olhando para o lado de fora da porta.

– Nada não, Mione. Falo com vocês depois.

– Não. Não tem problema, Harry. Fala.

Sem dar atenção para o constrangimento de Harry ou a raiva de Rony, Hermione levantou da cama muito calma e foi até a porta e fez Harry entrar no quarto. Depois, como se fosse a coisa mais normal do mundo, ela voltou a sentar na cama ao lado de Rony, de quem puxou o braço sobre os ombros.

– Tem a ver com a tal conversa que você disse que quer ter com a Gina? – perguntou direta.

Harry continuava parado no meio do quarto com as mãos no bolso da bermuda. Apenas confirmou com a cabeça para não ter de olhar para os dois. Preferia que Hermione o tivesse deixado sair.

– É sobre o que aconteceu na guerra? – continuou a menina, Harry voltou a confirmar. – E você precisa de ajuda para contar para ela?

Havia incredulidade na voz dela.

– Mais ou menos.

– Eu tenho uma idéia – disse Rony que escorara as costas na parede em que a cama estava encostada – porque você não vai direto ao ponto e diminuiu o seu tempo aqui.

– Rony! – Hermione o censurou, mas Harry não achou nada de mais. De fato, Rony tinha toda razão.

– Tem uma coisa que vocês também não sabem – falou buscando coragem.

Hermione olhou rapidamente para Rony e depois o encarou muito séria.

– Você está dizendo que escondeu alguma coisa da gente?

Ele ergueu a cabeça e confirmou. Suportando os olhares chocados dos dois, Harry puxou uma cadeira que estava num canto do quarto, sentou à cavalo nela, de frente para eles.

– Um instante antes de Voldemort morrer, ele me fez uma ameaça.

– Ameaça? – repetiu Rony. – Como? Quando? Estávamos lá! Como é que a gente não viu nada.

– Ele mandou direto para a minha cabeça.

– Que tipo de ameaça, Harry? – Hermione estava inclinada na direção dele, o rosto cheio de expectativa e preocupação.

Harry dobrou os braços sobre o espaldar da cadeira e escorou o queixo sobre eles.

– Ele me garantiu que voltaria.

Rony e Hermione o olharam com as testas franzidas. Pareciam não ter entendido o que ele tinha dito. Como se Harry tivesse fala em língua de cobra ou coisa assim.

– Sem chance – falou Rony finalmente. – Destruímos todas as horcruxes, não tem jeito dele voltar. Você não acreditou nisso, acreditou? Na certa ele estava blefando. Claro que estava. Uma última torturinha antes de ir para o inferno. Você não pode ter levado isso a sério. Diz pra ele Hermione. Diz que isso é impossível.

A reação de Rony não era muito diferente da que Harry tinha imaginado. Se seus planos tivessem dado certo, ele não teria contado isso para eles. Os dois poderiam, então, manter as mentes em paz. Rony não ficaria com aquela expressão de quem implora para que alguém grite: “Brincadeirinha!” E Hermione... Hermione não o estaria analisando com aquela atenção, nem estaria com aquela ruga na testa lhe dizendo que entendia muito mais do que ele tinha falado.

– Acha que foi isso, Harry? – ela perguntou seriamente. – Um blefe?

– Não – ele manteve os olhos perdidos num ponto no chão. – Não acho que foi um blefe. Eu senti. Ele fez alguma outra coisa. Não eram apenas as horcruxes. Eu não sei quando, nem como, mas ele pode realmente tentar voltar... um dia.

Os três ficaram quietos e Harry percebia que apenas Rony continuava a mover a cabeça negativamente, se recusando a aceitar. Hermione pegou a mão dele e deu um beijinho como que para acalmá-lo. Depois voltou a encarar Harry.

– É isso que você quer que a gente ajude a contar para a Gina?

Harry fez que sim com a cabeça.

– Mas não é só isso.

– Tem mais? – Rony não disfarçou que aquilo tudo o incomodava muito.

Certo de que os dois iriam brigar com ele, mas que no fim o entenderiam, Harry os encarou decidido.

– Eu tinha tomado uma decisão, quando a guerra acabou. Acontecesse o que acontecesse, eu não voltaria com a Gina. Isso mesmo, Rony! Não faça essa cara de espanto, você sempre soube que eu terminei com ela porque fui obrigado e não porque não gostasse dela. Pensei que você tivesse certeza de que eu nunca a havia esquecido ou não teria feito tanta força para que a gente voltasse.

– É... mas eu achei... – balbuciou Rony.

