Feliz Natal



Laços de Vida Capítulo SETE

“Feliz Natal”

“Por muitos anos seguidos Virgínia Molly Weasley foi vista como a pobre vítima de Voldemort, por ter se exposto a todos os males desse bruxo com apenas 11 anos de idade, sendo considerada a segunda pessoa mais nova a enfrentar o Lorde das Trevas e sobreviver.

Porém, nesta última edição de ‘Hogwarts, uma história – Fascínios e Temores’, revista, ampliada e comentada, deu-se um novo rótulo à pequena Gina Weasley: ‘Princesa de Voldemort’. A princípio pode parecer um rótulo satânico ou mesmo dispensável, mas não é.

O fato de ser considerada a Princesa de Voldemort implica que, em algum momento desta trajetória tão dramática dos dois, o bruxo, uma vez tão temido, já tivera sentimentos mais profundos pela então pequena Gina Weasley. Implica ou que Voldemort vira em Gina uma filha ou um grande amor reprimido, ou a teria matado no primeiro instante, mas a manteve viva até o último momento, quando Harry Potter apareceu na Câmara Secreta.”

Peter ouviu alguém bater na sua porta e fechou imediatamente o exemplar de ‘Hogwarts, uma história’, marcando a página que lia com tanto interesse e que seria muito importante para seus objetivos.

“Entre.- ele falou, abrindo um livro qualquer na sua frente, para despistar. Draco entrou e olhou para o filho.”

“Então, está fazendo o quê?- ele perguntou, aproximando-se.”

“Estudando...- ele respondeu rapidamente. Draco riu e levou a mão até o livro, colocando-o de cabeça para cima.”

“Lendo de cabeça para baixo, vai prejudicar sua visão.- falou, com graça- E sua cara não me diz que você estava estudando.”

“Não?- Peter ergueu a sobrancelha.”

“Não. Sua cara me diz que você está pensando demais numa menina para conseguir estudar.- o garoto ficou vermelho e sorriu timidamente para o pai- Quem é ela? Katherine? Sabe que dessa vez eu não me importaria mais de ter uma Potter na família...a garota é até bonita...”

“Não, pai. Kathy é minha amiga.”

“Sua mãe também é, e isso não impede que namoremos e façamos outras coisas. Então não é a Katherine Potter?”

“Não...o nome dela é Anna Hathaway, e você não a conhece ainda.”

“Ela é bonita?”

“Muito...- ele falou, sonhador- muito bonita...”

“E você já a beijou?- Peter abriu e fechou a boca várias vezes, seu rosto ficando rubro como um Weasley ficaria.”

“Pai...isso é...”

“Bem, não me venha com desculpas.- Draco falou- Eu já te disse como foi meu primeiro beijo com sua mãe. Você poderia me dizer como foi o primeiro beijo com a Anna.”

“Foi legal.”

“Legal?- Draco levantou-se, indignado- Legal? Você beija uma garota, seu primeiro beijo, e diz que foi ‘Legal’?”

“O que queria que eu dissesse? Que foi molhado? Porque foi, muito molhado. E quem te garante que foi meu primeiro beijo?”

“Sua cara de bobo apaixonado. Eu já tive treze anos, Peter, sei como é beijar uma garota pela primeira vez. Então, como foi?- ele insistiu.”

“Não foi à força...”

“O que não foi à força?- Draco e Peter olharam para a porta e viram Gina, parada, e perguntaram-se como ela chegava sempre nas horas em que estavam conversando sobre beijos e garotas.”

“O primeiro beijo do Peter.”

“PAI!- Peter o repreendeu e Gina riu, dando de ombros.”

“Eu sei como foi o primeiro beijo do Peter.- ela falou, virando as costas.”

“Você sabe?- perguntaram os dois, surpresos.”

“Claro que sei. É meu filho, eu tinha que saber.”

“Não, não tinha. Ele não te contou, contou, Peter?- o garoto negou e Gina riu mais uma vez.”

“Você quer saber como foi o primeiro beijo dele?- Gina aproximou-se do marido, tocando sua face e olhando-o intensamente.”

