Água com açúcar



Água com açúcar

Tiago Potter e Lílian Evans aprestaram as mãos, no que poderia ser entendido como um sinal de paz concedido por ambos lados. O que talvez para a alegria dela não a cantaria ou a faria propostas românticas e, para ela talvez significasse bons minutos de todos os dias conversando com a moça de que tanto parece gostar.

Mas ambos os lados não sabia o que o outro espera da tal amizade.

Foi quando Tiago a puxou para um abraço. Não um abraço com aqueles que ele tinha dado nas duas vezes que tinha conseguido beijá-la. Mas um abraço puro que demostrava amizade.

O que ela não pensava ser, já que desvinculou discretamente, com a desculpa de estar procurando algo em sua mala, apesar de que quando parou de supostamente procurar a coisa, não trazia nada. Tiago não a perguntou sobre nada para não deixá-la contradiga. Só achou que se ela ainda pensava que ele tinha segundas intenções com ela (sendo que na verdade ele tinha claras segundas intenções com ela), paciência. Tudo tinha seu tempo, principalmente a confiança.

Eles assentaram-se na cama dela novamente.

Você não quer conversar sobre essa Mona não? - perguntou ele. Pelo que ele entendia das expressãs faciais de Lílian, ela estrava com uma grande vontade de falar alguma coisa. E sabia perfeitamente que todas as vezes que ela usava aquela expressão, a “coisa” não era “Amo você”.

Entretanto, eles eram amigos a menos de uma hora, para sermos mais exatos, a proposta de amizade fora feita a quatro minutos. Parecia que o assunto Mona Nem-Sei-Seu-Sobrenome era delicado demais para falar para alguém que não podia se confiar. Muito menos abraçar.

Mona Lindbergh é simplesmente minha maior inimiga desde que me entendo como gente. Ou como eu já te disse, desde que se mudou para Dover, na minha vizinhança. Para mim ela era só uma garotinha que parecia desnutrida. Baixinha. Cara magra, corpo que era pele e osso. O cabelo dela era horrível, mal cortado e finos demais. O olho dela era estranho, grandes demais para uma cara tão pequena, de cor suja. Não gostava dela.

Pela descrição, a menina parecia ser um mostrengo na imaginação de Tiago. Essa menina da quel Lílian não se simpatizava parecia ser o mostro das histórias que sua mãe contava para ela quando era pequeno, de uma criatura pequena e poderosa, que aprisionava a princesa, até que um bruxo mais poderoso o derrotasse. O estranho era que em todas as história a sua mãe dizia que ele era o bruxo poderoso, e ele sabia que Lílian desempenharia lindamente o papel de princesa na peça.

Ela também não gostava de mim. Não sei porque ela não gosta de mim. Talvez o fato era que eu apresentasse uma ameaça para ela, todos diziam que eu era uma criança bonitinha – Tiago poderia muito bem ter dito que ela não era bonita, e sim é linda e perfeita, mas não sabia se este comentário poderia ser classificado por ela como cantada e, assim, deixaria de ser um amigo para a velha categoria de o pior inimigo -. As outras meninas gostavam mais de brincar comigo do que brincar com ela. Talvez pelo mesmo motivo que eu. Ela então ficava sozinha brincando na escola. Ela parecia antipática, egoísta, gostava já naquela idade de falar mal das outras pessoas. Quem afinal gostaria de ficar perto dela?

Ninguém. E essa Mona, deixe-me adivinhar – falou Tiago, num tom brincalhão para tentar alegrar Lílian, cuja voz já revelava tristeza. – ela começou a se vingar de todo mundo?

Se ao menos fosse isso, tão direto, com todos... – ela respirou fundo – como já tinha te dito, ela me odiava. E não sei, acho que ela começou a pensar que fosse eu quem impedia todos de serem amiga dela. Como se eu falasse mal dela para todos. Nunca falei nada dela. Bom... só uma vez fiz um comentário para a minha irmã, quando éramos amigas. O que foi um erro: depois que as duas resolveram se juntar contra mim, com essa comentário ela tinha certeza que maldizia ela o tempo todo.

E...

E então ela resolveu se vingar de mim. Da vizinha que era supostamente a malvada e que era amiga de todas as meninas da Eethon, a minha antiga escola. Lá estudava uma garota, acho que o nome dela era Zoe, ou Joan Duff. Ela era bem legal, mas tinha um problema físico: não conseguia andar. Vivia em uma cadeira de rodas. Lá na escola tinha uma escadinha que tínhamos que subir para chegar na nossa sala. Alguém sempre a carregava. Mas isto não significava que ela não ficasse perto da escada.

Lílian nem precisava de contar a parte suja daquela história. Era obvio e suja demais. Tiago fez cara de horror.

