A Última Peça



Laços de Vida Capítulo NOVE “A Última Peça”

Sarah olhou atentamente a estante à sua frente, e leu cada título de cada livro ali organizado. Aparentemente sabia o que dizia cada uma daquelas páginas, porque adorava ler e mais ainda, adora ler aqueles livros em especial, sobre defesas e magias avançadas, algumas até considerada negras e proibidas.

Seus pais nunca lhe proibiram de ler realmente sobre esses assuntos, ou foram liberando um a um à medida que ela crescia. E, mesmo se proibissem determinada leitura, ela sempre tinha uma fonte para quem pedir a informação que ela queria e algo mais.

“Diários de um Bruxo- ela leu, tentando se lembrar de onde vinha aquele livro grande de capa marrom. Pegou-o e abriu, verificando um fundo falso, onde havia um outro livro, dessa vez pequeno, com capa de couro preta e três letras em dourado- T.S.R.”

Lúcio apanhou o livro de couro negro no centro da mesa circular e entregou-o a Sarah.

“Este é o seu presente de Natal, mais um passo no seu caminho rumo à gloria.”

“O que é isso?”

“O livro sagrado dos comensais. Este é o diário de Voldemort e será seu a partir de agora.- os olhos de Sarah brilharam- há muito tempo ele sofreu um acidente, mas pôde ser recuperado e é usado até hoje como referência pelos comensais. Você aprenderá muito com ele, basta escrever em suas páginas que ele lhe dará as respostas e as lembranças de que precisa.”

Ela abriu o pequeno livro e não viu nada, a não ser várias páginas em branco, marcadas cada uma com um buraco arredondado bem no meio. Ela pegou uma pena e molhou-a no tinteiro. Posicionou a pena numa das páginas e escreveu.

“Olá...”

“Que bom que finalmente se juntou a mim, minha princesa Sarah.- o diário respondeu e Sarah sorriu encantada.”

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“Como é Hogwarts, Peter?- Aidan perguntou para o irmão, com os olhinhos brilhando pela simples expectativa de que em breve estaria em Hogwarts. Peter pensou um pouco.”

“É o melhor lugar do mundo, Aidan. Será onde você vai encontrar pessoas maravilhosas que estarão para sempre com você, e onde você aprenderá a ser forte e se tornará um homem diante de tantos desafios.”

“Eu vou poder entrar no time de quadribol, e ser capitão como você?”

“Não no primeiro ano, creio. No segundo você deve ficar com a minha vaga, afinal, ao que eu presumo você irá para a Sonserina. Mas capitão...bem, quando você for mais velho, com certeza será um ótimo capitão.- os olhos de Aidan brilharam ainda mais.- E então todas as garotas cairão em cima de você.”

“É assim com você?”

“Mais ou menos.- Peter riu- Não são todas, mas não é difícil.- e Aidan acompanhou o irmão.”

“Mas eu só terei esse ano para convencer a garota que eu quero.”

“Por que, Aidan?”

“Porque ela vai sair da escola.”

“Você está interessado numa garota mais velha, é isso?- Aidan desconversou.”

“Que pena que este é o seu último ano lá, não é?”

“De certo modo, Aidan. Mas eu nunca esquecerei de lá. E este ano, pode deixar, que antes de eu sair você estará a par de vários dos segredos que a escola esconde. Mas você não me disse quem é a garota...”

“E, Peter, quando você sair da escola, vai ficar tudo bem? Quero dizer, quando é que vai ficar tudo bem entre a mamãe, o papai, a Sarah e nós? Quando isso tudo vai terminar?- Peter olhou com carinho para o irmão e sorriu para ele.”

“Eu prometo que este será o último ano conturbado da nossa família, Aidan. Eu prometo que depois desse ano a família Weasley Malfoy será a mais feliz do mundo mágico e então poderemos dizer que o passado nunca mais poderá ser revivido, e que o futuro será brilhante.”

“Mamãe e papai vão ficar bem? Não vão mais brigar?”

“Duas pessoas em verdadeiro amor ajudam-se mutuamente a se tornarem mais livres, mais plenas, mais completas. Mamãe me disse isso. E mamãe e papai têm laços eternos, Aidan. Eles sempre ficarão bem. Assim como nós.”

“Você promete?”

“Eu prometo.- Peter bagunçou os cabelos do irmão, fazendo-o rir- Mas você não me disse quem é a garota...- então Peter parou e pensou um pouco- Não é a Kathy, é?- e o rapaz soube a resposta vendo o garotinho ficar intensamente vermelho.”

