Fantasmas do Passado



Laços de Vida Capítulo TRÊS “Fantasmas do Passado”

Peter nunca pensara que algo pudesse ser tão maravilhoso e imponente como era o Castelo de Hogwarts. Nem em seus mais fantásticos sonhos, a escola poderia ser tão perfeita como ele constatava.

As luzes do castelo brilhavam e reluziam nos olhos do garoto, e toda a sua felicidade por estar ali estava impressa em seu sorriso, àquele momento ingênuo e infantil.

“É perfeito, não é?- ele comentou para uma Kathy tão embasbacada quanto ele.”

“É mais que perfeito.”

Hagrid juntou todos os alunos do primeiro ano em grupos de seis e colocou-os nos barquinhos para a tradicional travessia do lago.

“Isso é magia, Bert.- Peter falou para Albert assim que começaram a travessia- e você não sabe quantas coisas mais há lá dentro.”

Albert ficou calado. Ele não sabia se revidava o que o pequeno Malfoy dissera ou se continuava olhando a imponência do castelo ao longe.

“Um Weasley Malfoy...a primeira vez na história dessas duas famílias. Dois inimigos em um só ser, lutando para seguirem, separados, seus rumos. Não é muito fácil essa escolha, Peter. Para mim, pelo menos, que sempre separei tantas pessoas e as coloquei em casas as quais deveriam realmente pertencer.

Você poderia ser grande em Grifinória, com toda a sua coragem e senso de lealdade e justiça, dignos de um Weasley. Mas encontrará seu futuro em Sonserina e engrandecerá sua sagacidade de um Malfoy.”

“SONSERINA!- o chapéu seletor falou e a mesa de Sonserina explodiu em palmas e vivas por ter mais um Malfoy em sua casa.”

Katherine Potter foi logo selecionada para Grifinória, nem bem o chapéu pousou em sua cabeça.

Albert Freak e Jackeline Logan foram para Corvinal. Peter reparou uma expressão frustrada no rosto de Albert enquanto o chapéu falava algo para ele.

Haward Diggory seguiu para a Lufa-Lufa, como era costume com os Diggory. Anna Hathaway foi a única que acompanhou Peter na Sonserina.

“É uma pena terem separado a gente, não acha?”

“Talvez nem tanto. Isso amplia nossos horizontes, e não será uma casa que vai me separar da Kathy.- a garota riu.”

“Como assim amplia nossos horizontes?”

“Nós poderemos conhecer as outras casas...burlar uma ou duas regras para fazer isso, não será de todo mal...”

“Pelo que conheço da história dos Weasley, você deve fazer jus ao sobrenome...- ela comentou, voltando-se para o incrível banquete à sua frente.”

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Draco tirou o leite do fogão, colocou-o numa caneca e entregou-a a Sarah, em seguida sentou-se na frente da filha, olhando-a.

“Está na hora de dormir, mocinha. Já está tarde e se sua mãe levanta e descobre que você ainda não foi pra cama ela vai brigar com a gente.- ele falou, passando as mãos nos cabelos meio encaracolados e muito ruivos da filha.”

“Mas eu não consigo dormir, papai.”

“Já tentou contar fadinhas pulando a cerca?- a garotinha riu e olhou para o pai.”

“Pai, eu já tenho quatro anos, não conto mais fadinhas!”

“Bem, eu tenho quase quarenta e ainda conto fadinhas quando não consigo dormir.”

“Mamãe te ajuda a contar fadinhas?- Draco franziu o cenho- Às vezes ela fica mais perto de você e começa a sussurrar baixinho, contando, como se estivesse sem ar...- Draco abriu e fechou a boca diversas vezes, encabulado com o comentário da filha- Ela te ajuda a contar?- ela insistiu.”

“Sarah, agora não é hora de conversamos.- ele falou a coisa mais prudente que poderia pensar num curto espaço de tempo- São quase uma hora da manhã e isso não é hora de princesas estarem acordadas. Vamos para a cama, anda.”

Ele estendeu os braços e pegou a filha no colo, em seguida subiu as escadas e entrou no quarto de Sarah e Aidan. O filho estava dormindo tranqüilamente em sua cama e Draco tratou de embrulhar o garoto para que ele não sentisse frio durante a madrugada.