“Eu não quero ver isso...- Peter falou, dando com as mãos- Vou deixar vocês a sós...- ele saiu e fechou a porta. Gina riu e se afastou.”

“Você sabe mesmo como foi o primeiro beijo dele?- Draco perguntou.”

“Claro que não, Draco, eu só estava impedindo que você arrancasse uma informação do Peter que, por agora, ele não quer contar. Está certo que eu sinto o Peter, e senti quando ele beijou a garota, mas eu não sei como foi, só sei que beijou e pronto.”

“Ele ia me contar.”

“Não ia não.”

“Ele estava quase me contando.- Gina fez um sinal negativo e abraçou o marido- Tá, ele não estava quase me contando.”

“Ele vai te contar, meu amor, algum dia, depois de algum tempo, fica tranqüilo. Agora vamos, ainda temos que arrumar os gêmeos para a ceia.”

“Caramba, por um momento eu tinha esquecido que era Natal...”

“É, eu sei. Nossa ceia tem que ser rápida, porque ainda teremos que passar na casa dos meus pais. Amanhã abriremos os presentes com as crianças.- Draco deu um beijo leve nos lábios da mulher e sentiu o gosto doce de vinho.”

“Você já abriu o vinho, não foi?”

“Eu não abri nada.- ela falou, sorrindo- Dora abriu e me deu algumas taças...”

“E quanto seria ‘algumas taças’?”

“Umas duas...ou três...- Draco fitou os olhos da mulher- certo, foram seis...- então ele riu.”

“Você fica linda e sexy quando está alta, sabia?”

“Desejável?”

“Sempre.”

“(...)”

A velha mulher trouxe da cozinha uma imponente bandeja de prata, com um belo e suculento peru assado.

“Sente-se conosco, Dora, venha cear.- Virgínia chamou, sorrindo para a mulher rechonchuda e sem dentes.”

“Não se preocupe comigo, senhora- ela falou, com a voz cansada, mas com um sorriso nos lábios- Podem comer e beber que eu cuido das crianças.”

“Não, Dora, que é isso.- Gina levantou-se e foi até a mulher, fazendo-a sentar-se na mesa, ao lado de Aidan- Será bom para conversarmos. Diga-nos algo sobre a sua família, Dora...você nunca disse nada...”

“Dora, não ligue para a Virgínia, ela bebeu um pouquinho...- Dora riu.”

“Não se preocupe, senhor.- então ela virou-se para Gina- Eu não tenho família, senhora, há muito tempo que todos me abandonaram, durante a guerra, a senhora sabe...”

“A sério, Dora?- ela fez uma cara tristonha e prosseguiu- Que triste.- parou e prosseguiu novamente- Mas por que será que eles fizeram isso?”

“Eu não sei...meu marido me abandonou para ficar com um amor de juventude...meu filho casou-se com uma mulher que não era de meu agrado, então eu o repudiei...- Virgínia riu e Draco não prestou atenção.”

“Déja vu!- ela falou, erguendo mais uma taça de vinho e logo depois olhando para o relógio- Está tarde...melhor irmos, crianças, para A Toca!”

“Eu não quero ir...- Sarah e Aidan falaram quase ao mesmo tempo- estou com sono...- Aidan emendou.”

“Vocês não podem ficar sozinhos, crianças.- Draco levantou-se e foi pegar os gêmeos.”

“Não se preocupe, senhor, eu posso cuidar deles.”

“Mas, Dora, é natal. Não queremos te prender aqui...”

“Eu não tenho ninguém para passar o natal, senhor, será a melhor coisa passá-lo com as crianças. E eu acho que os senhores não devem demorar...”

“Então está tudo bem para você?- a mulher fez que sim com a cabeça- Peter?- o garoto olhou dos irmãos para a babá e a mãe, que sorria bobamente.”

“Eu vou com vocês.”

“(...)”

