O QUE DEVO A VIVOS E MORTOS



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CAPÍTULO 12


AGOSTO DE 2.004

- Por que o Lopes e a Toledo ganham mais do que eu? – perguntou Apollo Cole naquela sua arrogância insuportável.

- Não é o local nem o momento para esse tipo de discussão – eu retruquei friamente.

Estávamos na casa de Toni e de Helga comemorando o aniversário de Miriam, filha mais velha dos M’Bea, e aproveitávamos também para comemorar o aniversário de Gina, que seria dali a dois dias. Fazia um calor agradável e a maioria do time dos Cannons, amigos e parentes revezavam-se entre uma churrasqueira fumegante, com um aroma muito bom, pilotada pelo patriarca da família anfitriã, uma convidativa piscina e um mini-campo de quadribol, que entretinha adultos e crianças

A família Weasley certamente faria um grande almoço para a filha mais nova, mas nada impedia que cantássemos parabéns para ambas e começássemos a dar presentes para a Senhora Potter, que era também, uma talentosa artilheira do time de quadribol dos Cannons.

Os M’Bea, anfitriões da festa, haviam adquirido uma imponente propriedade a poucos quilômetros de Londres, que era grande o suficiente para abrigar uma piscina convidativa com ondas mágicas e o mencionado mini-campo de quadribol. No campo em questão, naquele momento, desenrolava-se uma partida em que eu, Harry, os filhos de Toni, além de e Dylan, o sobrinho de Cole, estávamos envolvidos. Era incrível um garoto adorável como Dylan ser sobrinho de “Cool” Cole, um dos sujeitos mais insuportáveis que tive o desprazer de aturar nesses anos todos à frente dos Cannons.

Na temporada que havia se encerrado eu quase o mandei embora mais de uma vez. Ele vivia reclamando que não lhe davam o devido valor, e algumas das suas reclamações começaram a ser feitas diretamente na imprensa bruxa, que adorava fofocas que direta ou indiretamente envolviam o nome de Harry ou o meu.

Harry, que afinal era também dono da equipe, assim como Toni e Vitor Krum, concordou em dar aumento para o jamaicano metido na metade da temporada passada. Ele havia realmente sido importante para a equipe nos jogos em que Harry, Gina ou Toledo não puderam atuar por causa de contusões. Embora se julgasse bom em qualquer função, era na posição de artilheiro que Cole realmente jogava bem. Apesar de resolver os problemas nessa posição, a treinadora Vera Ivanova também estava farta das suas constantes crises de estrelismo.

O jamaicano vinha me procurando de maneira insistente nos últimos dias e eu havia dito com todas as letras que um novo aumento estava fora de cogitação. Cole recebia um salário bem acima dos reservas das demais equipes, o que era um reconhecimento justo da sua importância para o elenco. O problema é que ele dava a si mesmo uma importância ainda maior, portanto, nada parecia contentá-lo.

Após a Copa Mundial dos Estados Unidos todo mundo andava assediando os jogadores da equipe laranja. Tive que fazer um esforço danado para manter o garoto York no time. Havia equipes de pelo menos três continentes querendo contratar o reserva de Rony. Toledo, Rony, Toni, todos enfim, tinham propostas milionárias para mudar de equipe. Quando eu comprei o time dos Cannons e montei o esquadrão que havia conquistado as duas últimas edições da Liga Britânica e a s duas últimas Copas Européias de clubes, sem querer abri a Caixa de Pandora, como diriam os trouxas.

Todo mundo percebeu, principalmente após o sucesso da Copa Mundial, que o quadribol bem administrado e bem dirigido era uma mina de ouro. Japão e Austrália estavam criando ligas milionárias, além das já poderosas ligas da Itália, Espanha, Estados Unidos e Canadá. Os ianques continuavam obcecados por Harry. E “Mergulho Potter” só não se transferia para a América e passava o resto da vida nadando em galeões porque realmente não ligava para dinheiro.

Eu sabia que Cole tinha algumas propostas da Grã-Bretanha e do exterior, mas duvidava muito que alguma delas cobrisse o salário que recebia nos Cannons.

- Cole, Draco já disse que essa não é a hora e nem o lugar – disse Harry com seriedade, saindo do mini-campo, com as crianças M’Bea e Dylan em seu encalço. Todos queriam que o jogador lhes ensinasse uma ou duas manobras.

- Malfoy passou a semana inteira se escondendo de mim! – disse o jamaicano, muito irritado.

- Não estava me escondendo, eu o estava ignorando propositalmente, o que é muito diferente – respondi, arrancando risinhos das crianças, até mesmo do seu sobrinho.

- OK, crianças – falou Harry para os pequenos – Vão indo lá para o campo que logo teremos uma revanche.

Vitor, Toni, Rony e Vera Ivanova também se aproximaram, certamente adivinhando o que se passava.

- Cole, pegue uma cerveja amanteigada gelada, coma um sanduíche de filé e dê um mergulho para esfriar a cabeça – sugeriu Toni. Todos vestiam bermudas ou roupas de banho e apenas o jamaicano usava roupas formais de trouxa.

- Eu não trouxe roupa de banho para o evento – retrucou Apolo de maneira irônica, insistindo em ser desagradável

- Isso eu posso arranjar. Mas se você estragar o aniversário da minha filha... – deixou a ameaça no ar o capitão dos Cannons.

- Olha aqui, seu... – ia insistindo Cole.