– Que não tivesse sido consciente? Vocês dois me surpreendem se realmente pensaram isso. Ou, eu sou melhor ator do que pensei. Talvez, eu devesse ter contado para vocês antes, assim não teria os dois cupidos fazendo tudo para que eu e a Gina ficássemos juntos. Eu queria te matar quando você inventou a história das aulas de dança, Mione. Aquilo me deixou em frangalhos.

Harry riu sem humor das expressões chocadas dos amigos antes de prosseguir.

– Mas a culpa não é de vocês, não de todo... Eu nunca deveria ter vindo morar aqui. Achei que aceitar o convite e me comportar de uma forma distante ajudaria Gina a me ver de outro jeito. Talvez como um irmão... Eu sei... – ele viu Hermione arquear a sobrancelha incrédula – é incrível o monte de bobagens que a gente inventa para se convencer que está fazendo tudo certo, quando está fazendo tudo errado. Eu sei...

– Deixe eu ver se eu entendi? Você não queria ficar com Gina apenas pela remota ameaça de você-sabe-quem voltar? – perguntou Rony.

– Você ficaria com a Mione se soubesse que um dia, tudo o que vocês construíram juntos poderia ser ameaçado por aquele maluco? – devolveu Harry com raiva. – Acha que se meu pai soubesse o que ia acontecer, ele não teria preferido ver minha mãe casar com outro à simples idéia de que ela seria assassinada aos vinte e um anos?

– Wow! Então, você escolheu ser um solitário?

– Não. Eu escolhi não ficar com Gina.

– Por quê?

Foi a voz calma de Hermione que o impediu de responder com o que seria um estouro.

– Porque ele gosta mais dela do que de qualquer outra pessoa, Rony. – O amigo arregalou os olhos, depois baixou os ombros como se entendesse. – Não teria problema sair com outras garotas desde que achasse que Gina estava segura. É isso, não é Harry?

– É. Ou era, já que eu fui um fraco. Me desculpe, Rony. Eu realmente queria ser o grande herói que todos esperam que eu seja sempre, mas... não deu. Eu simplesmente não consigo. A Gina... ela... ela me tira do rumo. Eu mal consigo pensar quando estou perto dela. Eu simplesmente não tenho forças para ficar longe dela. – Concluiu derrotado.

Rony aparentemente não sabia o que dizer. Ficou olhando para ele cheio de espanto e Harry realmente preferia que ele dissesse alguma coisa.

– Acha que teria sido a solução ficar longe de quem você ama?

A resposta para a pergunta de Hermione era sim, mas Harry manteve a cabeça baixa e não respondeu. Ao invés disso, se dirigiu para Rony.

– Vou entender se você ficar contra o nosso namoro, agora.

– Não seja retardado – devolveu Rony. – Eu nunca ficaria contra vocês por causa disso. Continuo achando o que te disse quando você terminou com ela da primeira vez. Ela não corre mais perigo que qualquer outro de nós.

Harry não sabia se achava Rony ingênuo ou burro.

– Que parte disso tudo você não entendeu? – Ele se controlou para não berrar aquilo. – Acha que a possível volta de Voldemort é todo o problema? Em que tipo de universo paralelo você estacionou a sua vassoura, Rony? Cada maldito bruxo das trevas que aparecer, cada Comensal da Morte que ficou vivo vai ter um alvo preferencial: eu. Nenhum deles vai fazer um plano que não tenha como principal alicerce a minha cabeça empalhada. E acredite, eles farão qualquer coisa para me destruir. Acha que vai ser fácil para qualquer pessoa ficar do meu lado? Acha que do jeito que eu gosto da Gina, eu quero isso para ela?

– Gina agüenta o tranco, Harry – falou Hermione e Rony concordou.

– É... mas eu não – admitiu Harry. – Se eles souberem o que ela significa para mim, terão a arma mais eficiente do mundo. Se alguma coisa acontecer com a Gina... – respirou tentando engolir a sensação que lhe subiu pela garganta – vai sobrar bem pouco para eles liquidarem. Acham que posso me dar ao luxo de ter esse tipo de ponto fraco?

– Harry... – contemporizou Hermione, mas ele não a deixou falar.

– Eu decidi o seguinte – e quero que vocês me ajudem a fazer Gina entender – nós ficamos juntos, mas se eu sentir o mínimo, o mais remoto indício de que Voldemort possa voltar, eu me afasto dela. Acabo tudo.

– Harry... – Hermione tentou de novo.