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Uma batida na porta do escritório chamou sua atenção, despertando Gina de seus pensamentos. Ela murmurou um breve ‘Entre!’, antes de arrumar-se perante a mesa, colocando as pernas sob a escrivaninha.

Draco abriu a porta ainda em tempo de ver as pernas da mulher sobre a escrivaninha, despertando nele pensamentos insinuantes.

“Olá, amor...- ela falou, olhando para o marido sem entender o olhar dele.”

“Você está linda, sabia?- ele disse, olhando-a vestida apenas com uma camisa preta dele, de botão, mas com os três primeiros abertos- Fazia tempo que eu não te via assim.”

“Estou bem. Só estava pensando em como será daqui por diante.”

“Com as crianças em Hogwarts teremos a casa só para nós- ele falou.”

“A casa é grande, ficará solitária...onde estarão os gritos e a correria?- Draco preferiu ficar calado, apenas sorriu para a mulher- Temos só mais alguns dias com todos eles aqui em casa, depois só no Natal...”

“Eles ficarão bem, meu amor. E como você pôde notar, a Sarah está mudada. Mais carinhosa, sorri mais.”

“Eu percebi isso e por isso fico mais feliz. Mas ainda assim ainda tenho certas preocupações.”

“Quer dividi-las comigo?”

“Você já sabe de todas elas, Draco, com relação àquelas palavras...não gosto de pensar nisso, mas não consigo evitar.”

“Tenho notado que você tem tido pesadelos...é com relação a isso?”

“Mais ou menos. Geralmente sonho com minha infância e com meu primeiro ano. Tenho pensado muito no diário do Tom...não sei por que...”

“O diário foi destruído, Virgínia, há muito tempo.”

“Eu sei que sim, mas de qualquer modo...são só lembranças...pensamentos e palavras...”

“Então vamos pensar o seguinte. As crianças vão para Hogwarts e Peter cuidará muito bem delas. Nós ficaremos aqui, muito bem acompanhados um pelo outro.- Gina sorriu e abraçou-se ao marido.”

“Eu te amo, sabia?”

“Sabia, eu também te amo.”

“Obrigada por estar comigo.”

“Eu sempre estarei, não importa o que houver, Virgínia.”

Ele aproximou-se sorrateiramente, com os olhos estreitos e perigosos. Gina segurou a respiração quando ele parou na frente dela, apanhou-a no colo, botando-a sentada na escrivaninha, passou o braço sobre a mesa, com certa violência, derrubando todos os objetos no chão, e abriu com rapidez a camisa que ela usava, fazendo os botões voarem contra as paredes e ricochetearem.

Draco passou a mão por todo o corpo dela, desabotoando o sutiã e fazendo-a tremer. Aproximou os lábios da curva do pescoço dela, deixando uma marca avermelhada quando seguiu para os lábios, num beijo caloroso e ousado.

“Eu disse que você estava linda...- ele sussurrou, sedutoramente, ao ouvido dela, fazendo-a tremer ainda mais. Com um gesto mais ousado, ele deitou-a na escrivaninha e deitou-se por cima dela.”

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Sarah olhou atentamente para a varinha negra sobre a sua cama. Estava maravilhada com a beleza dela e com o poder que ela lhe proporcionava sempre que a tocava. Seus dedos tremiam e seu coração disparava. Era uma sensação inigualável de poder.

“Pêlo de dragão...- ela foi rapidamente até a estante e apanhou um livro que tinha um capítulo especial sobre varinhas- uma das varinhas que exige mais do dono, por isso são privilegiados aqueles que são escolhidos. Com ela, também as varinhas de pêlo de unicórnio e pena de fênix, são as três varinhas mais poderosas que existem. Aqueles que conseguem a de dragão são geniosos e orgulhosos, muitas vezes irônicos e não medem conseqüências para chegar onde querem e conseguirem o que desejam. Gênio forte e grande poder de persuasão.- Sarah riu. Bela descrição.”

Aidan entrou no quarto e olhou para a irmã. Sorriu e mostrou-lhe a sua varinha. Era quase do tamanho da de Sarah, mas era branca e tinha pêlo de unicórnio.

“Você está feliz por ir para Hogwarts?”

“Eufórica. Você?”

“Também. Mal posso esperar para chegarmos lá.”

“Então, estão prontos para irem para a escola?- Gina apareceu na porta do quarto e Draco logo abraçou-se a ela por trás.”

