A Cura de Harry... O preço de

A Cura de Harry... O preço de



A Cura de Harry...O preço de Hermione


 


Hermione mal sentia os braços e não sabia se aquilo era bom ou ruim. As duas mãos estavam roxas e ela temia estar perdendo-as. Belatrix havia deixado o uso do chicote quando uma vez o ricochete retornou e a atingiu no rosto, tirando-lhe sangue. Agora ela se empenhava em fazer desenhos nas costas de Hermione utilizando um canivete.


- Um barquinho como o nosso!!! – dizia ela, totalmente enlouquecida. Hermione sentia cada investida. Cada corte. – Você sangra demais! Estraga o meu desenho...


Bela esfregou as costas de Hermione com um pano sujo. Hermione mordeu o lábio para agüentar a dor e gemeu trêmula.


- Isso realmente é necessário? – perguntou Malfoy, sentado à frente de Hermione. Ele tentava escrever alguma coisa, mas perdia a concentração cada vez que Hermione gemia. – Porque você não a mata de uma vez. Pouparia nossos tempos... a coitada não vai poder viver muito mais depois disso..


- O mestre a quer para alguma coisa... – falou Bela enfiando novamente o canivete nas costas de Hermione. Pelo movimento que Hermione sentia na pele (e quase no osso), Bela estaria desenhando o mar e depois um peixe no mar...


De repente a porta se abriu e a figura esguia e sombria de Voldemort entrou no aposento. Hermione deixou escapar uma lágrima de terror. Já não agüentava mais... sucumbiria em pouco tempo e sabia o que ele queria dela...


- Acabei de receber uma coruja de meu informante. Meu feitiço deu certo: Harry Potter está mesmo tetraplégico. Ele tenta inutilmente voltar a andar, mas, como eu disse, é inútil. Ele está preso para sempre no feitiço que eu criei. Não poderá jamais voltar a andar. Ele vai pensar que sim. Seus dedos podem voltar a funcionar... mas será apenas uma falsa esperança...


Voldemort gargalhou alto. Bela também, com um ganido que perturbou o ouvido de Hermione que lutava para continuar consciente. Aquilo era importante e ao mesmo tempo desesperador. Harry era a sua última esperança. Tinha pena de si mesma e ainda mais de Harry. Tetraplégico ele seria um alvo fácil para Voldemort.


- Eu sei o que a senhorita deve estar pensando agora, Srta. Granger – falou o Lord das Trevas com uma voz sibilante – No início, meu plano era afligir Harry e depois atacá-lo enquanto estivesse fragilizado pelo feitiço. E mesmo agora, em Saint Mungus ele seria uma presa fácil para mim. Mas qual é a graça em se matar uma pessoa, se você pode fazê-lo sofrer antes...?


Hermione não conseguia entender onde Voldemort queria chegar...


- Não... matá-lo assim, seria fácil demais. Eu quero esmagá-lo, quero torturá-lo, quero que ele implore para morrer antes que eu o faça. É aí que a senhorita entra...  


Voldemort deu a volta em Hermione. Ela se preparou para receber mais alguma tortura em suas costas. Ele passou o dedo no último desenho de Bela e depois levou o dedo embebido em sangue a boca.


- Quero ver Harry sofrendo ao saber que você é minha... que você prefere a mim do que a ele...


- Eu nunca o preferirei a ele, não importa... não importa o que você faça... – falou Hermione com dificuldade em respirar...


- E se eu curar Harry...? Se eu o curar... você se entregará a mim, de livre e espontânea vontade?


- Como? – perguntou Hermione, sentindo uma pontada no coração. Seria ela forte o suficiente para se entregar a Voldemort em troca da cura de Harry?


- Só eu tenho a cura para o flagelo de Harry. Eu ensinarei Malfoy. Ele irá até o hospital e o curará. Isso somente se você se entregar a mim...


- Não! – falou Hermione, decidida. Sabia o quão ardiloso o Mestre das Trevas era. – Se eu me entregar a você, quem garantirá que você vai curar Harry?


O mestre sorriu, dando novamente a volta para ficar na frente de Hermione.


- Não tente ser espertinha comigo, Srta. Granger...


- Não estou tentando ser... – Hermione respirou fundo. Seu peito doía. – Deixe-me ir no lugar de Malfoy. Eu curarei Harry e depois retornarei para você e me entregarei.