- Chega, Cole! – cortou-o Harry, aumentando perigosamente a voz e atraindo a atenção de alguns convidados da festa.

- Vamos lá para dentro – suspirou Toni derrotado, acenando amistosamente para as pessoas, procurando tranqüilizá-las.


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- A resposta é não – eu disse tranquilamente para o jamaicano.

- Mas...

- Não! – insisti.

- Ora, você é mesmo um sovina! – disse Apolo Cole, indignado – Aposto que o Harry...

- Eu falei pro Draco não lhe dar o aumento – declarou Harry calmamente, atraindo a atenção de todos. A declaração era surpreendente, pois o jogador sensação do quadribol britânico raramente se metia nas questões relacionadas com contratos de jogadores ou seus respectivos salários.

Embora fosse também dono dos Cannons, assim como Toni e Vitor, que eram sócios minoritários, dificilmente Harry Potter cuidava de questões administrativas. Todos confiavam no meu juízo para os assuntos relativos às finanças e pagamentos. Ainda mais levando em consideração a assessoria que eu possuía de indivíduos honestos e competentes como Olívio Wood e Gui Weasley.

- Harry, não! – tentei impedi-lo de continuar. Afinal o meu sócio possuía a fama de bom moço e se dependesse de mim ele poderia continuar com ela. Eu, de minha parte, não me importava nem um pouco de ficar com a fama do sujeito mau da história.

- Draco cogitou a hipótese de lhe dar mais um aumento – Harry continuou, ignorando-me por completo – Eu o desaconselhei. Não seria justo

Realmente, na semana anterior, pedi a opinião de Harry a respeito do pedido do jamaicano, o que era raro. Geralmente era eu quem resolvia essas questões. Mas daquela vez achei melhor perguntar para o meu sócio, que afinal de contas era quem convivia o tempo todo com os demais jogadores. Perguntei a ele se achava justo dar um novo aumento para Cole em razão da sua importância para o time na última temporada. Mostrei para Harry os contratos dos demais jogadores e expliquei que tive que aumentar os salários de Lopes, Toledo e York, que tinham propostas da Itália, da Espanha e dos Estados Unidos. Não que os três mencionados criassem problemas como o jamaicano. Apenas entendia que seria justo, para mantê-los no time, que eles recebessem uma remuneração a altura.

Depois de ouvir os meus argumentos e ponderar por algum tempo, Harry disse que não seria justo com os demais jogadores aumentar o salário de alguém que já era muito bem pago, apenas porque ele exigia isso. Concordei com meu sócio e encerramos a questão. Obtive dele, contrariado, a promessa de que eu assumiria, se necessário, a responsabilidade da negativa. Não disse para Harry, mas a sua fama de bonzinho era boa para os negócios.

- Com que direito você fez isso? – bufou o jamaicano.

- Com o direito do cara que é tão dono do time quanto eu e que sempre divide os prêmios individuais que ganha com o time inteiro! – expliquei com todos os detalhes para aquele metido.

- Olha aqui, seu panaca! – disse Toni, perdendo a paciência – Nas excursões do time, o cachê é o dobro com Harry em campo. Ele poderia embolsar o dinheiro pra ele, mas prefere dividir com todo mundo. O dinheiro do patrocínio individual que ele ganha das Vassouras Firebolt ele coloca nos prêmios que todos recebem, inclusive o seu, seu cretino!

- Certo, vamos com calma – apaziguou Harry. Mas tinha o ar decidido quando disse para Cole: – Se quer brigar com alguém, brigue comigo, mas após o aniversário da Miriam. Eu já tomei minha decisão!

- Mas, vocês aumentaram os salários da Toledo e do Lopes!

- Por que, criatura burra – eu lhe disse com sarcasmo – Andy e Cris ganhavam menos que titulares em outras equipes e você ganha mais do os reservas de qualquer outra equipe! Mais até que muitos titulares de times de ponta!

- Quer dizer que aumentar o salário daquela lésbica idiota e do Indiozinho...

Apolo Cole não conseguiu prosseguir com a ofensa. Seu corpo saiu do chão e ele voou por cima do sofá da sala de Toni, caindo com violência atrás do mesmo. Harry havia feito um gesto tão rápido com a mão direita que eu mal havia percebido. Um vento gélido totalmente incompatível com o dia quente de verão encheu o ambiente.

- Seu idiota! – Harry praticamente rosnou e movendo-se tão rápido quanto o seu movimento com a mão. Num instante estava em pé olhando para o jamaicano caído, surpreso e assustado. O ex-grifinório afastou com outro gesto o móvel, impedindo que qualquer coisa ficasse entre os dois. Certamente o Sr. Cole nunca havia visto o ex-grifinório perder a paciência daquela forma.

Um conselho: nunca faça Harry Potter perder a paciência com você. Ele é um doce de pessoa na maior parte do tempo. Alguns, equivocadamente, acham que ele é um panaca. Nunca ache isso! O cara é o Eleito, o Escolhido, e tem mais poderes do que a maioria dos bruxos. Ofensas preconceituosas tiram realmente o sujeito do sério.

- Você está se referindo aos seus companheiros de time! – disse o meu sócio – Pessoas que jogaram com você o ano inteiro e nem querem saber quanto você ganha. E Andy e Toledo são meus amigos, ouviu bem?

- Ele ouviu bem, Harry – eu disse, colocando o braço em volta do seu ombro para acalmá-lo. Um arrepio percorreu o meu corpo quanto o toquei. Ele estava carregado de magia até o último fio de cabelo.

