A Passagem da Cozinha



”...Tic..Tac...A Morte não perdoa”

Capítulo 10
A Passagem da Cozinha”



Não Haviam passado duas horas de quando Harry conseguira adormecer, mesmo com a constante imagem de Sírius em sua cabeça, Uma voz o chamou ao longe.
Relutante, Harry abriu os olhos, a cabeça ruiva de Rony o chamava.
—Harry, vamos, Achamos alguma coisa...
—O quê?—Harry continuava zonzo.
—Uma passagem, vem comigo...
Harry vestiu a camisa de qualquer jeito e saiu do quarto com Rony.
—Me explica direito isso daí.—Ordenou Harry
—Bem, primeiro, basta parar de agir como se fosse nosso líder ou chefe.
—Ok!—Harry concordou.Estava sedento de informações e seria capaz de deixar seu orgulho de lado se fosse necessário.—O senhor pode por favor me falar o que aconteceu?—Harry fez uma curta reverência.
—Assim já está bem...Acontece que eu acordei no meio da noite...Eu ouvi uma voz me chamar, aos sussurros.Uma voz rouca e fraca.— Sírius, Harry pensou, quase automaticamente...O amigo também o ouvira... Não era imaginação—Enquanto eu a seguia, ela ficava mais alta...Ela vinha da cozinha... Quando cheguei lá, tudo se calou.A cozinha estava fria, isso por que a geladeira estava aberta…E lá... no chão, iluminado pela luz quase nula, eu vi um quadrado de madeira em destaque...Bastou abri-lo e eu pude ver uma escada de pedra estreita e longa que levava para a escuridão de um porão oculto...
Harry encarou o amigo.Seria mesmo verdade?.Estaria Rony falando sério?
Mas, como Harry estava disposto a aceitar qualquer que fossem as pistas, não recusou-se de seguir Ronald até a cozinha .
Descendo as escadas, Harry imaginou-se fora daquela casa.Parecia que estava preso ali havia séculos...Mas estavam mal era o quarto dia que ali estavam...
Rony abriu a porta da cozinha.Hermione estava debruçada em frente à geladeira, com a varinha na mão, murmurando alguns feitiços inaudíveis.
Harry sentiu remorso por ter gritado com a amiga, mas isso não queria dizer que ele não tinha razão.A Garota se levantou, cansada e abriu a tampa do alçapão.
—Pronto, desativei qualquer tipo de armadilha que pudesse ter ali.
—E quem garante que não as ativou?—Perguntou Gina, que acabara de chegar ao local...
—Estranho perguntar isso, Ginny... Foi você que saiu do quarto no meio da noite hoje...
—Eu vim para a sala! Você me viu aqui quando passou!—A Garota parecia ter perdido a paciência.Hermione tirou o sorriso do rosto.
—Eu... Quem... Como pode provar?—Hermione se embasbacou ao responder
Gina ficou calada, sorrindo triunfante.
“É isso que o medo faz com as pessoas” —Pensou Harry.—”Medo Traz desconfiança”.
—Por que não entra primeiro então?—Rony sugeriu.
—Perfeito.Vou provar para vocês quem é que está falando a verdade
A Garota fechou os olhos e começou a descer os degraus.Era uma escadaria alta de pedra bruta que levava a um lugar oculto pelas sombras.Harry desceu um pouco depois de Hermione, seguido por Gina e Rony na retaguarda.
Hermione acendeu a ponta de sua varinha para iluminar o caminho.Harry seguia a garota com dificuldade, escorando-se nas paredes limosas da escadaria que não acabava.
Aos poucos, Harry sentia que a umidade do ar aumentava, e cada vez mais a escada aumentava o diâmetro dos círculos que fazia, pois Harry descobriu que, por mais que fosse pouco perceptível, eles estavam andando em círculos.
Conforme aumentava a profundidade, a escuridão era maior, e logo todos, menos Harry, que devolvera a varinha de Gina, estavam de varinha acesa.
Hermione começou a descer cada vez mais devagar, contando seus passos com medo de qualquer coisa que estivesse por vir. Harry viu a varinha de Hermione falhar, como se houvesse interferência.A garota chacoalhou a varinha e esta voltou ao normal. Mais uns degraus adiante, a varinha de Gina falhou e apagou.A garota refez o feitiço.A ponta de sua varinha acendeu e novamente apagou.A de Rony também apagou-se em seguida.Ambos tentaram acender, mas as varinhas insistiam em apagar.Hermione também viu sua varinha falhar, cada vez mais bruscamente.
