O barco do Terror



O Barco do Terror.


 


 


Os dias eram intermináveis ali naquele hospital, sem que pudesse ter notícias do que acontecia no mundo fora dali. Harry dividia seu tempo entre fisioterapias bruxas, poções e livros. Nada que tomasse ou fizesse devolvia a vida ao seu corpo inerte.


Dias, muitos dias depois, enquanto conversava com Gina, Rony, Neville e Luna, Harry recebeu uma outra visita: a professora Macgonagal, que na ausência de Dumbledore e Snape, tornara-se a diretora de Hogwarts e a líder da Ordem de Fênix.


- Ah, Harry, querido! Tantos desastres em sua vida, pobrezinho! – disse a professora, segurando sua mão. – Não imaginava por quanta provação você iria passar quando era apenas um bebezinho!


- Tem notícias, professora? – perguntou Harry, ansioso, sabia que Minerva estava investigando o ocorrido no castelo, paralelamente ao Departamento de Aurores e, como era muito mais competente, saberia muito mais.


- Bem, querido! Não são notícias, mas investigamos todo o castelo, a maioria dos corpos já foi encontrada e reconhecida. Os que ainda precisam de reconhecimento... bem... o que quero dizer é que... Hermione não está entre eles. Há uma pequena chance de que ela esteja bem.


Podia ser pequena para Harry, mas já era o bastante para iluminar o seu rosto e dar-lhe esperanças.


- Então... é possível que Voldemort não tenha assassinado Hermione? – ele perguntou, sentindo lágrimas verterem em seu rosto.


- Sim, querido. Mas... bem... não a encontramos. Achamos que ele possa ter seqüestrado ela.


Harry sentiu um peso em sua mente. Sabia o que Hermione era para Voldemort. Ele poderia torturá-la para saber tudo o que ela sabia. Mas também havia uma chance de que ela tenha escapado ferida, por isso, não dera notícias.


- Há ainda, uma outra notícia, Harry, que acabei de saber ao chegar aqui. Conversei com os médicos responsáveis por você. O ministério está pressionando os medi-bruxos para que eles consigam recuperar você. Ao que se sabe, apesar de ter quebrado o pescoço, Harry, o que poderia ter levado você a morte, o que impede você de fazer qualquer movimento, nada tem a ver com seu físico. É um feitiço. Um feitiço poderoso, mas que, provavelmente, pode ser quebrado. E se puder, tenho certeza de que os medi-bruxos conseguirão encontrar uma maneira.


- Um feitiço – disse Harry se animando. – Bem, talvez sim. Eu me lembro que quando Hermione tentou me levitar, ela não conseguiu. Acho que pode ser mesmo um feitiço.


 


 


Harry se refez com aquelas notícias. Empenhou-se nos exercícios e aceitou tomar todo o tipo de poção. Depois de uma semana, já conseguia mover um dos dedos do pé. Ficou contentíssimo. Queria recuperar-se o mais rapidamente possível. Queria ir, pessoalmente, atrás do rastro de Voldemort e recuperar Hermione. Hermione havia povoado mais seu pensamento nesses últimos dias do que nunca. Por incrível que pareça, era a idéia de salvá-la que o impulsionava a querer andar novamente.


Contudo, aquela chama de esperança apagou um dia depois, quando Minerva voltou a visita-lo.


- O que foi professora? -  perguntou ele, vendo que ela parecia pálida.


- Ah... querido. Você precisa ser forte. Sei que Hermione é sua melhor amiga. Weasley, você também! – disse ela para Rony, que estava no quarto, sentado a um canto.


- O que foi, diga-me agora, o que foi? – suplicou Harry, prevendo a má notícia.


- Um dos nossos informantes viu Hermione, Harry. Ela é prisioneira de Voldemort. De alguma forma ele a aprisionou.


- Bem, pelo menos ela está viva! – disse Harry, tentando se alegrar.


- Harry... o meu informante viu quando Voldemort forçou Hermione a entrar num barco que estava partindo para França. Ele disse que...


- Fala, professora, por favor...


Harry ficou tenso. Tentava controlar a respiração e o coração.


- ... ela está sendo torturada, Harry!


 


 


Harry entrou numa tristeza sem fim. Imaginar o que estava acontecendo com Hermione era ainda pior do que imaginar o horror que seus pais, principalmente, sua mãe sofrera nas mãos de Voldemort. Apesar de viver uma vida sem esperanças e sem alegria, Harry esforçou-se para sair daquela situação. Queria se recuperar de qualquer forma, porque queria resgatar Hermione e vingar-se de Voldemort. Queria se fortalecer... ficar tão forte a ponto de derrotar Voldemort. Não apenas derrotá-lo, mas fazê-lo pagar... fazê-lo sofrer ainda mais do que Hermione possa ter sofrido.


 


 


Hermione acordou com uma forte dor. Bela a torturava, brandindo um chicote que a açoitava impiedosamente. Hermione já não gritava, já não chorava. Acostumara-se a dor e a loucura que pouco a pouco a acometia. Lucius Malfoy estava a sua frente e a observava.


- Isso é necessário? – perguntou Malfoy, com cara de nojo.


- É claro que é! – respondeu uma voz atrás de Malfoy. Voldemort aproximava-se para contemplar a cena. Hermione se agitou. Tentou livrar as mãos das algemas que a prendiam pelo teto, sem que pudesse tocar os pés no chão.


- Deixem-me a sós com ela! – gritou Voldemort e Malfoy e Belatriz sumiram do quarto, deixando-os a sós.


Hermione começou a se apavorar. Sempre que ele se aproximava, a coisa ficava muito pior.


- Ah... já não é tão corajosa quanto antes! – disse ele, ironicamente.


- Dê-me uma varinha, e me enfrente de maneira justa! – sussurrou Hermione, tentando manter-se consciente.


- Não quero lutar com você de maneira justa, minha cara. Se isso acontecesse, eu mataria você, e não quero que isso aconteça. Por que eu te mataria, se me é mais útil viva?


- O que quer de mim? – perguntou Hermione, sentindo o desespero invadir sua alma.


- É muito simples! Você vai ser a mosquinha na minha teia. E quando Harry vir salva-la, vou mata-lo de uma vez por todas. E quando Harry morrer, farei de você a minha rainha. Assim, todos vão saber que eu derrotei Potter de uma vez por todas.


Hermione não podia acreditar no que ouvia. O terror a invadiu convulsivamente. Queria gritar, queria chorar. Tentou inutilmente manter-se passiva, mas de seus olhos, traidoras lagrimas brotavam.


- Por favor, deixe-me em paz.! – gritou ela, quando Voldemort começou a acariciar o seu rosto. Ele tentou beijá-la, mas Hermione se virou.


- Seja boazinha comigo, Srta. Granger, e eu serei bom com você. Seja má comigo e conhecerá o inferno antes mesmo de morrer!


Voldemort levantou a mão e bateu no rosto de Hermione com tanta força que todo o corpo da garota tremeu. Depois disso, ele saiu rindo alto.


- Você ainda vai ser minha!


Sozinha, Hermione tentou se livrar novamente das algemas, esticou-se ao máximo, mas apenas a ponta de seus dedos alcançavam o chão. A dor que sentia pelo corpo era tanta que parecia inebria-la. Sabia que não duraria mais muito tempo.


Pela janela olhou para fora. O barco já havia atingido o alto mar.


- Harry... por favor... me ajude! – suplicou ela, baixinho, deixando as lágrimas lavarem seu rosto sujo de sangue e terror.


 

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