Se Harry não fosse o cara controlado que era na maior parte do tempo, tenho certeza que poderia matar Cole num piscar de olhos.

- Você está fora, Cole – comuniquei calmamente ao jamaicano.

- O QUE? – perguntou surpreso.

- Fora – eu repeti – Estou de saco cheio das suas frescuras! Há pessoas no time muito melhores do que você. Que não ficam me amolando, ofendendo os companheiros ou fazendo reclamações através da imprensa. Você disse que tem propostas de outras equipes. Ótimo! Vai em frente. Eu dispenso você do contrato que tem com os Cannons.

- Mas você não pode fazer isso! – choramingou o jogador

- Acabei de fazer – respondi com desprezo.

- Fora, Cole! – disse energicamente Toni com a sua voz impressionante, apontando para a porta da rua. E voltando-se para os demais, falou jovialmente: - Vamos voltar e aproveitar a festa. Alguns bifes estão quase no ponto!

- Meu sobrinho... – lembrou-se de repente o jogador.

- Eu o peguei na casa da mãe dele e vou devolvê-lo à casa da mãe! – disse Toni, encerrando o assunto.


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O PRESENTE


- Draco, você está enrolando, não está? – perguntou Michele, de maneira absolutamente perspicaz, lendo por cima dos meus ombros a tela do computador.

- Pois é – admiti – Estou.

- Bom, e aquela história da Jane O’Neal?

- Não havia ainda naquela época nenhuma história da Jane O’Neal.

- Não foi o que me pareceu no capítulo anterior...

- Éramos apenas grandes amigos – eu lhe digo, meio sem jeito

- Sei, amigos que faziam sexo... – Michele responde irônica.

- Humm... deixei você finalmente com ciúmes...

- Claro que não! – ela tenta negar – É apenas...

- Ciúme? – completo divertido – Mas... Michele, eu ainda não quero falar ou escrever sobre isso. Você sabe...

- Eu sei, Draco – a jovem me diz de maneira compreensiva. Honestamente eu não sei o que fiz para merecer alguém como Michele. E mudando de assunto para diminuir o meu desconforto, ela pergunta: - Mas, o tal Cole não deixou barato, não é?

- Ah, não mesmo! – respondo mais animado.


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2.004:


Era previsível, mas mesmo assim irritante. Apolo Cole nas semanas subseqüentes contou inúmeras mentiras na mídia a nosso respeito. Disse que foi agredido por Harry Potter apenas porque pediu um pequeno aumento de salário. Disse que Toledo e Andy Lopes tinham privilégios no time apenas porque puxavam o saco de Harry. Insinuou que havia mais gente insatisfeita na equipe, mas que as pessoas não diziam nada porque tinham medo de mim. Insinuou que os negócios das Organizações Potter-Malfoy serviam de fachada para atividades escusas. Enfim, mentiras intermináveis.

A maioria da imprensa bruxa tratou as declarações do jamaicano com desdém. Era óbvio o seu sentimento de vingança e o despeito era evidente nas suas palavras cheias de ressentimento. Mas o “Profeta Diário”, a cargo de Rita Skeeter e Dan Carter, acrescentou detalhes sórdidos e mentirosos às mentiras sórdidas do jogador.

O “Profeta” naquela época vivia a sua maior crise. Vários jornalistas decentes saíram do periódico, discordando da sua linha editorial. Um grupo privado norte-americano havia comprado a publicação, e embora não houvesse provas, havia evidências muito fortes do dedo sujo de adeptos das trevas, principalmente do americano Norman Benton (*), por trás do negócio. Na verdade, os adeptos das trevas começavam a tecer a sua teia insidiosa. Embora o Sr. Benton tenha sido praticamente escorraçado da Inglaterra pelo meu amigo Severo Snape (**), não havia lei alguma que o impedisse de organizar um consórcio que arrematasse o jornal bruxo mais lido do Reino Unido.

Era um mistério a origem do dinheiro que sustentava o “Profeta Diário” naquela época. Vários anunciantes desistiram do jornal. O governo bruxo suspendeu praticamente toda a propaganda oficial no periódico. Severo Snape vinha tentando convencer o Ministro Artur Weasley a pressioná-los ainda mais, mas o Sr. Weasley, fiel às suas convicções liberais, opunha-se a qualquer interferência na imprensa, mesmo em órgãos hostis ao seu governo.

Felizmente havia “O Pasquim” da família Lovegood, que embora ainda trouxesse algumas notícias bizarras, era bastante justo e imparcial em relação a boatos maldosos a meu respeito ou a respeito de Harry. “Pena Mágica” era outro jornal diário que aos poucos ia se impondo no mundo bruxo. Popular até hoje e concorrente do “Profeta”, é a publicação que, como se falou muito na época, resgatou a credibilidade da imprensa do mundo mágico.

De propriedade da venerável família Macmillan, nove gerações consecutivas de bruxos sangues-puros, o patriarca do clã deixou o órgão de imprensa a cargo de Ernesto, seu único filho, e do seu antigo colega de escola e da casa Lufa-Lufa, Justino Finch-Fletchley. Ambos, do mesmo ano meu e de Harry em Hogwarts, fizeram um trabalho muito bom no “Caso Apolo”, nome pelo qual a imprensa vinha tratando as denúncias do jogador. Ao invés de agir como o “Profeta”, que abriu espaço apenas para o jamaicano, “Pena Mágica” agiu como todo jornal deveria agir, bruxo ou trouxa: Deu espaço semelhante para ambos os lados, embora não escondesse o ceticismo em torno das “revelações” de Apolo Cole. E tiveram a decência de me entrevistar e reproduzir fielmente as minhas declarações:

“PENA MÁGICA”: O que o senhor tem a dizer a respeito das denúncias de Apolo Cole?

