Solstício de inverno

Solstício de inverno



A coisa mais perfeita, o desejo mais escondido e ardente do seu coração se torna real. Então você fica feliz e acha que essa felicidade vai durar para sempre. Mas aí, um pequeno fato completamente sem sentido acontece, e num momento, você perdeu a sua coisa mais perfeita e tudo vira de cabeça para baixo. No entanto, foi tudo tão rápido que você ainda tem esperança de que seja um sonho ruim e a qualquer momento você vai acordar e ser feliz novamente. Porém, os dias vão passando e você percebe que não é sonho. O pesadelo é real. Eu sou Hermione Granger. Bem vindos à minha vida.



Solstício de inverno



- Ok. – disse Snape com a cara mais ameaçadora que eu já tinha visto – Qual dos dois pegou o pergaminho?



Nós dois nos entreolhamos assustados. Snape tinha nos feito ir à sala dele depois de ter visto aquele intrigante pergaminho preto em minhas mãos e a atmosfera sombria da sala só fez aumentar meu medo. Nós seríamos punidos seriamente se falássemos a verdade, não tinha a menor dúvida disso. Porém, eu não saberia mentir. Iria me enrolar e seria pior ainda. Então resolvi falar a verdade:



- Eu. – Draco e eu falamos juntos.



- Fui eu Prof.º Snape. – se adiantou Draco.



- Uma atitude muito nobre, mas não inteligente, Sr. Malfoy. – ele disse com um certo desapontamento na voz. – Já que não querem se acusar, as casas dos dois perdem 70 pontos.



Meu queixo caiu. Era a primeira vez que eu via Snape tirar pontos da Sonserina. Mas me revoltei. Na certa, se Draco me acusasse ele pegaria muito mais pesado comigo. Descontrolada e com uma fúria me subindo, disse:



- Nenhum castigo que o senhor der a nós muda o fato de ser um traidor, Snape! – disse no impulso da raiva. Já não me importava com o fato dele ser professor. O hipócrita tinha me feito passar por humilhações demais. Ele me olhou irado também e disse:



- O Sr. Malfoy está dispensado. – ele disse, expulsando Draco de sua sala. Assim que ele cruzou a porta, Snape disse, me olhando ameaçadoramente:



- Retire o que disse e me peça desculpas, mocinha. – ele disse, colerizado.



- Jamais. – retruquei.



- Me passa o distintivo! – ele gritou.



- O senhor não pode fazer isso... – disse assombrada, apertando o distintivo de monitora contra o peito. De repente me dei conta da burrada que eu fizera.



- Você merecia expulsão, mas sei que Dumbledore não concordaria. Mas te tirar a monitoria... Ah, isso eu posso fazer, srta. Granger. – ele disse com um sorriso maléfico.



Eu não tinha planejado aquilo. Não esperava que ele me tirasse a monitoria. Mas ao passar o distintivo à ele, e vê-lo quebrar ao meio, percebi que as coisas já não seriam as mesmas para mim.



Era bom ser útil, sentir que o meu trabalho era realmente importante para o andamento da escola, que precisavam de mim. Ser merecedora de tal função, de toda essa responsabilidade e da aura de respeito que o cargo impunha, era um orgulho. Mas aí, uma besteira, algumas palavras ditas num momento de raiva me tiraram tudo isso. E o pior era saber que a culpa tinha sido toda minha, que eu não podia ter de maneira alguma insultado um professor, mesmo que tudo fosse verdade. E saber também que não tinha volta.



Eu tinha sido destituída do meu cargo de monitora. E não tinha volta.



*****

Dezembro chegou, mas com ele, nada de novo. Parecia que tinha sido há muito tempo que eu e Draco fomos à sala do Snape, morrendo de medo de sermos expulsos. Porque eu comecei a me sentir muito velha de repente e sem motivo. Acho que sempre fui mesmo uma garota meio antiquada, que não me permitia a grandes diversões, mas quando finalmente decidi me deixar levar um pouco, tudo virou e revirou. Minhas notas despencaram, perdi o cargo de monitoria, comecei a me sentir sempre doente e perdi meus velhos amigos. Ganhei novos, é bem verdade, mas os velhos faziam uma falta enorme. Porém tentava mostrar para mim mesma e para todos que eu estava bem e até que estava conseguindo.



Sem respostas. Era como eu me encontrava. Não conseguimos arrancar nada de Snape, mas eu tinha certeza de que ele tinha muito a ver com tudo. Só que o grande problema era: “tudo, o quê?”. Não fazer idéia de nada era ruim demais. Luna me disse que quando viu Snape falar de ritual, ele estava com a Tonks... Então era isso. Esperar a Tonks voltar de viagem e encostá-la na parede. Acontece que ela não voltava! E eu não podia arriscar ser expulsa ao fazer mais besteiras. Então resolvi me dedicar ao que eu sabia fazer de melhor: aprender.



Meu refúgio, alegria e consolo, estavam na biblioteca. Me concentrava mais no trabalho de Transfiguração, transformar um colega de classe em um objeto por cinco segundos. Era difícil, porque além da transformação, eu tinha que fazer a reversão e se não conseguisse reverter o feitiço, a pessoa poderia morrer. É claro que a Minerva não deixaria isso acontecer, mas eu não me perdoaria se errasse uma só coisa. Então estudei, treinei, não dormi, não comi, não respirei, de tanta coisa que tinha pra ler de todas as matérias. E eu amava isso.



Treinei muito com o Canino. Hagrid morria de medo que acontecesse algo com o seu cão, mas dava pra ver que confiava em mim, pois o emprestou de boa vontade. Eu conseguia fazer o feitiço com perfeição e sem problemas. Até chegar aquele dia...



A aula correu sem problemas, eu já tinha pegado o ritmo da matéria novamente e até recuperei alguns pontos para Grifinória ao responder perguntas. Estava confiante que ia conseguir cumprir a tarefa. Quando a aula estava quase terminando, Mcgonnagal me chamou à frente...



- Confiei à srta. Granger um trabalho muito difícil... – ela começou a falar e descrever o que eu ia fazer. Eu sorria intimamente por ter aquela oportunidade de aumentar minhas notas.



“... Então, quem se habilita a vir aqui ser a cobaia?” – ela perguntou num tom divertido, depois de explicar a tarefa. Ninguém levantou o braço. Uns olhavam para a janela como se não tivessem ouvido nada. Pude ver o Harry se afundando lentamente na sua carteira.



“Vejo que terei de escolher.” – ela disse passeando com os olhos pela sala – “Hum, vejamos... Sr. Weasley!” – ela chamou.



Meu sorriso e confiança se esvaíram totalmente. Rony foi relutante à frente da sala, resmungando algo inaudível.



“Ora, Ronald, não vai doer!” – disse Minerva, amavelmente – “Pode começar, Hermione.”



