Amizade virtual



Ritual




N/A: Essa fic será toda narrada em primeira pessoa, “pela Mione”. A personalidade de alguns personagens está um pouco mudada, é que eu quis dar um toque mais adolescente, mais humano, sei lá xD Espero que gostem!!!!!



Amizade virtual




Finalmente eu cheguei. A vista deste penhasco é tão linda... Uma visão panorâmica da simpática Hogsmeade. Não combina nada com os rumos que tomei esse ano... Dor que dói, dor que sangra, dor, insistente dor... na alma! Sinto lágrimas grossas e quentes rolarem pelo meu rosto. Impossível evitar.

Dor de amor? Não sei... Houve dias em que chorei apaixonada, mas agora me sinto tão diferente... Deve ser, só pode ser esse tal de amor.

Não sabia que amar seria assim. Tanto sofrimento. Há alguns meses atrás eu sonhava com isso. Amor. Já tinha passado por todo tipo de aventura na minha vida. Menos a de se apaixonar. Como eu queria isso! Embora nunca demonstrasse. Devia haver algum problema comigo, pois nenhum garoto parecia se interessar por mim. E eu não me interessava por ninguém, tampouco.

O único que se interessou por mim foi Vítor Krum.

Mas apesar de ele ser rico, famoso, legal, enfim tudo o que uma garota pode querer, eu simplesmente não conseguia me imaginar caindo de amores por ele. Por isso pus fim a qualquer esperança que ele pudesse ter comigo, por meio de uma longa carta.

Ora eu queria que meu primeiro beijo fosse perfeito! Num lugar legal e com alguém por quem eu fosse perdidamente apaixonada. Igual aos filmes e aos livros românticos. E isso eu consegui. Mas tudo o que aconteceu depois disso... Só de lembrar começo a chorar novamente.

Luna diz que tudo começou com o Ritual. Pra mim começou bem antes disso, nas férias de verão.

Tédio. Essa palavra resume muito bem o início de minhas férias. Não podia escrever aos meus amigos, nem vê-los. Afinal, a ameaça chamada Voldemort continuava a solta e “todo cuidado é pouco”, diziam todos. Fiquei ilhada em minha casa, sem nada pra fazer, até que numa noite normal de quarta-feira em que eu estava totalmente à toa e já tinha lido e relido todos os meus livros, me achava deitada em minha cama, quando a brilhante idéia me ocorreu: Por que não me fingir de trouxa e entrar num chat na internet, só pra passar o tempo?

Idéia mais infeliz. Mente desocupada dá nisso. Mas enfim, conheci um garoto que logo me despertou interesse pela sua ironia e humor negro. Gosto de pessoas engraçadas. Finjo que não, mas gosto. Talvez seja porque eu não sou e acho que nunca serei... Também gosto de pessoas diferentes. Adoro discutir. Sobre tudo. E quando a pessoa é igual a você não tem como discutir, né...

Ele me conhecia por Menina Mi. E ele era pra mim Mr. D. Todos os dias nos falávamos e logo nos tornamos amigos. Discutíamos coisas como relacionamentos, comida, estações do ano... Ou seja, falávamos sobre tudo e ao mesmo tempo sobre nada. Ignorávamos a identidade um do outro e nem desejávamos saber. Até um certo dia...

- Menina Mi!!!! Estou te amando. – escreveu-me ele.

- Será possível amar a quem nunca viu? – respondi.

- E se eu te dissesse que nunca em minha vida tive tanta atenção para as besteiras que digo?

- Ah! Não é amor. É só carência.

- Me sinto tão à vontade conversando contigo... É como se eu fosse outra pessoa agora. E por isso quero te conhecer.

Não esperava aquilo. Mas para a minha surpresa, eu também queria o conhecer.

No dia seguinte, à tardinha, mirava-me no espelho. Vestido de alças branco com flores azuis, sandália baixa, cabelos lisos que me batiam no meio das costas. Adoro usar os cabelos assim, lisos. Ficam lindos. Estava pensando que “até que eu estou apresentável”, quando uma coruja adentrou meu quarto. Pichitinho. Rony me convidando pra passar os últimos dias de férias na Toca. “Até que enfim ele se lembrou de mim!”, pensei. Pensar... Pensava muito no Rony. Muito mais nele do que em qualquer outro amigo meu. Gostava do jeito dele, mas quando estava frente-a-frente com ele, sempre brigava, discutia, discordava... Porque ele me fazia sentir de um jeito tão estranho... E isso eu não sabia explicar. Só sei que sentia sua falta mais do que tudo e mesmo que encontrar com ele significasse briga, eu estaria na Toca no fim-de-semana com certeza.

Saí. “Hoje eu vou me encontrar com Mr. D.”, pensava. “Ele vai estar com uma blusa verde... como será que ele é?”