DRACO MALFOY: Nada, exceto o fato que Apolo Cole é um mentiroso desprezível. Meus advogados já o estão processando nesse momento.

PM: É verdade que há jogadores no time dos Cannons que são favorecidos pelo senhor e por Harry Potter?

DM: Essa é uma das coisas mais cretinas que eu ouvi! Os jogadores dos Cannons, titulares e reservas, recebem um salário compatível com o prestígio que desfrutam e com o prestígio e as condições financeiras da equipe. Cole recebia mais do que a maioria dos jogadores titulares de outras equipes. E ele era reserva! Reserva de luxo, mais ainda assim reserva.

PM: O que o senhor tem a dizer sobre as declarações dele de que nunca lhe deram o devido valor na equipe?

DM: Lógico (Draco Malfoy diz irônico)... Deve ser por isso que ele jogou três temporadas inteiras no time dos Cannons. Tanto ele foi valorizado que o seu salário foi aumentado várias vezes, mesmo havendo contratos em vigor, o que me desobrigava de qualquer aumento. E não é de hoje que esse sujeito cria problemas!

PM: Não?

DM : Não. E eu só vou revelar isso porque ele disse mentiras horríveis. A contratação de Apolo Cole foi uma exigência de Aidan Lynch, que era técnico do time por exigência dos antigos proprietários. Ele dizia que precisava de um jogador polivalente, mas eu desconfio que queria mesmo um puxa-saco dedo-duro de sua confiança no grupo.

PM: Essa é uma acusação bastante séria.

DM: Mas eu a sustento onde for preciso. Depois que Lynch foi demitido, pensei seriamente em me livrar de Cole, mas Harry, Toni e Vitor me fizeram mudar de idéia. Acho que ficaram com pena dele, pois iria ter dificuldade para encontrar outra equipe com a temporada já para começar. Principalmente pesando sobre ele a suspeita de dedo duro. No fim, embora ele seja péssimo como batedor ou como goleiro, posições que insiste em jogar, é um bom artilheiro e foi útil para a equipe como um bom reserva.

PM: O senhor concorda que ele foi importante para a equipe dos Cannons?

DM: Nunca neguei! Mas, não tão importante quanto Andy Lopes, por exemplo, que jogou todas as partidas da Liga Britânica e da Copa Européia. E Andy é titular da seleção brasileira, uma das melhores no último mundial. Cole, no entanto, acha que deve ganhar mais do que ele. Isso é inaceitável!

PM: Apolo Cole está acusando o senhor de pressionar os demais clubes para impedir que ele seja contratado.

DM: Mais uma mentira descarada! Eu o liberei do contrato que o prendia aos Cannons para que ele procurasse outro time. Mas o seu salário será pago integralmente enquanto ele for um funcionário da nossa equipe. Se ele é tão bom e foi tão injustiçado, certamente não faltarão equipes querendo contratá-lo...

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Como dizia meu amigo Toni M’Bea, a manchete do jornal de hoje é o lixo de amanhã. Aos poucos, quase todo mundo esqueceu as acusações de Apolo Cole. Mesmo o “Profeta”, com toda a má vontade que demonstrava comigo, e com toda a boa vontade que tinha para fofocas e calúnias esqueceu o assunto. Apolo transferiu-se para um time que disputaria a liga do Canadá. Com um salário menor do que recebia nos Cannons, diga-se de passagem. Azar dele! Mas, mais para frente ainda falaremos do Sr. Cole.

E Hermione Weasley deu a tão aguardada entrevista para a revista “Charm”, que obteve uma tiragem sensacional. Muita gente em todo o mundo bruxo queria saber o que pensava a jovem e brilhante Doutora Weasley, melhor amiga do Eleito.


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Extraído da Revista “Charm”:

Uma das mais famosas e influentes bruxas da Grã-Bretanha é uma jovem prestes a completar vinte e cinco anos. Uma das bruxas mais citadas em publicações especializadas de medicina mágica e uma das melhores alunas da história de Hogwarts, a mais importante escola de magia do Reino Unido, a Doutora Hermione Weasley também exerce a função de curandeira do time dos Chudley Cannons, o maior sucesso do quadribol europeu dos últimos anos. À primeira vista ela não impressiona muito.

A jovem que recebeu a reportagem da revista vestia roupas simples de trouxas (jeans e suéter)é uma pessoa bastante comum. De estatura média, dona de um rosto de uma beleza discreta e suave, voz de adolescente, aparenta bem menos que os vinte e cinco anos que tem. Apesar disso já é mãe de um belo garoto ruivo de um ano e meio e está grávida do segundo filho.

Durante as horas em que recebeu a nossa reportagem alimentou e brincou com o filho, ralhou com o marido, o famoso goleiro da seleção inglesa, Rony Weasley, alegando que o jogador não se alimentava direito e “só comia bobagem”, mas quando ele saiu para ir até a casa do amigo do casal, Harry Potter, ela o beijou com carinho. Aliás, o casal demonstra ser muito carinhoso entre si e com o mais novo membro da família.