Eu, que estava paralisada e evitando olhá-lo até o momento, levantei os olhos. Ele olhava para os sapatos com uma expressão muito estranha, que não pude identificar. Minha mente esvaziou. Deu um branco total, esqueci até a forma de segurar a varinha. Senti minha mão gelada e soltando a varinha lentamente. Quando ouvi o barulho dela caindo no chão, despertei.



- Desculpe, professora. Eu não vou conseguir.



Saí da sala quase correndo sob vários olhares surpresos de meus colegas de classe. Parei do lado de fora e encostei na parede, não acreditando no que tinha acabado de fazer. Os alunos começaram a sair das salas e o corredor se encheu. Alguns me olhavam intrigados, a maioria nem olhava... Eu sabia que estava fazendo um papel ridículo. Mas estava pasma, os olhos vidrados em algum ponto distante, não querendo pensar em nada. Não sei quanto tempo se passou até eu perceber um olhar buscando o meu, ali, bem no ponto distante. Um monte de gente passando entre nós dois, mas a sensação que eu tinha, era que estávamos sós. Uma voz na minha cabeça dizia que eu devia desviar o olhar. Mas por alguma razão insana, eu não pude obedecer.



- Você esqueceu. – Rony disse, se aproximando após algum tempo e estendendo minha mochila e varinha. Acho que fiquei tanto tempo o olhando igual a uma retardada, que ele disse:



- Vamos voltar, ainda dá tempo de você fazer.



- Não dá. Eu esqueci tudo... – e lembrei da vergonha que eu tinha feito na aula – Pronto! – disse com um sorriso nervoso – Agora você tem uma história engraçada pra contar à sua namorada!



- Não acredito que você pensa isso de mim... – ele disse, ficando vermelho.



- Oh, coitadinho... pobre Rony que só quer ajudar... – disse sarcástica – Eu sei que só veio aqui devolver minhas coisas pra ver minha cara de derrotada. Já viu!!! Dá o fora.



- Quer saber? Bem feito pra mim! Eu só vim aqui porque o Harry me convenceu e agora, ouço isso!!! Vou procurar a Olívia mesmo, ela é bem melhor que você, mais bonita, mais meiga, mais i-n-t-e-l-i-g-e-n-t-e. É, Hermione, agora eu tenho uma “amiga”, como você tem o seu!



Não deu pra controlar. Eu solucei, tentando prender o choro. Juntou tudo. Todas as tristezas de um mês inteiro e saber que o que ele estava falando era mesmo a verdade.



- Você vai chorar? – ele perguntou, fazendo uma careta.



- Não! – respondi de má vontade, querendo que ele saísse logo dali.



- Ah, é bom mesmo! Porque isso não ia me fazer sentir pena de você!



Aí é que meus olhos se encheram mesmo.



- Você tá chorando, sim. – ele disse.



Não pude encará-lo. Queria parar com aquela cena, mas não dava. Era patético, mas as lágrimas não paravam de cair e eu não conseguia me controlar.



- Olha, você é realmente inteligente, sabe? E... – ele começou a dizer, nervoso.



- Não é por sua causa! – interrompi, secando os olhos e o rosto, finalmente conseguindo falar – E não precisa sentir pena de mim!



- Eu não sinto. – ele disse ficando quase da cor de seus cabelos.



Devia ter ficado calada ou então tê-lo mandado embora, mas saiu antes que eu pudesse pensar:



- O que aconteceu com a gente, Rony? – perguntei num sussurro, me arrependendo no segundo seguinte. E foi nesse exato segundo que Draco chegou, acompanhado de seus “capangas”.



- Tsc, tsc, Weasley... Que coisa feia! Já está pedindo dinheiro emprestado de novo? – ele disse com sua costumeira voz arrastada e irônica. Um grupinho de garotas da Corvinal começou a rir.



- Eu vou te matar. – Rony disse tão sério e tão vermelho, que me assustou.



- Pára, Rony. – disse preocupada. Eu não podia fazer nada para impedir uma briga. Minha varinha ainda estava com ele.



- Você não tem capacidade para isso. – disse Draco, sorrindo. Crabbe e Goyle se puseram imediatamente à sua frente.



- Pára com isso, gente! – eu disse nervosa, mas ninguém pareceu me ouvir. As pessoas começaram a se juntar em volta de nós. Os dois trocavam olhares bem ameaçadores.



Foi muito rápido. Um Rony muito enfurecido estuporou Goyle, chutou Crabbe em partes, hum... íntimas e encostou a varinha bem no meio da testa de Draco, sob os aplausos e exclamações de surpresa de todos.



- Me machuque um pouco e eu faço com que te expulsem! – exclamou Draco, mil vezes mais pálido que o normal e um tanto assustado.



- Eu não vou te machucar. Vou te matar... Posso sair daqui pra prisão, mas vou feliz da vida. – ele disse sério. Eu nunca tinha visto o Rony tão fora de si. Parecia que tinha ficado louco! E ainda não acreditava que ele tinha se livrado dos dois armários Crabbe e Goyle, tão rápido. Todos ficaram em silêncio, na expectativa. Quando ele começou a falar “Avadra”, eu comecei a gritar e chorar ao mesmo tempo:



- Parem!!! Parem com isso!!! Eu denuncio os dois a Dumbledore, se não pararem agora!



Todos olharam para mim ao mesmo tempo, com cara de espanto.



- Ah, que droga! – gritei e saí dali ainda chorando. Fui correndo até a sala do diretor, mas aí lembrei que não sabia a senha e me desesperei mais ainda. Já ia procurar o Filch quando Luna passou por mim, com uma caixa enorme nas mãos. Ela chegou perto e disse num murmúrio baixo:



- Me disseram que tudo vai acabar bem.



- Quem disse?



- Uma fada. – ela disse como se fosse muito óbvio.



- Não começa, Luna. – disse impaciente, engolindo o choro – Você viu o Filch ou algum professor? – perguntei.



- Você não acha que a aura dele mudou? – ela perguntou apontando para alguém atrás de mim. Era o Draco. Meu coração deu um salto.



“Eu estava dizendo à Hermione que a sua aura mudou. Antes você tinha uma carga muito negativa, sabe? Agora está bem mais leve...” – ela continuou falando com Draco, sonhadoramente.



- É mesmo? – ele perguntou com um sorriso maldoso – E porque você não vai entoar uns mantras pra agradecer por isto? Vai lá!



- Boa idéia! – ela disse alegremente – Não! Melhor ainda!!! Eu vou fazer um desenho! – e saiu quase saltitando com aquela caixa nas mãos.



- Garota doida, eu hein...



- O que aconteceu com Rony? – perguntei apreensiva.



- O cara quase me mata, e você vem me perguntando como ele está?? – ele disse fazendo cara de ofendido.



- Responde.



- O Crabbe levantou do chão logo depois que você saiu e desceu a mão nele.



- Ás vezes eu te odeio tanto, sabia? – disse, respirando aliviada, mas com uma raiva crescendo por dentro. Vontade de gritar com ele, dizer que era ridículo por ficar sempre perturbando Harry e Rony.