“Felizes?”

“Muito. Finalmente vamos aprender magia.- Sarah falou, com um sorriso que estampava todo o seu rosto.”

“Bom vermos vocês felizes, crianças. Pena é que agora vão ficar longe de nós.”

“É só por algum tempo, mamãe.- Aidan falou- Voltamos para o natal.”

“E eu vou cuidar muito bem desses pestinhas, não é mesmo?- Peter entrou no quarto e sentou-se na cama, analisando a varinha da irmã- Bela varinha, Sarah.”

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A Plataforma 9 e ¾ estava lotada de alunos eufóricos por ou voltarem às aulas ou finalmente irem para Hogwarts pela primeira vez. Aidan e Sarah eram um dos alunos extasiados que iam para o primeiro ano em Hogwarts, bem como Ephran Potter, o filho mais novo de Luna e Harry.

“Você acha que a Sarah vai ficar bem em Hogwarts, Draco?- Gina perguntou ao marido, olhando atentamente para os filhos, que conversavam com Ephran.”

“Peter vai cuidar bem dela, meu amor, e do Aidan também.”

“A casa vai ficar vazia sem eles...pela primeira vez vazia em onze anos...”

“A gente vai se acostumar, Virgínia, como sempre nos acostumamos. E afinal, eles vão voltar nas férias de dezembro, não vai demorar muito.”

“Peter...- Gina aproximou-se de Peter, que estava falando algo para Kathy- não esqueça de escrever, está bem?”

“Nem você, mãe. Pode deixar que eu vou cuidar bem dos pequenos, principalmente da Sarah.”

“Eu sei que sim.- Gina deu um beijo no filho mais velho e em seguida nos gêmeos. A seguir os três entraram no trem e, segundos depois ele partiu.”

“Você vai ficar bem?- Draco perguntou, fitando os olhos da mulher e vendo preocupação.”

“Sabe quando a gente sente que algo vai acontecer? Que não vai acontecer agora, mas não daqui muito tempo, e a gente não sabe se tudo vai ficar bem ou vai piorar a situação, e sente um aperto por dentro e não sabe o que fazer?- ela suspirou e abraçou o marido- Eu estou sentindo isso agora.”

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“Eu ainda não entendi como puderam colocar a Jackeline como monitora chefe da Corvinal...- Peter comentou, com um olho observando os irmãos conversando com Ephran, e o outro atento a Howard e Kathy.”

“Do mesmo modo como botaram o Haward, você e eu como monitores chefes.- Kathy falou sem muito interesse, mas olhando atentamente para o livro pequeno e preto que Sarah apertava contra o peito.”

“Além do mais,- Haward continuou- Jackeline sempre foi boa aluna, ao contrário do Albert. Mas isso não é importante, ela não é importante. Aliás, Peter, falando em Albert, você soube que a Anna deu um fora nele, não é?”

“Sim, mas e...?”

“E você sabe qual argumento ela deu para fazê-lo?- Peter deu de ombros- Ela...”

“Ela disse que ainda te amava e queria você de volta...depois de tanto tempo ela vem com essa.- Kathy falou, com certo nojo da garota- Bah! Isso é repulsivo!- e mais uma vez Peter deu de ombros, tentando não demonstrar importância.”

“Hei, crianças,- Peter virou-se para os irmãos, mudando o assunto da conversa- do que vocês estão brincando?”

“Snap explosivo.- Sarah falou, deixando o livro sobre as pernas e pegando uma carta.”

Kathy atentou-se à capa com um grande furo no meio e às letras T.S.R. gravadas em dourado no canto inferior. Franziu o cenho, tentando lembrar-se de onde conhecia aquele livro e, principalmente, o que ele significava e por que a simples sensação de olhar para ele já era horrível.

A certo momento Sarah percebeu que Kathy olhava para o diário e, mais do que rápido, guardou-o entre suas coisas.

“Eu...- Kathy olhou cada um dos ocupantes da cabine- Eu...tenho que ir...- ela levantou-se e saiu da cabine.”

“Mas, Kathy...onde você...- Peter levantou-se depressa e olhou para o corredor. Kathy já ia longe- vai...?- ele virou-se para o interior da cabine- Alguém entendeu alguma coisa?- e todos deram de ombros.”

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“Peter, eu preciso falar com você...- Kathy desceu do trem e, depois de alguns minutos, conseguiu encontrar o amigo no meio de tantos alunos.”