Hermione Weasley mostrou-se nessa entrevista uma pessoa bastante passional e ao mesmo tempo muito bem humorada. Foram vários os momentos de risos, mas também os momentos de tristeza em que a Doutora Weasley ficou à beira das lágrimas. E, sem dúvida alguma, a Doutora Weasley sabe defender os seus argumentos com paixão e sabedoria.

Como era de se esperar, demonstrou uma inteligência viva e aguçada, não se negando a responder praticamente nenhuma pergunta. A exceção foi o questionamento tradicional aos entrevistados da revista a respeito de sua primeira experiência sexual. Sem se alterar, ela disse simplesmente: “Não é da sua conta!”.

“Charm”: Para começar, gostaríamos que a senhora falasse um pouco da sua vida. A senhora é de família trouxa, não é mesmo?

Hermione Weasley: Sim, sou de uma família de dentistas. Pessoas bastante comuns.

C: Como foi a sua infância? A senhora é filha única?

HW: Ah, acho que foi bem normal. A não ser pelo fato de que sempre aconteciam coisas estranhas comigo. Como o fato de uma menina que me importunava na segunda série ir parar em cima de uma árvore fora da escola... E, sim, eu sou filha única e meus pais sempre se preocupavam com esses pequenos incidentes que pareciam acontecer comigo o tempo todo. Acho que eles ficaram aliviados quando descobriram que eu era uma bruxa.

C: Como é a reação de uma família de trouxas ao descobrir que a sua única filha é uma bruxa. Eles ficaram assustados?

HW: Na época acho que eles encararam bem os fatos. Mais tarde, com a guerra, é que realmente ficaram assustados e preocupados.

C: Seus pais sabiam que a senhora corria perigo por ser amiga de Harry Potter?

HW: Bem, não havia como eles não tomarem conhecimento, uma vez que tiveram que ficar escondidos alguns meses sob a vigilância da Ordem da Fênix. Nós temíamos que os Comensais da Morte os atacassem.

C: E eles realmente os atacaram?

HW: Realmente tentaram. Mas ambos estavam em segurança.

C: A senhora nunca se arrependeu de ser amiga de Harry Potter, como todos os riscos que teve que correr? Riscos que se estenderam aos seus pais.

HW: Não, nunca! Mesmo se não fosse amiga de Harry eu ainda assim correria riscos. Nenhuma pessoa nascida trouxa estava segura naquela época.

C: Fale sobre a sua amizade com Harry Potter. Como se conheceram?

HW: No trem a caminho de Hogwarts. Eu ajudava um outro colega a encontrar o seu sapo...

C: Não parece nada muito emocionante... E aquela história do trasgo montanhês de três metros de altura? É uma lenda?

RW: (risos) Não, não é uma lenda. Aconteceu meses mais tarde. Harry e meu marido Rony até então me achavam um pesadelo, como Rony disse uma vez...

C: Ronald Weasley disse que a senhora era um pesadelo?

HW: Oh, sim! Eles me achavam mandona e metida. E eu devo admitir que era um pouco. (mais risos)

C: E a história do trasgo de três metros?

HW: Eu estava no banheiro feminino muito triste, lamentando não ter amigos. Todos os alunos estavam do outro lado da escola, pois havia um trasgo a solta. Harry e Rony conseguiram nocautear o monstro e me salvaram.

C: Quantos anos tinham na época?

RW: Eu tinha doze. Harry e Rony onze anos.

C: Impressionante! É verdade que Harry Potter matou um basilisco quando tinha quinze anos de idade?

HW: Na verdade ele tinha doze anos. E com quatorze enfrentou um dragão rabo-córneo húngaro.

C: Nossa! Não é a toa que dizem que todas as garotas de Hogwarts eram apaixonadas por ele!

HW: Até os quinze ou dezesseis anos as garotas mal reparavam em Harry! Havia algumas poucas, que andavam atrás dele por causa da fama, mas não se esqueça que quando estávamos no quinto ano, Harry sofreu uma grande campanha de difamação por parte do Ministério da Magia e do “Profeta Diário”. Muita gente queria distância de Harry. E também de mim e de Rony.

C: Essa amizade da senhora com Potter e Weasley tornou-se lendária. Chamavam vocês de “O Trio Maravilha”, não é mesmo?

HW: Sim, mas não da maneira lisonjeira que isso aparenta hoje.

S: Rony Weasley nunca teve ciúme de Harry Potter?

HW: Você diz, ciúme por minha causa?

C: Sim!

HW: Ah, não! Acho que durante um bom tempo Rony nem me via como uma garota...

C: Sério?

RW: Sim, isso inclusive me deixou bem magoada! Uma garota quer que os garotos a vejam como uma garota, oras! (risos) Mas, falando sério, nós éramos como irmãos. Harry diz que sempre percebeu que havia algo a mais na minha amizade com Rony. Mas, na época, éramos muito novos. Nós nos conhecemos com onze anos. Para falar a verdade, às vezes eu é quem tinha ciúme da amizade deles. Embora eu fosse a melhor amiga de ambos, eles eram garotos. Havia uma cumplicidade natural entre eles, que às vezes me deixava enciumada. Mas, acho que eles nunca perceberam. Meninos são bobos demais para perceber certas coisas! (risos)

C: Bem, a pergunta que provavelmente a senhora já esperava...

HW: (rindo) Não, essa pergunta não!

C: A senhora e Harry Potter algum dia tiveram algum envolvimento romântico?

