Mudanças de Rotina



Laços de Vida Capítulo DOIS “Mudanças de Rotina”

“O pôr do sol estava um tanto avermelhado naquele dia, e as cores fortes e vibrantes do poente misturavam-se às cores frias do mar, marcando um belo contraste entre o laranja e o azul.

A areia da praia, fina e fria, grudava nos pés de Gina, mas ela pouco se importava. Ela aproximou-se do mar, deixando que a água cobrisse seus pés e a brisa tocasse seu rosto.

Minutos depois, sentiu Draco atrás de si, abraçando-a carinhosamente, passando a mão levemente por sua barriga, causando-lhe uma sensação confortável.

‘É uma pena que tenhamos que voltar amanhã...- ela resmungou, ainda olhando atentamente para o sol no horizonte.’

‘Realmente é, mas não podemos ficar mais tempo. Peter não pode mais faltar aula. Um mês já é tempo suficiente de folga.’

‘Desde quando você se importa com a escola trouxa do Peter?- ela apoiou a cabeça no peito dele e o fez envolvê-la ainda mais com os braços.’

‘Desde que eu sou o novo Draco Malfoy.- ele falou com graça.’

Draco e Gina ficaram abraçados por longos minutos, apreciando o horizonte, que foi perdendo, aos poucos, a cor avermelhada, e tomando um tom mais negro. A lua cheia apareceu logo em seguida, refletindo-se nas águas calmas do mar.

‘Vamos entrar.- Draco sussurrou- Está ficando frio pra você aqui fora. Não quero que fique resfriada.’

‘Você tem estado muito super protetor ultimamente...’

‘Eu sei, mas esse é meu dever de marido zeloso e cuidadoso para com a saúde de sua mulher e seus filhos.’

Gina não reclamou. Draco guiou-a para longe do mar e do sereno, levando-a direto para a bela casa de praia da família Weasley Malfoy.”

Gina envolveu Peter num abraço e continuou dormindo, ao lado do filho mais velho. Era bom sentir o calorzinho dele, e o braço dele sobre o seu. E melhor ainda era poder sentir a respiração dele tão ritmada com a sua.

Segundos mais tarde, ela sentiu um abraço apertado, e vários braços tocando-a, acariciando seus cabelos, e baixos sussurros em seu ouvido, incitando-a a abrir os olhos e descobrir quem era.

“Bom dia, mamãe...”

Gina não pôde deixar de sorrir diante da imagem de seu filho mais novo, Aidan, agora com quatro anos. Ao lado dele, e sorrindo tanto quanto o garotinho, estava Sarah, de um jeito engraçado, com os cabelos ruivos sobre o rosto, bagunçados.

Peter acordou logo em seguida, e olhou com uma cara de extremo sono para os dois irmãos pequenos. No entanto, viu Sarah sorrindo para ele e agarrou-a, fazendo-a cair sobre ele. Aidan pulou em cima da mãe, e os quatro ficaram brincando na cama por algum tempo.

“Ok, ok... bandeira branca...eu desisto...- Gina arfou, pedindo que os filhos parassem de fazer cócegas nela.”

As três crianças pararam, e assim Gina pôde Ter uma visão ainda melhor dos filhos, todos na sua frente.

O mais velho, Peter, tinha agora onze anos, e mudara tanto quanto podia-se imaginar em quatro anos. Seus cabelos, antes loiros, estavam agora mais escuros, num tom avermelhado quase ruivo, e seus olhos, antes tão cinzas, tomaram uma coloração azulada, como o céu.

Aidan, o mais novo, era loirinho e ainda mais parecido com Draco do que Peter era quando tinha a idade do irmão. Mas o que o diferenciava do pai, eram os olhos. Os de Aidan eram claros, tão azuis quanto os de Peter.

Sarah, a única menina entre os três, tinha os cabelos muito ruivos e os olhos muito castanhos, como os de Gina. Seu sorriso era por vezes indecifrável, e seu gênio, arredio, tornava-a séria e reservada.