- Espera mesmo que eu acredite nisso? – falou Voldemort, aproximando-se perigosamente de Hermione. Roçando os lábios no pescoço de Hermione. – Quero ser o primeiro a ter você, Srta. Granger... e quero que Harry Potter saiba disso...


- Ao contrário de você, eu cumpro minhas promessas, mas eu preciso ter a certeza da cura de Harry. E só posso ter a certeza curando-o pessoalmente. Eu retornarei para você, eu juro. – disse Hermione, com nojo daquele toque em sua pele.


- Eu sei que vai, garotinha – falou Voldemort, afastando-se para contemplá-la. – Vamos fazer um contrato mágico. Assim que você curar Harry Potter, será compelida a voltar para mim...


Brandindo a varinha, Voldemort a libertou das algemas, fazendo Hermione cair com estrondo no chão. Ela queria levantar, mas não sabia se tinha forças suficiente. Esfregou suas mãos. Dolorosamente, o sangue parecia voltar a seus dedos. O pulso tinha fortes marcas vermelhas do contato da sua pele com as algemas.


- Bela... dê-lhe um banho e vista-a com roupas compridas. Não quero que Harry saiba que você foi torturada. Você deve convencê-lo de que quer a mim e a mim somente. Faça-o sofrer, ou eu o matarei... Se fizer como eu digo, eu o deixarei viver... – falou o Mestre e depois disso ele se abaixou e segurou o seu queixo com força. – E quando você voltar... você sentirá o que é o inferno...!


 


Hermione não pode deixar de chorar. Seu futuro não parecia ser promissor, mas se pudesse salvar Harry, nada importaria. Eu preciso ser forte... eu preciso ser forte.


- Assim que chegarmos a Paris, você retornará de chave de portal... ainda hoje você deve vê-lo.


 


 


Mais tarde, Hermione se viu aparecendo numa cabine de telefone em frente ao Hospital Saint Mungus. Malfoy surgiu ao seu lado e a segurou para que ela não caísse.


- Isso não vai dar certo, sangue-ruim. Você não vai convencer Harry nesse estado.


- Vou sim. – Disse Hermione, abrindo a bolsa que Bela havia providenciado. Ela tirou um pequeno espelho, maquiou-se com pó até cobrir as olheiras profundas e passou um batom. Depois amarrou os cabelos em um coque. Quando viu pelo espelho, porém, uma profunda marca de chicote na parte de trás do pescoço, resolveu soltá-los, mas escovou-os até que ficassem brilhantes. – E agora?


- Tá um pouco melhor. – falou Malfoy, branco e nervoso por estar entrando em território inimigo. Sabia que ele estava sendo perseguido por aurores por toda a Inglaterra.


Hermione e Malfoy entraram no saguão do hospital e perguntaram pelo quarto de Harry. Depois subiram pelo elevador até chegarem no andar indicado. Ao saírem do elevador, o Sr. E a sra. Weasley, Rony, Gina e a professora MacGonagal levantaram da cadeira onde estavam, completamente surpresos.


- Hermione!!! Hermione, meu Deus, você está viva!!! – falou Minerva, com lágrimas nos olhos... – Nós pensamos que você estaria morta, agora!!! Sr. Malfoy... o que está fazendo aqui, com Hermione?


- Eu estou bem, professora MacGonagal. O Sr. Malfoy cuidou de mim. Eu preciso ver Harry agora! É muito importante que eu o veja, agora. Tenho informações do Mestre das Trevas para ele. – falou Hermione firmemente. Não esperava encontrar tanta gente ali. Não queria dar explicações a ninguém. Não estava bem, estava assustada e fraca. Se tivesse que falar algo sobre o que acontecera com ela, Hermione não achava que resistiria.


- Ele está no quarto... – Gina falou, apontando para o quarto numero 4. – Ele não está bem. Não consegue mais mover o dedo do pé.


Hermione não deu mais atenção a Gina e aproximou-se do quarto número 4. Como Malfoy fez menção em segui-la, Hermione voltou-se e colocou a mão no peito dele.


- Você fica aqui! Cumprirei minha parte do acordo. Mas essa conversa vai ficar entre eu e Harry.