Molly Weasley recebeu Peter no mais aconchegante abraço. Tinha saudades principalmente daquele neto, que só via uma ou duas vezes ao ano, já que ele ficava a maior parte do tempo em Hogwarts. Os outros netos ou eram novos demais e não iam à escola de magia, ou já tinha passado da idade, e a visitavam regularmente. Logo depois ela recebeu Gina com alegria e deu um abraço tão forte em Draco quanto o que dera em Peter.

“Ela não parou de falar em você um só instante.- Kathy aproximou-se por trás de Peter e falou, surpreendendo-o- Disse a noite toda que estava com saudades de você.- o garoto riu.”

“Não sabia que estaria aqui.”

“Meu pai foi convidado também, Peter, aliás, ele sempre é convidado. Você deveria imaginar.”

“Eu esqueci...desculpa...”

“Tudo bem, você sempre foi meio lesado mesmo.- ela falou, com graça.”

“E onde estão meus netinhos lindos, minha filha?- a voz de Molly soou.”

“Dormindo, em casa. Ficaram com sono e nós os deixamos lá, com a Dora.- Molly fez cara feia.”

“Eu não gosto daquela mulher.”

“Ela é boa, mãe.”

“Eu não gosto dela, Gina, não importa o que vocês falem...ela tem um ar...superior...não gosto disso.- Gina apenas riu e puxou Draco para falar com o resto da família.”

Eles cumprimentaram o pai de Gina e os irmãos, todos acompanhados por suas namoradas ou mulheres. Viram Harry e Luna conversando com Rony e Hermione e juntaram-se a eles, numa conversa animada.

“Anna e Haward confirmaram se vão para sua casa?”

“Não, mas eles disseram que iam quando eu fiz o convite. Acho que não terá problemas.- Kathy deu de ombros.”

“Vamos dançar?- ela estendeu a mão e Peter ergueu a sobrancelha- Por favor...?- e ele cedeu, pegando a mão dela.”

Os dois foram para a pista de dança e Peter colocou as mãos na cintura da garota, enquanto ela passava os braços pelo pescoço dele. Os dois puseram-se a dançar a dois passar para um lado dois para o outro, num ritmo lento.

Olharam-se por alguns instantes e sorriram um para o outro. Peter sentiu o coração bater acelerado diante do olhar tão carinhoso da amiga e não soube bem que sentimento era aquele.

Kathy, a certo momento, apoiou a cabeça no ombro do garoto e ele sentiu os pêlos da região se arrepiarem com a proximidade da respiração quente da garota em seu pescoço.

“Seremos amigos para sempre, Peter?- ela sussurrou, com a voz sonolenta.”

“Por que a pergunta, Kathy?”

“Só responda, Peter...seremos?”

“Claro que seremos, Kathy.”

“Isso é uma promessa?- ela perguntou, agora olhando a fundo os olhos azuis de Peter e ele pareceu pensar durante alguns segundos.”

“Sim, Kathy, isso é uma promessa.- ela sorriu para ele, deu um beijo carinhoso no seu rosto, entregou-lhe uma carta, sussurrando um breve ‘Feliz Natal, Peter!’ e saiu, entrando n’A Toca, deixando um Peter curioso para trás, passando a mão por onde ela o beijara.”

“Garotas de novo?- Draco passou o braço pelo ombro do filho.”

“Pai...- Draco olhou para ele- Feliz Natal!- deu palmadinhas nas costas do pai e foi abraçar a mãe, tios e familiares.”

“Vamos embora?- Gina falou, assim que desejaram feliz natal a todos- Estou preocupada com os gêmeos.”

“Eles estão com a Dora, meu amor, não precisa se preocupar...”

“Diga isso para uma mãe como eu, Draco, que não vai adiantar muita coisa.- ela falou com graça, puxando-os para o carro.”

Chegaram em casa e Gina só pôde ir tranqüila para a cama quando constatou que os filhos dormiam calmamente em suas camas e estavam seguros.

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“Venha, Aidan...”

“Sarah, não. Vamos ficar com a Dora.- Sarah olhou para baixo da escada e viu a velha Dora caída e desmaiada no sofá, provavelmente no décimo sono, roncando como um homem roncaria.”