A Garota parou de repente. Harry quase bateu nela e teve de se segurar na parede áspera e úmida para não cair.Rony também quase caiu em cima de Harry e Gina teve de se segurar para não derrubar todos.Hermione sussurrou algo como “Magia oculta” e começou a murmurar alguns feitiços.Aos poucos, as varinhas de Rony e de Gina (que mantinha uma expressão sombria no rosto) foram acendendo. Hermione também acendeu a sua e prosseguiu para o próximo degrau.
A Garota sentiu um solavanco e viu que pisara em falso. Estava pisando no chão fofo e úmido de uma sala com paredes de pedra. Não havia absolutamente nada lá dentro. Harry seguiu Hermione, sendo imitado por Rony e Gina ao pisar no piso terroso.Hermione avançou na direção da parede quando um barulho estrondoso de pedras se chocando os alarmou.A Garota parou de repente, mas não fora ali que o barulho ocorrera.A Porta da escada por onde entraram havia se fechado por enormes rochas que se encaixavam perfeitamente.Hermione fez uma careta grotesca e voltou a examinar as paredes, procurando qualquer sinal de magia oculta.Após vasculhar toda a parede, a garota murmurou alguns feitiços e fracas letras em línguas estranhas piscaram na parede e sumiram.
—Vamos lá... não...Que rude.—Disse ela a si mesma, abrindo um corte em seu braço com a sua varinha. Pegou um pouco de sangue no braço e fechou o corte novamente.Esfregou o sangue pela superfície da parede à sua frente. As escritas reapareceram, mas desta vez não sumiram; A garota leu tudo atentamente umas duas vezes, mas haviam, partes que ela parecia não conseguir ler.Hermione releu um trecho no canto esquerdo e suspirou.—Essas runas falam de um ritual, eu não entendi absolutamente nada sobre isso, mas tem uma parte que eu entendi... fala como sair dessa sala... Temos de encontrar uma porta oculta e pagar com sangue e carne humana.
—Eu pago, se for preciso—Disse Harry—Eu dou meu sangue, e minha carne também—Harry estranhou a própria voz, era confiante e corajosa, mesmo sentindo medo e calafrios por dentro.
—Isso vemos depois, Harry, Agora temos que achar a porta—Hermione disse, começando a murmurar feitiços e encantamentos indistinguíveis.Harry olhava para seu corpo com pesar... teria de decidir o que cortar.Cortar seu corpo, a sangue frio. Harry observava Hermione murmurar feitiços e entoar canções múltiplas...Tomara que não consiga...Tomara que não ache a porta, que ache alguma outra saída...
Harry torcia desesperado para que a garota descobrisse algo, que não fosse necessário fazer aquilo...Harry suava frio, os olhos deslizando por seu corpo, escolhendo qual parte ele sacrificaria...Teria de ser uma perna?Um braço?U talvez uma mão, ou talvez somente um dedo...Harry não sabia.
Seria um preço justo pela liberdade?Não seria melhor Harry decidir ficar e esperar até definhar no piso terroso, numa morte lenta, sentindo cada parte do seu corpo ser decomposta, corroída pelos vermes da terra ou pela fome e sede que cada vez mais o corromperiam?Ou esperaria até que alguém mais corajoso que ele sacrificasse alguma parte do seu corpo, e Harry sairia de lá ileso?
“Isso seria covarde” pensou, vendo Hermione dizer uma formula mágica que fez os finos contornos de uma porta aparecerem.
—É aqui!—Disse a garota se afastando do local.—Deve-se escrever um símbolo, escrito pela carne e com sangue inocente.Desenhe um pentagrama usando sua carne e seu sangue.—A garota falou diretamente a Harry.—Boa Sorte...
Harry segurou o punhal de prata que guardara em seu bolso.O punhal que arrancara do peito de Dobby.O punhal que fora cravado cruelmente no corpo de Percy.Harry lembrou-se da Festa.
Fora ele que colocara os amigos nessa história.Mesmo não tendo culpa alguma, era sua obrigação prosseguir.Harry segurou a faca firmemente e colocou a mão na parede.