Ela fez isso! Empurrou a Joan, Zoe não em importa o nome dela! Fez de tudo para me acusar – Lílian estava chorando, era de fato uma lembrança dolorosa – mas eu a vi de relance. Acusei ela imediatamente. Mas este foi meu erro, ter acusado ela. Algumas pessoas tinham me visto perto da escada, e não Mona, que tinha chegado correndo, e saído de lá correndo também. Parecia que ela era a vítima, e não eu! Não foi provado nada contra mim – ela fungou, percebendo que estava abraçada a ele, suas costas se alinhando perfeitamente no peito dele. Mas ela não se preocupou, já que estava muito ocupada em voar nas lembranças de seu passado – mas quem disse que não estavam convencidos de que a Lílian bonitinha não tinha nada de bonitinha, e fez uma coisa muito feinha empurrando as amigas deficiente escada abaixo? Ninguém falava comigo depois disto, passei a ser a substituta da Lindbergh, que todos passaram a ser amiga dela, por tão vítima quanto a Duff da Lílian malvada.

Tiago teve certeza que se visse a tal de Mona naquele momento, deixaria todo o cavalheirismo de lado e daria um tapa em uma mulher. Como alguém pode ter sido tão má a este ponto? E principalmente com Lily Evans?

A este ponto da história, Lílian já estava chorando muito em seus braços. Parecia que seria impossível continuar a história de inimizade entre ela e Mona. E por mais que isso fosse inconveniente, Tiago queria muito ouvir a continuação da história.

Espere um minuto – disse ele baxinho em seu ouvido– vou pegar um compo com água com açúcar para você.

Ela assentiu e ele, hesitando, tirou os braços envolta do corpo dela e desceu para a cozinha (só depois se lembrando que não estavam em Honolulu, e a cosa não tinha escada). Lá estavam todos reúnidos. Mandy até parou com sua diversão na cozinha para ficar sentada na mesa junto com os outros, esperando a briga terminar. E ela para o grupo parecia ter sido terrível, já que Lílian agora estava chorando.

O que é que aconteceu, Pontas? – perguntou Sirius um bocado abobado e perdido.

Nada. Onde é que tem açúcar?

Antes de receber alguma resposta, Mandy levantou-se e começou a mexer no armário. Tirou um pode e disse tome.

Ele então preparou a tal água com açúcar e rumou para o quarto, sem dizer nenhum palavra para seus amigos.

Lílian já parecia mais calma quando Tiago chegou no quarto e lhe deu o copo com água e açúcar. Mas é inegável o fato dela ter acalmado a moça ainda mais.

Lílian, se você não quer contar o resto da história, não tem importância. Eu te entendo.

Não, agora eu quero contar – Lílian havia pensado que, agora que já tinha começado a contar essa história, tinha que fazer isto até o fim, assim não acovardando no caminho. Isto porque não queria admitir nem em pensamento o fato de que apesar das lágrimas, era reconfortante contar tudo à Tiago. – a partir disto nenhuma menina quis conversar comigo. Não tinha mais amigas, como já tinha te dito, troquei de papel com a Lindbergh. Era muito triste de fato ser a garota sozinha, tenho que adimitir. A única pessoa que me apoiava era a Petúnia, minha irmã. Às vezes ela ficava um bom tempo comigo, em vez de ficar com as amigas, um ano mais velhas que eu. Então entrei em uma fase de “me deixem sozinha”, como eu geralmente a chamo. Dispensei a companhia da minha irmã e fiquei sozinha por um bom tempo. Depois disto ela começou a mostrar porque nunca gostei dela: Mona de fato começou a mostrar do que era capaz.

Lágrimas brotaram de seus olhos, mas ela desta vez as segurou. Não iria chorar de novo. Não queria chorar de novo.

Ela começou a me humilhar em público. Fazia comentários em voz alta sobre mim, na minha frente. Quando eu passava por ela, ela colocava o pé na minha frente para me fazer tropeçar. E ainda uma porção de coisas ruins. E não podia me defender, afinal, eu não era a vítima para todos, e sim ela!

E ela parou, percebendo que ela o abraçava. Deixou como estava e continuou a narrar:

Então eu recebi a carta de Hogwarts, depois de tantos anos de sofrimento. Estava muito feliz, pois pensei que finalmente teria amigos novamente. E tive, a Mandy Langlie, que é as melhor amiga que se pode ter.

E agora tem a mim – Tiago a lembro.

Sim, e agora tenho a você. E, como já tinha te dito, quando fui para Hogwarts, Mona começou a se tornar amiga da minha irmã. Você não pode imaginar a surpresa que tive quando cheguei em casa, um ano depois, e vi que ela tinha roubado de mim minha irmã! – ela fez uma pausa, onde uma lágrima teimosa caiu. – Eu odeio Mona Lindbergh. – terminou baixinho.

Ele limpou a lágrima dela, para depois retribuir o abraço dela.

Interiormente ele dizia a mesma frase de Lílian, “Eu odeio Mona Lindbergh.” Como sua vida seria diferente se essa garota mesquinha não existisse. Já seria a muito tempo namorado de Lílian. Ela não estaria a seu lado na condição de amigo, chorando. Ela nunca sofreria tanto por Lílian. Sua vida seria perfeita.

Por fim, se perguntou se ela não existisse, se um abraço como o que dava em Lílian seria tão bom como aquele...

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