“Aidan, a Dora está dormindo. O que há de mais em irmos para o meu quarto?”

“Porque ir para o seu quarto significa ficar no meio de todos aqueles livros esquisitos e você tentando fazer uma poção esquisita. Sarah, você tem seis anos, é nova demais para saber mexer com poções. Por que você tem que gostar dessas coisas esquisitas e assustadoras?”

“Porque são legais? Porque são divertidas? Você é um bebezinho de fraldas, Aidan, tem medo de tudo.- Aidan verificou mais uma vez se Dora estava dormindo, para ao menos ter alguma esperança de que não teria que sair do lado da babá, mas a velha continuava na mesma posição e roncando ainda mais.”

“Eu sei que eu vou me arrepender disso- ele falou, derrotado, sendo puxado para o quarto de Sarah.”

Chegando lá a garota pegou um livro com a capa negra, intitulado ‘Mestre das Poções’ e um caldeirão, onde já continha alguns ingredientes e um líquido amarelado. Sarah entregou o livro para Aidan, já na página certa, e pediu que ele lesse alguns ingredientes que faltavam.

“Vovô me deu todos os ingredientes...mas tem que botá-los na ordem certa.”

“Eu não gosto quando você fala assim, Sarah.”

“Assim como?”

“De pessoas mortas.”

“Vovô Lúcio não está morto, Aidan, e você vai conhecê-lo.”

“Mamãe e papai disseram que ele morreu há muito tempo.”

“Eles mentiram e só eu sei disso. Aliás, Peter e papai sabem que o vovô está vivo. Vovô disse que eles são uns covardes por não contarem para a mamãe.”

“Foi você quem fez a mamãe ficar doente?- Sarah olhou para o irmão e piscou algumas vezes.”

“Não...- ela respondeu.”

“Então quem foi?- Aidan estendeu um ingrediente final para a irmã, que botou-o no caldeirão, fazendo-o fumegar brevemente e soltar uma fumaça azulada.”

“Foi Ele.”

“Ele quem, Sarah?- nesse instante a porta do quarto se abriu e Aidan suspirou, imaginando que fosse Dora que o tiraria dali e os botaria logo na cama mas, para seu espanto, não era Dora ou qualquer um que ele conhecesse.”

Aidan olhou para a irmã e viu-a sorrindo intensamente. Seus olhinhos castanhos brilhavam muito e ela levantou-se e foi abraçar a pessoa que entrara. O garotinho ainda olhou estarrecido para a cena. Observou atentamente o homem que acabara de entrar, por um instante achando-o muito parecido com seu pai, mas não era.

Este homem era um tanto mais velho e tinha uma face mais severa e maltratada. Seus olhos eram muito cinzas e muito frios e Aidan não conseguiu olhá-los por muito tempo sem que tivesse vontade de morrer. Era notável que aquele homem já sofrera muito e tinha um olhar de ódio e vingança naquele brilho endurecido. Além disso, era bem alto e trajava vestes totalmente negras, pesadas, imponentes e muito frias, como ele. Os cabelos eram longos e muito loiros, quase num tom branco.

“DORA!- ele gritou, afastando-se de Sarah e do homem.”

“Ela não virá, Aidan.- Sarah falou- e a propósito, este é o nosso avó Lúcio.”

“O senhor está morto...o senhor não deveria estar aqui...meus pais...eles...”

“Não gostam de mim?- Lúcio completou- Eu sei muito bem disso. A recíproca é verdadeira. Eu os odeio. Só quem importa dessa família é a Sarah. Apenas ela tem tudo de que eu preciso para uma vida gloriosa.”

“Eles disseram que você é louco...e mau...- Lúcio sorriu.”

“E você deu ouvidos a eles, menino bobo. Não deveria dar atenção aos mentirosos.”

“Por isso não dou atenção a você.- o garoto falou, com raiva- Meus pais vão chegar e...”

“E nós não estaremos mais aqui.- Lúcio falou e viu o espanto no olhar de Aidan.”

“Para onde você vai levar a minha irmã?- Aidan olhou Sarah com receio.”