– Eu sei que é horrivelmente egoísta, Mione. Sei que ela pode não querer desse jeito, mas eu decidi. Não a deixarei correr nenhum risco. Não vou fazer dela um alvo para me atingirem.

– Harry... – foi Rony quem falou dessa vez.

– Não tem outro jeito. Vocês não vêem isso?

Harry!

– Fala Hermione!

Só que ela olhava em direção à porta e mesmo antes de se virar, Harry sabia quem estava ali. Uma súbita dor na barriga deixou bem claro que aquele não era exatamente o jeito que ele queria que Gina soubesse, nem aquelas eram as palavras que ele queria que ela ouvisse. Ergueu-se da cadeira e se virou até poder divisá-la, muito pálida, emoldurada pela porta. Por longos minutos ele não soube o que dizer e o silêncio se alongou tão interminável que Harry achou que ninguém, nunca mais, tornaria a falar. Talvez tenha sido por isso que ele foi o primeiro a abrir a boca.

– Gina...

– Esses são os seus planos, então? – ela perguntou com frieza.

Harry olhou com raiva para Rony e Hermione, eles o deviam ter mandado calar a boca.

– Gina, eu não sei o que você ouviu – ela com certeza tinha ouvido a última parte – mas me deixe explicar...

– Explicar? Para que? Você já decidiu, não é? – Ele tentou protestar, mas ela continuou. – O único problema, Harry, é que eu não gosto e nem permito a qualquer pessoa tomar decisões sobre a minha vida.

– Eu não estou...

– Não está? Não foi o que eu entendi. Seus planos pareceram muito bem traçados. Você só se esqueceu de perguntar se eu concordava.

Rony e Hermione levantaram da cama e pareciam pretender sair.

– Fiquem aí! – Harry e Gina ordenaram em uníssono e os dois voltaram a sentar. Harry queria que os dois o ajudassem a se explicar, mas Gina não parecia ver necessidade de uma conversa particular.

– Gina, você não me ouviu dizer que isso é porque...

– Você gosta muito de mim? É. Eu entendi isso. Mas nós dois temos um jeito diferente de gostar Harry. E eu realmente nunca achei que isso é que acabaria separando a gente.

A respiração de Harry ficou rasa. Ela não podia levar as coisas daquele jeito, raciocinou em pânico.

– Gina... – tentou desesperado.

– Do meu jeito Harry, ou a gente é uma coisa só ou não é. Não gosto de meio termo e não gosto que tomem decisões por mim. Eu entendi quando havia uma ameaça real e nós dois éramos jovens demais para segurar a pressão. Mas você acha que eu vou me dobrar a um fantasma? Acha que vou deixar você ficar do meu lado alimentando um monstro que nem existe?

Não é um fantasma! – Ele nem se importou com a altura com que sua voz saiu. – É uma possibilidade! E eu não vou arriscar você!

Ela cruzou os braços, o rosto brilhando de teimosia.

– Não!

– O que quer dizer?

– Não aceito a sua decisão, Harry. Eu quero tudo ou não quero nada.

– Gina, por favor... – ele fez um gesto para tocá-la, mas Gina recuou.

– Melhor não – ela disse com uma cara de nojo. – Melhor você continuar pensando.

Aquilo estalou como um tapa.

– Eu não quero terminar com você, Gina. Eu só quero que você entenda que não posso correr riscos, não com a sua vida em jogo.

– Que tal me ver como alguém que pode lutar ao seu lado?

– Não!

– Nesse caso temos um sério problema, Harry.

– Você está sendo teimosa – ele explodiu. Rony e Hermione olhavam de um para o outro, mas não pareciam ter coragem de intervir. – Estamos falando de uma possibilidade.

Estamos falando de um fantasma! – Ela também estava descontrolada agora. – De algo que não existe. E você acha que isso é mais forte do que a gente junto! Bom, eu não quero ser o ponto fraco de ninguém, Harry.

– Gina... por favor escute? – Implorou.

– Não – ela manteve a mesma atitude irredutível. – Vai ser do seu jeito ou do meu? É tudo o que eu preciso saber.

Harry não podia aceitar o que Gina queria, era a receita para o desastre, ele sabia.

– Gina... – tentou mais uma vez, mas sabia que estava tudo perdido. Sabia que ela jamais aceitaria. Talvez ele soubesse desde o início, mas isso não tornava a dor mais suportável.

– Ok. Seja como você quiser.

Ela se virou e saiu numa lufada de cabelos vermelhos, que mais pareceram labaredas quando ela sumiu pela porta.