HW: Nunca! Eu amo Harry, nunca escondi isso. É impossível não amar Harry Potter depois de conhecê-lo bem. Mas, é um amor totalmente fraterno. Harry foi o irmão que eu não tive. Meu melhor amigo. Uma pessoa maravilhosa. Nunca houve nada entre nós além de um amor de irmãos.

C: Mas, Harry Potter não se sentiu excluído quando a senhora e o Sr. Weasley começaram a namorar? Contemporâneos seus de Hogwarts dizem que O Eleito ficou magoada com ambos. O que deu margem a inúmeros boatos...

HW: Realmente. Apesar de que naquela época, qualquer coisa associada a nós rendesse inúmeros boatos. Rony e eu cometemos um erro. Havia muita pressão sobre Harry naquele ano. A profecia que ligava seu destino ao de Voldemort... Bem naquela época as pessoas começaram a chamá-lo de “O Eleito”. Muitos, entretanto, achavam que ele não passava de um garoto perturbado em busca de notoriedade. A vida de Harry Potter não era fácil. Então, eu e Rony, não querendo excluí-lo, não contamos que já estávamos juntos. E Harry ficou magoado quando descobriu.

C: Vocês brigaram?

HW: Ah, não! Harry apenas se afastou de nós durante alguns dias. Mas, depois de uma boa conversa e de algumas coisas que Gina nos disse, tudo voltou a ser como antes. O que deixou muita gente frustrada. Principalmente algumas garotas que começaram a persegui-lo. (risos)

HW: Gina Potter nunca teve ciúme de sua amizade com o Sr. Potter?

C: Claro que não! Gina e eu nos tornamos amigas desde o final do segundo ano dela em Hogwarts. Gina já era minha melhor amiga muito antes de Harry notá-la como uma garota. Ela sempre foi minha maior amizade feminina nos tempos de escola. E, depois, acho que ela sempre desconfiou que eu tinha uma queda por um certo ruivo da sua família... Acho que eu e Harry temos uma queda por ruivos! (risos)



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- Hum... Uma pessoa maravilhosa? – perguntou Harry com um grande sorriso à mesa do jantar.

O casal Potter, o jovem casal Weasley e Draco Malfoy jantavam na casa de Rony e Hermione enquanto se revezavam na leitura de “Charm”, que trazia a entrevista de Hermione.

- Você é, Harry – disse Hermione com uma sinceridade tocante – Eu amo você por isso.

- E os sacanas deram um grande ênfase à frase “Eu amo Harry Potter” – constatou Harry – Mas, suponho que isso ajude a vender a revista.

- Vocês, ruivos, deveriam dar um jeito nesses dois – falei de brincadeira para Gina e Rony.

- É, não comecem a trocar declarações de amor na hora da comida – implicou Rony com uma contrariedade fingida - Ou eu serei obrigado a desafiar você para um duelo bruxo após a sobremesa, Potter! – disse o ruivo apontando a varinha para o meu sócio e fazendo uma hilária cara de mau.

Todos riram. Apenas Gina Potter se manteve séria. A ruiva, diga-se, estava muito mais séria do que o normal. Harry parecia perceber isso e procurava animá-la de todo jeito. Sem muito sucesso.

Mais tarde, enquanto eu, Rony e Harry falávamos de quadribol e das chances dos Cannons na próxima edição da Liga Britânica, Hermione arrastou Gina até o seu quarto com a desculpa de mostrar as roupinhas que já estava comprando para bebê a caminho.

- Certo – disse a jovem curandeira – Me conte o que você tem.

Inesperadamente a ruiva se jogou nos braços da amiga e começou a soluçar.

- Calma, Gina – disse Hermione assustada – O que foi? É alguma coisa com o Harry? Vocês brigaram?

- Não, Mione! Tudo vai muito bem! Ou melhor, ia! Se a sua amiga aqui não fosse tão burra!

- Vamos, Gina, não deve ser alguma coisa tão grave assim...

- Sabe a viagem que eu e Harry fizemos para a Grécia no final de junho? Pois é, nós nos empolgamos um pouco...

- Se empolgaram? – perguntou Hermione confusa. Depois, vendo o ar impaciente de Gina, entendeu: - Ah, “esse” tipo de empolgação... Mas, é normal, afinal vocês são um casal jovem, se amam. Todo aquele céu azul, sol...

- E...

- Espere um pouco – disse Hermione, começando a entender o que se passava com a amiga – Você tomou aquela poção que eu dei para você? Ela não falha! E não tem os efeitos colaterais dos remédios trouxas e de algumas poções bruxas.

- Se...

- Se você tomá-la antes de...

- Antes de...

- Espere! Agora eu entendi. Você disse que vocês se empolgaram! Mas, é maravilhoso, Gina! Você está grávida!

A reação da ruiva frente à empolgação de Hermione, entretanto, foi uma nova crise de choro.

- Hermione – ela disse depois se controlar momentaneamente – Eu e Harry combinamos que não teríamos filhos ainda. Há um maluco que se diz filho de Voldemort querendo acabar com ele, lembra?

- Lembro – disse Hermione sombriamente – Mas, agora vocês já têm um filho a caminho. É um fato consumado. Lembre-se que Harry disse que não deveríamos deixar de viver a nossa vida?

- Mas, Hermione, eu... Ah, droga! Sabe o que é o pior? Eu deveria estar apavorada, mas eu estou feliz! Feliz! E estou transtornada por estar tão feliz por estar esperando um filho do Harry! Certo, agora pode me chamar de louca – falou a jovem Senhora Potter, voltando a chorar no ombro da amiga em seguida.