“Quer dizer que foi só eu tirar o olho que os pestinhas já vieram acordar a mãe de vocês?- Draco apareceu na porta do quarto, fazendo com que todos se virassem para ele.”

“Que mãe não gostaria de ser acordada desse modo todas as manhãs, Draco?- Gina falou, acenando para que ele se juntasse a eles na cama.”

Aquela era uma bela manhã de Julho, ensolarada como bem seria durante todo o verão inglês...

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“Para fazer uma obra de arte não basta ter talento, não basta ter força...- Draco começou a ler, no rodapé de um dos quadros que Gina estava pintando- ...é preciso também viver um grande amor!”

Gina virou-se para ele, largando o pincel sobre a mesa e retirando o avental. Sorriu discretamente e aproximou-se do marido, abraçando-se ao seu pescoço e dando-lhe um caloroso beijo.

“E é por um grande amor que eu vivo.- ela falou, junto aos lábios dele.”

“Eu tenho algo para falar com você...- Draco pareceu sério nesse momento, ao que Gina sorriu-lhe, como se já soubesse qual era o assunto.”

“Não precisa dizer o que é. Eu sei sobre a carta de Hogwarts para o Peter.- embora mantivesse um sorriso maravilhoso, Draco pôde ler a tristeza estampada nos olhos da mulher- Sei que chegou esta manhã e que nós só temos mais um mês com ele antes de ele ir cursar o primeiro ano na escola.- ela deu de ombros e virou-se de costas para o marido.”

“Ele vai gostar da escola.”

“Eu sei que vai. Que criança não gostaria de estudar num castelo milenar, cheio de segredos em cada fresta de suas paredes?”

“Então...?”

“Eu só vou precisar me acostumar a não tê-lo mais tão próximo a mim como eu sempre tive. Peter precisaria voar sozinho algum dia, não é mesmo?- Draco sorriu para a mulher e abraçou-a, tentando confortá-la.”

“Ele virá para o Natal, não se preocupe.- ele sussurrou- Vamos contar a novidade para o Peter, ele vai adorar visitar o Beco Diagonal.”

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Os olhinhos azuis de Peter brilhavam com tanta intensidade como nunca. Seus lábios formavam um enorme sorriso pelo simples fato de saber e lembrar que em breve estaria indo para Hogwarts, a melhor escola de Magia e Bruxaria de todo o mundo.

Era maravilhoso o modo como seus pensamentos sempre voavam para a imagem do imponente castelo, esperando apenas que ele chegasse lá para que tivesse tantos e tantos segredos desvendados.

E o garoto mal podia esperar para que o dia chegasse, e pudesse então ser selecionado para a Sonserina e, quem sabe, para o time de quadribol de sua casa, talvez como artilheiro ou batedor.

Cada esperança, cada pontinho a mais imaginado fazia seu coração palpitar e querer sair do peito, de tanta felicidade. E no momento, ele apenas desejava que seu pai pisasse logo no acelerador do carro para que chegassem ao Beco Diagonal, para comprarem todos os seus materiais de bruxaria.

E Peter lembrava-se vagamente de já ter estado no Beco Diagonal antes, mas há muito tempo, quando ainda era bem pequeno, e por isso tudo estava tão mudado e tão mais mágico aos seus olhos.

“Onde nós vamos primeiro?- Peter perguntou, enquanto pulava na frente dos pais, cada um segurando no colo um dos gêmeos- Onde? Onde?”

“Olivaras. Não há lugar melhor por onde começar que não pela varinha.- Gina sugeriu, indicando a loja de Varinhas do Sr. Olivaras.”

Assim que toda a família entrou, não demorou para que uma escada saísse rolando de trás das prateleiras, com o velho senhor sobre os degraus mais altos. Ele olhou cada um ali e sorriu principalmente para Gina e Peter.

“Família Malfoy...esperava mesmo a visita de vocês, principalmente a sua, Peter.- o garotinho ergueu a sobrancelha, mas não hesitou em pegar a varinha estendida do bruxo à sua frente.”