- Pensei que você odiasse o Weasley. – ele disse chegando mais perto, pondo as mãos em meus braços.



- Eu odeio os dois. – e desviei o olhar dele, mas sem nenhuma vontade de me livrar de suas mãos. Me lembrei do Rony com a Olívia e a raiva só fez aumentar.



- Você está com muito ódio no coração, hein menina...



Nós estávamos cada vez mais próximos...



- É a convivência contigo. – disse me aproximando involuntariamente, ficando quase colada nele. Alguma coisa estranha acontecia comigo. Vontade de bater muito nele e ao mesmo tempo, de agarrá-lo. Raiva e desejo lutando dentro de mim.



- Quer dizer que eu estou te levando para o caminho do mal? – ele perguntou abrindo um leve sorriso – Bom... eu posso te levar a muitos outros lugares... – sussurrou em meu ouvido.



Eu não ouvi mais nada. A raiva ia aumentando. A vontade também. Estava perdendo a noção de tudo... Então o toquei e disse sem pensar muito:



- Me leva agora.



Ele passou um braço pelas minhas costas, me puxou e me beijou a boca de um jeito tão bom, que eu fiquei mole. Enfiou uma mão por dentro do meu coque, soltando meu cabelo e puxando levemente minha cabeça para trás. Seu beijo era intenso e exigente. Seus braços me prendiam de tal modo que era quase impossível me libertar. Eu estava sem ar e gostava disso. A raiva sumiu, foi como se tudo de mal abandonasse meu corpo. Ele foi descendo a boca pelo meu pescoço e eu, que até o momento estava parada, fiquei alucinada e comecei a reagir aos beijos, passando a mão pela sua nuca e puxando seu cabelo também. Ele voltou a beijar minha boca e depois de uns minutos, me soltou. Eu estava sem fôlego, zonza e despenteada. Ele estava apenas despenteado. Me olhou, sorriu e disse:



- Se você me odeia assim, então nem precisa me amar.



*****

Inevitável a comparação. O Rony, quando me beijou, me fez sentir especial. O Draco me fez sentir viva.



Ele me deixou pensando naquele beijo pelo resto do dia. E o que me assombrava era o fato de que eu não era de fazer essas coisas. Num minuto nós estávamos discutindo e no outro, nos beijando! O que ele devia estar imaginando de mim? Nós fomos para o Ritual e ficamos juntos um bom tempo. Não era igual ao meu primeiro beijo. Foi diferente, mais quente. E eu gostei. Seu beijo me fez esquecer momentaneamente as coisas tristes, os problemas. Seu toque me deixava meio lerda, meio louca. As coisas que ele dizia, com aquele sorriso cafajeste, seriam as mais perfeitas se eu não soubesse que eram todas mentiras. Mas quem ligava? Eu estava lá, me agarrando com um dos garotos mais bonitos de Hogwarts. Devia estar feliz da vida. Devia...



Quando entrei no quarto, à noite, minha varinha e mochila estavam sobre a cama. Lembrei do Rony. Lembrei do quanto eu teria que estudar para aumentar minhas notas. Naquela noite demorei um pouco a dormir.



*****

A gente começou aquele “caso”, ou sei lá o que, aos poucos e escondido. Mais para não alimentar fofocas, mas eu também não ia me sentir bem, ficando com o Draco na frente de Rony. Não contei a ninguém sobre nós. Era boa... a sensação de estar fazendo algo proibido, de ter um segredo...



Afinal, eu era uma garota livre e desimpedida. Ele também. Então não via mal nenhum da gente se beijar um pouco.



Pelo contrário, fazia um bem enorme.



Havia uma coisa nele... algo de misterioso, que me fazia sentir segura e em perigo ao mesmo tempo.



Se antes já estávamos próximos, depois daquele beijo, mais ainda. Parecia que tínhamos um mundinho à parte onde só Draco e Hermione podiam viver. Ele era uma fuga pra mim. Uma pessoa com a qual eu podia ser diferente, sem ter que ouvir críticas ou censuras. Sem ter que ser boazinha e sensata sempre. Sem precisar ser “a chata”. Com ele eu podia esquecer a minha vida de desastres. Afinal, de certa forma, nós só tínhamos um ao outro.



Ele era fofo do jeito dele. Nas nossas conversas, no jeito de me olhar, nos beijos e até quando me tratava meio mal. Porém ficava estranho com freqüência. Calado ou me perguntando coisas sem nexo, olhando para o nada... Ele também reclamava de mim sempre que percebia que eu estava vagando em meus pensamentos. Dizia que eu só podia pensar nele. Era engraçado. Nós não tínhamos nada a ver, mas até que dava certo. Não éramos daqueles casais típicos, cheios de “eu te amo”. Nos tratávamos como duas crianças malcriadas. Nos beijávamos como dois jovens apaixonados. Conversávamos como dois adultos apreensivos.



Difícil era dizer o que eu sentia por ele. Não dava para definir. Atração... Desejo... Ternura... Amizade. Acho que tudo isso e um pouco mais.



Ele começou a me ajudar nos estudos, principalmente em Poções. Já não me sentia triste ao ver os vários casais da escola. Quer dizer, eu só ficava triste ao ver um casal.



O mês passou rápido. Eu melhorei muito em Poções e Snape não tinha mais porquê me tirar pontos, embora implicasse comigo durante todas as aulas, inclusive as de DCAT, já que Tonks ainda estava viajando. Sentia sempre uma felicidade crescendo ao lembrar que o natal estava chegando e eu finalmente ia para casa. As coisas na Grifinória estavam meio insuportáveis. Quase ninguém conversava comigo, por causa dos 70 pontos que Snape tirara por minha culpa. E também era difícil manter o respeito sem ter o distintivo de monitora. Só Parvati e Harry falavam comigo de vez em quando. Gina me ignorava desde a nossa discussão. Eu sentia muita falta de minha melhor amiga, mas nós duas éramos orgulhosas demais para pedir perdão.



21 de dezembro. Eu viajaria em dois dias para Londres. Draco queria passar o dia todo comigo, queria até que eu matasse aula, mas é claro que eu não faria isso. Ele estava esquisito demais, parecia estar com medo de algo, ficou me cercando... Só sossegou quando me deixou na torre da Grifinória, ao anoitecer. Dormir era uma coisa que eu devia fazer, mas a noite estava tão clara e bonita, que eu tive de sair. O céu estava maravilhosamente estrelado...



Finalmente livre, respirando o ar puro da noite, fui andando sem direção pelos terrenos da escola. Tentava jogar os problemas e preocupações para um canto bem escondido da cabeça. Até porque era bem estranho pensar sobre a minha vida e eu andava evitando isso. Nada fazia muito sentido. As coisas aconteciam rápido demais e eu já não tinha o controle absoluto. Acho que sempre tive tudo planejado, mesmo quando ainda era uma criança. Mas naquele ano, vi meus planos ameaçados e percebi que na verdade, eles não serviam pra muita coisa. Afinal, não se planeja uma surpresa. Não se planeja o inevitável, o desconhecido. Não se planeja a vida dos outros. Não se planeja o ódio... e muito menos o amor.



