A CARTA DO HERDEIRO



OLÁ! TUDO BEM COM VOCÊS? VOCÊS NÃO SE ESQUECERAM DESSA FIC, NÉ? (BERNARDO SE ESQUIVANDO DE TOMATES, REPOLHOS E CRUCIATUS). PROBLEMAS DE TRABALHO, DA VIDA E DE SAÚDE IMPEDIRAM-ME DE POSTAR ANTES! MAS, AGORA, A COISA VAI!

COMO VOCÊS VERÃO NESSE CAPÍTULO, ALGUMAS PESSOAS (E AVES!) QUE MORRERAM NA HISTÓRIA ORIGINAL DA TIA JK NÃO MORRERAM NESSA FIC, CERTO? LEMBREM-SE QUE ESSA HISTÓRIA É UMA CONTINUAÇÃO DE “QUADRIBOL”, FIC QUE TEM UM UNIVERSO PRÓPRIO E QUE SE DESENROLA DE MANEIRA PARALELA COM “COPA MUNDIAL”. ESCLARECIDO?

NO MAIS, UM FELIZ NATAL E UM ÓTIMO 2.008 PARA TODOS OS POTTERIANOS EM GERAL E PARA OS QUE ACOMPANHAM ESSA FIC EM PARTICULAR!

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CAPÍTULO 9







Se vocês querem a minha opinião, eu acho uma grande frescura o Harry ficar se afundando em preocupações e auto-recriminações pelo fato de possuir uns poderezinhos a mais do que os outros bruxos. Certo. Não são apenas “poderezinhos”. Mas eu sabia exatamente o que se passava naquele momento pela cabeça do nosso grifinório favorito.

“Oh, Merlin, será que eu sou mal como o Voldemort?”. “Será que eu tenho poderes que me deixarão louquinho e levemente malvadinho?” Ah, fala sério!

Eu, Draco Malfoy, não me preocuparia nem um pouco com isso. Continuaria levando a vida, jogando quadribol, ganhando dinheiro, amando aquela bela ruiva que era louca por ele, assim como ele por ela, e não me preocuparia tanto assim em ser um Arcano ou qualquer outra coisa do gênero. Mas aí eu não seria Harry Potter. Eu continuaria sendo Draco Malfoy.

Naquele momento, pela cabeça do campeão da luta contra as trevas, desfilavam dúvidas sobre ser ele ou não uma ameaça e até que ponto havia adquirido alguma personalidade ou algum poder maligno do Lorde das Trevas. Por tudo isso, a intervenção do venerando Alvo Dumbledore naquele momento, esperava eu, seria fundamental para colocar algum juízo na cabeça cheia de cabelos desarrumados do meu sócio.

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Caro Sr. Potter:

Em primeiro lugar, gostaria de dizer que sou um admirador seu. Não estranhe essa afirmação. Admiro bruxos poderosos que possuem senso de responsabilidade e coragem para lidar com os inimigos de sua causa e de suas idéias. Não cometerei o mesmo erro de meu pai e de seus Comensais da Morte que o subestimaram. Subestimar um inimigo poderoso como o senhor não faz parte dos meus planos.

Acompanhei com interesse os seus feitos durante a guerra bruxa encerrada anos atrás e vencida, infelizmente, pelos seus amigos adoradores de trouxas, mestiços e traidores do próprio sangue. Sim, infelizmente, essa escória liderada pelo senhor e por aquele velho adorador de trouxas de quem o senhor parece ter um respeito inexplicável, saiu-se vitoriosa, enterrando, pelo menos por algum tempo, a possibilidade de um mundo governado por aqueles que merecem realmente governá-lo. Os puros sangues, os discípulos do único bruxo visionário nascido nos últimos tempos: Lorde Voldemort.

Declaro que não teria problema algum em me colocar sob o seu comando se o senhor tivesse a coragem de fazer o que é realmente necessário para viver no mundo que nós mereceríamosrealmente viver, e que seria pensado e ordenado de acordo com os desejos de meu pai, Tom Riddle, mais conhecido como Lorde Voldemort.