A reação imediata foi uma série de explosões, entre caixas, vasos, vidros e, por fim, a própria varinha que Peter segurava.

“Não, não, definitivamente não. Você não tem o gênio de rabo-córneo-húngaro do seu pai. Varinhas de dragões não são para você... No entanto...- o Sr. Olivaras parou para olhar as duas crianças no colo dos pais.”

Sarah permaneceu séria e atenta demais ao semblante velho de Olivaras, e mais ainda ao olhar penetrante que ele lhe lançava. Aidan sorriu graciosamente para o senhor.

“Sua irmã terá o privilégio de estudar com uma varinha de dragão.- o velho analisou, antes de voltar para detrás das prateleiras e trazer uma outra varinha para Peter- experimente essa, de unicórnio.”

Peter não sentiu nada ao pegar a varinha. Nenhuma reação imediata ou explosões.

“Vamos lá, balance...- o Sr. Olivaras pediu, ao que o garoto balançou brevemente a varinha, fazendo com que, da sua ponta, saíssem faíscas coloridas e abundantes, formando vários desenhos pelo ar- Perfeito! Ela te escolheu.- o Sr. Olivaras falou- Use-a bem, Sr. Malfoy, não é qualquer bruxo que pode com uma varinha de unicórnio- ele finalizou, com um sorriso misterioso.”

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Gina botou Sarah no chão, ao lado de Aidan, enquanto ia ajudar Peter a tirar as medidas das vestes de Hogwarts. Madame Malkin já estava dando conta de tudo, com todas as suas fitas mágicas, mas era maravilhosa a sensação de perceber o quanto seu filho crescera sem que ela se desse conta.

“Você vai ficar lindo com a roupa de Sonserina, Peter.- Gina observou- talvez como o seu pai.”

“O que tem eu?- Draco chegou por trás de Gina, abraçando-se à cintura dela e colocando seu queixo sobre o ombro da mulher.”

“Estava falando pro Peter sobre como você ficava charmoso com as roupas da Sonserina.”

“Você nunca me disse isso...”

“Eu sei. Eu não queria alimentar o seu ego.- o homem sorriu.”

“Sério? Pois saiba que apenas por estar com você ao meu lado já alimentava muito o meu ego...- ele confidenciou em seu ouvido, fazendo-a estremecer.”

“Os senhores vão querer algo mais além das fardas de Hogwarts?- Madame Malkin perguntou- Um vestido para a senhora, talvez?”

“Ah, não senhora, obrigada. No momento estamos querendo só as vestes do Peter. Vamos pagar e vamos resolver os materiais escolares na Floreios & Borrões.- Draco falava, enquanto as roupas recém feitas de Peter eram colocadas magicamente em uma sacola.”

“Draco...?- a voz de Gina veio baixa e preocupada, ao que o homem se virou para a mulher- Onde estão Sarah e Aidan?”

Draco olhou pela loja rapidamente. Em seguida, pelo vidro da janela. O que viu foi uma enorme multidão.

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Sarah apanhou a mão do irmão e puxou-o para fora da loja, enquanto os pais estavam entretidos com as roupas de Peter.

“Vamos voltar...- Aidan pediu.”

“Lá dentro está muito chato.- Sarah retrucou, olhando a fundo para Aidan- Vamos em um lugar legal que eu vi ali...”

“Mamãe não vai gostar.- Aidan já estava prestes a voltar para a loja quando Sarah o puxou.”

“Ela nem vai perceber que saímos. Voltamos logo. Vamos, Aidan...”

Sarah fez aquela carinha que Aidan tanto odiava. Uma expressão de inocência e boas intenções que convenciam qualquer um. E, apesar de ter apenas quatro anos, e entender tão pouco do mundo, Aidan sabia que odiaria sempre aquela expressão, porque seria ela que sempre o convenceria a entrar em confusões com a irmã ou fazer o que ela pedisse.

“Então vamos rápido!”

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Draco e Gina mandaram que Peter permanecesse na loja enquanto iam procurar os gêmeos. Gina desesperou-se ao constatar que nenhum dos dois estava em qualquer uma das lojas mais próximas ou das mais chamativas para crianças.