“Você não precisa saber. Você não vai se lembrar.- o homem falou, ao mesmo tempo que passava as mãos na frente do rosto de Aidan e soprava um pó brilhante nos olhos dele. Pó do Sono.- Vamos, Sarah.”

“Ele vai ficar bem?”

“Piedade não é um sentimento bom, Sarah. Não se preocupe com quem não merece.- depois disso Sarah ficou calada.”

Lúcio apanhou o caldeirão no chão do quarto e analisou o líquido. Murmurou um breve ‘Perfeito’ e segurou Sarah pela mão, a seguir derramou o conteúdo do caldeirão sobre eles. Em segundos os dois desapareceram, sem deixar vestígios de que estiveram ali ou como saíram dali.

“(...)”

Sarah olhou ao redor e pensou que aquele lugar era realmente como ela sempre imaginara. Era escuro e até certo ponto frio, mas ao mesmo tempo, para ela, era aconchegante e mais ao seu estilo: discreto e muito, mas muito, reservado.

“Eu vou ficar aqui para sempre?- ela perguntou, esperançosa.”

“Agora não, princesa.”

“Por quê?”

“Porque não é a hora. Seus pais iriam ao fim do mundo para buscar você, onde quer que estivesse. Não é prudente.”

“Mas eu já disse que não quero ficar com eles.”

“Mas eles querem que você fique com eles. E você deveria estar fazendo o que era o combinado. Sua mãe não está reagindo como deveria.”

“Eu não sei o que é. Estou me sentindo feliz lá.”

“Não importa agora.- Lúcio foi até um canto da enorme sala e abriu um porta- Venha. Preciso apresentá-los a você, Sarah.”

A garotinha seguiu o avô até a minúscula sala. Era bem mais escura que o aposento em que estavam e tinha um cheiro esquisito, nauseante. Lúcio bateu as mãos e as luzes se acenderam, fazendo Sarah assustar-se com o que via à sua frente.

“Feliz Natal, Princesa Sarah.”

A garota olhou ao redor e viu pessoas sentadas ao redor de uma mesa circular. Todas estavam encapuzadas, de modo a esconderem totalmente seus rostos. A atmosfera era tensa e, pela primeira vez desde que conhecera o avô, Sarah sentira medo por estar com ele num lugar desconhecido. Ela tentou se conter, lembrando-se das palavras do avô, tempos atrás, durante um sonho.

“Vai me levar com você?”

“No momento certo, Sarah. Enquanto isso eu tenho certeza que você saberá o que fazer e como fazer.- a garotinha fitou profundamente os olhos do homem e sentiu-se segura.”

“Eu te amo.”

“O amor, além do medo, são as piores fraquezas que alguém pode ter, minha querida. Alguém temido não ama e não teme, apenas manipula e conquista, chega aonde quer chegar, sempre.- ele levantou-se e começou a se afastar- Eu virei quando for o momento, minha princesa Sarah.”

“Obrigada, vovô Lúcio.”

O medo era uma fraqueza. E de modo algum ela seria fraca, porque a desviava do caminho de glória e poder. Ela olhou para o avô e depois para os encapuzados. A seguir observou melhor o local, e viu vários quadros, de homens e mulheres mau encarados, e viu também, no centro da mesa, um livrinho preto, com a capa de couro, que chamou-lhe muito a atenção, principalmente pelo buraco que havia no meio do livro.

“Quem são eles, vovô?”

“Todas as pessoas que sofreram nas mãos de seus pais, Sarah. Hoje você vai saber quem são os verdadeiros vilões da história.”

Lúcio apontou uma das pessoas, bem à frente de Sarah, e este abaixou o capuz. Sarah viu um homem de um olho só, posto para fora do rosto, arregalado e de aparência medonha. Sarah lembrou-se ter visto aquele homem quando visitara a Travessa do Tranco, há uns dois ou três anos. Ela percebeu, então, que além do olho estufado e singular, ele só tinha quatro dedos numa das mãos.