Um bruxo poderoso como o senhor não deveria se dobrar a influência de mestiços e adoradores de trouxas e sangues-ruins. O senhor deveria esmagá-los, como O Lorde teria feito e eu, se todos os deuses obscuros permitirem, farei quando chegar o momento. A escória de sangues-ruins e mestiços que governa o mundo bruxo deve começar a tremer e rezar aos seus ridículos santos e deuses trouxas. Não terei piedade quando chegar o momento. Serei implacável, como tenho certeza que o Lorde seria.
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- Harry, uma vez eu lhe disse que são as nossas escolhas que determinam o que somos – disse Alvo Dumbledore com a sua voz bondosa – O caminho que você escolheu para trilhar nada tem a ver com aquele trilhado por Tom Riddle. Você é bom e modesto. Tom era mal e arrogante. Você sempre teve amigos e pessoas que o amam. Tom possuía servos e pessoas que o temiam. Ele usava e escravizava as pessoas, enquanto você as protege e respeita. Não há nada em você que lembre remotamente Tom Riddle.

- Mas, professor, e os poderes que eu tenho manifestado? – perguntou Harry, ainda preocupado e, acrescento eu, levemente paranóico.

- Como qualquer poder, você só precisa controlá-lo – explicou Dumbledore pacientemente – E nada o obriga a usar poderes que você não queira ou julgue invasivos.

- Mas...

- Harry – insistiu de maneira paciente o velho professor, mas havia firmeza na sua voz – Muitos bruxos podem aparatar, mas nem por isso eles aparatam o tempo todo. E o fato de saberem aparatar, não quer dizer necessariamente que invadirão a casa dos seus amigos e parentes. Não há nada que nos obrigue a usar poderes que não queiramos usar ou que consideremos uma violação do nosso caráter. O fato de você possuir muitos poderes não quer dizer necessariamente que você queira ou deva usar todos eles. Tais poderes apenas exigem um pouco mais de responsabilidade de sua parte.

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Não consigo realmente entender a razão do senhor andar na companhia dessa ralé que o acompanha. É lógico, que sendo as pessoas patéticas e inferiores que são, não recusariam a amizade e a companhia de um bruxo poderoso como o senhor. Apenas não consigo entender as suas razões em segui-los.

Seu amigo Antonius M’Bea, um bruxo poderoso, de uma família puro-sangue africana, certamente teria um lugar destacado numa nova ordem onde trouxas e sangues-ruins seriam colocados no seu devido lugar. O problema é que ele se casou com uma trouxa e ainda colocou no mundo um bando de mestiços, prole destinada a enfraquecer mais ainda o nosso precioso sangue. E este é o mais valoroso daqueles que andam na sua companhia.

Os Weasleys, família miserável que agora possui toda a veneração dos bruxos tolos da Inglaterra, não merece mais do que a glória de uma morte rápida. Afinal, uma antiga família puro-sangue, famosa por defender a escória trouxa, nem mereceria a dádiva da existência no mundo mágico. Para não mencionar a esposa do seu amigo Ronald Weasley, uma nascida trouxa que ousa se apoderar de ancestrais conhecimentos mágicos e se vangloriar da sua petulância. Os Weasleys são, inegavelmente, mais desprezíveis do que os trouxas e sangues-ruins aos quais protegem. Verdadeiros lixos do mundo mágico pelos quais, infelizmente, o senhor aparenta ser muito apegado.

Temo, Sr. Potter, que a sua convivência durante anos com os parentes trouxas que o criaram, ao invés de despertar uma saudável aversão por este tipo de gente, tenha despertado no senhor algum distorcido senso de justiça. É uma pena, Sr. Potter, mas essas suas afinidades nos faz irremediavelmente inimigos.

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- Apenas treine e discipline os seus poderes, Harry – disse de maneira sábia Alvo Dumbledore - Não é muito diferente de treinar as habilidades no quadribol.

- Falando nisso, professor... – ia dizendo O Eleito.

- Ah, não! – eu interrompi – Não vai começar a chorar, dizendo que as suas habilidades têm alguma coisa a ver com os seus poderes malucos – Não comece a raciocinar como aquele Éden Perfumo! Você é o meu ganha pão, seu tonto! E dos seus amigos também!

De novo todos me olharam com aquela cara que dizia “você não está sendo nada sensível”. Bom, eu não estava mesmo. Malfoys não são sensíveis, oras! Mas, convenhamos, só faltava o Harry querer desistir do quadribol “apenas” porque desconfiava dos seus poderes. Isso acabaria com o quadribol da Grã-Bretanha. Sem falar da máquina de dinheiro montada por mim, que atendia pelo nome de Chudley Cannons, a pérola, por assim dizer, das Organizações Potter-Malfoy.