“Eles podem estar em qualquer lugar...”

“Calma, Virgínia, nós vamos encontrá-los.”

“Nós temos que encontrá-los.”

“Certo, já olhamos nas imediações...lojas de doces, logros, animais, quadribol...”

Draco parou. Ficou pensativo durante alguns segundos. Olhou para as diversas lojas, inclusive as mais distantes, cujos letreiros quase não podiam ser vistos. Foi quando parou seu olhar numa pequena, feia e velha placa, próxima a um beco escuro.

“Travessa do Tranco...- ele sussurrou.”

“Como...?”

“Nada.- ele virou-se para a mulher- Pegue o Peter e me encontre na Floreios.”

“Mas, Draco...- Gina gritou basicamente para o nada, pois Draco já tinha corrido e desaparecido no meio da multidão.”

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As duas crianças pararam na frente do beco e, pelo menos Aidan, pensou analisar sobre voltar para a loja de onde tinha acabado de sair. No entanto, Sarah puxou, decidida, o irmão para dentro do beco escuro e frio.

“Você disse que era um lugar legal.”

“E é legal, Aidan.”

“Um lugar escuro não é legal.”

“Mas bem ali tem uma luz, está vendo?”

Andaram mais um pouco, Sarah sem demonstrar medo ou retração quanto ao lugar sombrio. Aidan reclamava baixinho, choramingando, querendo voltar para os braços da mãe.

Assim que saíram do beco, entraram numa rua estreita, cheia de lojas estranhas dos dois lados, com aparência velha e suspeita.

Nas vitrines, os mais diversos tipos de objetos sombrios e assustadores, entre mãos, caveiras, máscaras, vidros com morcegos dentro.

“Eu quero voltar.”

“Você está com medo.”

“Estou mesmo e daí?”

As pessoas, com aparências repulsivas e medonhas, olhavam as duas criancinhas, tão bem arrumadas e solitárias, com certa voracidade e malícia, e sem que eles percebessem, aproximavam-se vagarosamente.

Sarah parou, maravilhada, assim que viu uma mão estendida na vitrine de uma das lojas. O objeto não era nem um pouco bonito, ao contrário, era negro e enrugado e mexia os dedos casualmente, como se apanhassem o nada, mas a garotinha pareceu gostar muito.

“Papai podia me dar uma dessas.”

“O que você vai fazer com um treco desses?- ela deu de ombros- Vamos embora. Mamãe deve estar preocupada.”

Assim que Aidan e Sarah se viraram, viram várias pessoas ao redor deles, olhando-os atentamente, fechando-os num círculo. Pela primeira vez até ali, Sarah apanhou a mão de Aidan e segurou-a com força.

“O que duas criancinhas fazem sozinhas por aqui?- perguntou uma velha, com a voz cortante.”

“Na-nada.- Aidan gaguejou.”

“Não estão perdidos, não é mesmo?- perguntou um homem, que tinha apenas um olho estufado no rosto. Sarah olhou o homem com certo interesse, esquecendo-se por um momento da situação.”

“Estão sozinhos, crianças?- a primeira velha perguntou, passando o dedo fino e asqueroso pelo rosto de Sarah e, em seguida, enroscando o mesmo dedo entre os fios loiros do cabelo de Aidan.”

“Saiam de perto deles!- a voz surgiu imponente, firme e confiante, ao que todos saíram da frente das crianças e olharam para o dono da voz.”

Draco avançou rapidamente para os filhos, colocando-os um em cada braço e voltando a olhar para as pessoas.

“Vocês estão bem? Eles não fizeram nada?- os gêmeos acenaram, dizendo que estavam bem- Fiquem longe deles.”

“Oras se não é a ovelha branca dos Malfoy.- falou o homem caolho- Voltando às origens?- Draco olhou atentamente o homem, com certo nojo.”

“Vamos embora daqui. E vocês, fiquem avisados, não cheguem perto deles, nunca mais, ou terão que se ver comigo.”