 


Hermione entrou no quarto, abrindo a porta e fechando-a atrás de si. Harry olhava para a janela e estava muito abatido. Ah, o quanto ela o amava. A simples visão do seu amigo confortava sua alma e ao mesmo tempo tirava suas forças. Queria tanto correr para ele, aninhar-se em seus braços e pensar que tudo ficaria bem. “Meu amor... meu grande amor...”.


- Harry? – falou ela, com uma vozinha fina, quase inaudível, tentando não parecer embargada.


Harry virou-se imediatamente e arregalou os olhos verdes.


- Mione??? HERMIONE???? MEU DEUS, HERMIONE!!!


Harry não podia mover nem um músculo, de seu corpo, com exceção do pescoço, mas se pudesse, ele se levantaria e abraçaria Hermione. Ele sabia, de uma forma insconsciente ele sempre soube: Hermione era quem ele mais amava... a única que podia mover seu coração, a única que podia acalentar sua alma. Ela estava viva! Depois de tudo, depois de tudo... “Eu amo você, Hermione”, pensou Harry, sem ter a coragem de dizer o que devia.


Hermione respirou firme. Precisava ser firme e incisiva.


- Olá, Harry. Vim trazer-lhe boas novas de meu Mestre! – falou ela, tentando soar o mais distante possível.


- S-seu... seu mestre? – perguntou Harry, sem entender nada. - Do que está falando, querida? Meu Deus, você está bem? Como você fugiu de Voldemort? Estava tão preocupado com você... você não imagina o quanto.


- O Lorde das Trevas é meu Mestre agora, Harry. Nós conversamos. Eu o compreendo agora. E sei que ele é um homem bondoso, muito diferente de como você e todos os outros o pintaram para mim.. – Mentiu ela, tentando soar firme. Precisava convencer Harry. Aquilo era parte do acordo.  Mas era difícil ao ver aquele Harry tão perdido, sem entender nada, visivelmente preocupado. “Ele pode não me amar como a Gina, mas eu sei que ele se importa comigo. Eu devo magoá-lo. Mas como, meu Deus... como magoá-lo?”. – Para provar sua bondade, o mestre das Trevas mandou-me fazer isto... – e brandindo a varinha, gritou alto: - IMPARSA!!!


Um raio saiu da varinha de Hermione, atingindo Harry no peito. Suas costas se arcaram como se ele recebesse um choque, mas depois no instante seguinte, seus braços e suas pernas voltaram a vida. Ele sentou-se na cama e emocionado, mexia os braços como se fosse a primeira vez em sua vida. E admirado olhou para Hermione e depois franziu o cenho.


- Voldemort mandou você fazer isso? – perguntou ele, sem entender nada direito.


- Sim. Para demonstrar boa fé. Ele não deseja mais lutar com você, Harry. Ele quer ficar em paz, comigo... – Hermione disse, sentindo sua voz se perder, recordando exatamente as palavras de acordo com as instruções de Voldemort.


- Como é que é? – falou Harry, aturdido.


- Eu estou apaixonada por ele, Harry... O Mestre das Trevas é meu amante agora. Eu pertenço a ele... – Hermione sentia-se quebrando por dentro e mesmo assim, esforçava-se em sorrir. – É só a ele que eu quero...


- O que? Não pode ser... Hermione, você está confusa... ele deve ter feito algum feitiço em você para você estar falando isso, querida... não pode estar falando sério.


- Estou, Harry. E agora preciso ir embora. Meu Mestre me aguarda. – disse Hermione, com uma dor profunda ao ver o olhar de desapontamento de Harry.


Hermione fez menção em tocar a maçaneta da porta, mas antes que a tocasse, Harry pulou da cama e a alcançou, segurando em sua cintura.


- Hermione... olha pra mim. Você não sabe o que diz. Você está confusa. Eu sei que ele te torturou. – Harry mantinha uma mão em sua cintura e outra em seu rosto, enfiando a ponta dos dedos em seus cabelos. Aquele toque parecia quebrar suas barreiras e perpassar uma correnteza de energia por todo o seu corpo. – Fala pra mim, Hermione... fala pra mim que isso não é verdade, querida...


- É verdade, sim, Harry. Voldemort é meu amante... eu sou dele, agora! – falou Hermione, usando todas as forças para não desabar nos braços de Harry. Estaria ela sendo dissimulada o suficiente? Harry não parecia estar convencido de tudo aquilo.