- Eu sempre achei vocês Weasleys meio loucos mesmo. Mas não por esse motivo, minha amiga!

- Sim, mas ainda assim você ama a gente – retrucou a ruiva, ainda com lágrimas nos olhos, mas dando um daqueles sorrisos marotos típicos da família.

- Isso não é segredo – confirmou Hermione, ainda abraçando e confortando Gina.


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- Harry, precisamos conversar – disse Gina de maneira decidida. Afinal ela era uma grifinória, como lembrou a si mesma várias vezes nas últimas horas.

- Você finalmente vai me contar o que a está incomodando? – perguntou Harry.

- Sim – retrucou a ruiva – E você vai descobrir que casou com uma idiota, uma descuidada, uma...

A ruiva não completou a frase. Começou a chorar novamente. Mulheres grávidas ficam normalmente muito sensíveis. Harry a tomou nos braços. Preocupado. Não conseguia entender o que havia afetado daquela forma a mulher que ele amava. Uma mulher forte e decidida. Uma Weasley até o último fio de cabelo ruivo.

- Gina – disse o Eleito – Eu amo você e não consigo pensar em nada que você tenha feito que mude isso.

Depois de respirar fundo, abraçada a Harry, Gina afastou-se um pouco, fitando os seus olhos verdes. Ela sempre dizia que poderia se perder naquele olhar.

- Eu estou grávida.

- Grávida? – disse o esposo com um ar ligeiramente apalermado – Mas como? Certo, pergunta estúpida. Você... quer dizer, nós não...

- Eu me descuidei, Harry! Eu disse que sou uma estúpida! Diga alguma coisa!

Ele havia sentado ruidosamente na sua poltrona preferida. Ambos estavam em casa, tendo saído de maneira um tanto apressada da casa dos amigos.

Quando Gina já estava à beira do pânico, preocupada com a expressão confusa do esposo, um grande sorriso iluminou o rosto do rapaz.

- Por Merlin! Isso é maravilhoso! – disse simplesmente.


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Na manhã seguinte, quando acordou, Hermione ouviu uma conversa animada vinda da copa. Uma voz era sem dúvida de Tipy, a elfa doméstica (remunerada!) que trabalhava para os Weasleys. Parecia que a criaturinha estava discutindo com alguém.

- Não, jovem Senhora Potter – Tipy prepara todos os dias o café para os seus bondosos patrões.

- Mas, Tipy, eu queria preparar aquelas panquecas do Harry... – disse a inconfundível voz de Gina.

- Dobby me explicou como são as panquecas do bondoso-maravilhoso-muito-extraordinário Senhor Potter – teimou a elfa – Se a jovem senhora sentar aí quietinha, Tipy faz as panquecas para a senhora e para os bondosos patrões.

- Ah, a “bondosa patroa”! – falou a ruiva animada, vendo Hermione na entrada da copa.

- Alguém acordou animada hoje – disse Hermione, muito contente ao constatar a mudança de humor da amiga – Suponho que vocês resolveram tudo.

- Sim! – disse Gina radiante – Resolvemos a maior parte da noite! - acrescentou maliciosa - Queria até preparar as panquecas do Harry para você e para o Rony para comemorar.

- Humpf! – resmungou Tipy da cozinha – Tipy já disse que prepara as panquecas – reclamou, dando um gritinho esganiçado.

- Oi, Gina – disse um bocejante Rony – A que devemos a honra logo cedo? Nossa, que fome, hein? – brincou o ruivo, vendo a irmã colocar no prato uma grande quantidade de panquecas que a elfa da casa havia trazido naquele momento.

- Muita energia gasta na noite passada – disse a irmã mais nova com um meio sorriso, sabendo que era o tipo de informação que Rony dispensava.

- Alguma comemoração em especial? – perguntou o ruivo, ignorando propositalmente a provocação da caçula, servindo-se também das iguarias e adicionando mel a elas.

- Sobrinho ou sobrinha – falou mansamente a ruiva, testando a reação do irmão.

- Sei – ia dizendo Rony distraído – O QUE? – perguntou de repente, engasgando com o suco de laranja – PELAS CUECAS FOLGADAS DE MERLIN! Você está..., digo está...

- Sim, Rony, estou! – confirmou Gina com o mais bonito sorriso que o irmão se lembrava de ter visto no seu rosto.


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Meu sócio apareceu muito cedo na Mansão naquele dia. Estava inegavelmente feliz com a gravidez da esposa. Mas, também preocupado. E em busca de informações.

- E onde está a “Senhora Grávida Potter” nesse momento? – perguntei para Harry.

- Dando as boas novas para Rony e Hermione – ele explicou – Eu disse que precisava assinar alguns papéis da empresa e faria isso logo cedo. Você vai me ajudar, não é?

- Você vai matá-los ou apenas apavorá-los?

- Eu não sou um assassino. Você sabe disso.

- E como pretende assustá-los?

- Você sabe que eu não sou um assassino. Mas, eles não sabem, não é mesmo? E eu não pretendo denunciar essa minha pequena falha de formação.

- E suponho que você será muito persuasivo.

- Muito.



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- Belo dia, não? – disse uma voz estranhamente familiar.

Quando Eden Perfumo tentou se virar para o lado para olhar o dono da voz, descobriu-se subitamente paralisado.