Sarah deitou-se na cama e subiu o edredom até o pescoço. Draco sentou-se na beirada da cama da filha e passou a mão na cabeça dela, dando um beijo em sua testa logo após.

“Pai...- ele olhou-a ainda mais intensamente- posso te fazer uma pergunta?”

“Você me promete que depois vai dormir?”

“Você me promete que vai responder?”

“Você é mais esperta do que eu imaginava.- ele comentou, divertido- Está bem, eu prometo.”

“O que aconteceu com o vovô?- Draco estranhou a pergunta.”

“Bem, o vovô Arthur deve estar n’A Toca uma hora dessas, dormindo tranqüilamente. E o vovô Lupin deve estar nas Bahamas com a vovó Cisa. Mas por que a pergunta, meu amor?”

“Não é o vovô Artie nem o vovô Aluado, pai. Eu quero saber do vovô Lúcio.- Draco definitivamente não estava preparado para aquela pergunta.”

Nem mesmo sabia de onde Sarah conhecia o seu pai. Nunca nem Gina e muito menos ele tinham contado aos gêmeos sobre Lúcio Malfoy e, para qualquer efeito, Remo Lupin era o mais próximo de pai que Draco conhecera. O único que sabia da existência de Lúcio Malfoy, ou que um dia ele já existira, era Peter, e Gina o tinha recomendado a não falar nada.

“Como é que você sabe do vovô Lúcio, filha?- ele ponderou muito bem as palavras e o tom de voz, de modo que não parecesse exaltado.”

“O senhor prometeu...”

“Só me responda, Sarah, eu vou dizer o que aconteceu assim que você me responder.”

“Eu ouvi você e a mamãe comentando alguma coisa com a vovó Cisa...- ela apenas sussurrou a resposta. Draco suspirou profundamente, passando as mãos pelos cabelos.”

“Vovô Lúcio não era legal, Sarah.”

“O que aconteceu com ele, pai?- Draco pareceu ponderar por vários minutos o que ia dizer a seguir- O que aconteceu?”

“Ele morreu, Sarah, há muito tempo.- ele levantou-se, deu mais um beijo na filha e foi até a porta, levando o dedo ao interruptor da luz.”

“Pai...- ele parou o dedo a meio caminho- você me mostra uma foto dele?”

“Algum dia, Sarah.- dizendo isso ele apagou a luz e encostou um pouco a porta.”

Draco não esperava que algum dia um dos filhos fosse perguntar para ele sobre o seu pai. Nem mesmo Peter, que crescera sabendo da existência do avô, jamais quisera saber nada sobre ele.

Ele entrou silenciosamente no quarto, retirou a camisa e, cuidadosamente, deitou-se na cama, puxando o edredom sobre o corpo. Segundos depois, ele sentiu os braços de Gina abraçando-o por trás e a respiração dela em seu pescoço, provocando eventuais arrepios.

“Você está preocupado.- ela sussurrou, e ele soube que, embora estivesse falando, ela ainda permanecia com os olhos fechados.”

“Você me conhece muito bem, não é, Vi?- ele virou-se para ela e esperou que ela abrisse os olhos e o fitasse.”

“Sua respiração está pesada e seu corpo não está se arrepiando como deveria, como sempre acontece quando eu respiro perto do seu pescoço ou passo os dedos pelo seu peito. E eu confirmei a sua preocupação quando percebi que seus olhos estavam mais escuros do que geralmente estão.- ela falou calmamente, enquanto passava as mãos pelos cabelos e rosto dele.”

“Céus, você me conhece melhor do que eu mesmo.”

“Assim como você me conhece melhor do que eu, Draco.- ela falou- mas agora, anda lá, me conta o que está te preocupando.”

“Você se importa se eu te contar somente pela manhã?- ele pediu, dando um leve beijo nos lábios dela, seguido de um apertado e necessitado abraço- Me deixa ficar abraçado com você a noite toda?”