A gente tem que ter sempre a consciência de que a vida está em constante mudança e elas geralmente vêm sem avisar. E que podem ser boas ou ruins. E não adianta fechar os olhos, ou chorar, ou mesmo tentar se isolar do mundo. Certas coisas não passam com o tempo e nós precisamos seguir em frente. Gritar pro destino que ele não pode com a gente e lutar pelo que acreditamos até o fim. Eu estava começando a perceber essas coisas e não sabia se conseguiria me manter firme. Mas permanecia tentando. Dia após dia.



Estava tão distraída olhando o céu, que nem vi o Draco chegar...



- Custa ficar sossegada no seu quarto?! Você não percebeu que está na floresta, não?! – ele exclamou irritado, me assustando.



- Virou meu dono agora?? Era só o que me faltava!



- Vamos entrar, vem. – ele disse, puxando minha mão.



- Não. – e me desvencilhei dele.



- Ô garota, eu não estou com muita paciência hoje, não! Pode parar com a criancice e ir entrando! – ele disse fechando as mãos com força nos meus braços.



- Eu não vou enquanto você não me disser o que está acontecendo pra agir dessa forma paranóica comigo o dia todo! – eu disse tentando não demonstrar que sentia dor.



Ele foi apertando meus braços cada vez mais. Os olhos nos meus, deixando transparecer toda raiva que ele estava sentindo. Comecei a ficar com medo.



- Draco... você está me machucando...



Ele soltou meus braços imediatamente e me abraçou forte.



- Desculpa.



Nós ficamos muito tempo desse jeito. Aquele silêncio e a esquisitice dele estavam me deixando indócil.



- Hermione... – ele disse enfim.



- Hum? – murmurei com a cabeça ainda contra o peito dele.



- Eu gosto de você.



- Eu sei.



- Não ligo mais se você tem ou não sangue puro. Nem pro fato de você ser da Grifinória. Nem por ser amiga daqueles dois idiotas que não te merecem. Porque agora, você é minha. Acredita?



- Aham – respondi surpresa. Aquelas declarações não eram típicas dele.



- Preciso que você diga.



- Acredito. – disse, ficando assustada de novo. Mas então ele me beijou e eu esqueci tudo. Foi um beijo diferente de todos que nós já tínhamos dado. Mais longo, mais doce, mais profundo... Como se nunca fosse terminar. Como se ele quisesse arrancar alguma coragem de mim.



- Eu realmente tenho que te falar uma coisa muito séria. Antes que você acabe sabendo de qualquer jeito. – ele disse quando nos separamos – Mas além do medo que eu tenho da sua reação, você não facilita...



- Agora sou toda ouvidos. Pode falar.



- Talvez você não queira mais olhar na minha cara depois que eu te contar tudo. Espero que me compreenda.



- Está me assustando. Fala logo.



- Se lembra de quando nós dois estávamos lá em casa e você fez aquele interrogatório sobre eu me fingir de trouxa? Você não se convenceu com as minhas respostas. Lembra daquele dia no campo de quadribol? Eu vou te contar, Hermione. Te contar o que eu escondo...



Cheguei até a prender a respiração.



- Eu já quis te matar.– ele disse muito rápido.



- O quê?! Como assim? – perguntei, pega de surpresa.



- Não sei por onde começar...



- Pelo começo? – disse, já irritada com a enrolação dele.



- Bom, no começo das férias, eu e minha mãe fomos visitar Lúcio em Azkaban. Eu estava com muita raiva dele. Sempre fui a favor das idéias do Lord das Trevas, mas não gostei nem um pouco de ver nossa reputação prejudicada por causa da ligação do meu pai com ele. Antes eu achava isso muito legal, de ser comensal, de ter poder pra destruir os trouxas. Mas depois que muitos foram presos, minha opinião começou a mudar. Não queria isso pra mim. Nós, Malfoys, não precisamos servir a ninguém. Naquele momento só tinha uma pessoa que despertava mais a minha raiva do que Lúcio. Essa pessoa era Harry Potter. Por causa dele meu pai foi para a prisão e eu tive que passar um dia no St. Mungus com Crabbe e Goyle, depois de todas as azarações que ele e seus outros amiguinhos haviam me lançado. Bem, Lúcio se aproveitou disso, do meu ódio por Potter, para me convencer a entrar num plano para destruí-lo. E eu caí. Caí como um patinho.”



“O primeiro passo do plano, era conquistar a confiança de Hermione Granger, ser seu ‘amigo’. Se eu conseguisse cumprir tudo com perfeição, seria iniciado nas trevas. Na verdade, eu não queria ser comensal, mas se fosse preciso ser para concluir minha vingança, então eu seria. Alguém, que eu não sei quem é, se encarregou de fazer você entrar na internet no mesmo momento que eu. Não sei se foi com a maldição imperius...”



Eu ainda não estava entendendo onde ele queria chegar. Mas sabia que aquele era o momento pelo qual eu aguardara desde o início do ano letivo. Começou a se formar um nó na minha garganta. Ele falava de um jeito muito frio. E eu estava sozinha, indefesa. A gente estava dentro da floresta. Comecei a pensar em feitiços que poderia usar se ele tentasse algo.



“Comecei a estudar muito sobre trouxas. No começo achava nojento ter que ficar seu amigo, fingir que gostava de você, mesmo à distância. Mas depois, foi acontecendo tudo tão natural, que já não era mais uma chatice ter que falar contigo todos os dias. Pelo contrário, era um prazer. Quantas vezes eu me peguei pensando em você... Mas aí eu me reprimia, lembrava que você era a Granger chata, sangue ruim e metida a sabe-tudo, que eu não podia gostar de você. Não podia estragar o plano.”



“Primeiramente, eu só teria que te atrair até à minha casa. Uma pessoa ia se encarregar de preparar algum tipo de ritual contigo, onde você seria o sacrifício. Eu não sei muito sobre isso, só que o objetivo desse ritual seria matar um grande número de trouxas apenas com o poder do seu sangue. Nós pediríamos ao Potter o sacrifício dele em troca de todas essas vidas. Com aquela mania de herói e abalado pela sua morte, é claro que ele aceitaria. Depois o mundo seria dominado pelo mal facilmente. O Lord voltaria com força total.”



Eu estava atônita. Minha cabeça tinha muitas coisas para processar, muitas peças para encaixar.



“Eu teria que me encontrar contigo e te levar à minha casa para te fazer ingerir uma quantidade grande de óleo de almíscar, um ingrediente importante para este ritual. Daí o almoço. Estava tudo certo. Mas como eu já disse antes, você não facilita nada. Tinha que aparecer tão bonita e diferente no dia do nosso encontro? Eu te olhava e não conseguia enxergar a ‘Granger’. Eu via uma menina encantadora, levemente irritada. Era como se eu te visse pela primeira vez. Mesmo assim, eu não mudei minha posição. Você tinha que morrer e eu iria até o fim.”