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N/B: Quando eu leio os novos capítulos da Sally, costumo marcar meus comentários alucinados de fã em verde clarinho... E foi só o que aconteceu neste capítulo! Foram tantas interjeições, imprecações, gargalhadas e suspiros incontroláveis pintados de verde, que agora as páginas a minha frente parecem um vale de árvores novas depois de uma boa chuva!- ;D - Nada a palpitar, Anam! Ou a sugerir! Críticas são impensáveis, aqui. Mas eu tenho, sim, algo a pedir... ou melhor, a implorar. Continue logo, ok? Dói meu coração quando estes dois estão separados e sofrendo. Não consigo racionalizar isso!... – No mais, só posso lhe dar os parabéns, amiga! Pelo capítulo repleto de emoções e primorosamente escrito! Beijo grande! Aplausos!!!! Até o próximo! =D


N/A: Tempoooo Recorde!!!! É sim. Contando que atualizei o Retorno na semana passada e escrevi este capítulo em horas (mais ou menos umas 6 horas), foi muuuitoooo rápido sim. Adoraria dizer: acostumem! Mas vou dizer o contrário: não acostumem *cara infeliz*. Sabem como são esses autores que tem que trabalhar porque habituaram a luxos como comida na mesa e teto sobre a cabeça? Pois é. Sou um desses malditos mal acostumados. Ahh saudades do tempo em que o papai resolvia esse problema, mas... é da vida.

A música, vcs sacaram, não? One, do “The One”, isto é, o único e inigualável U2. É sou fã alucinada MESMOOOO por eles. Como sempre ela está lá no Multiply (link lá em baixo) para quem quiser baixar e a letra/tradução na comu das fics no Orkut.

Agora... Mérlinzinho me proteja! Acho que estou ouvindo maldições vindas de várias direções *Desvia com agilidade de artilheira* Eu sei, queridos, mas tenham fé na tia Sally, ok? Ela “ainda” sabe o que faz. Minhas betas pelo menos acreditam nisso rsrsrs (“tadinhas”). Agora, antes de julgarem qualquer um dos lados, eu peço que releiam. Estar com a razão não é sempre claro e escuro, às vezes tem penumbra.



De novo, terei de me limitar aos agradecimentos rápidos, mas é isso ou mais atraso.

Adoro vocês: Priscila Louredo (a mosca? Hahaha), Suzana Barrocas, Ana Rocco (Valeu!), Charlotte Ravenclaw, Regina McGonagall, Mi Potter (mantenha a fé, sempre, a melhor parte ainda nem começou), Gina W. Potter (muito obrigada, querida), Expert2001 (Céus! Valeu de coração, adorei o elogio.), Srtáh. Míííhh, Amanda Regina Magatti, Tonks Butterfly, Sônia Sag (Te adoro!), Lola Potter, Patrícia Ribeiro, Bruna Perazolo (Rsrs, uma hora é? Linda, eu amei o livro como amei a obra toda.), Nicole Evans (Concordo, Ni. Tem alguns Rony e Harry andando por aí sim. É só ficar atenta pq eles costumam tomar poção polissuco, rsrs), Gessy Silva (Amei a capa do Retorno, Gessy.), MarciaM (Valeu, querida, mas não desista das fics. Harry for ever!), Ana Fuchs, Pamela Black, Virna Manu, Naty L. Potter (Querida, eu vou sim, mas o meu problema é a droga do vira-tempo que o Ministério não quer me mandar grrrr), Hanna Burnet, Ana Eulina Carvalho, Mari Macedo, Gina Weasley Potter (obrigada, garotas!), Bernardo Cardoso Silva (Tô com saudade!), Edn, Amanda, Mayra Black Potter, Morgana Black, Mimi Potter, Alessandra Amorim, Andie, Paty Black, Belle Sarmanho (Querida, seu comentário me deixou muito emocionada, muito mesmo. E a música que vc ouviu lendo este e eu amo, já baixei e entrou para minha lista dos possíveis futuros capítulo, provavelmente o próximo. E “She”, com o Aznavour é excepcional.), Hellzita, Luisa Lima, Drika Granger, Tatiane Evans, Vicky M. Potter, Jacqueline Santos do Nascimento, Doug Potter, Thais Domingos dos Santos Rodrigues (acho que tenho de agradecer sua noite de sono perdida, né? É um tremendo elogio para mim, bjs!), Grazi, Daiana Braga Pereira (Valeu! São minhas favoritas.), Lady Eldar.

Desculpem por não mandar os e.mails de aviso, mas sempre deixo recados na comu e no Multiply.

Um beijo grande e estalado
Sally


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