Draco aconchegou a mulher em seus braços de um modo que ficasse confortável tanto para ela quanto para ele. Ficou sentindo o calorzinho dela durante muito tempo, enquanto ficavam conversando ou trocando eventuais palavras.

Até o momento em que Gina não resistiu ao conforto dos braços do marido e adormeceu. Draco ainda ficou acordado até quase o sol nascer, quando finalmente conseguiu dormir, com o rosto escondido entre os diversos cabelos ruivos de Gina, sentindo o cheirinho de rosas de baunilha que emanava deles.

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“Peter, estamos no primeiro dia de aula e eu não acredito que você me convenceu a me perder pelo castelo.”

“Anna, eu só pedi uma companhia. Não foi realmente difícil te convencer a acharmos o quadro da mulher gorda e buscarmos a Kathy.”

“Para fazermos o que exatamente?- ela esperou que ele respondesse, mas ele permaneceu calado, analisando um mapa em suas mão- Conseguir uma detenção na primeira noite em Hogwarts? Ou quem sabe uma expulsão?”

“Você se preocupa demais, Anna. Veja só.- ele passou o mapa para ela- Esse é o Mapa do Maroto, uma das cópias que o tio Harry, pai da Kathy, você deve saber, e o tio Rony fizeram junto com os meus tios gêmeos, Fred e Jorge. Como você deve ter percebido, ele mostra Hogwarts e todos que estão dentro dela. E, talvez, caso tenha observado com atenção, viu que nós dois estamos no terceiro andar e que Kathy está nos esperando no andar de cima, provavelmente debaixo da capa de invisibilidade que foi do pai. O velho e leproso Filch está no Salão Principal, aquela gata nojenta, Soraia, a mais nova espiã do zelador, está no sétimo. Dumbledore, eu realmente acho que o diretor é imortal, está na sala dele, andando de um lado para outro. Mamãe disse que ele costuma mesmo fazer isso. Ela disse que ele parece constantemente preocupado. E todos os outros professores estão em suas camas. Não há perigo algum. Vamos, Kathy deve estar com um mapa e deve ter notado que estamos a caminho.”

“De que mundo vocês vieram?- Anna perguntou, devolvendo o mapa a Peter.”

“Do mundo das travessuras da família Weasley e da família Potter, misturado à perspicácia de um Malfoy e a sensível percepção de uma Lovegood.”

“Vocês são loucos, isso sim. Por isso que eu vou voltar pro salão comunal. Não quero pegar uma detenção logo no primeiro dia.- Peter olhou indignado para ela.”

“Você não tem mesmo espírito de aventura.”

“Não, não tenho, e é por isso que eu vou voltar.”

“Certo.- ele falou, sem muita emoção e dando de ombros- Mas não passe pelo salão nem pelo corredor da direita do segundo andar, Pirraça está rondando por ali. Vá pelo corredor da esquerda e pegue a primeira escada que vir. Desça até acabarem os degraus e siga reto até a porta de ferro, do lado da estátua de cavaleiro de ferro. Então vire novamente à esquerda e ande até a entrada da masmorra. Faça isso o mais rápido que você puder e o mais silenciosamente também. Entendeu?”

“Acho que sim. Você vai demorar?”

“Não precisa me esperar, não sei quanto tempo vou ficar fora. Não se preocupe comigo. Não vou ser expulso nem vão me pegar.- dizendo isso, Peter apanhou a primeira escada que viu e subiu para o quarto andar.”

Peter andou um pouco pelo corredor e parou.

“Achei que Anna viesse.- falou alguém atrás dele.”

“Ela teve medo e preferiu voltar.- ele disse, dando de ombros- Posso ficar debaixo da capa também?- ele perguntou, já puxando a capa de cima de Kathy e cobrindo os dois.”

“Não sabe o que vai perder. Vamos para o lago? Meu pai disse que lá fica lindo quando é noite de lua nova.”

“Minha mãe disse o mesmo.”

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Draco deu um beijo no alto da cabeça de Gina e ficou observando-a dormir durante um tempo. Ela ficava realmente linda enquanto dormia, ostentando um sorriso sereno nos lábios, suspirando eventualmente.