Apenas Dumbledore estava rindo do meu ataque de mau humor.

- Sempre podemos contar com o Senhor Malfoy para nos dizer palavras sinceras, ainda que poucos sensíveis – disse o velho professor. Mas estava achando graça.

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O seu amigo Draco Malfoy. Esse pequeno verme não merece nem mesmo o alívio de uma morte rápida. O seu sócio, Senhor Potter, está para mim numa escala inferior a aquela ocupada pelos Weasleys. Aqueles ruivos pelo menos sempre foram coerentes com as suas crenças estúpidas. Draco Malfoy não. Esse rapaz é o pior tipo de traidor que existe no mundo. Acomodou-se aos prazeres de um mundo de riquezas e de bajulação, passando-se para o lado das pessoas que a sua família sempre desprezou e a tradição do seu honorável sangue exigia manter distância.

Se ele é apenas um rato oportunista, morrerá como tal. Se mudou de idéia e se passou para o lado da corja que os seus sempre desprezaram, terá a honra de ser esmagado junto com eles. Mais uma vez, Senhor Potter, lamento seu péssimo gosto para amizades. Sem mencionar aquela peruana, cujos hábitos eu nem mesmo vou mencionar. Apenas abomino o fato que uma puro-sangue se comporte como ela, e ainda com a sua proteção. Lamentável!

Termino esta carta dizendo ao senhor que não haveremos de nos encontrar tão cedo. Confiei como teste algumas tarefas a indivíduos que não se mostraram a altura da missão da qual pretendia incumbi-los. Eram apenas bruxos que não possuíam nada além da ambição. Faltava a eles o desejo real de mudar a ordem das coisas. Faltava a aqueles homens a força de vontade e o caráter que o senhor tem de sobra, embora infelizmente o desperdice na defesa de seres indignos.

Mas pretendo encontrar bruxos que possuam aquele fogo que animava os Comensais originais de meu pai. Que tenham o amor e o respeito pela memória do maior bruxo de todos os tempos e estejam dispostos a varrer da terra a escória que no momento domina o mundo mágico.

Despeço-me desejando ao senhor alguns poucos anos de felicidade nessa ordem perversa que ajudou a criar. Quando nos encontrarmos, será o início do fim dessa ordem. Espere e verá.



Atenciosamente



O Herdeiro



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- Uma vez eu lhe disse que você possuía um poder que Tom Riddle desprezava, mas que o tornava mais forte do que ele – disse o Professor Dumbledore.

- Sim, o senhor realmente disse... – concordou Harry pensativo.

- O poder de amar – completou o ancião – Um poder incompreensível e insuportável para uma alma corrompida como a de Voldemort. Este seu poder estilhaçou a mente e a alma do bruxo das trevas. Esse poder expulsou Tom de você, impedindo que ele o controlasse. Temo que você tenha ficado com algumas impressões de Voldemort, mas você com certeza não é como ele. Nunca foi e nunca será. E apenas porque optou por não ser.

- Mas, professor, e as minhas habilidades no quadribol? Será que mesmo sem querer eu não uso alguma vantagem desleal sobre os demais jogadores?

- Ah, não! – eu gemi de maneira dramática, atraindo novamente os olhares dos amigos do Santo Potter. Apenas o professor e Toni estavam sorrindo. Provavelmente Arthur Weasley também achou graça, mas quando a esposa lançou-lhe um olhar de censura, abafou o riso com uma tosse muito suspeita.

- Harry, você continua sendo muito severo consigo mesmo – falou o ex-diretor de Hogwarts – Todas as pessoas, bruxas ou trouxas, possuem alguma habilidade que as distinguem das demais. Esportistas, artistas, todos possuem algum talento para alguma atividade ou alguma arte. Seu pai era um ótimo jogador de quadribol. Você puxou o talento de Tiago. Isso acontece o tempo todo. Você já se submeteu a um teste com medidores de feitiços e fez todas aquelas jogadas fabulosas que você costuma fazer. O seu talento para o esporte nada tem a ver com os seus poderes de Arcano. Você é apenas um bruxo muito poderoso e muito talentoso no quadribol. Não há nada desonesto nisso.