“Depois nos falamos, Kathy...depois...isso aqui está uma bagunça...- ele falou, se afastando- ALUNOS DO PRIMEIRO ANO, JUNTEM-SE NA ORLA DO LAGO!- a garota suspirou e decidiu falar com ele depois.”

“(...)”

Sarah, Aidan, Ephran e uma outra garota do primeiro ano juntaram-se num mesmo barco para a travessia do lago até o Castelo. A admiração dos quatro era a mesma, assim como o encanto e o brilho no olhar de cada um. Afinal, aquilo acontecia com todas as crianças que chegavam ao imponente Castelo de Hogwarts pela primeira vez.

Assim que entraram no castelo, ficaram deslumbrados com o salão e a riqueza com que fora decorado para recebê-los. O teto encantado para mostrar o céu era, sem dúvidas, o que mais chamava a atenção das crianças.

“Aidan Malfoy!- uma professora falou e o garoto aproximou-se, tímido, por ser o primeiro a ser chamado.”

Ele sentou-se no banquinho de três pernas e a professora pousou o chapéu seletor em sua cabeça. Demorou alguns minutos para que o chapéu começasse a falar.

“Do que você tem medo, Aidan? Do peso que você sempre soube que carregava? Ou melhor, da missão que você sempre soube que tinha? Uma missão silenciosa que, mesmo sem saber, você vem cumprindo muito bem durante todos esses anos e é graças a você que tudo não está pior. Não tenha medo da sua força, Aidan, jamais.”

“Eu não tenho medo...- ele sussurrou.”

“Não, Aidan, você não tem. Você tem perspicácia para entender tudo o que está acontecendo ao seu redor.”

“SONSERINA!- o chapéu seletor gritou, a mesa Sonserina explodiu e Aidan sorriu, correndo para sentar-se ao lado do irmão.”

“Ephran Potter!- o garoto tão semelhante a Harry Potter aproximou-se e sentou-se no banquinho. Não demorou para que o chapéu anunciasse ‘Corvinal’.”

Após vários nomes e várias seleções, a professora finalmente chamou o último nome da lista.

“Sarah Malfoy!”

“Glória...Poder...é mesmo o que procura, Sarah? Ou seria liberdade? Você tem mesmo certeza que quer ser grande como a sua mente manda? Ou procura o melhor caminho, como o seu coração pede e implora?”

“Sonserina...Sonserina, por favor...- ela pediu num sussurro.”

“Isso não é mais uma escolha sua, Sarah. Deixou de sê-lo há muito tempo. O direito de escolher não cabe mais a você. O que eu faço aqui é escolher a casa do coração de cada um, a casa onde você poderá seguir o melhor caminho para o que você realmente quer. E glória e poder não são o que você quer...”

“Eu quero...você não sabe de nada...- ela brigou com o chapéu, ainda num tom bem baixo.”

“Não, princesa Sarah, você quer liberdade. Liberdade dele.”

“GRIFINÓRIA!- o chapéu sentenciou, para delírio da mesa dos leões, insatisfação de Sarah e, principalmente, extremo espanto de Peter.”

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“Sarah...Grifinória...Sarah...Grifinória...- Peter repetiu durante todo o jantar, sem conseguir comer alguma coisa- Grifinória e não Sonserina...que diabos...como...”

“Você está bem, Peter?- Aidan perguntou.”

“Sim, Aidan, só estou...surpreso com a casa da Sarah...”

“Você pensava que ela viria para a nossa, não é?”

“Seria o mais óbvio.”

“Eu sabia que ela iria para a Grifinória.”

“Como assim sabia?”

“Sarah se parece muito com a mamãe, mesmo que você não note ou que alguém note, mas as duas têm a mesma personalidade forte e, ao mesmo tempo, suscetível a propostas de seu próprio interesse.”

“O que você quer dizer com isso, Aidan?”

“As duas correm atrás do que querem e quando alguém lhes oferece o que querem, elas...”

“Eu já entendi...elas aceitam a proposta para alcançar mais facilmente o que querem, mesmo sem saberem quem são as pessoas que lhes ofereceram tal coisa, é isso?”

“Em resumo sim.”

“Eu nunca tinha prestado atenção nisso...- Aidan deu de ombros e continuou comendo.”

“Peter, Dumbledore é imortal? Fiquei sabendo que ele está aqui há muito tempo, mesmo antes de mamãe e papai estudarem aqui.”