Assim que saíram do beco, voltando para a rua principal do Beco Diagonal, Draco botou os filhos no chão e olhou-os atentamente, verificando se não havia nenhum arranhão ou algo parecido. Mirou-os, com um certo ar sério e decepcionado.

“O que vocês estavam pensando quando entraram naquele lugar?- ele perguntou, com certa frieza, fazendo os dois baixarem a cabeça- Não quero que nunca mais, ouviram, nunca mais façam isso. Não só ir a lugares desconhecidos, e perigosos, mas saírem sem avisar. A mãe de vocês está louca atrás dos dois, e sabe lá Merlin o que ela deve estar pensando ou o que ela vai pensar quando souber onde vocês estavam metidos.”

“O senhor vai contar pra ela?- Sarah perguntou, com uma ponta de arrependimento na voz.”

“Eu bem que gostaria, mas ela não vai gostar nada de saber que vocês estavam na Travessa do Tranco. Vai ficar furiosa com vocês e, o pior, comigo também, e com razão. Eu deveria mesmo contar.”

“Mas, papai...”

“Nada de ‘mas, papai...’, Sarah. É melhor vocês dois ficarem calados. Vamos voltar logo antes que a mãe de vocês surte e resolva vir atrás. Dessa vez eu não vou falar nada pra ela, e eu não quero que isso se repita, estão entendidos?”

“Sim, papai.- disseram os dois, com a voz chorosa.”

Assim que Draco abriu a porta da Floreios e Borrões, e Aidan e Sarah entraram, Gina correu até eles e abraçou-os durante longo tempo. Demonstrou sua felicidade ao notar que não havia ferimentos ou arranhões e que, no geral, ambos estavam bem. A seguir, demonstrou uma cara séria e, como a expressão de Draco, decepcionada.

“Nunca mais façam isso!- ela falou ainda com mais frieza do que Draco- Vocês sabem como eu me desesperei?”

“Desculpa, mamãe...nós nos perdemos e aí...”

“Eles estavam perto do Gringotes.- Draco falou.”

“Por isso não os encontramos aqui perto...- Gina levantou-se depois de dar mais um abraço nos filhos- Vamos embora...Peter já apanhou os materiais dele, não temos mais nada a fazer por aqui...”

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Um mês passou rapidamente e, quando a família percebeu, já estavam todos na Estação King’s Cross, esperando que Peter ultrapassasse a barreira e apanhasse o trem para Hogwarts.

Peter estava ao lado de Katherine Lovegood Potter, que também ingressaria na escola naquele ano. Gina e Luna observavam os filhos, lado a lado, e seguravam-se para não chorar, principalmente Gina, que tinha um laço tão forte com Peter.

“Crianças, não corram pela plataforma!- Draco gritou, chamando a atenção dos filhos, que brincavam com Ephran Potter, o garotinho que era a cara de Harry Potter.”

“Vocês vão se cuidar?- Gina perguntou, dando um milésimo abraço no filho.”

“Eu cuido dele pra senhora, tia Gina.- Kathy falou, ao que Peter bufou algo.”

“Vou sentir saudades.- Peter falou para a mãe.”

“Eu também, meu anjo. Mas você vai ficar bem, e se não ficar, eu saberei.- ela disse, com graça.”

Ao fim, Gina deixou que Peter ultrapassasse a Plataforma 9 ¾ e desaparecesse.

“Ele vai ficar bem.- Draco aconchegou a mulher num abraço.”

“Eu espero que sim, meu amor...- ela falou, com o peito um tanto apertado- Eu espero que sim...”

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Peter e Kathy acomodaram-se num dos últimos vagões do trem. De acordo com seus pais, aqueles eram os que balançavam menos e também os mais reservados, de modo que não costumavam incomodar muito.

Porém, alguns minutos depois, duas pessoas entraram, um menino e uma menina, que aparentavam ser também do primeiro ano. O menino tinha os cabelos castanho claros e olhos muito azuis, enquanto a menina tinha cabelos muito pretos e lisos e os olhos num tom mel muito claro.

