UM "SIM"



Eu definitivamente odeio segunda feira. Acho que se não fosse pelo "problema da Agatha" teria sido um dia perdido. Quando fomos para o café da manhã ela ainda estava com uma cara péssima. Mal nos falamos. Porém o Potter quase me deixou em maus lençóis. Sentei com Agatha no lugar de costume, ela comia cabisbaixa e eu estava nervosa de mais para comer. Minutos depois Tiago passou quase como um fantasma atrás de mim. Apesar de rápido, ele se aproximou e sussurrou no meu ouvido: "Ele vai falar com Agatha hoje". Eu levei um susto. Não estava esperando aquilo. E por mais longe que Tiago já estivesse Agatha tinha notado.


"O que ele queria?". Ela perguntou brava por um maroto ter tido a audácia de se aproximar dela, mesmo que tivesse sido para vir falar comigo. Naquela hora eu me perguntei o que seria do Remo.


"Er...". Eu tinha que ficar nervosa! Sinceramente, porque eu não podia ter pensado mais rápido? "O de costume". Eu respondi sem pensar. Felizmente essa resposta satisfez Agatha, apesar de ela ainda estar visivelmente emburrada.


Inconscientemente eu olhei para o lado oposto da mesa. Três marotos ainda se encontravam tomando café. Sirius parecia estar se divertindo mais e mais cada vez que a cara de desespero de Remo se intensificada. Pedro devorava vorazmente as torradas, passando uma quantidade de manteiga capaz de gerar colesterol em elfos domésticos. Olhei novamente para Agatha, que agora me olhava desconfiada. Eu sorri sentindo culpa e tentei disfarçar olhando para o meu prato de comida como se ele fosse um tesouro.


Felizmente Agatha não fez mais perguntas durante todo o dia. Poções, Transfiguração, almoço, Defesa Contra Artes das Trevas e Trato de Criaturas Mágicas passaram e nada de um certo 'Aluado' se pronunciar. Eu, sinceramente, estava preste a dar um escândalo enquanto caminhávamos para a torre da Grifinória, quando Remo veio em nossa direção. Eu parei de andar, Agatha ainda não havia o notado. Eu senti que quando ela finalmente percebeu Remo, deu dois grandes passos para trás e parecia decidida a não falar com ele.


"Calma Agatha". Eu logo disse.


"O que há com você?". Ela perguntou mais brava com Lupin do que comigo.


"Nada. Só escute o que ele tem a dizer".


"Não".


"Sim". Eu me afastei tão rápido, que ela não teve tempo de esbravejar. Não olhei para trás. Tenho certeza que se tivesse olhado veria olhos irados.


Mesmo sem perceber eu caminhei em direção aos outros marotos, que estava sentado na margem do lago observando toda a cena.


"Acho que vai dar certo". Eu respondi pela primeira vez olhando para trás. Agatha ainda estava de braços cruzados e em posição de 'eu não estou ouvindo'.


"Oi Lily". Tiago, como sempre.


"Vamos". Eu respondi para os três. Tínhamos que deixar os dois sozinhos, ou eles nunca se sentiriam a vontade.


"Aonde?". Aparentemente Black não acompanhara o meu raciocino.


"Para qualquer lugar". Eu respondi exasperada.


"Porque?". Agora os três me perguntaram ao mesmo tempo. Eu não podia estar sendo tão não clara.


Eu cruzei os braços muito sem paciência. "Os três. Nós temos que sair daqui. Agora."


"Mas...". Black começou. "Assim não vamos ver nada".


"E não é para vermos".


"Mas Lily...". Tiago ainda tentou argumentar, mas eu peguei num braço de cada um e comecei a, literalmente, arrasta-los. Pedro apenas nos seguiu. "O Remo vai contar para vocês de qualquer forma. Assim como a Agatha vai me contar, então os deixem em paz!"