“Foi mais fácil do que eu pensei. Te convenci rápido demais. Não sabia que o meu charme era tão irresistível. Mentira... eu sabia sim. – ele disse sorrindo pela primeira vez – Naquele dia, na minha casa, te induzi a levar os livros onde tinha descrito o ritual só pra ter o prazer de saber que você iria morrer sabendo muito bem o porque. Sabendo que fora enganada. E foi assim que eu terminei minha parte no plano. Ou pelo menos achava isso. Porque eu teria de fazer outra coisa. Teria que te carregar até o local do ritual, em Hogmeade. E para isto tinha que continuar sendo seu ‘amigo’. Acontece que a sua presença me fazia muito mal. Me fazia ter pensamentos estranhos. E foi no dia do ritual, no dia em que nós fomos ao Madame Pudifoot, que eu percebi que a sua morte não me faria feliz. Você é uma pessoa muito especial. Depois de tudo que eu tinha feito de mal, de todos os insultos e calúnias, você ainda demonstrava querer ser minha amiga. Você conversava comigo. Me ouvia. E não era pelo meu dinheiro, beleza, ou status. Era por mim mesmo! Eu nunca tive com ninguém o que eu tenho contigo. Eu sabia que estava ficando louco, mas não queria te perder. Devia ter outra maneira de acabar com o Potter. Tentei te manter comigo mais um tempo, mas você me empurrou e saiu correndo. Quando te encontrei caída no chão ao lado do Potter, pensei que já estava tudo acabado. Mas por algum motivo incrível, você sobreviveu! E eu teria uma chance de pensar se realmente a queria viva.”



Minha mente era uma mistura de pensamentos. Ele queria mesmo nos matar! Não imaginava que ele fosse tão calculista assim. E eu, boba, sendo amiguinha, enquanto ele tramava tudo aquilo... Me perguntava o motivo de eu nunca ter desconfiado dele. A resposta veio rápido: porque eu percebi que ele tinha algo de bom.



“Sempre fui bom em Poções. Por isso, dei várias doses de poção da confusão à Madame Pomfrey, para ela sair do caminho. Ela poderia identificar o que você tinha, e então eu estaria perdido. Acabou que ela ficou meio lélé da cuca e foi embora. Tudo bem... eu nunca gostei dela mesmo. Depois de uma semana desmaiada, você acordou. Foi como se o sol nascesse de novo pra mim. O ritual tinha fracassado. A não ser que você ainda fosse sacrificada de outra forma. Soube que o Lord ficou enfurecido ao saber que você não tinha morrido. Mas ninguém entendia porque você sobreviveu.”



“No mesmo dia em que você acordou, parou de falar comigo. Naquele dia, no campo de quadribol, você mudou algo em mim. Eu não me importava mais com meu pai, nem com o Potter, nem comigo mesmo. Só me importava com o fato de tê-la feito chorar e me sentia um mostro por isso. – ele disse acariciando meu rosto – Tentava te tirar da minha cabeça, mas já não dava. Parei de pensar em planos de vingança. Só que você começou a me ignorar muito! Na hora em que eu descobri que gostava de você, mesmo com seu jeito irritante de ser certinha, mesmo com seus amigos chatos, eu perco sua amizade, sua confiança... Então te procurei, te cerquei e finalmente consegui te encontrar quase sempre no Ritual! Disse ao meu pai que não iria prosseguir com esse plano, mas ele começou a me ameaçar. E as coisas ficaram piores quando ele fugiu de Azkaban. Eles tentariam te matar de novo na noite de Halloween. Mandariam dementadores, aquelas criaturas burras que só o seu amiguinho Potter tem medo. A carta que eu recebi de Lúcio, falava sobre isso. Então eu armei aquela explosão com as bombas de um moleque do primeiro ano, para afugentar os poucos dementadores que estivessem na orla da floresta, mas quem acabou as jogando foi Di-Lua. Te salvei da morte naquele dia, mas infelizmente não te salvei de beijar o Weasley.” – ele disse com uma careta.



- Por que você não me disse antes? – perguntei, cabisbaixa.



- Porque eu tinha medo de te perder. – ele disse isso de um jeito natural, que amoleceu meu coração.



“Queria ter te contado antes. Desde o dia do baile. Mas eu te via tão triste, que perdia a coragem. Tinha medo que você parasse de falar comigo de novo... Apesar de saber que tem todo direito de fazer isso.”



Enquanto ele falava, tudo foi se encaixando. Finalmente eu tinha uma idéia do que era ritual. Era pior do que eu imaginava. Um grande plano de Voldemort para matar o Harry, eu e muitos trouxas. E eu tinha sobrevivido. Talvez por isso as minhas crises de dor-de-cabeça e os desmaios, mas pelo menos estava viva. No começo, Draco estava envolvido com tudo, queria a nossa morte também. Mas eu pensava que se não me tornasse amiga dele, já poderia estar morta, pois como ele mesmo disse, se não fosse o barulho da explosão no dia do baile, os dementadores não teriam ido embora. Aquela era uma explicação perfeita para quase tudo. Quase tudo...



- O que o Snape tem a ver com isso? – consegui finalmente perguntar.



- Nada, que eu saiba. Mas aquele pergaminho que você encontrou com ele, não era meu. Eu nunca achei que o professor Snape fosse bonzinho...



- Ele sabe do ritual. Desse ritual que você falou.



- Bom, só teria um jeito dele saber. Se ele fosse comensal.



- Quem é a outra pessoa envolvida nisso? Quem se encarregou diretamente do ritual, se a maioria dos comensais estavam presos?



- Eu não sei. Meu pai nunca me disse.



Ele queria que eu morresse. Já sabia quase tudo sobre o ritual, já tinha informação o suficiente para tentar me defender, mas só conseguia pensar nisso:Ele queria que eu morresse. Mas também pensava que eu poderia estar morta se não fosse a nossa amizade. A amizade incomum pela qual todos me criticaram.



- Você já mentiu muito para mim. Como vou saber se tudo isso que você falou é verdade?



- Então, Granger? Vai me odiar pelo resto da vida agora?! Acho que nunca fui tão sincero assim! Aquele beijo que eu acabei de te dar não foi sincero o bastante pra você?! – ele disse, corando.



Era difícil vê-lo embaraçado, porém naquele momento ele estava! E aquilo tudo se encaixava tão bem, que era impossível alguém ter inventado.



- Eu acredito em você. Embora já tenha feito muita coisa errada, e isso eu não sei se perdôo. – respondi, olhando em seus olhos.