Prendendo a respiração, Harry viu a faca chegar perto, Perto demais...
Seu corpo foi corrompido por um formigamento que fazia suas veias queimarem de dor.O toco do indicador esquerdo cuspia pequenos e constantes fluxos de sangue.Harry afastou o olhar da mão que sangrava, Agachou-se e pegou aquilo que caíra.
Era melhor encarar o dedo como Aquilo do que pensar que aquilo era seu dedo; Pensou Harry enquanto usava o dedo como uma pena ou pincel para terminar de desenhar o último traço de um pentagrama.Ainda segurando com firmeza o dedo, Harry viu os contornos de uma porta se materializarem, e logo tornou-se distinguível uma maçaneta na porta de madeira que surgira.
Hermione abriu a porta lentamente enquanto Harry em vão tentava fechar o ferimento do dedo.Mione tentou ajuda-lo, mas o ferimento tornava a abrir.Harry arrancou uma tira de sua camisa suja e amarrou o toco do dedo arrancado, estancando o sangue.
Rony e Gina seguiram pela porta e Harry fechou a fila.
A porta que Harry abrira dava numa nova escadaria de pedra, de teto mais baixo e iluminada por velas de luz verde.Só ali que Harry viu que seu dedo morto e frouxo ainda estava seguro em sua mão.Enquanto subia os degraus, Harry guardou o dedo e a faca no bolso de sua camisa, por precaução.
Hermione subia as escadas lentamente, pois os degraus cada vez se tornavam mais estreitos e escorregadios.A subida nessa escadaria era mais curvada, e as espirais que ela fazia cada vez eram mais acentuadas.Parando quando finalmente chegou ao solo, Mione esperou Rony e os outros para que vissem a sala e tirassem suas próprias conclusões.
Harry pisou no chão da sala e imediatamente a reconheceu.Estavam numa sala redonda e bem iluminada, com uma mesa no centro onde havia um machado ensangüentado.
No canto, Havia uma escadaria como essa pela qual subiam, que levava à uma masmorra que Harry não gostaria de visitar novamente.A porta pela qual teriam de passar estava no extremo oposto da escadaria pela qual eles haviam chegado.
—Para passar para lá teríamos...—começou Harry, pensativo.
—Que passar pela terra que me puxou para baixo—Disse Rony envergonhado.
Hermione, porém se adiantou e pulou em cima da mesa do centro, andando cuidadosamente até o outro lado.Harry tentou imita-la, mas sentia-se fraco para conseguir pular.Tentou se equilibrar, apoiado em uma das mãos, mas isso só fez a dor no dedo—no resto dele—piorar.
Harry persistiu e conseguiu se agarrar numa das bordas e subir.Rony e Gina fizeram o mesmo, e com muito mais facilidade.Quando todos pularam novamente no chão, Hermione abriu a porta.O átrio do alçapão estava do mesmo jeito que Harry e Hermione o deixaram da última vez que estiveram lá, buscando os pergaminhos sobre o ritual.
Como? perguntava Harry a si mesmo, lembrando-se da aparência horrenda que encontrara a sala na última vez.Harry preferiu nem comentar nada, e quando todos subiram de volta ao corredor, Hermione chegou até ele e deixou os outros dois seguirem o caminho.
—Vá se deitar Harry...Você deve estar fraco...
O garoto não tentou negar que estava fraco e com sono.Seguindo para seu quarto, Harry viu os outros fazerem o mesmo, já que todos ali haviam acordado no meio da madrugada. Harry abriu a porta de seu quarto.
Puxando os lençóis lentamente para se acomodar, Harry sentiu que alguém se aproximava. Fraco demais para sentir medo, Harry virou-se.
Sírius o observava tristemente.
—Preciso da sua ajuda, Harry.—O padrinho sussurrou.
Harry não tentou perguntar como, mas o padrinho prosseguiu.
—Tudo envolve um ritual, Harry... Eu posso finalmente me livrar dele...
—Mas... que diabos de ritual é esse?—Harry empertigou-se na cama, mesmo ainda sentindo sono.
—O ritual Harry, serve para me livrar, me libertar da minha outra face...
Harry ouviu atentamente as explicações do padrinho.

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