Estava na varanda de sua bela residência, de frente para o mar, na Riviera Francesa. Fazia calor e o Sr. Perfumo descansava tomando um copo gelado de suco de abóbora. O copo caiu, estranhamente sem som algum. Parecia que o mundo estava em câmera lenta e ele flutuava preso àquela voz.

- Não se incomode de levantar, Perfumo – disse a voz com uma grande dose de sarcasmo – Não que você pudesse nesse momento.

- “Poter”! – a mente de Perfumo gritou.

- Não, meu caro Perfumo –disse “a voz”, como que lendo a mente do outro – Harry Potter está nesse momento distribuindo autógrafos no Beco Diagonal, nas Gemialidades Weasleys. Há dezenas de testemunhas que viram Harry Potter e tiveram seus uniformes dos Cannons autografados por ele. Hum, talvez você precise dizer alguma coisa.

Inesperadamente a voz do homem mais velho voltou, embora ele ainda continuasse totalmente paralisado.

- Como você entrou aqui? Há feitiços de proteção em toda a propriedade! Há seguranças...

- Veja você... – retrucou o outro de forma irônica – Eu nem notei.

- Eu vou denunciar...

- Não, você não vai. Você vai ouvir. É uma pequena história. Fique em silêncio enquanto eu a conto.

De novo a voz de Eden Perfumo desapareceu e ele encontrava-se à beira do pânico. “A voz” disse:

“Há um garoto de quem eu gosto muito. Ele se chama Dylan Cole. O seu pai, Terry, era um grande jogador de quadribol. Dizem que o melhor nascido na Jamaica. Meu amigo Rony vivia dizendo, quando a gente tinha doze anos, que sonhava com Terry jogando nos Cannons. Depois eu o conheci. Foi durante a guerra. Era um sujeito muito simpático, um grande bruxo, embora nascido em uma família trouxa. Eu sei. Você despreza essas pessoas. Mas ele era melhor bruxo e melhor ser humano do que você será em qualquer momento da sua vida mesquinha. Terry está morto. Deixou viúva a sua esposa trouxa e o seu filho sem um pai”.

“Dylan vai para Hogwarts nesse ano. O pai dele não estará na estação, na plataforma nove e 1/2 para ver a sua partida. Isso me deixa triste, sabe? Terry está morto por causa de gente como você, Perfumo. Gente que queria um mundo de bruxos de sangue puro. Eu serei pai no próximo ano. Eu quero estar ali na plataforma nove e ½ quando meu filho for para Hogwarts. Eu devo isso a Terry e a Carlinhos Weasley, entre outras pessoas. Sei, você deve estar se perguntando o que você tem com isso. Eu também me pergunto, sabe?”

Durante algum tempo o silêncio se impôs e só o barulho das ondas chegava até a varanda. Perfumo podia ver os seus seguranças no limite da sua propriedade. Para eles nada demais parecia estar acontecendo. De alguma forma Potter iludira a todos e se comunicava com ele sem que ninguém visse. Desgraçadamente haviam subestimado o rapaz.

“Não pense que é segredo a sua ligação com alguns cretinos que se acham grandes e maus. Vocês são tão patéticos! Seguindo ordens e aguardando o tal que se diz filho de Voldemort. No devido tempo eu pretendo dar um jeito nesse tal Herdeiro. Muito corajoso o cara! Ele tem se escondido muito bem. Mas o recado que eu vou dar a você chegará também a ele, eu espero. Nesse momento cinco outras pessoas estão recebendo essa mesma mensagem. Se vocês ferirem alguém, seja trouxa, bruxo ou mestiço. Se vocês saírem atacando pessoas, se vocês ferirem algum amigo meu, minha esposa ou meu filho que nascerá dentro de alguns meses, vocês irão preferir a morte. Eu vou atrás de cada um de vocês. E o que farei com vocês não será limpo, não será bonito e não será agradável”.

“Não pense que eu gosto disso, mas quando a gente coloca um filho no mundo, a gente se sente mais responsável, eu acho. Sem contar o que devo a Dylan, a Terry e a muitas outras pessoas”.

Pânico. No estado mais puro e primitivo foi o que Eden Perfumo sentiu naquele momento. Certamente, de maneira proposital, Potter enviou para a sua mente imagens assustadoras de pessoas mutiladas e deformadas. Era horrível!

“Horrível, não? Os Comensais da Morte fizeram isso com pessoas indefesas. Trouxas que não tinham como se defender. Você teve uma pequena amostra do mundo maravilhoso em que viveríamos se Voldemort tivesse triunfado. É isso que espera por vocês se não me levarem a sério. Vocês não podem se esconder de mim. E, Perfumo...”.

- Sim? – disse Perfumo numa voz trêmula. De novo ele sentiu que podia falar. Sentiu-se uma marionete guiada por fios invisíveis.

“Você será o primeiro! Ah, você quer saber o porquê? Porque eu posso. Porque eu quero. E porque eu não gosto de você.”


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(*) Norman Benton aparece pela primeira vez no capítulo 39 de “Quadribol”.

(**) Capítulo 57 de “Quadribol”.


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CERTO. TODOS QUEREM ME MATAR! MAIS DE DOIS MESES SEM ATUALIZAR! MAS, ISSO NÃO SE REPETIRÁ (EU ESPERO!). EI, CADÊ OS COMENTÁRIOS?

É CLARO QUE A ENTREVISTA COM HERMIONE PROSSEGUE NO PRÓXIMO CAPÍTULO!



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Comentários (1)

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