- Ótimo! – eu disse feliz, vendo que finalmente Harry parecia mais animado – Que tal a gente continuar essa discussão em torno de uma boa mesa. Já é hora de jantar. Há grávidas e idosos que deveriam se alimentar. Sem ofensas, Professor Dumbledore...

- Não estou ofendido, Senhor Malfoy – retrucou o “idoso” de maneira jovial – E eu realmente apreciaria uma boa refeição e um gole de um daqueles famosos vinhos feitos por elfos espanhóis que as revistas de futilidades dizem que o senhor guarda na sua adega.

- Será um prazer, professor... Mas, espera aí! O senhor lê revistas de futilidades? – perguntei chocado.

- Só as reportagens sobre os meus ex-alunos famosos, jovem Senhor Malfoy.

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- Você nunca disse o que se passou lá dentro do castelo de “você-sabe-quem” – disse Rony Weasley muito impressionado.

- Vampiros, Harry! – exclamou Hermione, estremecendo ligeiramente e abraçando o amigo, como se pudesse protegê-lo, mesmo após tantos anos.

- Mas, o que teria causado aquela explosão? – perguntou Toni M’Bea – Perecia que o mundo estava acabando.

- É difícil imaginar o resultado do encontro da magia e da consciência de dois bruxos tão poderosos – ponderou Dumbledore – Provavelmente a magia de Harry se descontrolou, encontrando a magia negra de Voldemort.

O ambiente era mais calmo agora. Arthur e Molly Weasley haviam se retirado, pois, como o casal mais importante do Reino Unido, tinham compromissos igualmente importantes. A Senhora Weasley abraçou e beijou Harry, dizendo que nunca havia duvidado de sua boa índole. Arthur Weasley lhe deu tapinhas amigáveis nas costas, expressando a mesma crença da esposa.

Gina segurava firmemente a mão do esposo, como havia feito durante a maior parte do dia. Ela não o largaria nunca, é claro. Assim como Hermione, Rony, Toni, Helga e todo o pessoal. E por que não dizer? Eu não tinha a menor vontade de abandonar Harry Potter. O filho da mãe despertava esses sentimentos na gente. Por que o cara tinha que ser tão metido a bonzinho? Tão nobre e tudo o mais?

O Professor Dumbledore também havia se retirado, depois de dar alguns conselhos sábios ao meu sócio. Era uma noite fria de sábado e tomávamos uns drinques na sala de estar da Mansão Malfoy. Tentei não olhar muito para a poltrona em que Rony e Hermione ocupavam, onde o ruivo dava na boca da esposa um gole minúsculo de hidromel (“Grávidas podem tomar só um golinho, prá não passar vontade!”). Certo. Toni e Helga, Harry e Gina, Hermione e o ruivo maluco. Apenas eu estava sozinho. Por opção própria, diga-se de passagem. Milhares de mulheres dariam tudo na vida naquela época para se tornarem a Senhora Malfoy. Mas, estranhamente eu me sentia bem no meio daqueles grifinórios sentimentais e craques no esporte de “cultuar” o “Santo Potter”.

Naquela época eu estava quase me convencendo de um fato que era absolutamente óbvio: Aquelas pessoas ali presentes eram as únicas que haviam me oferecido até aquele momento uma amizade sincera e desinteressada. Zabini, como bom sonserino que era, vivia me dizendo que eu era o patrão deles e não havia sentido me tratar mal. Como eu disse, Blas Zabini ainda agia e pensava como um sonserino.

Alguém imaginaria Rony Weasley ou Toni M’Bea bajulando alguém, ainda que a vida deles dependesse disso? Pois é, claro que não! Sem falar em Harry, Gina e Hermione. A decisão de refundar e depois comprar os Cannons foi uma das decisões mais inteligentes da minha curta vida até aquele momento. Tudo bem que a princípio eu encarasse apenas como um bom negócio. Mas, acabei me afeiçoando bastante por aquelas pessoas. Certo! Parem tudo! Draco Malfoy acaba de admitir que já possuía sentimentos aos vinte e dois anos de idade!

- Potter, tome pelo menos um cálice desse hidromel! – impliquei – Mesmo um abstêmio irritante como você...

Não completei a frase, contudo. Um dos seguranças bruxos que ficavam de plantão na mansão vinte e quatro horas por dia trazia naquele momento um envelope deixado por uma firma trouxa de entregas. E endereçado a Harry Potter.

