O clérigo das mãos de aço!

O clérigo das mãos de aço!



Cap III - O clérigo das mãos de aço!

Nos momentos em que estava rezando por meus pais fui atrapalhado por um som bem estranho. O som era de batidas, como se alguém estivesse quebrando a parede. Fui falar com um dos noviços de lá.
-Olá, bom dia. Pode me dar uma informação?
-Com certeza.
-Que barulho é este?-apontei para a parede que estava sendo quebrada.
-Há, isso. É só o Orefitrom.
-Que é isso?
-Quem é isso. Orefitrom é o guardião do templo. Esta é a hora do treinamento.
-Guardião...-imaginei um gigantesco monstro que esmurrava a parede.-Obrigado.
-Não há de que.
Voltei para o mesmo banco e rezei para meus amigos e para os meus conhecidos. Não esqueci do Talo. O som me incomodava mesmo. Pedi ao noviço que o mandasse parar, mas ele disse que a hora de treinamento d’ele não tinha acabado e pediu desculpas. Perguntei que horas a hora do treinamento d’ele acabava. Ele disse que quando completasse uma hora ininterrupta de treinamento.
-O que? Uma hora sem parar?
-As vezes ele treina três horas, mas é só quando ele faz algo de errado.
-Como ele consegue?!
-Costume. Quer falar com ele?
-Seria bom, mas ele morde?
-Não todo mundo.
Chegando na ala de treinamento. Eu vi muitos garotos e algumas garotas treinando, mas não vi nenhum monstro.
-Cadê ele?
-Bem ali.-apontou para um homem.
-Mas ele é uma pessoa, Orefitrom não é um monstro?
-Monstro? Quem lhe disse isso?
-É que pela força eu achei que ele fosse um monstro.
-Não, ele é só muito forte. Vamos falar com ele. Senhor Orefitrom!!
Veio um senhor de aproximadamente 30 anos. Um jeito estranho de se vestir para a idade. Um tênis desamarrado e frouxo. Uma bermuda jeans também frouxa e presa por um grande cinto. O cinto, como não poderia deixar de ser, segurava a bermuda mas sobrava uma boa parte que ele deixava solta. Uma camiseta bem colada ao corpo e luvas bem apertadas e no pulso uma parte com pano sobrando que fazia ter uma parte frouxa na parte do pulso. Um grande bigode louro e cabelos ralos espetados para cima. Ao menos o terço com a cruz de seis pontas era normal. Ele era realmente forte e isso era ressaltado pela camisa colada. Olhei em minha volta e percebi as marcas de socos e chutes nas paredes e até no teto.
-Bom dia.
-Bom... bom dia, senhor Orefitrom.
-Calma, eu não mordo.
-Não foi o que ele disse.-apontei para o noviço.
-Só mordo os monstros que tentam invadir a cidade.
-Você luta sem armas contra os monstros?
-Lógico, sou um clérigo. As armas matam e eu não gosto de morte.
-Como você consegue vencê-los?
-Fui abençoado pelo deus da justiça com uma força descomunal e a treino sempre além de que o avatar do deus da justiça apareceu para o sacerdote deste templo informando que eu poderia usar um tipo de arma. Esta.-ele tirou as luvas e mostrou luvas metálicas.-Essas luvas foram-me dadas pelo próprio deus da justiça em uma aparição como avatar. Ele me deu instruções que elas serviriam para me ajudar a vencer e me expediriam de matar. Ainda não encontrei um ferreiro que consiga fazer luvas tão boas ou melhorá-las.
-Interessante. Você deseja ir numa aventura?
-Não. Eu protejo este templo a ajudo na guarda da cidade.
-O que eu poderia fazer para convencer-te?
-Nada. Só o próprio deus da justiça poderia me fazer mudar de idéia.
-Espero que ele me ajude. Obrigado pela atenção mesmo assim.