- Tenho tido alguns casos desde sempre. Não conseguia parar com uma menina só. Mas então te conheci e você me fez ver que existiam coisas em mim que nem eu mesmo sabia. As garotas vem em cima de mim e eu não quero mais. Não tem mais graça beijar outra, agora que eu te tenho. Não tem mais graça conversar com outras pessoas. – e deu um sorriso – Mas o mais engraçado de tudo é que eu te conheço assim faz tão pouco tempo, e você já tem essa importância toda na minha vida. E não me importa que você não sinta o mesmo. Não me importa que ainda goste do Weasley. O que realmente importa é te ter comigo. Você é a única pessoa que eu tenho agora. Então não me vire as costas, nem me diga que acabou.



- Eu ainda estou aqui, não estou? – perguntei, ligeiramente emocionada com o que ele tinha dito.



Ele abriu um sorriso e me imprensou contra um tronco de árvore.



- Eu ainda não disse que podia me beijar. – falei, séria. Ainda tinha muita coisa para perguntar.



- Eu não pedi sua permissão. – ele disse prendendo meus braços com uma mão, enquanto a outra entrava dentro da minha camisa. Eu tentei lutar, até que cedi à sensação boa que era o contato de sua mão em minhas costas. Sua boca brincava com a minha, se aproximando e afastando, me deixando com uma vontade enorme.



- Pára de me provocar. – disse, tentando beijá-lo.



- Sshhh... Fica quieta. – ele mandou. Continuou com aquela brincadeira mais um pouco, até que me beijou finalmente.



Eu tinha acabado de saber informações muito importantes sobre Você-sabe-quem. Devia ter corrido logo e contado a algum professor da Ordem e ao Harry também. Tinha acabado de saber que o garoto que eu estava beijando já quis a minha morte. Devia ficar com um pé atrás, não ceder assim, tão facilmente. Mas afinal, ele se arrependera e tinha me dito tudo. E meu corpo não queria aceitar os comandos da cabeça naquela hora. As suas mãos iam descendo e ele começou a tentar levantar minha saia.



- Ei! – exclamei, o afastando – Isso, só depois do casamento.



- Quer casar comigo? – ele perguntou com uma carinha pidona.



- Não.



- Tem certeza? – perguntou, me puxando mais.



- Não. – respondi rindo.



- Garota! Antes de te conhecer eu estava bem. – ele disse, me soltando.



- E agora?



- Estou melhor ainda.



Ele queria me matar... porque aquilo me deixava mais excitada ainda? Por que eu sentia aquela necessidade enorme de estar com ele, de provar para todos que ele tinha coisas boas? Talvez fosse por causa de uma Hermione dentro de mim que não era assim tão perfeita. E ela sentia necessidade de fugir, de estar com alguém que não se importasse muito com isso. Alguém como Draco Malfoy.



Nós começamos a sair da floresta. Foi quando ouvi a voz do Rony me gritar:



- Mione!!!!!



Soltei a mão do Draco quase imediatamente. Logo ele apareceu. Estava com a varinha em punho.



- Graças a Merlim! – ele exclamou. – Você sabe há quanto tempo estou te procurando? – ele disse aliviado, porém fechou a cara ao ver o Draco – Mas agora já achei. – disse rudemente – Vamos voltar logo.



- Me procurando? Por que? – perguntei.



- O castelo foi invadido. Acho que por trasgos. Os professores estão levando os alunos para Hogsmeade pelas passagens secretas. A Macgonnagal me pediu pra te procurar. Ela só não imaginava que você estava na floresta, né! – ele respondeu. Pude ver que enrubescera um pouco.



- Droga!!! – Draco gritou – São comensais. Vieram te pegar.



- Como você sabe? - perguntei. Meu coração deu um salto.



- Os professores não levariam todos para Hogsmeade se fossem somente trasgos. E hoje é solstício de inverno. Dia perfeito para sacrifícios malignos! Por isso te cerquei o dia todo. Por isso queria te manter segura em seu quarto. Não ia adiantar nada, eles invadiram o castelo!



- Posso saber do que o casalzinho está falando? – Rony perguntou aborrecido.



- Longa história. – respondi constrangida.



- Nós não podemos voltar. É muito risco. Vocês não sabem de outra passagem para Hogsmeade? – perguntou Draco.



- O salgueiro lutador! Dá na Casa dos Gritos. – respondi.



- Então eu volto sozinho. Não quero atrapalhar o casal – disse Rony, muito vermelho.



- Não, Rony, por favor. É arriscado. Vem com a gente.



- Deixa ele ir, Hermione. Melhor assim. Três é demais. – disse Draco.



- Pensando bem, acho que eu vou com vocês. – disse Rony, lançando um olhar ameaçador a Draco.



Nós fomos caminhando lado a lado. A tensão estava no ar. O castelo invadido, e eu ao lado de dois garotos que se odiavam. Dois garotos que já tinham me beijado.



- E o Harry? – perguntei a Rony. Ele fingiu que não ouviu.



- Essa não é hora para implicância! Deixa de ser mal-educado e me responde. – insisti.



- Me perdi dele na confusão. – ele disse.



Ouvimos barulhos vindos de longe. Nos entreolhamos.



- Podem ser centauros. – disse Draco.



- Ou aranhas. – disse Rony.



- Ou comensais. – eu disse. – Alguém sobe em uma árvore para ver. – sugeri, mas nenhum dos dois se moveu.



- Ok, eu subo. – disse.



Escalei a árvore mais próxima e tive uma visão aterrorizante. Me desequilibrei e caí do galho, tendo outra visão mais terrível ainda. Meu coração acelerara, eu mal conseguia gritar. Os garotos foram me socorrer e também pararam abismados.



Um unicórnio brutalmente morto se achava em frente a nós.



- A gente vai morrer. – eu disse enquanto Draco me ajudava a levantar.



- O que você viu? – perguntou Rony.



- São dez. Dez comensais!



- Não era pra eles estarem atrás do Harry? – perguntou Rony.



- Agora o alvo sou eu. – respondi.



- Por causa daquela coisa de “magia negra”?



- É... mas depois eu te explico.



Draco começou a pôr sua capa.



- O que você está fazendo, anormal? – Rony perguntou a Draco, nervoso – Por que vai botar a capa com esse calor?



- Pro meu pai não me reconhecer. – ele respondeu enfiando o capuz.



- Você errou nas contas, Hermione. São onze comensais! – disse Rony, encarando o Draco.



- Vocês parem com isso, por favor. Nó só teremos chance se nos unirmos.



- Vamos tentar chegar no salgueiro? – perguntou Draco.



- É a nossa única chance. – respondi – Mas vamos ter que passar por eles. E sem fazer barulho.



Tiramos os sapatos e fomos andando cautelosamente. Quando os comensais entraram no nosso campo de visão, paramos. Só havia um caminho: escalar um grande tronco de árvore para não sermos vistos. Fui a primeira a tentar, mas não consegui. Era escorregadio demais. Os garotos também tentaram, mas foi em vão.



