FAMILY



CAPÍTULO 25

Eu às vezes odeio Ronald Weasley! Não, não é aquele ciúme que tenho do ruivo por causa de Harry. Esse ciúme ainda existe em algum lugar, mas tenho conseguido controlá-lo. Eu o odeio, pois nesse momento ele está fazendo Harry e Gina sofrer. As pessoas que eu mais amo no mundo.

- Nós descobrimos o esconderijo dos Comensais – explicava Hermione desolada – Rony foi o primeiro a entrar. Eles nos receberam com uma série de feitiços das trevas. Felizmente nós os mantivemos ocupados o tempo todo e eles não conseguiram se concentrar para lançar uma maldição de morte, mas...

A garota começou a chorar. Harry correu a consolá-la.

- Vai ficar tudo bem, Mione – disse o moreno.

- Que feitiço o acertou? – perguntou Gina.

- Os curandeiros não sabem – explicou Hermione – Aparentemente ele não tem nada. Mas não acorda!

Harry voltou a abraçar e consolar a amiga.

- Vocês encontraram Belatriz? – perguntou à garota.

- Sinto muito, Draco – disse Hermione – Ela estava morta. Não sabemos o que aconteceu. Parece que os outros comensais a mataram. Mas os que sobreviveram se recusam a falar qualquer coisa.

- Não sinta, Hermione – eu respondi – O mundo está melhor com minha tia morta. Acredite.

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Gina ainda está lá fora conversando com Hermione. Uma delegação de ruivos acaba de chegar ao St. Mungus. Eu e Harry nos afastamos. Não estávamos com paciência para cenas naquele momento. Meu namorado entrou de novo no quarto do amigo, enquanto eu fiquei do lado de fora. Acho que ele queria alguns momentos a sós com ele antes da “Cavalaria Weasley” invadir o recinto.

Harry afagou o rosto e os cabelos de Rony. Eu sabia que ele sofria, pois achava que era por sua culpa que o amigo estivesse entre a vida e a morte. Quando se virou para sair do quarto, deu de cara com Molly Weasley. Por um momento ambos ficaram se olhando sem coragem de dizer alguma coisa um ao outro. A Senhora Weasley tomou a iniciativa. Andando os dois passos que a separavam de Harry, ela lhe deu um grande abraço.

- Molly, eu... – começou a dizer o moreno com a voz embargada,

- Não é culpa sua! – afirmou cheia de autoridade a matriarca da família Weasley, certamente sabendo o que passava pela cabeça do quase filho – Os comensais atingiram Rony, não você!

E após declarar algo que parecia bastante óbvio para ela, Molly o abraçou novamente, como uma mãe faria com um filho muito querido. De uma maneira que Narcisa Malfoy nunca me abraçou. E Harry, pela primeira vez desde que chegara ao St. Mungus permitiu-se chorar. Foi nesse momento que eu entrei no quarto. Mas, imaginando que era um intruso ali naquele momento, saí e fechei a porta às minhas costas.

- Acho que vocês não deveriam entrar agora – disse para os gêmeos Fred e Jorge e para o Sr. Weasley. Estranhamente nenhum deles retrucou nem me ofendeu, ou algo do tipo.

- Certo – disse finalmente Jorge (ou Fred). Depois, olhando para mim como se tivesse alguma coisa muito importante para dizer, mas não soubesse como, ele falou: - Cuide da Gina e do Harry.

- É, você parece ser o cara de mais juízo do trio – concordou o outro gêmeo.

O mais velho dos Weasleys apenas sorriu de maneira amistosa e me deu um tapinha no ombro. O que acabava de acontecer ali? Eu havia sido aceito por todos os Weasleys da família?

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- Mamãe falou com você, Harry? – perguntou Gina mais tarde, quando estávamos os três no nosso apartamento.

- Bem, falar não foi bem o termo – respondeu o moreno – Ela me consolou e eu a consolei, eu acho.

- Os gêmeos me pediram desculpas, sabe? – Gina disse feliz.

- E eles me mandaram cuidar de vocês dois – eu completei, fazendo um carinho em Harry.

A família Weasley, preocupada com a gravidez de Gina e com a saúde de Harry exigiu que a gente voltasse para casa para descansar um pouco. Foi difícil convencer o moreno e a ruiva. Molly usou o argumento definitivo: “Rony não iria querer que vocês ficassem doentes!”

Hermione, que quase precisou ser enfeitiçada para nos acompanhar, descansava no quarto de hóspedes. Harry, tenso demais para ficar sem fazer nada preparou um caldo (delicioso), que eu, ele e Gina tomávamos na cozinha.

- O que foi? – perguntou meu namorado para mim e para Gina que olhávamos preocupados para ele.

- Você, Senhor “eu tenho culpa de tudo o que acontece no mundo” – eu lhe disse francamente.

- Sério, Harry, é compreensível que você esteja abalado por causa do Rony – aparteou Gina – Mas não é justo que você se martirize porque ele foi atingido por um comensal.

- Por minha culpa ele estava caçando comensais...