-Sem problemas, senhor Kharyl.
-Até mais.
Fui saindo, precisava encontrar um emprego e rápido. Me dirigi de volta para a casa de Talo. Quando cheguei lá Bobby e Ton-Ton estavam conversando.
-Olá gente. Como está indo o meu báculo?
-Não está indo. O velho saiu e não disse para onde ia.
-Ele levou um machado.
-Mas ele não vai me deixar na mão. Vocês vão comigo procurar emprego?
-Não, nós prometemos cuidar da loja. Se alguém vir comprar armas, nós vamos vender pelo preço da tabela aqui.-mostrou um papel com inúmeros preços de armas.
-Vou esperar pelo velho.
O tempo passou rápido e Bobby se mostrou um excelente vendedor. Vendeu mais de dez armas! Talvez ele devesse mudar de emprego.
-Quanto nós apuramos?
-Nós não apuramos nada. Quem apurou foi o velho.-Bobby estava levando isso muito a sério.
-Calma, foi só uma brincadeirinha. Me responde uma pergunta?
-Sim.
-Por que você é um ninja?
-Isso eu não posso contar.
-Por que? Então conta como? Só pra passar o tempo.
-Não vou contar, isso é muito pessoal.
-Olá, garotos!
-Olá, Talo!
-Oi, chefinho.
-Oi, senhor Talo!
-Onde você estava, Talo?
-Eu estava procurando uma boa árvore para fazer seu báculo.
-Você cortou uma árvore inteira?
-Não, eu não faria isso. Eu uso árvores mortas para fazer as armas por encomenda. Para você eu fui atrás de uma boa. Veja.-ele mostrou uma tora de madeira com muitos vermes e larvas.
-Se essa é boa, imagine a ruim...
-Mas essa é que é boa. A árvore morreu, mas a morte d’ela ajudou a criar mais vida. O mundo é assim; a morte de um, a vida de muitos. O sol não vai parar de brilhar só porque eu ou você morremos. A vida é assim, por isso dê sua contribuição para o mundo todos os dias e a todo momento.
Aprendi coisas importantes com Talo na semana em que eu, Ton-Ton e Bobby estivemos na casa d’ele. Aprendi, com a ajuda de Bobby, a cozinhar algumas coisas simples (P.S.:agora eu sei fazer miojo!). Aprendi algo bem interessante com Ton-Ton também: revistas em quadrinhos são legais! Eu vi muitas revistas em quadrinhos que Suragun guardava para Bobby. Estavam meio melequentas, mas deu pra se acostumar. Durante a manhã eu procurava emprego e a tarde eu ajudava Talo com as armas. Os acontecimentos mais importantes da semana aconteceram na quarta-feira.
-Ouvi dizer que alguns monstros estão tentando invadir a cidade.-disse sem pretensões Talo.
-Seria uma boa chance de ver mais uma vez Orefitrom...
-Quem?
-Não, ninguém. Não me esperem porque eu não sei a hora que vou voltar. Talo, você sabe por onde eles tentam invadir a cidade?
-Eles sempre vêm da floresta ao norte.
-Obrigado. Tchau.
Fui bem rápido em direção a saída. Nem entendia o porque, mas eu tinha que ter aquele clérigo no meu grupo. No instante em que eu saia vi lá fora Bobby com Ton-Ton no braço.
-Você é rapidinho, hein?
-Vamos te ajudar.
-Mas não venham comigo. Vão para outro lado. Tenho que fazer isso sozinho. Não posso explicar agora. Por favor, saia da minha frente!
-Não. Eu vim com você para ajudá-lo. Vou te proteger de qualquer coisa que vier.
-Vocês não vão me ajudar assim!
-Bobby, entenda. Nós só vamos atrapalhá-lo. Vamos deixá-lo seguir seu caminho um pouco sozinho.-Ton-Ton falou com seu ar sábio e compreensivo.
-Arrr... ‘Tá certo...-Bobby abaixou a cabeça e concordou finalmente.
-Obrigado, gente. Cuidem-se!

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