“Dumbledore não é imortal. Ele apenas é...- ele procurou a melhor palavra que definisse o grande mago e não encontrou nenhuma melhor que...- imortal...- e riu- É, ele é imortal, de alguma forma...- viu Aidan sorrindo e dispôs-se a comer.”

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“É engraçado pensar que a Sarah foi para a Grifinória e o Aidan para a Sonserina, não é?- Draco comentou, observando a mulher pintando mais um quadro.”

“Draco, você ainda não se acostumou com esse fato? Faz três meses que as crianças foram para a escola...”

“Eu sei, mas é estranho e não faz sentido algum.”

“Não fez sentido quando o Peter foi para a Sonserina.”

“Mas ele sabia que iria para a Sonserina.”

“Isso não dá mais sentido ao fato.- Draco riu.”

“E essa conversa não vai mudar os fatos.”

“Exatamente. A verdade é que Peter disse na última carta que eles estão bem e se comportando direitinho. Sarah não tem agido de modo estranho. O que é bom e me alivia um pouco, e finalmente as coisas parecem estar tomando novamente os rumos certos.”

“Que bom que você pensa assim, e você parece bem mais tranqüila ultimamente, apesar das noites não dormidas.”

“Como você sabe que eu não tenho dormido?”

“Porque eu também não tenho dormido. Não consigo dormir quando você não está bem, Virgínia.”

“Ainda tenho pesadelos constantemente.”

“Com ele?”

“Eu não sei. Não consigo ver claramente.”

“Talvez não seja nada então.- ela deu de ombros.”

“Tomara que não seja nada.- ela sorriu timidamente para o marido- Eu espero que não seja nada.”

Gina abandonou o pincel em cima de uma das telas e virou-se para o marido, chamando-o com um dedo apenas e mexendo os lábios, falando silenciosamente “Vem...!”.

Draco sorriu para a mulher e abanou a cabeça, pensando desde quando eles estavam assim, tão afoitos. Era como se ele sentisse que finalmente teria todo o tempo do mundo para amar a sua mulher do modo que queria e desejava e que nada nem ninguém iria atrapalhá-los dali por diante.

“Você não vem?- ela sussurrou, com a voz felina, os olhos estreitos, olhando-o de uma forma, no mínimo, excitante.”

Ela suspirou profundamente antes de andar decidido em direção a ela, fazendo-a dar alguns passos para trás e encostar-se à parede, sendo presa por ele. Draco colou o seu corpo ao da mulher e roçou levemente os lábios pelo pescoço dela, descendo-os ao colo e afastando a camisa que ela usava. Sem paciência, abriu todos os botões de uma vez só.

“Essa é a Segunda camisa que você rasga...- ela comentou.”

“Não se preocupe, ainda há milhares no armário.”

“E você pretende rasgá-las também?- ela puxou-o para cima, impedindo-o de alcançar o cós de sua calça com os lábios.”

“É uma ótima idéia.- ele falou, fitando os olhos afogueados dela, antes de beijá-la com ousadia.”

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Kathy parou a alguns metros de Peter, na intenção de chamá-lo para contar a ele algo importante, o que há muito tempo vinha tentando fazer. Mas sempre que ela se aproximava o rapaz dava alguma desculpa ou alguém o chamava, ou, nas raras ocasiões em que ela conseguia conversar com ele, acabava esquecendo de contar o que pretendia.

Dessa vez não foi diferente. O rapaz estava parado encostado numa das árvores do jardim, provavelmente observando o lago congelado, por causa do inverno que se aproximava, e o belo reflexo da lua cheia no gelo. Assim que ela pensou em chamá-lo, viu Anna Hathaway surgir de detrás da árvore e beijá-lo, e o pior era constatar que Peter retribuía o beijo, mesmo depois do que ela fizera, algum tempo atrás.

Ela ficou sem reação durante alguns segundos, até sentir uma mão pousar em seu ombro. Ela virou-se e viu Haward, olhando carinhosamente para ela.

“Ele está cego.- o rapaz falou.”

“Sempre foi. Mas mais do que cego, Peter está surdo e mudo também, pelo menos para mim. Sabe quantas vezes nós conversamos em três meses? Duas vezes. E ambas foram assuntos de monitoria e tarefas...e o pior é que mesmo assim eu me importo com ele, mesmo ele se lixando para mim. Mas sabe o que é pior ainda? É saber que a Anna ainda o está enganando com o traste do Albert e não conseguir dizer isso a ele e me sentir culpada por não fazer isso, me sentir traidora de uma amizade tão longa...E sabe o que é pior do que isso? Me martirizo por uma culpa que eu sei que eu não tenho. É como se o que nós passamos dos 13 aos 15 anos voltasse e ele não se lembrasse mais que eu existo e nada do que 17 anos representou para nós fizesse mais sentido naquela cabeça oca...”