Ele levantou-se cuidadosamente da cama, retirando, com ainda mais cuidado, o braço de debaixo da cabeça da esposa, de modo a não acordá-la. Ele dirigiu-se até o banheiro e só então percebeu como tinha dormido mal, diante das escuras olheiras sob os seus olhos.

“Você não dormiu, não é?- Draco olhou para a porta do banheiro e viu Gina, bocejando, apoiada no batente.”

“Hei, mocinha, ainda está cedo, você pode dormir mais um pouco.- ela deu de ombros.”

“Eu não quero mais dormir. Não se você não for lá pra cama comigo e prometer que vai dormir também.”

“Eu não consegui dormir. Quer dizer, cochilei um pouco quando o sol começou a nascer, mas a minha noite valeu à pena pelo simples fato de te olhar dormir e te sentir em meus braços.- Gina foi até o marido e deu-lhe um carinhoso beijo nos lábios.”

“Vamos tomar banho e descer, talvez essas olheiras sumam um pouco. Teremos tempo para conversar e fazer o café da manhã das crianças.”

“Eu deveria saber que você não se esqueceria da minha promessa.”

“E quando foi que eu esqueci uma promessa sua, meu amor?- ele entrou no box do banheiro e puxou-a pela cintura, colando os corpos.”

“Nunca.- ele sussurrou, baixinho, ao pé do ouvido dela.”

“(...)”

“Então, você vai me dizer o que está te preocupando?- Gina perguntou enquanto preparava ovos com bacon.”

“Deixa que eu faço isso, Virgínia. Prepara o leite das crianças.- Draco tomou o lugar da mulher.”

“Não fuja do assunto, Sr. Malfoy. O que está te preocupando?- Draco desligou o fogo e olhou para a mulher.”

“Sarah.- Gina fitou os olhos cinzas do marido, com um brilho escuro e estranho neles.”

“Sarah? O que ela fez de tão preocupante?”

“Não é só o que ela fez, Virgínia, mas o que ela tem feito. Temos que admitir que ela foge à regra das meninas de quatro anos. Sarah é mais ativa, embora bem mais centrada e fechada. Não gosta de brincar com bonecas, como qualquer criança. Ao invés disso, ela gosta de ao menos olhar figuras de livros de magia, principalmente os de Defesa contra as artes das trevas e outros relacionados. Fora o fato de ela gostar de amarrar latinhas nos rabos de pobres e indefesos gatinhos.- Gina ergueu uma sobrancelha.”

“Quanto a isso eu não posso fazer muita coisa, Draco. É o jeito da Sarah. Mas não é isso que tem te preocupado ultimamente, é?- ele negou- O que foi que ela fez dessa vez?”

“Ela me perguntou sobre o meu pai, Virgínia.- Gina não expressou qualquer reação, pelo simples fato de não saber que reação expressar. Não sabia se ficava em choque ou simplesmente surpresa.”

“Como é que ela sabe sobre o Lúcio?”

“Ela disse que nos ouviu conversar sobre ele com a minha mãe.- Gina pareceu pensar por alguns instantes.”

“Mas, Draco, sua mãe está nas Bahamas há quase dois anos com o Remo. A última vez que conversamos com ela sobre o Lúcio, ou tocamos no assunto, os gêmeos deveriam ter um ano, dois no máximo. Ela não pode se lembrar disso, pode?- Draco considerou o argumento.”

“Você acha que ela está mentindo?”

“Ela não teria porque. Mas eu não imagino um modo de ela ter ficado sabendo do Lúcio. Faz muito tempo que nem nós dois falamos sobre ele, nem teríamos porque falar.”

“Peter? Talvez ele tenha comentado alguma coisa.”

“Não creio. Peter sabe pouco ou quase nada sobre o avô. Acredito que ele só saiba que ele morreu há muito tempo e que foi um cara mau.”

“Então eu não imagino outra forma. Talvez ela tenha mexido em alguma coisa e encontrado um pergaminho, sei lá, falando algo sobre ele.”

“Draco, Sarah ainda não aprendeu a ler. E eu não sei onde ela poderia achar alguma coisa sobre o Lúcio aqui em casa, já que não guardamos nada sobre ele. E até onde eu sei, nem a Narcisa guarda.”