- É seguro, chefe – disse o homem – Já usamos todos os feitiços de detecção de magia negra e tudo indica ser mesmo uma carta normal. O Senhor Potter, fomos informados, recebeu um envelope idêntico no setor de correspondências do seu condomínio, enviado pela mesma firma. Ambos estão endereçados a ele. Parece que alguém queria ter certeza que ele receberia.

Uma precaução, muito mais para afastar fãs e jornalistas do que bruxos das trevas, era tornar o endereço dos Potter e dos Weasleys localizáveis apenas para uns poucos amigos. As pessoas sabiam onde os dois jovens casais moravam, mas as suas residências eram impossíveis de ser localizadas. Até as correspondências eram entregues na administração do condomínio exclusivo. Todos os seus passos a partir da área localizável, contudo, eram vigiados pela melhor firma de vigilância bruxa da Europa. E a mais segura e de confiança, no ramo de dar seguranças a bruxos e bruxas ricos e famosos a mais de cem anos.

- Como você sabe que eu recebi uma carta igual? – perguntou Harry ao bruxo-segurança, que apenas olhou para mim, como que pedindo instruções. Eu o dispensei com um gesto.

Não era hora para mentiras.

- Eu e Arthur Weasley colocamos todos vocês sob vigilância – admiti sem rodeios.

- Ora essa... – ia protestar Rony, mas Harry o deteve.

- Depois do que aconteceu a Toledo, acho que o Draco está certo, Rony. Eu ficaria mais seguro sabendo que a segurança de vocês está sendo monitorada.

Hermione nesse momento já havia tirado o envelope das minhas mãos e executado um feitiço que eu nunca ouvira falar.

- Muito sensato de sua parte, Hermione – elogiou-a Toni. Como o restante dos presentes o olhava sem entender nada, o africano explicou: - Ela fez um feitiço para verificar se não havia magia negra destinada a apenas uma pessoa. É difícil que alguém ainda saiba esse tipo de feitiço hoje em dia, mas é bom não arriscar.

- Genial como sempre! – disse Rony, bastante impressionado.

- Ah, não foi nada – retrucou a bruxinha de maneira modesta – É apenas uma carta mesmo, Harry – explicou a curandeira para o seu amigo – Mas acho que foi entregue por meios trouxas para evitar algum tipo de feitiço localizador.

- Bem, vamos abrir então – disse o Eleito de maneira decidida.

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Eu e Gina ficamos o tempo todo lendo a carta por cima do ombro de Harry. Quanto mais ele lia, mais irritado ficava. Não dizia nada, apenas coisas como “Eu não acredito” e “Que grande canalha!” saiam dos seus lábios. No final, um vento levemente frio varreu a sala de estar e os olhos verdes de Harry pareceram escurecer por alguns segundos.

- Acho que eu aceito um cálice daquele hidromel agora – ele me disse por fim, parecendo, entretanto, estranhamente calmo.

- Certo – disse depois de ler a carta em voz alta – Mais um lunático cretino. Suponho que nenhum de vocês pretenda guardar uma distância segura da minha pessoa, não é mesmo?

Antes que todos pudéssemos protestar, Harry tomou a palavra novamente.

- Imaginei que não. Então vamos discutir segurança. Esse idiota pervertido que se julga filho de Voldemort provavelmente deve cumprir a promessa de não nos incomodar por enquanto. Mas, se ele pensa que não estaremos prontos para ele, é um idiota ainda maior do que o Lorde das Trevas original. Vamos discutir segurança, pessoal!

E realmente passamos muitas horas naquela noite discutindo segurança. Nossa, de nossos amigos, dos familiares, dos jogadores dos Cannons. Era agradável ficar ali com aquelas pessoas, traçando planos para combater as trevas. Tenho que admitir que aquilo me fazia sentir como participante de alguma coisa muito boa e muito importante.

Decidimos também que não deixaríamos de viver a nossa vida. Que não deixaríamos um aprendiz de Voldemort nos intimidar. Que juntos valíamos muito mais do que um idiota com complexo de superioridade. Que éramos um time afinal!

Durante as horas em que discutimos pude observar bem aquele Harry Potter. Como o cara se transformava quando o assunto era defender as pessoas que importavam para ele. Como o sujeito virava realmente um líder.