“É porque você o ama, Kathy, e você sabe bem disso.”

“Eu não o amo.- ela disse rapidamente. Olhou para Haward e viu que ele não acreditou- Eu não devo amá-lo. Ele não me ama. E isso é sofrimento.”

“Estamos no mesmo barco, porque eu amo a Anna, ainda a amo.”

“Mas você...”

“É, eu namoro a Camille, ela é uma ótima pessoa, uma das melhores que eu conheço. E sabe a verdade? Aos poucos ela está conseguindo me fazer amá-la.”

“Eu não sei se algum dia eu poderia amar outro que não o Peter. O que eu tenho com ele vai além de qualquer laço normal...eu cresci com ele...e ele é o único que eu realmente conheço e posso dizer que confio plenamente. Mas ele não parece se importar com a nossa amizade de 17 anos...e no final das contas eu não vou esperá-lo para sempre.- Kathy falou, deu um beijo no rosto de Haward e saiu- Vou terminar com a ronda, já que certas pessoas não estão dando a mínima para suas tarefas de monitor chefe- e apontou para Peter, que continuava beijando Anna.”

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Kathy passou pelo terceiro andar, verificando que não havia nada de anormal, nem mesmo o velho Pirraça, que ficara louco o bastante ao longo dos anos para brigar com o Barão Sangrento.

Desceu um andar e percebeu algum movimento no final do corredor. Parou atrás de uma parede e observou uma sombra se aproximar. Espantou-se ao ver Sarah, andando displicentemente pelo corredor, àquela hora da noite, carregando o livro negro numa das mãos e um vidro de tinta na outra.

“Parada aí, Sarah.- Kathy falou, ao que a garota virou-se, surpresa- Você tem uma chance para explicar o que você está fazendo fora da Torre à meia noite.”

“Eu...- ela começou a falar e parou. No mesmo instante tentou esconder o livro nas vestes.”

“Certo, chance desperdiçada. O vidro de tinta é inofensivo, mas eu sei que livro é esse e não deve andar em mãos de crianças como você, Sarah, ele é muito perigoso, sabe?- Kathy empunhou a varinha a apontou para o livro- Accio diário!- o diário voou para as suas mãos antes que Sarah pudesse segurá-lo com mais força.”

“Você não pode fazer isso, ele é MEU!”

“Não, Sarah, não é. Esse diário é de alguém que já morreu há muito tempo e só Merlin sabe porque raios foi parar na sua mão. A partir de agora ele é um objeto confiscado que será mandado diretamente para Dumbledore. Despeça-se dele, porque essa será a última vez que você irá vê-lo.- Kathy se virou.”

“VOCÊ NÃO PODE FAZER ISSO!- Sarah empunhou a varinha, mas Kathy foi mais rápida.”

“Expelliarmus!- a varinha de Sarah voou longe e bateu na parede, deixando a garota desarmada- Eu já fiz, Sarah! E só para constar, você tem 30 pontos a menos, por andar pelos corredores em horário proibido e por carregar objetos perigosos. Agora vá para a Torre antes que eu tire mais 30.- Sarah baixou a cabeça, apanhou a varinha e foi em direção à Torre de Grifinória.”

Kathy já estava indo em direção à sala de Dumbledore, para entregar-lhe o diário quando viu Peter virar em um corredor. Correu até ele e chamou-o. O rapaz virou-se para ver quem o chamara e olhou curioso para Kathy.

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“Ninguém nunca me compreendeu como você, Tom... É uma alegria ter este diário para fazer confidências... É como ter um amigo portátil que se leva para todo lado no bolso...

Querido Tom, acho que estou perdendo a memória. Tem penas de galos nas minhas vestes e não sei como foram parar lá. Querido Tom, não me lembro do que fiz na noite das Bruxas, mas um gato foi atacado e a frente da minha roupa está suja de tinta. Querido Tom, Percy me diz o tempo todo que estou pálida e que estou diferente do que era. Acho que ele suspeita de mim... Houve outro ataque hoje e não sei onde é que eu estava. Tom, que é que eu vou fazer? Acho que estou ficando maluca... Acho que sou a pessoa que está atacando todo mundo, Tom!”