Decididamente aquele era o melhor dia das minhas férias. Recebera uma carta do Rony, iria passar uns dias na Toca e conheceria meu amigo virtual!

Pensava ainda nessas coisas, quando entrei no shopping em que nós marcamos o encontro. Parei no meio da praça de alimentação procurando-o com os olhos. Ninguém de blusa verde. “Assim vai ser difícil”, pensei.

Foi quando senti uma mão enlaçar-me a cintura, uma respiração na minha nuca. Estremeci. E uma voz masculina estranhamente conhecida ao meu ouvido, dizia:

- Minha menina!

“É ele”, pensei. Mas ao me virar para abraçar meu amigo, dei de cara com talvez um dos meus piores inimigos: Draco Malfoy.

Milhares de coisas passaram na minha cabeça na hora. Eu queria dizer alguma coisa, mas não saía nada... Ele parecia igualmente perturbado, e assim passamos a eternidade de um minuto somente nos encarando. Foi quando eu percebi que a mão dele continuava em minha cintura.

- Tira a mão daí, seu nojento!

- Você é Menina Mi? – ele disse parecendo totalmente sem graça.

- Infelizmente sou.

Ele começou a rir e depois a gargalhar. Eu ainda não conseguia pensar direito, mas resolvi que ir embora era o melhor a fazer. Ia me retirando, quando ele disse:

- Hei, Granger! Você não vai embora assim, vai? Deixe-me te pagar um sorvete... Afinal somos velhos “amigos”, não?

Não sei porque, mas me deixei ficar. Eu queria respostas pra certas perguntas que pipocavam em minha mente. “Por que um Malfoy se interessaria por uma garota trouxa? Como ele fingiu ser trouxa tão bem? Por que ele teria um computador e como sabia mexer nele?”

- Você não acha engraçado nós dois? – ele perguntou entre uma colher de sorvete e outra.

- O sangue puro e a sangue ruim. – eu disse ironicamente.

- Mudei muito o meu conceito sobre trouxas falando com alguns deles na internet. Quer dizer, eles continuam não sabendo nada, mas até que são legais.

- É você mesmo, Malfoy? Pensei que me odiasse, justamente por eu ter pais trouxas.

- Eu também pensei.

- Então você não me odeia mais?

- Não... e você? Me odeia?

- Nunca te odiei... Te desprezava. E sabe... Até que você não é tão nojento quanto parece...

- Até que você não é tão feia... – ele disse, brincando com uma mecha do meu cabelo.

- Até que você não é tão cavalheiro. – eu disse, ofendida, afastando sua mão.

- Até que você não é tão boba.

- Até que você não é tão idiota.

- Até que você não é tão amável. – ele disse sorrindo, me fazendo sorrir também.

Poderíamos continuar com esse jogo de palavras o dia inteiro. Mas nos desafiávamos com o olhar, ambos com um sorriso no rosto. Fui a primeira a quebrar o silêncio:

- Então... damos uma trégua quando chegarmos a Hogwarts?

- Estava pensando em te ver antes disso. Iria a minha casa nesse fim-de-semana?

- Oh! Mas quanta honra... Conhecer a mansão dos Malfoy... – ironizei – Mas infelizmente não poderei ir. Já vou à casa de um amigo.

- Quem? O Potter? Ah, não, me esqueci que os tios trouxas malvados dele poderão te tratar mal... Afinal eles não tratam bem nem o próprio sobrinho... Poderia ser o Weasley, mas acho que você não ficaria o fim-de-semana inteiro passando fome. Tem ainda o Longbottom, mas ele é tão chato, que você não agüentaria cinco minutos de papo com ele, sem dormir. Ah! Já ia me esquecendo do seu mais novo amigo, Krum, mas acho que não seria legal, ele babando em você o tempo todo... Por isso acho que a melhor opção mesmo é ir à minha casa...

Apesar de ele estar falando mal dos meus melhores amigos, não pude reprimir um sorriso.

- Vou pra casa do Rony, e tenho certeza de que não passarei fome lá. – disse, ficando séria novamente.

- Não acredito que você prefere passar dias no lixo a conhecer minha casa...

- Pelo menos tenho certeza de que lá eu me sentirei muito bem.

Ele engoliu em seco, mas continuou:

- E amanhã? Você poderia me visitar?

- Ora, ora! Draco Malfoy, insistindo pra Hermione Granger ir à sua casa! Irônico, não acha? Nem ao menos me conhece direito... E eu nem confio em você.

- Sinto que te conheço faz tempo.

- Mas não conhece. E nem eu te conheço.

- Droga, Granger! Não vou te fazer nada de mal!

- Por que eu deveria confiar na sua palavra?

- Pelo mesmo motivo que te trouxe hoje aqui. Faz dois meses que nós conversamos. E eu te tratei bem, não foi? Então, aceita ou não? – ele perguntou impaciente.

- Quem sabe?





(continua...)


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