A Festa



"Quanto mais se descobre, mais começam a desconfiar de você, e às vezes era melhor nunca ter sabido de nada".

Capítulo 1
A festa

Harry abriu o armário sob a pia.Um rojão de pó e cinzas anuviou o ar.—Esse vai ser um dia difícil—Pensou limpando os óculos borrados pelas cinzas.A visão do interior do armário teria causado uma taquicardia em Tia Petúnia.Aliás, ela teria um enfarte assim que entrasse naquela casa.
A Casa dos Black não passava nem perto dos padrões de higiene mínimos de qualquer pessoa que Harry conhecera.Era empoeirada, suja, continha vários objetos estranhos e a maioria de péssimo gosto.Harry arrancou do armário a madeira marejada de cupins que parecia um dia ter servido de prateleira.Arremessou-o para trás displicentemente.
--AI!
Harry percebeu na hora que atingira alguém que estava ali, mas do qual esquecera-se completamente.
--Harry Potter maltrata Monstro, só por que Monstro é elfo e Harry Potter é bruxo.Bem que minha boa senhora sempre dizia...
--MONSTRO--Harry interrompeu-o--O que eu mandei você fazer?
--Limpar o chão da cozinha para ajudar Harry Potter a limpar a casa para ele receber a Sangue-Ruim e os traidores do próprio sangue--Harry fulminou-o com o olhar--A Srta. Granger e a família Weasley, além do lobo...Lupin, para a festa de aniversário.Mandou o Monstro limpar, não reclamar, não gesticular, não fugir, não se esconder, não...
--Chega Monstro continue limpando.E não pare de limpar...
Harry voltou a atenção ao armário.Esse vai ser um dia muito, muito difícil.



Harry terminou de levar o último dos objetos horrendos da casa (uma garrafa de cristal com uma opala na rolha, contendo um liquido escuro que Harry suspeitava ser sangue) para o quarto velho da mãe de Sírius.Suspirou aliviado e admirou seu próprio trabalho.Mal acreditava que em apenas um dia conseguira limpar a cozinha, a sala de estar, de jantar, os quartos de hóspedes, construiu um cercado amplo para Bicuço nos fundos da casa.Nem Tia Petúnia poderia reclamar da limpeza da casa.Mas, graças a Deus estou livre dela, não é.
E era verdade.Harry havia finalmente saído da casa dos Dursley.Sua saída não fora nem um pouco difícil.Na verdade, parecia até que eles iriam festejar.Todos com sorrisos que iam de uma orelha à outra.Harry apenas pegou o Nôitibus e foi para Londres.
Caminhando devagar, ainda lembrando-se da sua gloriosa saída, Harry se deparou com uma porta diferente das que já vira na casa.Por mais que tenha explorado a casa toda nesse dia que passara, bisbilhotando pelos corredores e pelos quartos da mansão, não reparara naquela porta.Era alta e larga, o carvalho escuro era trabalhado por quase toda a sua extensão.Cada centímetro da borda era contornado por serpentes entalhadas, em cujas faces cintilavam rubis, como olhos a encara-lo.Harry envolveu a mão na maçaneta em forma de gárgula e girou.Produzia o som arrepiante do atrito de dois metais, como se o trinco não fosse girado havia anos e estivesse enferrujado.Harry prosseguiu girando a maçaneta, que soltou um estalo e travou.Harry se apoiou na porta e empurrou, mas ela não se moveu.Empenhou mais força, porém era óbvio que ela estava trancada.Pensou em ir buscar a chave mestra da casa, no hall, mas precisava ir tomar banho, pois o jantar começaria às nove.Monstro estava cuidando da comida e, por sorte, Dobby aparecera para dar os parabéns para Harry durante o almoço e resolveu ajudar a cozinhar e a fiscalizar Monstro.
Harry foi tomar banho tranqüilamente. —Nada vai dar errado hoje...—pensou



--Dobby!Está faltando uma taça!--Harry estava a mil: ao mesmo tempo em que passava em vistoria à sala, berrava instruções para Dobby, fazia os ajustes finais na mesa e tentava dar o nó na gravata borboleta--Monstro!Pode ir para seu...quarto.Não quero mais te ver por hoje.--O elfo saiu resmungando algo como "Eles vão ver".

A campainha tocou.