“Talvez você tenha razão, e talvez ela nem se lembre mais do avô e não insista mais nesse assunto.”

“Vamos torcer para isso. Já terminou com os ovos com bacon?- o marido confirmou- ótimo, vamos acordar as crianças.”

Assim que Draco e Gina saíram da cozinha, Sarah e Aidan despontaram na escada. Ambos tinha cara de muito sono e desciam os degraus vagarosamente.

“Que preguiça é essa, meus amores?- Gina perguntou, dando um beijo em cada um.”

“Dormiram bem?”

“Sonhei que tinha ganhado uma vassoura.- Aidan falou, sentando-se no seu lugar habitual na mesa.”

“Nós já discutimos essa questão, Aidan. Você é muito novo para ganhar uma vassoura.”

Gina parou para observar os filhos enquanto eles tomavam café da manhã. Aidan fazia muita bagunça, derramando leite e espalhando a comida pela mesa. Sarah também não era das mais limpas, embora fosse menos desastrada do que o irmão.

“Você está bem, Aidan?- Gina perguntou- Não está com falta de ar hoje?- o garoto negou e sorriu para a mãe.- Sarah?”

“Estou com sono.- Sarah olhou para a mãe e fitou-a durante alguns segundos.”

Foram segundos breves, mas com um cruzamento intenso de olhares. E foi durante esses segundos que Gina viu um brilho diferente no olhar da filha.

Era um brilho estranho, escuro e misterioso, sombrio, que ela só tinha visto no olhar de uma única pessoa, de um único fantasma do seu passado.

Aquele olhar a assustou, mais do que a história de Draco sobre Sarah ter comentado sobre Lúcio Malfoy. Assustou-a como a simples lembrança de Tom Riddle e todas as suas palavras poderiam assustá-la.

Ela desviou o olhar rapidamente, não suportando o brilho. Sarah sorriu brevemente e continuou comendo seus ovos com bacon e tomando seu leite. Gina levantou-se da cadeira, incomodada com a situação.

“Draco, amor...- ela foi até ela e deu-lhe um beijo no rosto, e Draco sentiu algo estranho na mulher- ...você pode levar as crianças no colégio? Por favor...?”

“Virgínia, aconteceu algo?- ele pareceu preocupado, e forçou-se a não perguntar mais nada na frente das crianças.”

“Não é nada, foi só uma dor de cabeça repentina. Você as leva pra mim?”

“Claro, sem problemas.”

“Obrigada.- dizendo isso, ela saiu da cozinha e foi para o quarto.”

“Aconteceu alguma coisa com a mamãe, pai?- Aidan perguntou.”

“Não é nada, Aidan- Draco ainda olhou por algum tempo para onde Gina tinha seguido- É só uma dor de cabeça...eu espero...- ele voltou-se para os filhos- Subam rápido, vistam-se e vamos para o colégio. Quero os dois aqui em baixo em cinco minutos.”

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“Peter, você está bem?- Anna olhou para o amigo, notando algumas olheiras claras e uma cara de extrema indisposição.”

“Estou com sono.- ele respondeu- E estou meio indisposto, com dor de cabeça. Eu não sei explicar, parece que levei um susto, mas não me lembro de ter levado nenhum essa manhã. É estranho...é como se...claro...minha mãe...”

“O que tem a sua mãe, Peter? O que tem ela a ver com essa história?”

“Não fui eu que levei o susto, nem sou eu que estou com dor de cabeça, é ela.- Anna riu.”

“Você está brincando comigo, não está? Como pode isso? Sua mãe não está aqui, nem você e ela são a mesma pessoa...”

“É uma longa história.- ele limitou-se a dizer, antes de sair da mesa e dirigir-se ao corujal.”

“Mãe e Pai,

aqui está tudo bem, já arranjei alguns amigos e eles são até legais. O chato é que o Albert e Jackeline estão aqui, mas isso eu passo.

Como o esperado, fui para a Sonserina, e lá é realmente divertido, embora a maioria das pessoas sejam preconceituosas, mas enfim...