"Ta bom", "Já pode nos soltar". Sirius foi o primeiro a protestar por eu os estar arrastando. "Certo". Eu os soltei quando já estávamos quase no salão principal.


"E o que vamos ficar fazendo?". Black disse parecendo muito entediado.


"Acho que devemos ir para o salão comunal e esperar".


"Não mesmo". Sirius retrucou.


"A Lily tem razão". Tiago logo falou, olhava fixamente para alguma coisa as minhas costas. Quando eu fiz menção de me virar Sirius não permitiu, e mudando de opinião com uma velocidade espantosa, respondeu: "Lily, você tem toda razão".


"Tenho?"


"Pedro". Tiago começou. "Você pode ir acompanhando a Lily até a Grifinória. Eu e o Sirius estamos com..."


"...fome". Black completou. "Exatamente fome".


"Mas o jantar ainda nem começou." Eu brandi rapidamente. Tinha alguma coisa muito errada acontecendo.


"Não seja por isso, nós esperamos". Sirius encostou teatralmente na parede do lado da porta do salão principal.


"É esperamos". Tiago confirmou.


Eu dei de ombros. Seja lá o que eles estivessem aprontando, eu não achava que teria algum poder de para-los. Caminhei sozinha para o salão comunal, porque à menção de comida Pedro parecia muito decidido a esperar junto com Potter e Black.


Eu virei o corredor para a esquerda, não foram necessários mais do que dois passos para eu ouvir um berro. Assustei-me, e na mesma hora me virei e comecei a caminhar decidida na direção de Potter e Black. Eu sou monitora chefe, afinal!


"Potter, Black, deixem ele em paz!". Eu pronuncie essas palavras com todo o desgosto que pude.


Eu sinceramente esperava que eles já tivessem superado essa fase. Mas, aparentemente, se tratando do Snape, essa fase nunca seria superada. Quando me ouviu Potter ficou decididamente confuso. Parecia estar escolhendo entre me obedecer e continuar com o seu teatrinho.


"Lily, é o Seboso". Black estaria tentando me convencer com esse argumento?


"Não me importa. Vocês começaram a confusão. Vão perder pontos e acabaram de acumular mais uma detenção". Snape, que estava sob o feitiço impedimenta, decididamente não fez objeções a uma sangue-ruim o livrar de Potter. Até porque, eu pensei maldosamente, não estava exatamente em condições.


"Potter". Eu comecei pela segunda vez. "Deixe ele em paz!".


Muito contrariado, os dois marotos baixaram as varinhas, mas não fizeram o favor de retirar o feitiço, tampouco eu ordenei. "Malfoy, não sei se sua inutilidade chega a esse ponto, mas você decididamente poderia ajudar o seu amigo a chegar até a ala hospitalar". Eu estava muito brava, ninguém parecia se mexer.


Malfoy, no entanto, apenas olhou para Snape claramente decepcionado, virou-se começou a caminhar em direção a sua sala comunal. Eu suspirei pesadamente, guardei a minha varinha, que havia empunhado para fazer com que Tiago e Sirius parassem de azarar Snape, e me dirigi ao garoto. Pedi uma ajuda, que obviamente, não veio e comecei a levantar Snape sozinha. Acho que mais por pena de mim do que do Snape, Potter depois de uma clara batalha interna, me ajudou a levar o sonserino.


Quando finalmente o deixamos na ala hospitalar, ele esboçava uma cara de nojo, como se carregar Severo Snape o tivesse contaminado. Black nos acompanhou, mas de modo algum nos ajudou a carregar-lo.


Depois do que para mim pareceu uma eternidade, nós chegamos a sala comunal, e o que encontramos lá fez com que a situação de Snape tivesse sido por uma boa causa. Afinal, foi graças a ele que Agatha e Remo tiveram tempo de conversar.