“Desculpe, mas o vagão está cheio e não nos deixaram ficar nesse da frente, podemos ficar com vocês?”

Peter e Kathy se olharam por um instante e deram espaço para os dois entrarem.

“Peter Weasley Malfoy, prazer. E esta é Katherine Potter.- os dois olharam de uma maneira engraçada para Peter e Kathy, como se não acreditassem ou que havia um ser com o nome Weasley Malfoy ou que este mesmo ser estava acompanhado de um Potter.- Que foi?”

“Nada, é que é estranho essa confusão de sobrenomes...Weasley Malfoy e Potter...não achei que fosse possível diante de tantas histórias dessas famílias.- Peter riu e deu de ombros.”

“Mudanças acontecem. Mas e vocês, quem são?”

“Ah, desculpe...eu sou Haward Diggory, e esta é Anna Hathaway.”

“E quem foi que não deixou vocês ficarem no vagão? Devem ser alunos mais velhos...- Kathy perguntou.”

“Na verdade não. Pareciam ser do primeiro ano, um menino e uma menina, muito mal encarados para o meu gosto.- Peter deu de ombros.”

“Deixa eles para lá. Alguém aceita brincar de snap explosivo? Podemos comer sapinhos de chocolate e feijõezinhos de todos os sabores também...”

No entanto, nem mal terminou de falar, a porta do vagão se abriu. Peter olhou para quem estava na porta e, mesmo estando surpreso, não deixou de demonstrar sua insatisfação quando seus olhos, antes muito azuis, tornaram-se cinzas, e seu sorriso ficou frio e irônico, estampado numa fina linha nos lábios. Ele levantou-se, pondo-se em postura firme.

“Olhem só... o Freak e a Logan- ele falou, com a voz fria e cortante- ou deveria dizer Bert e sua fiel escudeira?”

A expressão de Albert Freak era de pura surpresa. Ele não esperava mesmo encontrar Peter Malfoy naquele trem, e aliás, um mês atrás nem mesmo esperava estar naquele trem.

“Desde quando trouxas tão trouxas se tornam bruxos?- Peter continuou com o mesmo tom frio.”

“Você não é um bruxo, Malfoy.- a risada saiu gélida e irônica demais.”

“Tem certeza, Bertzinho? Acho que eu sempre soube da existência de bruxos, enquanto você...bem, sabe-se lá porque erro você está nesse trem. Você e a Jackeline, aliás. Não vejo o Jerry...ele deve ser mais trouxa do que vocês para não ter vindo...”

“Ele não veio mesmo, mas nós viemos, seu anormal.- Albert falou, antes de lançar um último olhar para Peter e todos que estavam ali e sair.”

“Covardes, não sabem nem o que dizer...”

“Foram eles, os meninos do outro vagão- Haward falou- Vocês já os conhecem?”

“Kathy e eu temos longa experiência com esses dois. A verdade é que Albert é um palerma que ameaça e não faz nada. Ao longo do tempo ele passou a me ter como ameaça, mas não consegue se impor e, talvez por isso, me respeite e respeite meus amigos. E coitado dele caso se meta com um de meus amigos, ele já me conhece muito bem e sabe qual será a minha reação.”

“Albert e Jackeline têm medo do Peter desde que foram mexer comigo na escola e o Pete deixou o Bert desacordado depois de fazer algumas coisas explodirem perto deles. Albert chamou-o de anormal, mas na verdade foi uma emissão involuntária de magia. Não achei que seria possível que eles viessem para Hogwarts.- Kathy explicou.”

“Ninguém sabe...mas vai ser um ano legal...- Peter falou pensativo- muito legal aliás...”

“ “Você não aprendeu mesmo com aquela surra que eu te dei, não é, Pequeno Malfoy?- Albert falou, um tanto nostálgico. Peter soltou uma risada tão fria quanto ele jamais pensara em dar. As quatro crianças perto dele tremeram, Albert inclusive.”