Ainda não tenho muito a dizer, já que estou há tão pouco tempo aqui em Hogwarts, mas já percebi que é um mundo de fantasias e mistérios que vou descobrir.

Saudades,

Peter Weasley Malfoy

Amo vocês!

PS: Mãe, fiquei preocupado hoje. Pode soar idiota, ou até mesmo infantil, mas eu gostaria de saber o que aconteceu essa manhã com você.”

Ele amarrou o pergaminho na pata de uma das corujas da torre e mandou que ela entregasse o mais rápido possível, em troca de três biscoitos, que a coruja devorou com vontade, piou alto e voou o mais veloz que podia, desaparecendo no céu.

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Draco sentou-se na beirada da cama e olhou para o rosto choroso de Gina. Seus olhos estavam um tanto vermelhos e sua face tinha algumas lágrimas. Ele tentou segurar a mão dela, mas ela não deixou, encolhendo-se na extremidade oposta da cama.

O silêncio incômodo pairou entre eles durante alguns minutos, durante os quais uma coruja entrou pelo quarto e deixou que a carta caísse no colo de Gina.

A mulher apanhou a carta e abriu-a. Leu-a e, ao fim, de um leve sorriso sem graça ou emoção, após ler o post scriptum de Peter.

“O que ele escreveu?- Draco perguntou e Gina estendeu-lhe a carta.”

“Veja por você.- ela sussurrou.”

Draco leu a carta e releu várias vezes o post scriptum.

“Do que você tem medo, Virgínia?- ela fitou o marido brevemente, tentando entender a pergunta e medindo uma resposta.”

“Do passado.- ela falou, com sinceridade.”

“O passado não volta, meu amor.”

“Mas os fantasmas do passado voltam, Draco, e é isso que me assusta, a possibilidade, a dúvida e o receio. Eu posso não falar nesse assunto, mas eu tenho medo do passado, das palavras...”

Draco levantou-se da cama e foi até o escritório ao lado. Lá, apanhou uma pena, um tinteiro, um pergaminho e uma Penseira com o nome de Gina.

“Responda à carta de Peter.- ele falou, entregando-lhe as pena e o pergaminho.”

“O que eu digo?”

“A verdade. Você sempre foi sincera com ele.”

Gina escreveu rapidamente, enrolou o pergaminho e mandou-o pela mesma coruja que entregara a carta de Peter, que provavelmente ficou esperando para levar a resposta.

“E depois, Draco?”

“Depois que você vai esquecer o seu passado por um tempo.”

“Eu não quero esquecer meu passado, Draco. Eu não quero porque se eu esquecê-lo, eu ficarei vulnerável a ele.”

“Você quer esquecer, Virgínia, você só não admitiu isso ainda. Eu prometo que será só por enquanto, algumas horas, nem que seja para você se acalmar um pouco e seja lá o que quer que tenha mexido com você hoje, eu não vou correr atrás por enquanto, ok?”

Gina sorriu para o marido, antes de apanhar sua varinha e retirar da mente, vários pensamentos em fio e botá-los na Penseira. Em seguida, deitou-se na cama e adormeceu, tendo um sono sem sonhos, calmo e sereno, sem qualquer lembrança de um passado sombrio, sem qualquer vestígio de seus fantasmas.

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“Querido Peter,

Que bom que está se divertindo em Hogwarts, mas tome cuidado quando for fazer alguma coisa, principalmente quando essa coisa for contra milhares de regras.

Aqui em casa está tudo, de certa forma, vazio sem você. Sentimos a sua falta. Não só eu (posso dizer que principalmente eu, mas não só), mas também os gêmeos que sempre te tiveram como o irmão mais velho a ser seguido e, claro, o seu pai, que agora limita-se a brincar de blocos de montar com Aidan e Sarah, e não mais de corrida de vassoura pela casa, quebrando todo e qualquer vaso que esteja no caminho. Bem, os vasos hindus agradecem, obrigada!

Eu nunca levei a sério o meu palpite sobre Albert Freak ser chamado para freqüentar Hogwarts, mas já tinha percebido uma pontinha de magia no garoto e descobri que o pai dele é um aborto e nega os bruxos, mas isso não vem ao caso de todo modo.