Eu mal passei pelo quadro da mulher gorda quando fui surpreendida por uma Agatha que me falava mais coisas do que eu era capaz de captar. Eu consegui entender algumas frases como: "Ah Lily, obrigada, apesar de que quando Remo começou a me contar tudo eu quase te matei", "Ele é tão fofo". Eu juro que não sabia se ria, sorria, respondia, ou apenas escutava. Do outro lado do salão eu vi que a situação era um pouco diferente, Potter e Black é quem bombardeavam Remo de perguntas.


"Agatha. Respira entre uma frase e outra, e me conta o que aconteceu!".


Nós nos sentamos numa das mesas que estava livre no salão comunal, e Agatha mal me deixou falar.


"Primeiro, você simplesmente me deixou lá sozinha. Eu fiquei muito furiosa". Eu de risada porque ela falava tudo isso radiante. "E apesar de eu estar decidida a não levar nada do que o Remo dissesse em consideração, quando ele me disse que você havia contado aos marotos que eu gostava dele, eu quase tive um troço. Mas então..." E Agatha me olhou com um ar assustadoramente feliz. "...ele disse que isso não era importante. Porque ele gostava mesmo de mim, e se não tivesse sido por você ter brigado com o Tiago ele nunca descobriria.".


"As minhas brigas não são tão inúteis". Eu olhei de relance para Tiago ele estava rindo de alguma coisa, provavelmente da cara de Remo, que eu tenho que acrescentar, estava muito engraçada.


"Não as suas brigas são geniais! De agora em diante eu apoio todas as suas brigas".


"Continua.". Eu pedi a Agatha. Essa foi a única hora que ela parou de falar, e ficou verdadeiramente sem graça. "Ah...". Ela disse recuperando a voz. "Você já pode imaginar o resto, não Lily?". Eu ri da cara tímida de Agatha, e ela que ainda estava completamente agitada se afastou dizendo que ia salvar o Remo.


Agora, eu consegui um lugar afastado e estou...Eu não acredito! Eu volto a escrever assim que Potter parar de tentar ver por cima do meu ombro.


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Acho que vou ter que atualizar novamente a lista de coisas para lembrar de nunca mais fazer. Tenho que incluir, nunca mais prometer de ir com Potter a Hogsmead. Na verdade, eu não vou exatamente com Potter, mas mesmo assim ele estará lá.


"Lily, o que tanto você escreve ai?". Ele perguntou quando eu fechei bruscamente o meu diário.


"Isso é um diário Potter, o que você acha que eu escrevo?". Eu perguntei irritada.


"Não sei...". Ele respondeu, e de repente sorriu marotamente. "Você escreve sobre mim?"


"Não". Eu menti tão rapidamente, que ele me olhou desconfiado. Sinceramente, eu escrevo mais no diário sobre Tiago Potter do que sobre mim mesma. Não posso negar que essa é uma verdade incômoda. "Mas, o que você quer?". Eu tratei de mudar o ramo da conversa.


"Bem...". Ele olhou para Agatha e Remo na poltrona próxima a lareira, depois voltou a me encarar. "Eu pensei de irmos juntos no próximo final de semana em Hogsmead.". Fazia tanto tempo que eu não ouvia Potter me convidando para sair, que demorei a assimilar a idéia e responder como sempre. Esse tempo foi o bastante para Tiago sorrir e acrescentar. "Não estaremos exatamente só nós dois. Eu digo. Todos nós. Você, eu, Agatha, Remo, Sirius e, acredite, Sirius encontra alguém.".


Aquilo me pegou de surpresa. Parecia-me uma proposta razoável. Eu, por alguma razão ainda desconhecida, fiquei nervosa. Olhei para Tiago que me encarava pelo canto dos olhos, e respondi: "Tudo bem. Se todos nós vamos...". Ele estava tão feliz depois da minha resposta, que eu tenho certeza que se não tivesse uma mesa entre nós, ele teria me abraçado novamente. Ele sorriu e respondeu: "Vai ser um ótimo dia, Lily.".


Porém até "o ótimo dia" eu terei mais duas semanas pela frente...

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