“Acredite, Bertzinho, não será do mesmo jeito da próxima vez. Você me atacou por trás, talvez não tenha punho suficiente para me atacar pela frente.”

“O Weasley Malfoy está achando que é muito forte... pensa que pode fazer mágicas para me afetar, Malfoy?- ele deu um sorriso fino com o canto dos lábios e estreitou ainda mais os olhos, parecendo malicioso.”

“Não duvide disso, Bert.”

“Agora o pequeno tolo e idiota Malfoy é um bruxo e pode fazer feitiços?- Albert riu.- Só porque conseguiu ganhar o jogo de críquete desta tarde se acha capaz de invocar feitiços? Bruxos não existem, Malfoy!” ”

Peter lembrou-se vagamente do ocorrido, anos atrás, em que Albert dissera com todas as palavras que bruxos não existiam. Seu sorriso ficou ainda mais irônico e seus olhos tornaram-se um pouco mais cinzas e frios.

“Vamos ver se bruxos não existem, Bertzinho...”

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Assim que chegaram em casa, Gina tratou de dar comida para os filhos e mandá-los para a escola.

Draco preparou a banheira e logo que Gina entrou no quarto, apanhou-a de surpresa e levou-a para tomar banho.

“Você é louco...- ela falou, com a voz manhosa, enquanto o marido massageava as costas dela.”

“Estive pensando que você teve uma manhã muito chata, por ter levado Peter na estação e tudo mais. Sei como deve ter sido difícil deixá-lo ir.”

“Ele teria que ir mais cedo ou mais tarde, e já faz tempo que eu venho me preparando para isso.”

“E você se faz de muito forte, quando na verdade só queria que seu filhinho estivesse aqui com você, dormindo abraçado com você na cama.- ela não pôde deixar de rir.”

“Isso é verdade. Mas a partir de agora será diferente, e o Peter só virá para cá no Natal. Enquanto isso, muda-se a rotina da casa. Acho que teremos que contratar uma babá para os gêmeos, porque as aulas na Faculdade de Arte vão começar e eu vou passar a dar alguns plantões no Hospital e, além disso, tem a Galeria.”

“E eu queria entender porque você faz isso tudo se não precisa...”

“Porque eu gosto. Não gosto de ficar parada...”

“É, mas ninguém garante que se você ficasse em casa você ficaria parada.”

“Não é?”

“Eu não te deixaria parada, Sra. Malfoy.”

“Pronto, está aí. Você pode me ajudar na Galeria.- ela desconsiderou o comentário dele- Mas ainda assim precisaremos de uma babá. E não me venha com a idéia de deixar as crianças na casa da minha mãe porque não dá. Pelo menos não sempre.”

“Certo, certo, a gente os deixa lá vez por outra. Daí a gente muda a nossa rotina toda...pela manhã faculdade, de tarde Galeria, de noite hospital, de madrugada cama...e quando é que a gente dorme nessa história?- mais uma vez ela riu.”

“Eu achei que era na parte ‘de madrugada cama’.”

“Não, não, achou errado. Dá para se fazer muito mais coisas numa cama enquanto se está acordado do que dormindo...mas a gente pode tirar alguns minutos dessa parte...a gente pensa nisso depois...”

“É, e em que parte nós estamos agora?”

“De tarde Galeria...não...estamos no meio tempo, podemos fazer o que quisermos...”

A partir daquele momento, a família Malfoy passaria por uma grande mudança de rotina.

Peter estaria em Hogwarts, onde tudo, por mais mágico que pudesse ser, seria novo, sujeito a descobertas e desafios.

Gina teria que lidar com as aulas na Faculdade de Arte dos trouxas e com o Hospital, além da sua Galeria de Arte.

Draco, na maior parte do tempo, estaria cuidando dos negócios da família e, durante as tardes, estaria ajudando a mulher na Galeria.

Sarah e Aidan teriam que se acostumar com o colégio, o Instituto St. Bartleby’s Para Jovens Cavalheiros e Belas Damas e, em seguida, teriam que lidar com uma nova babá.

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