Quanto ao seu post scriptum, não se preocupe, não foi nada realmente grave, pelo menos assim eu espero. Apenas algumas preocupações. Aidan não teve mais crises, o que é bom, e isso me deixa aliviada. Mas Sarah tem agido de forma estranha ultimamente. Tem perguntado ao seu pai sobre o Lúcio, avô de vocês.

Pensamos em diversas formas sobre como Sarah ficou sabendo do avô, mas nenhuma bate com a realidade. O fato é que ela está com a idéia fixa de saber sobre o avô, e isso me assusta, de certa forma.

Hoje de manhã eu notei algo estranho na sua irmã, não só como ela agia, mas o modo como ela me olhava e, talvez por isso, eu tenha ficado mais assustada e indisposta, e isso acabou te afetando de alguma maneira.

Conversei com o seu pai sobre algumas dessas coisas e acredito que ele não vai insistir muito nessa história, pelo menos não enquanto eu não estiver preparada para falar de tantas coisas que um dia já me assustaram tanto e que hoje sobrevivem os fantasmas.

Mas eu não quero te preocupar com isso porque é uma história que ficou no passado, morreu por lá e não deve mais ser motivo para assustar qualquer um que seja.

Eu vou ficar bem e quero que você fique também. Quero que você se divirta em Hogwarts e que aproveite seus mistérios, que são muitos, acredite. As paredes milenares do castelo escondem segredos que só os mais atentos e perspicazes são capazes de encontrar, lembre-se disso.

Papai manda um beijo e tenho certeza que se os gêmeos soubessem que eu estou mandando essa carta pra você, também mandariam milhares de beijos.

Com amor,

Mamãe.

Amo você, meu amor.”

Peter releu a carta que a mãe mandara mais cedo. Passou os olhos pelas partes mais importante e tentou não ficar ou parecer preocupado, mesmo que a mãe tenha dito para ele não se importar muito com o assunto, que eram apenas preocupações e lembranças.

Ele guardou o pergaminho dentro das vestes e olhou ao redor, tentando esquecer o que acabara de ler. Observou atentamente os jardins, sentindo a brisa fria passar pelo seu corpo e arrepiar os pêlos do seu braço e do seu pescoço.

Percebeu, naquele dia, que o lago era realmente lindo durante a lua nova. Aliás, em qualquer fase da lua Peter acreditava que o lago era perfeito.

“Eu ainda não tinha percebido como isso aqui é bonito...- ele comentou, sentando-se na orla do lago.”

“Peter, nós só viemos aqui ontem, de madrugada, quando chegamos na escola, não tinha mesmo como notar toda a beleza do jardim e do lago de Hogwarts.”

Peter e Kathy ficaram algum tempo por ali, conversando amenidades e rindo. Lembraram-se de diversas ocasiões em que estiveram juntos, desde que tinham quatro anos de idade e passaram a freqüentar a escola primária.

“Nos conhecemos há tanto tempo...acho que você é a pessoa que eu mais conheço, digo, da minha idade.- Kathy riu.”

“E eu provavelmente sou, Peter.- Kathy olhou atentamente o mapa do maroto em suas mãos, enquanto Peter mirava um ponto fixo no lago.”

“O que você tanto olha nesse mapa, Kathy? Por acaso você quer ir embora agora? Ainda está cedo, nem são quatro horas da manhã...acho que vou esperar o sol nascer, deve ser muito bonito daqui do lago.”

“Peter...- o tom de Kathy era sério, o que fez Peter olhá-la com atenção- ...você sabe se tem outro Malfoy na escola, estudando em alguma série mais avançada?”

“Que eu saiba não, Kathy. Até onde eu sei, eu sou o único Malfoy da família em idade escolar. Por quê?”

A garota estendeu o mapa para ele e apontou um pequeno ponto próximo à orla da floresta proibida. Debaixo do ponto, em letras mínimas e quase ilegíveis, Peter forçou-se a acreditar que lera mesmo o nome de...

“Lúcio Malfoy.”

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