- Eu dou um impulso pra você pular, Hermione. Eu sou o maior de nós três. – disse Rony.



- E eu? – perguntou Draco.



- Você fica. Seu pai não vai te matar mesmo!



- Rony, por favor... – sussurrei, pegando em seu ombro.



- Tá! Eu faço esse sacrifício. – ele disse emburrado e levemente corado.



Ele segurou meu pé, dando impulso e eu pulei facilmente. Depois foi a vez do Draco. Quando Rony estendeu as mãos pra nós dois o puxarmos, recebeu um jato de luz vermelha nas costas e desmaiou. Um comensal o tinha visto.



- Não solta ele! – gritei ao ver que Draco tinha conseguido pegar na mão de Rony.



- Está muito pesado! Que feitiço foi esse? – perguntou.



- Acho que o estupefaça. Se for, logo ele acordará.



O comensal começou a chegar perto. Eu me estiquei o máximo que pude e peguei a gola da camisa de Rony.



- Vamos no três. – disse – Um, dois, três! – e puxamos o Rony com todas as forças. Ele caiu ao nosso lado e nós o arrastamos muito rápido para trás de um arbusto. Não sei de onde tirei tanta força. Vimos o comensal olhar por cima do tronco, virar e gritar:



- Venham dar uma olhada aqui!



- É o Nott. – disse Draco – Vamos dar o fora.



- E o Rony? – perguntei.



- Não dá pra correr carregando ele. Só vai nos atrapalhar!



- Eu não saio daqui sem ele.



- Vamos carregando então. – Draco disse contrariado. Nós passamos os braços dele por nossos pescoços e fomos.



Andávamos pelas sombras, nos afastando cada vez mais do salgueiro lutador para nos esconder. A visão do unicórnio morto não saía da minha cabeça. Podíamos sentir o bafo da morte em nossos pescoços. Os comensais deviam estar perto, e aquela atmosfera sinistra da floresta não ajudava em nada.



- Por que os livros que você me emprestou sumiram? – perguntei num sussurro.



- Sumiram? Você perdeu? – ele perguntou, surpreso.



Nessa hora, Rony começou a resmungar:



“As aranhas comeram todas as minhas coisas... Até o meu pudim...”



- Ele está acordando!!! – exclamei. O deitamos no chão e eu me curvei sobre ele.



- O que aconteceu? – Rony perguntou, ainda meio grogue.



- Você foi atingido. – respondi – Consegue andar?



- Claro. – respondeu, tentando se levantar, mas se desequilibrou – Mais ou menos...



- Seja homem, Weasley. Levanta daí.



- Ah, vai retocar a maquiagem, Malfoy! – Rony disse, levantando-se.



- Falem baixo! – disse chamando a atenção dos dois – Olha, eu tenho uma idéia. Nós não temos chance aqui dentro dessa floresta. Precisamos chegar em Hogsmeade. E só vamos conseguir se eliminarmos o máximo possível deles. O plano é subir nas árvores e quando eles passarem, lançar o maior número de feitiços possíveis.



- Uma armadilha... – disse Rony.



- É isso aí. O que acham?



- É a nossa chance. Parece que eles estão vindo. – disse Draco. Nós voltamos a ouvir barulho de vozes e da vegetação sendo arrastada.



- Devem ter seguido nossos rastros. – disse Rony.



Subimos nas árvores mais altas que tinham ao redor. Foi quando vimos os vultos se aproximando...



- Você tem certeza que viu alguém, Nott? – um encapuzado perguntou.



- Absoluta, Malfoy. Acho que era um garoto.



- O que é aquilo? – outro perguntou apontando para minha direção. Eu não pensei mais. Agi.



Começamos a gritar e disparar vários jatos de feitiços na direção deles antes que pudessem esboçar qualquer reação.



- ESTUPEFAÇA!



- PETRIFICUS TOTALUS!



- RICTUSEMPRA!



Depois de algum tempo disparando feitiços, descemos e começamos a correr feito loucos. Alguns poucos vinham atrás de nós, os jorros de luz quase nos atingindo, mas eu não me atrevia a olhar. Até que a terra começou a tremer. E as árvores ao nosso redor a cair. Alguém tinha feito o feitiço terremotus. Nós corríamos tentando não cair e escapar dos grossos galhos que tombavam por toda parte, mas eu logo fiquei para trás. E acabei sendo atingida em cheio por um tronco.



- Hermione?! – ouvi a voz do Draco em meio aos zumbidos de dor no meu ouvido, após uns minutos. Ele tentava retirar o tronco de cima da minha perna, quando vi Rony surgir ao longe, ofegante, ficando muito pálido ao me ver. Um comensal apareceu na frente dele e exclamou:



- Crucio!



Se o Draco não tampasse minha boca, eu soltaria um sonoro grito, nos denunciando. Nós estávamos atrás de duas árvores, de modo que o comensal, de onde estava, não nos via. Lágrimas de desespero escorriam pelo meu rosto ao ver o Rony se contorcendo de dor no chão. Logo chegaram outros dois e começaram a torturá-lo também. Mordi a mão do Draco e gritei:



- Hei, seus covardes! Eu estou aqui!!!



- Ficou louca! – exclamou Draco – Eu não fui tão longe pra te ver morrer!



- E eu não vou ficar vendo ele sofrer sem fazer nada.



- Ora... Quem é viva sempre aparece... – disse um dos comensais, sorrindo para mim.



- Não ouse tocá-la! – gritou Draco.



- Cala a boca, pirralho! – e socou em cheio a cara do Draco.



Eles pegaram minha varinha e me carregaram até uma clareira que tinha sido feita com a derrubada das árvores. Eu não tinha força pra nenhuma reação. Minha perna se dobrava num ângulo impossível e sentia que podia desmaiar a qualquer momento. Era o meu fim e eu só pensava que não tinha tido a chance de pedir perdão por tantas coisas, de me reconciliar comigo mesma.



Eles me deixaram presa e acompanhada por somente um deles. Os outros provavelmente tinham ido buscar o resto dos comensais. Eu chorava baixinho, quando ele se aproximou.



- Acho, que antes deles chegarem, eu poderia me divertir um pouco contigo... Ir adiantando o serviço. – ele disse sorrindo. Eu permaneci calada.



- Você merece sofrer, garota. Quem mandou não ter morrido no outro dia? Eu só tenho uma dúvida se lanço um feitiço para abrir umas feridas em você ou se eu mesmo te faço sangrar um pouco.



- Por favor... não... – eu suplicava entre soluços. Até que ele se impacientou e encostou um punhal no meu pescoço. Depois caiu no chão.



Era o Draco que tinha o atingido com uma pedra. Ele começou a me desamarrar, enquanto Rony pegava a minha varinha. Eu queria fazer várias perguntas a eles, mas só consegui chorar.



- Tive uma idéia melhor. – Draco disse sério – Eu atraio a atenção deles pra mim, enquanto vocês vão para um lugar mais seguro. Como o Weasley mesmo disse, meu pai não vai me matar.