“Este é Pedro Pettigrew, Sarah, um dos homens que vem sofrendo nas mãos de seus pais há anos, e também sofreu nas mãos dos pais de Harry Potter. E tudo isso porque era o melhor amigo deles, imagine se não fosse.- Sarah ficou calada, apenas observando a Segunda pessoa baixar o capuz.”

Era uma mulher, que se não tivesse a face magra, como se fosse um caveira, e as diversas cicatrizes no rosto, até poderia ser bonita. Tinha os cabelos pretos e muito desalinhados e quebrados.

“Bellatrix Lestrange. Imagine só que era da família de Sirius Black, padrinho de Harry Potter. Foi torturada durante muitos anos, principalmente pelas pessoas mais próximas ao Potter.”

“Eles não fizeram...”

“Fizeram mais do que isso, minha princesa.- Lúcio apontou para o próximo- Bella, por favor...- Bellatrix estendeu a mão e retirou o capuz da pessoa que estava ao seu lado.”

Sarah viu uma mulher até bonita, de cabelos pretos e olhos meio puxados, de aparência oriental. No entanto, a mulher não tinha expressões. Seus olhos não tinha brilho, eram opacos e muito escuros e pareciam focar o nada. Sua face era muito branca e pálida e nem mesmo linhas de expressões poderiam ser encontradas. Ela permaneceu parada e imóvel, com a boca aberta, eventualmente babando. Era um estado digno de pena.

“O que aconteceu com ela, vovô? Quem é ela?”

“Cho Chang.- ele disse- Ela estava grávida do seu pai quando ele a abandonou.”

“O que aconteceu com ela, vovô? O que aconteceu...?”

“Ela foi beijada por dementadores, Sarah, teve sua alma sugada e agora vive como uma morta viva, mais morta do que propriamente viva. O bebê nasceu morto, por causa do beijo do dementador. Ele teve sua vida sugada junto com a alma da mãe. Viver sem alma, Sarah, é um castigo pior do que não viver. Muitas pessoas preferiam ter morrido a terem sido submetidas ao beijo do dementador. Seu pai não teve pena quando entregou-a para os dementadores. Todas essas pessoas foram de alguma forma torturadas, direta ou indiretamente, pelos seus pais, Sarah, e é isso que eu quero que você veja.”

“Eles são maus, vovô...eu não quero mais ficar com eles.”

“É só por enquanto, princesa. Mais cedo do que você imagina isso tudo vai acabar e você será livre.- Lúcio apanhou o livro de couro negro no centro da mesa circular e entregou-o a Sarah- este é o seu presente de Natal, mais um passo no seu caminho rumo à gloria.”

“O que é isso?”

“O livro sagrado dos comensais. Este é o diário de Voldemort e será seu a partir de agora.- os olhos de Sarah brilharam- há muito tempo ele sofreu um acidente, mas pôde ser recuperado e é usado até hoje como referência pelos comensais. Você aprenderá muito com ele, basta escrever em suas páginas que ele lhe dará as respostas e as lembranças de que precisa.”

“Obrigada...”

“Agora você precisa voltar.- Sarah tentou reclamar, mas Lúcio foi mais rápido e mandou-a de volta para casa com um feitiço.”

Sarah apareceu na sua cama, já adormecida, e acordaria pensando que tudo aquilo não tinha passado de mais um sonho. E mesmo o diário, escondido dentro de um dos vários livros do seu quarto, que ela só abriria em alguns anos.

“(...)”

Gina encontrou Dora dormindo no sofá da sala e acordou-a, dizendo que já podia ou ir para o seu quarto ou para sua casa, como quisesse, e dispensando-a pelo resto do ano.

Logo depois constatou que os filhos estavam mesmo em suas camas, dormindo seguros, e agradeceu por Dora cuidar tão bem deles.

“Menos preocupada agora?- Draco abraçou a mulher por trás enquanto ela olhava para Aidan.”

“Sim, eles estão bem.”

“Eu vou dormir...- Peter passou por eles- Boa noite!”

“Vamos para o quarto, eles vão ficar bem até amanhã.- Draco deu um beijo na mulher e puxou-a para dentro do quarto, trancando a porta em seguida.”