--Traidores do Sangue!Mestiços amaldiçoa...--O quadro da mãe de Sírius começou a berrar
--Incendio--Harry ateou fogo no quadro da mãe de Sírius--Não sei por que não fiz isso antes.--Harry correu para atender a campainha, o quadro em chamas acabou de queimar e Dobby limpou os restos num estalar de dedos.
--Olá Harry, Querido!--Sete cabeças enfileiradas e ruivas passaram cumprimentando-o.
--Os aperitivos Dobby!--Harry ordenou, sentindo-se estranho, como se não combinasse com ele sair fazendo festas chiques e dando ordens a elfos domésticos.Sentia-se pior ao ver a situação dos Weasley, que com toda a sua pobreza desencavaram dinheiro para comprara vestes a rigor de boa qualidade.--Sabe...--Começou, tentando amenizar a situação constrangedora--Gastei quase todo o meu ouro com essa festa...Mas era importante para mim...A saída da casa dos Dursley, A maior idade, Minha mudança para a casa do meu padrinho Sírius...São fatos a comemorar.
--Claro Harry!E vejo que fez um bom trabalho, essa casa está um brinco!Mesmo usando magia você levaria horas para conseguir limpar tudo!
--E limpei tudo com as próprias mãos...Infelizmente nasci às oito.--Todos riram, porém Gina estava muito quieta.Era óbvio que o motivo fora Harry tê-la dispensado no fim do ano anterior.Sentia-se mal por ter feito isso, e mesmo que a amasse muito, continuava concordando que era melhor uma separação.

A campainha tocou novamente.

Lupin entrou, de braços dados com Tonks.Ele vestia um terno preto, de segunda mão, mas mesmo assim muito elegante.Já Tonks, esbanjava luxo, num vestido azul Meia-Noite, saltos muito altos e um coque alto e muito bonito.
--Olá--Cumprimentou Lupin--Como vai?
--Bem, e o senhor?Como vai Tonks?
--Vamos bem...Onde eu deixo o presente?
--Ali, ao lado do sofá.--Harry indicou os presentes dos Weasley.

A campainha tocou pela terceira vez.

--Olá Harry!--Hermione se atirou no pescoço de Harry num abraço que quase o derrubou de costas--Parabéns...Trouxe um presentinho...Coisa pouca, mas acho que vai gostar...--Ela se afastou de Harry e só assim ele percebeu como estava linda.Usava uma sandália dourada de salto agulha, um vestido decotado cor-de-rosa muito bonito, O cabelo alisado e com mechas vermelhas na ponta...Harry por um momento olhou-a com olhos que nunca olhara antes. —Não, ela é apenas sua amiga—Repreendeu a si mesmo.
A garota deixou o presente com os outros e foi se sentar ao sofá.

A campainha tocou mais uma vez.