A voz infantil ecoou de forma insistente na cabeça de Peter e ele abriu os olhos, ainda ouvindo o final desesperado das palavras. Porém, não teve muito tempo para pensar nisso, quando foi pego de surpresa por um beijo caloroso de Anna.

“Está frio, o que está fazendo aqui fora?- ela perguntou, enquanto depositava diversos beijos na boca dele.”

“Pensando.”

“Um beijo pelos seus pensamentos.”

“Vários beijos para você esquecer essa idéia.- ela pareceu considerar a questão.”

“Aceito.- e beijou-o novamente.”

Depois de certo tempo Anna parou de beijá-lo e olhou as horas. Peter fez o mesmo. Já era bem tarde, e estava realmente frio. Era melhor os dois irem para o castelo.

“Eu tenho que terminar a ronda- ele falou, lembrando-se de sua tarefa de monitor- É melhor você ir para a masmorra.”

“Vejo você amanhã?”

“Sim, claro.- deu um último beijo nela e saiu, tomando um rumo diferente.”

Peter alcançou o segundo andar e já ia em direção ao terceiro quando ouviu alguém chamá-lo. Olhou curioso para Kathy.

“Podemos conversar?- ela falou seriamente, com o tom firme e alto- Ou você não tem tempo agora?”

“Kathy, eu não posso agora.”

“E talvez nunca mais possa. Ótimo. Você não precisa falar nada, vou iniciar um monólogo muito especial agora, apenas ouça.- ela continuou com o tom sério, que acabou assustando Peter- Faz três meses que eu venho tentando conversar com você, Peter, mas você se tornou um estúpido idiota e, por alguma razão tem ou fugido de mim ou esquecido completamente a nossa amizade. Pela segunda vez!”

“Kathy, eu...- ele tentou.”

“Calado!- ela estendeu a mão e ele se calou- Eu disse que isso era um monólogo, ou seja, só um fala, que no caso sou eu, então abaixe as orelhas e ouça. A chance é única e, diferente da sua irmã, eu não vou desperdiçá-la.- Peter franziu o cenho à menção da irmã- Pois bem, além de ser um estúpido idiota, Peter Weasley Malfoy é um cego que voltou para a ex. namorada e não percebe que ela ainda está com o Albert. Você é patético, Peter, ao acreditar nas palavras doces de uma cobra, sem saber que nem todas as cobras são iguais, mas a maioria é venenosa e traíra. Se você apenas usasse o mapa, veria que nesse momento a sua amada Anna está aos amassos com o nosso amiguinho de infância.”

Kathy retirou o mapa do Maroto de dentro das vestes e atirou-o para Peter, que não o agarrou, de modo que o mapa caiu aos seus pés. O rapaz não se mexeu para pegá-lo.

“Segundo, e mais importante do que a Anna, aliás, tudo é mais importante que ela, se você não quer prestar atenção em mim, não quer me dar atenção, tudo bem. Eu sou apenas uma garota que você conhece há uns míseros 17 anos e que um dia você chamou de melhor amiga. Mas eu não tenho me importado mais com esse rótulo. O fato é que está tudo perfeito para mim se você não me der atenção, MAS NÃO FAÇA ISSO COM A SUA IRMÃ! Preste atenção nela, seu IDIOTA! ELA É A SUA IRMÃ! Você pode perder quantos amigos você quiser, a dor será bem menor do que você perder a sua IRMÃ!”

Kathy olhou para o diário em suas mãos e arremessou-o contra o peito de Peter, fazendo o rapaz agarrar o objeto e sentir a força com que fora lançado. Massageou o peito e olhou para o rosto vermelho de raiva de Kathy. E antes que ele pudesse pensar em dizer qualquer coisa, ela se virou e foi embora.

Peter olhou para o diário em suas mãos, sem entender muita coisa, e apanhou o mapa aos seus pés. Observou os poucos pontinhos se movendo e viu, como Kathy dissera que veria, Anna junto com Albert, na Torre de Astronomia.

Ele pensou em dar um grito, tamanha raiva que sentia, ou mesmo um soco na parede por ter sido tão burro ao ponto de acreditar em Anna novamente. Porém, antes de realmente fazer isso, ele observou os dois pontinhos que estavam ao seu lado, sem haver, efetivamente, duas pessoas ao seu lado.

“Marotos...- ele leu- e...Tom Riddle...- e foi quando tudo fez sentido.”

Ele olhou para os dois caminhos possíveis que poderia pegar naquela situação. Um deles o levaria para a Torre de Astronomia. O outro o levaria direto para a Sala de Dumbledore. Sem pensar duas vezes pegou o segundo caminho.