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“Presume-se que a primeira fortaleza de Voldemort tenha sido a câmara secreta. Lá foi onde ele refugiou-se e, provavelmente, criou seu diário de lembranças e acordou o grandioso e temido Basilisco, para então soltá-lo pela escola e fazer vítimas, em sua maioria trouxas.

Anos mais tarde, vítima da maldade de Lúcio Malfoy, que colocou o diário de Voldemort entre os materiais escolares da pequena Weasley, Gina não chegou a ver as lembranças do Lorde, na verdade, lembranças não são vistas, são revividas.”

Peter, fechou o exemplar de ‘Hogwarts, uma História’, mais uma vez marcando a última página lida. Lembrou-se da carta que Kathy havia lhe dado no Natal, a qual ele não lera ainda. Procurou-a nas suas coisas e encontrou-a debaixo do travesseiro. O envelope era feito de pergaminho, muito bem decorado com alguns desenhos e com a marca dos Potter, fechando o envelope com uma marca de vela. Abriu-a e leu:

“Para Sempre

Uma árvore não fica de costas para ninguém

Dê a volta em torno dela...

As árvores estão sempre de frente para você

Os verdadeiros amigos também!

Árvore plantada com amor nenhum vento derruba

Uma verdadeira amizade também!

Quem planta árvores cria raízes

Quem cultiva bons amigos também

As árvores, como os amigos, produzem beleza para os olhos e os ouvidos!

Na mudança sutil de suas cores

Com o passar das estações

No ondular de suas folhas ao vento e sombra,

Sempre sombra protetora,

Como a dos amigos!

Sombra que varia com o dia,

Que avança e faz vários rendados de luz,

Semelhantes àqueles de estralas!

As árvores são sinônimo de eternidade

Verdadeiras amizades também

São para sempre!

Com carinho,

Kathy”

Ouviu vozes no andar de baixo, saiu do quarto e desceu as escadas correndo, deixando a carta aberta sobre a sua escrivaninha. Deu de cara com ninguém menos que Anna e Haward, parados no meio da sua sala de estar. Ele sorriu e, para seu próprio espanto, e dos outros também, recebeu Anna com um selinho, rápido e discreto, mas que não passou despercebido.

“Precisamos conversar.- ele sussurrou no ouvido dela antes de apertar a mão de Haward e abraçá-lo brevemente- Que bom que vieram.”

“Vocês querem comer alguma coisa?- Gina sugeriu- Lanchar? Preparamos num instante, não é mesmo, Draco? Draco?- Draco olhava insistentemente de Anna para Peter, com um sorriso engraçado no rosto.”

“Ah, pai, esta é a Anna...- Peter falou, entendendo o olhar do pai- E este é Haward.”

“Olá, Anna, Peter falou muito de você- e virou-se para Haward- e de você também, Haward.- completou, rapidamente, de modo a não deixar a garota constrangida.”

“Vamos, Draco, vamos deixar as crianças conversando e vamos fazer um lanche para eles. Peter, se seus irmãos acordarem, cuidem deles, ok?”

“Mas, mãe...”

“Por favor, Peter...só enquanto eu estiver ocupada.- dizendo isso Draco e Gina desapareceram da sala.”

“Meus irmãos não são de todo mau...mas são crianças...- ele informou.”

“De acordo com seus pais você também é...nós somos...- Haward comentou, sentando-se no sofá, na frente de Anna e Peter- E a Kathy, não vem, Peter?”

“Já era para ela estar aqui, não sei o que deve ter acontecido.- nesse instante a lareira da sala se acendeu e de lá surgiu uma Kathy toda coberta de fuligem.”

“Droga...- ela reclamou- Olá para vocês e desculpe o atraso- ela espanou alguma fuligem- Meus pais viajaram e pediram que eu viesse de Pó de Flú.”

“Que bom que veio...- Peter falou- se quiser se limpar, já sabe o caminho.- ela sorriu e subiu as escadas, rumo ao quarto do amigo.”