- Essa é a profissão do seu amigo, Harry! Infelizmente é uma profissão que oferece riscos. Não por sua causa, mas por culpa daqueles comensais malditos! – eu falei irritado.

- Não fica assim, Harry – falou Gina docemente.

- Eu deveria estar lá fora caçando os Comensais da Morte! – teimou o moreno, amargurado.

- Você não está porque se sacrificou pelas pessoas – afirmei de maneira eloqüente, tocando em sua mão – E Rony, Hermione e todo mundo só estão lá fora por causa do seu sacrifício! Por que você derrotou Voldemort!

Sem mais nem menos Harry começou a rir. E Gina o acompanhou. A princípio não entendi o motivo do bom humor dos dois.

- Você disse o nome dele! – a ruiva falou, engasgando com a risada.

- É... falei – repeti bobamente – Bom, passado tanto tempo, é meio ridículo ter medo de pronunciar um nome.

- Meu garoto corajoso – disse Harry um pouco mais animado, dando-me um beijo.

- E eu, não ganho beijo também? – perguntou Gina, com um ar maroto.

- Quando todo esse estresse passar e Rony se recuperar vocês ganharão mais do que beijos – eu disse a ambos – Isso é uma promessa!

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Seis dias após o conflito com os Comensais da Morte, Rony acordou. Muito bem, diga-se de passagem. Reclamando que estava com fome e que sua cabeça doía. Na verdade o ruivo recebera uma maldição das trevas que poderia tê-lo matado se ela o tivesse atingido em cheio. Os curandeiros do St. Mungus demoraram a encontrar um contra-feitiço e uma série de poções capazes de revitalizá-lo. Na verdade foram as pesquisas realizadas por Hermione que os levaram ao caminho certo para curar o noivo.

- Você é um gênio, Hermione – disse Gina, abraçando a amiga.

- O orgulho da Grifinória – falou Harry, beijando Hermione, embaraçada com os elogios.

Os pais de Rony e os irmãos estavam naquele momento com o auror. Os gêmeos e o Sr. e a Sra. Weasley nos cumprimentaram educadamente. Provavelmente não era fácil para eles, mas, pelo visto, estavam nos aceitando melhor. Gui e Carlinhos, os irmãos mais velhos de Gina, disseram que achavam nosso relacionamento estranho, mas não nos julgaria e queriam apenas que a sua irmã caçula ficasse bem. O que eu achei bastante razoável da parte deles.

- Vocês podem entrar agora, queridos – anunciou Molly Weasley.

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Uma vez que nunca fomos exatamente grandes amigos, eu apenas cumprimentei Rony de maneira polida. Harry e Gina o abraçaram e beijaram. Era realmente empolgante vê-los felizes. Apesar do monstrinho do ciúme rugir levemente quando Harry beijou carinhosamente a face do amigo, eu estava feliz que ele estivesse bem. Amo demais Harry e Gina para vê-los infelizes.

- Deixa eu adivinhar – disse Rony Weasley astutamente – Alguém aí ficou se sentindo culpado...

- Quando você ficou tão inteligente, irmãozinho? – perguntou Gina.

- Ah, eu sou expert em Harry Potter! – respondeu o ruivo de bom humor.

- Mas, aconteceu uma coisa estranha – eu ponderei, lembrando do fato de Harry ter sabido antes de ser avisado que algo não se passava bem com o amigo. Relatei o ocorrido para ele e para Hermione, que acabava de entrar no recinto.

- Muito estranho – ponderou Granger – Seria de se esperar que Harry tivesse uma percepção como essa se ainda tivesse poderes mágicos, uma vez que ele e Rony possuem uma ligação muito forte.

- Mas, Mione, uma vez você não me disse que mesmo trouxas podem ter visões às vezes? – questionou Gina.

- Sim, mas o que vocês relataram não pareceu uma visão, é mais uma “percepção”, que às vezes bruxos costumam ter...

- Eu sabia que Harry estava em perigo mesmo estando fora do país na época da guerra contra Voldemort... – recordou a ruiva.

- Eu sei. Por isso acho estranho. É uma típica ligação mágica. Seria muito difícil uma pessoa sem os poderes de um bruxo sentir algo assim – explicou a auror.

- Você quer dizer que... – ia dizendo o moreno, que até então havia permanecido pensativo.

- Não quero lhe dar falsas ilusões, Harry – disse a amiga gentilmente – Seria melhor se a gente consultasse mais tarde o seu curandeiro, o tal Grodjian.

- Não vamos pensar nisso agora – falou Harry de maneira despreocupada – O importante é que Rony está bem. E quando você sair daqui eu vou preparar um grande jantar para todos nós!

- Não me diga que você vai fazer uma daquelas suas massas, com aquele molho... – disse Rony de maneira sonhadora.

- O que você quiser.

Era um momento feliz, finalmente. Mal sabíamos que ali mesmo, no St. Mungus, uma figura maléfica nos espreitava. Uma figura maléfica devidamente dissimulada e silenciosa. Como a víbora que era.

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