- Eu não quero te deixar sozinho. – me esforcei para dizer.



- Eles não podem te pegar de novo, Hermione. Leva ela, Weasley.



Rony hesitou por um instante.



- Anda Weasley! – exclamou Draco.



- E você? – Rony perguntou.



- Eu me viro.



*****

Nós estávamos feridos demais para agüentar ir até Hogsmeade. Então entramos na primeira caverna que vimos. Ainda não me perdoava por ter deixado Draco sozinho.



- Dói muito? – Rony perguntou ao pegar na minha perna.



Eu fiz que sim com a cabeça, incapaz de falar de tanta dor.



- Eu vou tentar colocar sua perna no lugar, vai doer, mas não grite. – ele avisou. Só que doer era pouco praquilo. Quase enterrei as unhas no braço dele. Porém agora minha perna estava direita e eu fiquei um pouco mais confortável.



- A gente não devia ter deixado o Draco para trás. – eu disse após algum tempo, mais pra mim mesma.



Rony manteve o silêncio, mas depois de uns minutos disse:



- Ele gosta mesmo de você.



- Eu sei.



*****

Acordei com um barulho. Estava deitada quase abraçada com Rony, o que me deixou muito embaraçada.



- Rony... Você ouviu alguma coisa? – perguntei.



- Até que enfim! Achei vocês! – falou naquele momento a voz que eu achei a mais suave do mundo. Era a Tonks.



Naquela hora eu nem me perguntei de onde ela tinha surgido. Até onde eu sabia, ela ainda estava na França. Mas eu estava preocupada demais para pensar.



Ela e Harry nos ajudaram a chegar no castelo. Nos contaram que Hogsmeade também fora invadida, mas por dementadores. E como sempre, Harry tinha salvado a todos com seu perfeito patrono.



- E o Draco? – perguntei na primeira oportunidade – Vocês o acharam?



- Sim. – disse Tonks, mudando seu tom de voz alegre – Mas ele não está nada bem. Achamos que foi torturado com a Cruciatus.






Assim que entramos na enfermaria fui vê-lo. Ele estava muito pálido e delirando. Meu coração se partiu.



- Resista, Draco. Você tem que resistir. – eu disse baixinho.



- Acha que pode mantê-lo acordado até eu e a Prof.ª Sprout fazermos uma poção revigorante, srta. Granger? – perguntou Snape, me assustando.



- S-sim... eu posso tentar.



- Então tente. – ele disse, saindo.



Olhei em volta. A enfermaria estava cheia. Eu mesma precisava cuidar da minha perna. Vendo o sol entrar pela janela, parecia incrível eu ter sobrevivido àquela noite. Fiquei olhando o Draco. Ele parecia mais dormindo que acordado.



- Hum, Hermione... A gente precisa conversar. – disse Rony, sentando ao meu lado.



- Agora não, Rony.



Ele levantou e foi caminhando para a porta. Fiquei observando suas costas. Parecia que tudo estava em câmera lenta. Uma oportunidade para conversar com Rony era tudo o que eu mais desejava há um tempo. Porém, naquele momento, eu tinha uma coisa mais importante a fazer. E não queria ficar mais triste do que já estava. Quando ele ia sair, nossos olhares se cruzaram. Mas eu abaixei a cabeça rapidamente.



- Draco... – chamei, pegando em sua mão – Você está me ouvindo?



Ele apertou forte sua mão na minha.



- Olha, você tem que ficar acordado viu? Eu já te contei sobre a F.A.L.E.?





N/A: dessa vez eu extrapolei, né? Desculpa gente, mas aconteceu tanta coisa q não deu pra adiantar esse capt... o q vcs acharam dele???espero q tenham gostado! É... agora o Draco está na parada... será q o loirinho já ganhou? Ou será q o Rony vai se mancar e correr atrás do prejuízo? e a mione?? Será q ela finalmente se livrou da morte??? De onde a tonks surgiu? E o snape??? O q ele tem a ver com o ritual? Leiam o próx capt pra saber!!!



Respostas e agradecimentos:



Roberta....> vc deve estar mt decepcionada cmg!!! não me odeie demais, por favor!!!e nem entre em depressão!!! poxa, os dois gostam dela e o draco tbm merece uma chance... tem mta coisa pra acontecer ainda... vc naum faz idéia! então não sofra por antecedência! obrigada pelos coments!! =)



Maaay....> e aí? a coisa eskentou pra vc??? axo q sim, né...! nesse capt vc deve ter lembrado d mais coisa ainda... e é fato! a olívia eh uma super vaca!!! hehehe... eu tbm odeio ela... vc axou q eh pouco, 5 capts??? olha, não me tente q eu escrevo mais, hein...! e aí, rolou um bjim d/h! (na verdade um bjão,né...) o q vc achou? ^_^ bom, may, uma coisa "mais forte" não vai dar pra rolar nessa fic, pq ela é livre... mas se vcs quiserem, eu to pensando em fazer uma continuação de ritual, em terceira pessoa, com o sétimo ano, aí pode ser pg-13... brigadaum pelos elogios, eu fico mt feliz!!!



Jackeline Malfoy....> jack deve estar mt faliz com esse capt... não é?! vai especialmente dedicado a vc então! =) gostei mt da sua fic, mas kero atualização!



brine....> q vc tbm não tenha entrado em depressão!!! e desculpa pela demora! mas como eu não canso d repetir: A FIC AINDA NÃO ACABOU!!!!



Rena....> obrigada pelos elogios! mt feliz, eu... continua torcendo sim!!! mta coisa ainda pode acontecer!



Ingrid Arend....> q lindo o seu comentário!!! adorei td!!! (inflou meu ego...hehehe...)



Lunna Granger....> foi mal aí, as demoras... mas é legal isso d vcs me apressarem pq eu sou preguiçosa demais! obrigada pelos coments!


propaganda básik agora... gent! quem for r/hr ou msm kem naum eh, mas gosta d uma boa fic, passem lá na fic da Raquel!!!!As quatro estações (primavera) Try... é mto mto fofa!!!










Eu quero falar agora sobre essa guerra dos shippers. Vcs me assustam às vezes... rs... estão levando isso mt a sério! Mas td bem, eu entendo, eu tbm sou assim defendendo os casais q gosto! ^_^ Tenho consciência d q kem causou essa guerra fui eu... e to pagando por isso, recebendo desde chantagens emocionais até ameaças d morte!!! hehehe... =) só q eu to mto confusa msm... mas ela vai ter q akbar com algum dos dois (até pq eu nem penso na hipótese da mione acabar a fic sozinha e se eu puser ela com outro garoto, vcs me matam – com toda a razão) mas por favor, não me odeiem ainda! A fic não acabou, pode (e vai) acontecer mta coisa ainda! Espero q msm dpois desse capt, os R/Hs continuem acompanhando... pois abandonar a fic agora seria uma pena.



Bjuz, Ju

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