“Desde quando vocês se conhecem mesmo, Peter?”

“Provavelmente desde que nascemos...”

“(...)”

O dia passou rapidamente, de um modo divertido. Os quatro adolescentes ficaram conversando a maior parte do tempo, rindo, ou mesmo jogando partidas de algum jogo com Draco e Gina e até mesmo os gêmeos.

“Parece que estamos sobrando, não é, Kathy?- a garota olhou para Haward, sem perceber do que ele falava. Então ele apontou para Peter e Anna, andando de mãos dadas pelo jardim um tanto escuro, apenas iluminado pela luz da lua. Ela deu de ombros.”

“Eu não estou me ligando muito neles...não vou mentir que não tenho ciúmes, porque tenho. Afinal, foi sempre apenas Peter e eu...e você tem ciúmes porque gosta da Anna.- ela observou, deixando o amigo envergonhado- Eu percebo isso de longe, Haward.”

“É, mas ela gosta do Peter, não vai adiantar nada.- Kathy riu.”

“Eu já ouvi essa história antes.- Haward ergueu uma sobrancelha, curioso- Meu pai e o pai de Peter eram apaixonados pela mesma mulher, a diferença é que nenhum dos dois estava nem aí para os sentimentos do outro, já que eram inimigos, então puderam lutar pelo amor dela.”

“E quem ganhou?”

“O pai do Peter. A mulher em questão era a tia Gina.”

“Então vai ver está no sangue do Peter conseguir a mulher que ele quer.- Kathy mais uma vez deu de ombros, tentando mostrar que não se importava.”

“Ou talvez não.”

Nesse momento alguém entrou e se juntou a Haward e Kathy. Eles olharam e viram Aidan, parado na porta, olhando timidamente para a garota.

“Aidan...como está, lindinho?- Kathy aproximou-se e deu um beijo na bochecha do garoto, deixando-o vermelho.”

“Bem...- ele sussurrou- ...eu só queria te entregar isso, Kathy, de Natal...- ele estendeu um pequeno coração vermelho de papel e Kathy sorriu, maravilhada, apanhando o presente e dando um outro beijo nele. Em seguida Aidan sorriu e saiu correndo, envergonhado.”

“Tentei fazer um poema, mas não sou bom com isso. Depois pedi ajuda pra mamãe, porque achei que ela soubesse de algo. E ela me disse que não importava o que eu escrevesse, você entenderia.

Com carinho,

Aidan”

Kathy sorriu diante das palavras do garotinho e guardou o coração, de modo que ele não amassasse.

“Parece que ele gosta de você...- Haward comentou.”

“O Aidan?”

“Sim, quem mais seria?”

“Amor de criança, Hawie. Ele só deve ter uma grande admiração por mim, porque eu cresci com o irmão dele e vi o Aidan crescer também.”

“Pois é, mas ele gosta de você. Amor platônico de criança.”

“Certo, veremos se esse amor platônico resiste quando ele encontrar meninas da idade dele.”

“Mas ele gosta de você...- Haward insistiu.”

“Eu sei disso.- e os dois sorriram.”

“(...)”

Peter estendeu timidamente a mão até que tocasse a mão de Anna. Num impulso segurou-a e sentiu-se mais confiante ao vê-la sorrir.

“Isso não deveria estar acontecendo depois do primeiro beijo...”

“Como assim?”

“A timidez...não deveria existir mais. Quero dizer, você já sabe o que eu sinto e pelo que eu entendi você sente o mesmo ou não...”

“Ou não teria te beijado, é verdade. Mas mesmo assim ainda é confuso.”

“Pra mim também. É novo e tal...mas o que eu queria conversar com você...era que...você quer...namorar comigo?- a garota sorriu, tímida, e corou.- Você fica linda assim...- ele não se conteve.”

“Obrigada, Peter...você é ótimo...”

“Então...aceita?- ela segurou as mãos dele contra as suas e tocou seu nariz com o dele, fitando-o.”

“Eu aceito, Peter.- e ele aproveitou a proximidade para beijá-la.”

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