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Peter olhou seriamente para Dumbledore. O rapaz mostrava-se confiante e decidido. Ele passou as mãos nos cabelos ruivos e esperou Dumbledore dar sinal de que entendera tudo o que ele dissera, ou ao menos absorvera algo. A verdade é que ele bem sabia que o diretor entendera tudo minuciosamente, e Peter estava apenas apreensivo demais para constatar isso sozinho.

“Eu entendi o que você quis dizer, Peter, e a sua inteligência me pegou de surpresa. Há alguns anos, quando eu te disse que não havia como remediar as palavras de Voldemort, eu vi você se tornar um homem com suas palavras. No entanto eu não pensei que você fosse mesmo se tornar um homem aos 11 anos.”

“Sr. Malfoy, o senhor está me ouvindo?”

“Peter...”

“Sim, claro, Peter...por favor, tente entender que a situação não é algo que tenhamos previsto. Para todos Lúcio Malfoy estava morto, assassinado pelo próprio Voldemort durante a guerra. Todos vimos o corpo dele, há vários anos quando o mestre dele caiu. É uma surpresa para mim também que ele esteja vivo.”

“O senhor ficou sabendo disso hoje também?”

“No mesmo momento que você, Peter. Caso não saiba, eu tenho meus modos de ver tudo o que acontece em Hogwarts e ter visto Lúcio Malfoy parado na orla me surpreendeu. O fato é que teremos que lidar com a situação com cautela. Preciso pedir pra você que não conte ainda para sua mãe, será um choque para ela saber que uma das pessoas que mais a fizeram sofrer, no passado, ainda está viva. E o pior será quando ela souber a que propósito essa pessoa voltou.”

“Tem a ver com a Sarah, não tem?”

“Sim, Peter, receio que a Sarah seja a peça principal dessa história. Há muito tempo a história da pequena princesa Sarah está escrita, e receio não haver modos de mudar esse destino.”

“Tem que haver. Mamãe me contou parte dessa história, e eu disse que não acreditava que não poderia haver um modo de mudar tudo isso. Falei pra ela que para todo feitiço há um contra-feitiço.”

“Não se trata apenas de um feitiço, Peter. É uma maldição.”

“Que se dane se é uma maldição, diretor. O passado não pode simplesmente estragar toda uma vida por causa de uma maldição. Maldições são lendas, crenças. Eu posso ser uma criança, mas eu também entendo de algumas coisas. Uma maldição, diretor, é uma forma de transmitir o ódio que uma pessoa tem por outra, é uma blasfêmia, ofensiva e ultrajante. Eu só quero que o senhor saiba, que não importa o que todos digam, eu não vou deixar que um bruxo idiota do passado, que um dia tentou dominar o mundo com a sua psicose, tente estragar a felicidade da minha família, e principalmente da minha mãe, que é a pessoa que eu mais amo nesse mundo, com palavras, blefes ou como o senhor quiser chamar.- Peter terminou e Dumbledore admirou-se com a força do garoto e sorriu.”

“Você tem força, Peter, e será disso que sua mãe vai precisar daqui pra frente. Força e, principalmente, amor e confiança.”

“Lembre-se sempre de uma coisa, Peter, não importa o que acontecer, use sempre o seu amor pela sua família como sua principal arma. O amor pode tudo, vence tudo e, como já foi provado, ultrapassa qualquer barreira posta na sua frente. Com amor, ganha-se força, confiança e se vence a maldade e a inveja. Pessoas como Lúcio Malfoy, ou mesmo Voldemort, diriam que amor e medo são fraquezas, mas eles não sabem que não acreditar nessas duas forças foi a ruína deles. O amor é tudo, Peter, e o medo é cautela. Lembre-se sempre disso e passe isso para todos.”

“Diretor, durante anos eu procurei algo que me ajudasse com essa maldição, com essas palavras. Eu analisei cada frase milhões de vezes, quebrei cabeça. Jamais disse nada sobre isso, a ninguém, nem mesmo a Kathy que é a pessoa que eu mais confio aqui em Hogwarts. Eu impus a mim mesmo que eu acharia um jeito e acabaria com toda a blasfêmia de Voldemort. Minha mãe não pode pagar por erros que ele cometeu no passado, professor.”

“Então...- Dumbledore começou o raciocínio de Peter.”

“Eu achei um jeito de acabar com a maldição.- ele sentenciou.”

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