—Quem será?—Harry imaginou em sua cabeça.Não convidara mais ninguém...Será que a notícia da festa vazara?Girou a maçaneta devagar e abriu.
Não havia ninguém lá fora.Os lampiões ofuscavam no Largo Grimmauld, porém nenhuma viva alma se movia.—Devem ser vandalozinhos desocupados—Harry concluiu fechando a porta e voltando à sala de estar.Dobby chegou da cozinha ao mesmo tempo.
--O jantar está pronto, meu senhor.Dobby irá servir na sala de jantar, meu senhor.
--Harry?Você está escravizando Dobby?
--Não, minha senhora, Dobby se ofereceu para ajudar Harry Potter.Harry Potter sempre foi bom para Dobby, Dobby tem que retribuir.
--Traga, por favor, Dobby...Vamos, então?--Harry acompanhou todos para a sala de jantar.Os lugares estavam marcados com papeizinhos, cada qual com o nome de quem deveria se sentar.Era um jantar de alto nível.Várias taças e copos enfileirados, tal como os garfos, facas e pratos.
--Para o antepasto teremos uma massa seca de Pahluann ao molho Berbecue--Dobby anunciou, com a voz esganiçada e um ar de cheff.Estalou os dedos e as tigelas de cristal se materializaram.Todos experimentaram a iguaria de sabor incomparável que Dobby preparara.Rony e Lupin se atrapalhavam muito para manter as normas de etiqueta.Rony acabou desistindo e pegando a massa (uma espécie de panqueca) com as próprias mãos.
--E então, crianças--Tonks puxou conversa--Dezessete anos...Mais esse ano e poderão sair para o mundo, trabalhar...Já escolheram sua profissão?
--Já--Os três responderam em coro--Auror.
--Muito bom...--Lupin elogiou, Enquanto as travessas de Pahluann eram substituídas por inúmeras sopas e ensopados.--Eu fui um bom auror, porém Fenrir me mordeu e eu virei lobisomem.Mas logo que a lei que obriga a distribuição da poção Mata-Cão for aprovada, e poderei normalizar minha vida...--Todos conversavam atenciosamente, menos Rony e os gêmeos, que se atiraram sobre a comida e estavam comendo vorazmente.
--E o prato principal, finalmente --Dobby anunciou--Salmão levemente grelhado ao molho agridoce, Chester ao Curry, Pasta de Keer com passas e nozes.Estejam servidos...
O banquete se materializou na mesa.Estava magnífico, todos elogiaram o trabalho de Dobby, que encheu os olhos de lágrimas.
--É uma honra servir a Harry Potter, principalmente nessa ocasião tão importante para ele.
--Ah...Obrigado Dobby--Harry apertou a mão do elfo
--Hém, Hém!--Lupin Pigarreou--Gostaria de aproveitar a ocasião, não querendo roubar sua festa, é claro, Harry, mas decidi tomar uma decisão muito importante...Tonks, casa comigo?
Houve um silêncio repentino
BAM
Harry deu um sobressalto.Uma porta batera no andar superior.Todos começaram a aplaudir.Ofegante, Harry restabeleceu-se do susto.Parecia que só ele ouvira a batida.Todos olhavam sorridentes para Tonks, que exibia um anel de noivado muito bonito.Sorriu junto com os outros.Depois do beijo apaixonado que os noivos se deram, Harry decidiu ignorar o barulho e prosseguir com a festa.Encheu sua taça com a mais cara champanhe e propôs um brinde.
--À Paz--Todos brindaram felizes

A campainha tocou.

