Trabalhar?



Cap 1 - Trabalhar?

Faz seis meses que saí de casa. Acabei me transformando no irmão mais velho que o Ton-Ton nunca teve. Como eu já tinha dito, agora tenho 16 anos de idade. Meu aniversário em alto mar foi bem interessante. O aniversário do Ton-Ton está próximo, vou tentar comprar algo para o garoto até lá. Enquanto eu, Ton-Ton e Bobby íamos saindo da mansão, eu abri o saquinho que meu pai tinha me dado e tinha dentro d’ele: algumas passagens à ilha onde o amigo do meu pai morava; duas bolinhas de gelo 2 e cinco de gelo 1(ainda não usei nenhuma); uma pintura dos meus pais e eu que estava bem dobradinha; um mapa mundial e um pouco de dinheiro para comprar um item de proteção(também ainda não gastei). O navio ancorou em um píer bem movimentado da ilha principal do continente arquipélago de Agua. Nós tínhamos saído do continente de Aquê, o continente residencial, e tínhamos chegado em Agua, o continente arquipélago comercial. Como sempre Bobby estava calado. Eu estava viajando com ele à seis meses e ainda não o conheço. Fomos atrás de um hotel, mas era muito caro, então fomos atrás de uma taverna. “Bem, esse nós podemos pagar.” Pensei iludido.
-Olá, bom dia.
-Oi, quer beber ou quer um quarto?
-Eu quero três quartos.
-Mais alguma especificação?
-Com camas bem grandes e travesseiros macios.
-Certo, 30 peças de ouro.
-Trinta, certo.-olhei no meu bolso e tirei 1 P.O.-Como é um quarto mais baratinho?
-Três de solteiro dão 15 P.O.
-Você tem certeza que não tem nada mais... BEM MAIS, barato, não?
-Um quarto de solteiro custa 5 P.O. a noite.
-Obrigado, não vamos querer.
-O quê? Onde nós vamos dormir, Kharyl?-disse espantado Ton-Ton.
-Vou dar um jeitinho.
Nós ficamos na praça da cidade. Eu pensando, o Ton-Ton brincando com outras crianças e o Bobby cochilando.
-Bobby. Bobby?
-Uaa! Sim, senhor.-ele me falou reverenciando-me depois de dar um bocejo.
-Por que você me chama de senhor?
-É parte do meu trabalho. Sou um empregado, devo chamá-lo de senhor sempre.
-E se eu pedir para você não me chamar assim?
-Uma ordem sua deve ser obedecida.
-Não é uma ordem! É só um pedido.
-Tanto faz.-e se levantou espreguiçando-se.
-Ton-Ton, vem aqui!
-Ufi, puff, ufi, puff. Sim?
-Tive uma idéia de como podemos arranjar dinheiro.
-E qual é?
-EU VOU TRABALHAR!!!!!!!!!
-Bem original.-comentou serio Bobby.
-É uma boa idéia, ô!-rebateu Ton-Ton.
Algum tempo depois...
-Olá, bom dia. Meu nome é Kharyl e quero um emprego.
-Tem alguma experiência?
-Não, mas eu sou bem...
-Como quer arranjar emprego como professor se você não tem currículo nem experiência?
Em outro lugar...
-Olá, bom dia. Meu nome é Kharyl e estou ansioso para trabalhar aqui.
-Quantos anos você tem?
-16.
-Como quer trabalhar em uma boate se é de menor?
Em um terceiro estabelecimento...
-Olá, boa tarde. Meu nome é Kharyl e desejo ingressar neste estabelecimento.
-Você é durão?
-Como assim?
-É duro na queda?
-Hã?
-Como quer ser um policial se é magricela e não conhece o dialeto das ruas?
Mais uma tentativa...
-Olá, boa tarde. Meu nome é Kharyl e aspiro vontade de ajudar os outros.
-Você fez um curso?
-Fiz sim. Sou um mago negro formado. Eu uso magias de gelo.
-Eu me referia a um curso de enfermagem e isto daqui é um hospital, não um frigorífico!
Usando a idéia da atendente do hospital...
-Olá, boa tarde. Meu nome é Kharyl e... PELO AMOR DE DEUS, EU QUERO TRABALHAR!!! EU SOU UM MAGO DO GELO, POSSO CONGELAR TUDINHO PRA VOCÊS!!!
-Nós usamos um item para GELAR e não para CONGELAR. Por acaso sabe mecher com facas?