Muitos se deixariam liderar por mim, eu tenho certeza. Sou rico, razoavelmente intimidante e sarcástico. Isso seria o suficiente para algumas pessoas. Tenho certeza que a maioria das pessoas não se importariam de se submeter a um líder sábio como Alvo Dumbledore ou Toni M’Bea. São pessoas inteligentes, ponderadas para tomar decisões e seguramente indivíduos que pensam no bem comum. O mesmo ocorreria, creio eu, com Hermione.

Mesmo um sujeito como Rony Weasley, se fosse preciso (e que os deuses queiram que nunca seja preciso!) poderia resultar num bom líder. É corajoso mais do que a prudência manda, sabe ser engraçado às vezes, sabe gritar com as pessoas nas horas certas e também nas erradas. Talvez ele seja um pouco idiota (ou talvez eu apenas tenha ciúme do amor que Hermione lhe dedica ou de sua amizade com Harry, devo admitir), mas isso nunca, na história dos bruxos ou dos trouxas, impediu as pessoas de liderarem outras pessoas.

Mas com Harry Potter a história era diferente. Ele nunca seria tão inteligente quanto Hermione, Toni ou o Professor Dumbledore (é verdade que ele dificilmente seria tão idiota quanto Rony!). Harry sempre usaria o coração onde outros bruxos usariam a cabeça. Mas, exatamente por isso, as pessoas se deixariam liderar por ele e morreriam felizes por ele. Por que elas sabiam que Harry Potter morreria também por elas. Que ele entraria na frente de um feitiço de morte se fosse necessário e arriscaria a própria vida antes de arriscar a vida alheia. E, tomada uma decisão, faria o que fosse preciso para ajudar as pessoas e tornar o mundo um lugar um pouco melhor. Acho que isso diferencia um herói de uma pessoa comum que também pode, eventualmente, praticar atos de heroísmo. Harry Potter era um herói em tempo integral.

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- Hum... - suspirou Gina nos braços de Harry muitas horas depois, quando estavam confortavelmente alojados numa das suítes da Mansão Malfoy, numa cama bem espaçosa, diga-se de passagem – Acho que vou querer discutir questões de segurança todos os dias... – riu a ruiva de maneira maliciosa.

- O que a senhora quer dizer com isso, Senhora Potter? – perguntou Harry, fingindo não ter entendido.

- Bem, vejamos – contou a ruiva mentalmente, enquanto mostrava os dedos, enumerando.

- Ninguém estava contando, estava?

- Você sabe o quanto eu amo você? – perguntou a garota de repente, com um ar muito sério.

- Tanto quanto eu a você – Harry respondeu, beijando-a. Depois, sorrindo ligeiramente tímido, brincou, estreitando mais ainda a ruiva em seus braços: - Acho que pode começar a contar agora...

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Duas horas mais tarde já era madrugada na Inglaterra. Uma madrugada fria, a não ser naquele quarto. E provavelmente num outro, onde dormia (ou não) o jovem casal Weasley. Harry observa o sono tranqüilo de Gina. Era impossível exagerar o amor que ele sentia por aquela ruiva. Esse amor o tornava inegavelmente mais forte.

Apenas Toni e Helga foram para suas próprias casas, uma vez que tinham filhos para cuidar. Os demais ficaram na mansão. Os casais mais jovens não insistiram muito para voltar às respectivas residências. Talvez julgassem que deveriam, pelo menos por enquanto, passar o maior tempo possível juntos. Eu também achava, após ler as palavras insanas escritas pelo tal “Herdeiro”. Naquela mesma noite Harry chamou a sua coruja branca Edwiges e mandou uma resposta para o sujeito. O Eleito não tinha dúvida que a sua coruja conseguiria localizá-lo e que ele fugiria assim que recebesse a carta. Infelizmente pessoas, mesmo bruxas, não são rápidas como as corujas, ou capazes de encontrar qualquer pessoa, tendo ou não um endereço.

Acariciando os cabelos de Gina, que instintivamente puxou-o para junto dela, embora ainda dormisse, Harry pensou mais uma vez na resposta à carta insana:

Estarei esperando. Veremos quem é a escória. .

Abraçando a sua esposa e esquecendo de todo mal que existia no mundo, Harry dormiu. No dia seguinte acordou de ótimo humor e nem se lembrava que havia sonhado com um casal de crianças. Um menino moreno como ele e uma garota ruiva como a mãe. E ambos com brilhantes olhos verdes.



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