Harry estremeceu.Em meio a todos os brindes e conversas, desviou de todos os corpos felizes e sorridentes, se dirigiu à porta e abriu.O Largo continuava tão quieto quanto antes. Enraivecido, tirou a chave do vaso de plantas ao lado da porta, onde a escondia, deu duas voltas e meteu-a no bolso.—Vândalos inúteis—Pensou Harry, porém algo o inquietava.Voltou à sala de jantar, temeroso.Dobby trouxe a sobremesa.
--Muito boa a sua comida Dobby--Congratulou a Sra. Weasley.--Poderia me passar a receita?
--Claro...Minha senhora--O elfo respondeu, fazendo uma reverência que fez seu nariz comprido roçar o chão.
--Obrigado Dobby.E poderia trazer-me mais champagne?
O elfo se levantou e já ia saindo quando Harry o interrompeu.
--Eu vou.Fique descansando...Ajudou-me muito hoje Dobby...Eu trago...
Harry se levantou e foi até a cozinha.O silêncio ficou total, exceto pelos roncos baixos de monstro, que dormia no armário sob o triturador de alimentos.Harry puxou a porta da geladeira, porém ela não abriu.Deu um puxão mais forte.Nada.Puxou de novo...E de novo...
--Ela não vai abrir.
Harry congelou.Sentira sua face empalidecer e a respiração parar.Girou sobre os calcanhares e olhou para o lado oposto.A princípio não viu nada, mas depois reparou no ser pequeno e mal-acabado que fixava os olhos cinzentos nele.
--Ela não vai abrir, Harry Potter.
O coração na mão, Harry conseguiu suspirar, aliviado.
--Tem que levantar a porta para depois puxar...Para que fazer esse escândalo todo, Harry Potter?Monstro estava finalmente pegando no sono em seu quarto, quando chega Harry Potter e me acorda!
--Desculpe, Monstro!Agora volte a dormir...--Harry soltou o ar dos pulmões.Suava frio, o coração batia acelerado.Pegou a garrafa e voltou à mesa.Tentou voltar a conversar, porém seus pensamentos não estavam nas novas leis do ministério, muito menos nos empreendimentos promissores da Gemialidades Weasley.Nem mesmo ele sabia onde estavam.
Sentia-se confuso e com sono.Sem perturbar a conversa alheia, subiu as escadas devagar para lavar o rosto no banheiro do segundo andar.Os degraus rangiam assustadoramente.Passou pelos corredores.Destrancou a porta do banheiro.A noite estava abafada e uma água gelada direto no rosto faria muito bem.Tirou a chave da fechadura e a colocou no armário sobre a pia.Retirou os óculos e colocou-os ao lado da chave.Girou o registro e sentiu o alívio da água fria tocar sua face.Mas a água gelada não era nada comparada ao frio que percorreu a espinha de Harry e o fez congelar no mesmo lugar.O som único de uma maçaneta enferrujada sendo girada vinha do extremo oposto do corredor.Desesperado, tateou o armário à procura dos óculos.Suas mãos tremiam.A porta começara a ser aberta...
E nada dos óculos.Harry percebeu que derrubara tudo que havia no armário dentro da pia abaixo.Mexendo e jogando os objetos de dentro da pia, a água fria ainda correndo sobre as mãos, Harry sentiu a haste fina dos óculos e rapidamente os colocou no rosto.A porta continuava a se abrir, vagarosa e mortal.Deu um tapa na porta do armário, mirando-o para o corredor, e sentiu os joelhos dobrarem.A porta estava aberta por completo, e era visível a silhueta de um homem alto, parado, os olhos negros mirando Harry, refletido pelo espelho em meio a escuridão.
Harry quis gritar, mas seu grito foi interrompido por um grito de dor, de estourar os tímpanos, no andar de baixo.Virou-se, com o intuito de correr para ajudar, e sentiu seu coração subir à garganta.
A porta estava fechada novamente.
Mas Harry não deu atenção, pois gritos de pânico começaram a soar, lá de baixo.Seja o que fosse que houvesse atrás daquela porta, tinha atacado alguém.Correu pelos corredores e desceu as escadas.Pulando três degraus de cada vez, Harry chegou à sala de estar, e lá se deparou com ela, perdida em um cato do carpe.A arma do crime.Uma adaga de prata, a lâmina gotejava sangue fresco.Apanhou-a sem pensar duas vezes.Correu para a porta que o separava da sala de jantar e a abriu com um chute.
Estava completamente vazia.
As vozes vinham da porta ao lado, a porta do Hall.
Quando abriu a porta do Hall, foi que percebeu quem fora a vítima.Percy.Deitado no chão, o sangue escorria numa cena trágica que Harry não fez questão de observar melhor.
Todos olharam para ele de supetão, os olhos indo do rosto nauseado para a adaga de prata em sua mão.
--Estava no chão do Hall. O sangue estava fresco.Tem alguém na casa que não devia estar.Está no quarto trancado...--Harry ofegava, mal sabia dizer tudo que presenciara.O Terror.As campainhas, os barulhos, a silhueta misteriosa, a porta...-Não sabia por onde começar.
Lupin tomou a frente, ignorando os gritos agudos de Molly.
--Onde encontrou isso Harry?--As feições do professor se enrijeceram
--Na sala de Estar.
--Como você foi parar lá?
--Estava tonto, tudo girava, as campainhas...Fui ao banheiro lavar o rosto quando vi, a silhueta, de um homem, é só isso que posso descrever dela.Entrou pela porta no fim do corredor.Eu nunca abrira aquela porta antes...Então eu ouvi gritos, não achava os óculos, desci aqui e encontrei isso...
--Remo, A porta está trancada!--Arthur gritava, perdendo o controle.
--Por que diabos você trancou a porta Harry?
--A campainha, alguém tocou e saiu correndo.Eu acho...Estava tudo vazio, eu tranquei a porta e peguei a chave--E levou a mão ao bolso, mas o gesto foi seco, quando os pensamentos voltavam-se para alguns minutos atrás, quando, desesperado tateava o armário em busca dos óculos, tudo caía na pia, inclusive...
--St.Mungus--Harry ouviu a voz da senhora Weasley, e três corpos desapareceram na lareira.
--Harry--Lupin olhou-o preocupado, enquanto os gêmeos juntavam suas coisas.--Por Favor, tente lembrar-se de cada detalhe, cada pequena lembrança é importante.Fred e Jorge fiquem aqui, eu e Tonks vamos ver o que está acontecendo.Lupin pegou a vasilha do pó de flu.Estava quase vazia.
--Chegamos a qualquer momento.
O que ninguém naquela sala sabia é que esse momento nunca chegaria.

N/A: Coloco a capa assim que conseguir

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