-Sei, sim. Eu fui muito bem educado para comer de talheres sempre. Eu conheço todas as facas e os garfos também! Tem a faca para peixes, a faca para carne...
-Eu falava de cortes de carne! Lagarto, lombinho e tudo mais!
-Eu sei muito sobre cortes também! Se você se cortar, lave com água corrente e coloque um curativo!-depois disso o dono do frigorífico me chutou para fora.
-Não tem jeito, eu sempre morei no dormitório do colégio. Só há uma coisa a se fazer agora: ir a um bar e beber adoidado!
No bar...
-Não gostei daqui, não.
-Por que, Ton-Ton?
-Tem muita gente bebendo e gritando.
-Ton-Ton, isto aqui é uma taverna. As pessoas vem aqui para beber e gritar, não é Bobby? Bobby?
-Desculpe, eu estava pensando, só isso.
-Pensando... Em que? Ou em quem?
-Não faz diferença, Kharyl.
-O que?! Você me chamou de Kharyl? Cara, isso merece uma outra rodada... Garçom, outra rodada pra gente!
-Engraçado esse seu jeito de beber, senhor Bobby. Nunca vi ninguém beber cerveja com canudinho!
-Ton-Ton, é que ele não quer mostrar o rosto.
-Exato.
-Mas por quê?
As canecas de cerveja fizeram o ninja mascarado se soltar e rir mais um pouco. Ton-Ton ainda estava na água porque eu não o deixava beber.
-Ton-Ton, alguém tem que ficar sóbrio aqui, hic, sabia?-eu dizia.
-Quem vai pagar a conta, hein?-chegou o garçom.
-Boa pergunta. Hic! Ei, pregunta pra ele aqui, hic.
-Quem vai pagar a conta senhor?
-Fala com o moleque, hic.
-Quem vai pagar a conta, senhorzinho?
-Eu nem conheço estes dois. Eles me pegaram foi no meio da rua e disseram que iam me dar um brinquedo, não é, Suragun?
-É, sim senhor.-falou balançando-se positivamente o trocinho.
-Senhor, eles não querem pagar!
-O que?!
Veio o barman, um homem peixe(algo não muito raro de se ver nestas ilhas) de uns dois metros de altura. Sacou seu machado e disse:
-Quem é o mais velho dos três?!-apontamos todos (até ele mesmo) para Bobby.- se é assim, eu te desafio para uma luta! O primeiro a cair perde!
-E se eu nem me levantar, hic? Ajuda aqui ,gente.-ajudamos ele a se levantar.-Dá pra me apontarem para apenas um, vai lá. Hic! Qual o real dos sete?
A desastrosa luta começou. Corrigindo, o espancamento começou. Eu não pude fazer nada porque também estava bêbado e Ton-Ton era muito pequeno. O meio-sardinha só parou quando o machado caiu e ele socou a máscara do Bobby. Bobby se levantou e fez uma proposta para o grandalhão.
-Ei, sabichão. Vamos fazer uma aposta?
-Sem enrolação, saia logo daqui!
-Se eu te fizer cair com apenas um ataque, você deixa o meu amigo trabalhar aqui? Ao entrar eu vi o anúncio. Estão precisando de novos garçons, não é?
-É verdade, eu aceito. Mas com uma condição: caso você não consiga, vocês três terão que trabalhar de graça aqui por tempo indeterminado.
-Fechado, mas me prometa que não vai chorar.-engraçado, essa frase é minha...
Bobby sacou sua kataná de madeira, passou correndo agachado entre as pernas do grandalhão e bateu a parte de trás do joelho d’ele. Essa é uma parte naturalmente fraca do corpo humano, a junção da coxa com a canela. Facilmente o barman caiu.
-Venci! Eu venci, venci...-ele cantava enquanto dançava conosco.
-Não venceu não! Eu ainda estou cociente!
-Mas está no chão, você caiu. Você perdeu e eu... eu venci, eu venciiiii!! Olha o refrão!...
-Eu admito, perdi. Garoto, concederá-se empregado.
Sim, agora eu tinha um emprego! Nós estávamos na ilha certa, agora ia ser só encontrar o bendito amigo do meu pai. Tínhamos menos tempo que antes, tínhamos que ser rápidos para encontrar o cara e poder procurar a cura!!!

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