- O que ele fez com você, Mione? Eu juro que o mato, juro que o mato se ele tocou em você... Aquele maldito. Você está bem, querida, diga pra mim...?


- Estou bem, Harry. Só quero voltar ao meu verdadeiro amor – mentiu ela, surpresa por estar conseguindo se manter tão firme.


- Não, não.. não vou deixar você ir embora... não posso te perder mais uma vez... – gritou Harry e a abraçou, apertando-a.


No mesmo instante, Hermione gritou. Não conseguiu segurar a dor. Suas costas em pele viva (em osso vivo em alguns pontos) pulsava em dor.


- Largue-me! – disse Hermione, empurrando Harry com força e saiu do quarto.


Deu de cara com Malfoy que a segurou pelos braços.


- O que está acontecendo aí? – perguntou o louro. Harry surgiu segundos depois. Segurou um dos braços de Hermione e forçou-a a se virar.


- Olhe nos meu olhos e diga se tudo o que você disse é verdade. Olhe nos meus olhos...


- Harry... o que está acontecendo? – perguntou uma Gina preocupada. Os Weasley e a professora agora estavam em pé, estranhando o comportamento de Hermione e Harry.


Hermione olhou nos olhos de Harry e hesitou por alguns segundos. Do fundo de sua alma ela só queria dizer: não, Harry, não é verdade. Eu amo você. E só você. Ajude-me, salve-me, proteja-me. Mas como dizer isso? Era ela ou ele. E ela jamais o sacrificaria. Era a única chance que Harry tinha. Ele precisava ser forte para derrotar Voldemort. Sabia que aquilo era a sua morte. Quando ela se entregasse a Voldemort, ele a mataria. Mas morreria feliz ao saber que havia dado uma última chance ao seu querido amigo e maior amor. Ah, se você soubesse o quanto eu o amo, Harry. Meu corpo será de Voldemort, mas minha alma é só sua...


- É verdade, Harry! – disse ela, forçando um sorriso. – Eu amo o Mestre das Trevas. Esqueça-me. Você ama Gina, mesmo. Vocês ficarão juntos para sempre agora que eu tenho o Lord. E você poderá continuar... vivo... – Harry franziu o cenho. Hermione hesitou. Não deveria ter tido aquilo no final. Ele poderia suspeitar. – Vamos, Malfoy...


- Hermione... – chamou ele, quando ela e Malfoy entraram no elevador. – Lembra-se daquela noite no lago. Quando você caiu no gelo?


Hermione meneou a cabeça, concordando. Queria evitar falar. Sentia um embargo enorme em sua garganta.


- Quando você caiu, eu fui buscá-la, Hermione... eu sempre irei buscá-la, querida... sempre...


- O que foi isso? – perguntou Malfoy, desconfiado quando a porta do elevador se fechou.


- Nada... é só Harry dizendo que está sofrendo... era isso o que Voldemort queria não era? - falou Hermione, aborrecida.


O elevador abriu-se novamente  e eles saíram para o saguão de entrada e depois do hospital.


- Vamos por uma viela. Usaremos a chave de portal quando não tiver ninguém olhando. – Malfoy disse, entrando por uma pequena viela, mas quando viu que Hermione não o acompanhava, ele deu dois passos atrás.


Hermione havia se sentado no chão e movimentava-se para frente e para trás. Ele a principio achou que ela estava passando mal por todas aquelas torturas, mas ao se aproximar viu que ela chorava copiosamente, levando a mão ao peito.


- Harry... meu amor... Harry... – dizia ela, baixinho, tentando controlar a respiração.  Os soluços balançavam todo o seu corpo. Agora era possível ver algumas manchas de sangue aparecendo no camisete em baixo do sobretudo e na barra do pulso.


- Levante-se, Granger. – Falou Malfoy, com uma certa pena da menina. Ela havia sido forte ao convencer Harry Potter. Ele mesmo havia ficado com pena do intragável Potter.  – O mestre nos matará se chegarmos atrasados.


Hermione levantou-se, ancorando-se na parede. Sabia muito bem o que a esperava, mas precisava enfrentar seu destino. Por Harry Potter... por meu amor...

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