Vidas




Laços de Vida

Capítulo UM “Vidas”
Gina havia acordado quando já estava quase amanhecendo. Estava um pouco assustada e suando frio, inquieta, talvez, por causa dos diversos relâmpagos daquela madrugada. Olhou Draco dormindo tranqüilamente ao seu lado, com um meio sorriso nos lábios.

Ela levou a mão aos finos cabelos loiros dele, sentindo-os macios em seus dedos. Em pouco mais de sete meses ele havia mudado muito, diferente do que ele mostrara-se durante quase um ano. Sempre preocupado com ela e com sua gravidez e revelou-se um romântico incurável, atendendo a todos os mimos da mulher. Já ela mostrava-se cansada e, por vezes, carente e dramática.

Resolveu ir até a cozinha tomar um copo de água, visto sua garganta estar seca àquela altura da noite. Aliás, se tinha uma coisa que caracterizava a gravidez de Gina, essa se chamava sede excessiva.

Caminhou calmamente em direção à cozinha, vendo, pelo caminho, a janela da sala entreaberta. Um grande temporal havia se formado na madrugada e as trovoadas do lado de fora indicavam que a chuva iria demorar a passar. Não gostava muito de trovoadas, e seu estado a deixava mais sensível a raios e relâmpagos do que o costume. Ela chegou próximo à janela e sentiu uma pequena fisgada na barriga.

“Meu amor, isso não é hora para brincar com a mamãe, trate de descansar, OK?”

Falando isso ela levou uma das mãos à barriga, acariciando-a e sorrindo antes de seguir para a cozinha. Caminhou até lá e abriu a geladeira, retirando a jarra de água e colocando-a sobre a pia, esta que como sempre estava impecável de tão limpa. Ela sorriu, com o pensamento nas manias de Draco de ver tudo arrumado e perfeitamente limpo.

Abriu em seguida o armário, estendendo o braço até o copo e o colocando também sobre a pia. No momento em que pegou a jarra e ia virá-la para derramar a água no copo, sentiu uma forte dor e acabou deixando a jarra cair com estrondo no chão. Num impulso, levou as mãos à barriga.

Ela gemeu não muito alto, pois sua voz estava engasgada na garganta. Caminhou até a porta da cozinha, com a intenção de ir até o quarto falar com Draco. Porém, ao se apoiar na porta, ela sentiu mais uma vez a dor e então sentiu algo escorrer por suas pernas. Olhou rapidamente para baixo e então teve certeza de que sua bolsa estourara.

Seu coração parecia acelerar cada vez mais. Queria chamar por Draco, mas não conseguia, sua voz não saía, e o medo do que poderia ocorrer naquele momento aumentava a cada instante.

“Dra...- sua voz saiu num sussurro- Draco...- respirou fundo, ainda encostada à porta, com uma das mãos na barriga, e conseguiu quase gritar, mas era o suficiente para que ele ouvisse- DRACO!”

Novamente sentiu a dor, que para ela só podiam ser contrações muito fortes. Estática naquele lugar, ela rezava para que ele a tivesse escutado e viesse rapidamente.

Draco a ouvira chamar. Achou estranho e de um salto levantou-se da cama e correu para ver o que era. Aproximou-se da cozinha e viu Gina na porta, com uma cara de extrema dor.

“Virgínia! O que houve? Está tudo bem?- ele foi em direção a ela e achou-se estúpido por ter perguntado se ela estava bem.”

Ele rapidamente levou as mãos às costas dela, no intuito de segurá-la, mas ao mesmo tempo sem saber o que fazer.

Gina levou um braço às costas dele, largando a porta e tendo nele o apoio e segurança que precisava. Por sua respiração estar acelerada, assim como seu coração, ela sussurrou muito baixo:

“Chegou a hora- parou e respirou fundo- me ajude a ir para o quarto.”

Sem pensar muito, Draco obedeceu, e a passos vagarosos ele a conduziu até a cama, onde a ajudou a deitar-se, colocando os travesseiros nas suas costas para a parte superior de seu corpo ficar elevada.

“Virgínia, vou chamar alguém, agüente por favor- a voz dele não era nada tranqüilizante naquele momento, estava muito nervoso e parecia não saber exatamente o que fazer ou onde ir.”

Ele caminhou para fora do quarto, depois de vê-la consentir com a cabeça e tentar sussurrar um ‘eu te amo’. Ao passar da porta ele encostou-se na parede e respirou fundo.

“Draco, a hora chegou, ela precisa de você, então trate de se acalmar.”

Depois de dizer isso ele foi até a porta, com a intenção de correr e trazer alguém. Mas, ao abri-la, deparou-se com uma ventania terrível, acompanhada de chuva, o que o impossibilitava de sair e seria quase impossível trazer alguém até ali a tempo.

“Por Merlin, o que vou fazer agora?- ele tornou a fechar a porta e encostar-se nela, tentando pensar rapidamente no que fazer.”

Sabia que a vida de sua mulher e seu filho estavam dependendo dele, então correu até a mesa, pegou um pergaminho e a pena no tinteiro e escreveu:

“Luna,

assim que esta tempestade amenizar, venha até minha casa. É urgente! Sinto que terei que fazer o parto do meu filho. Quero um médico o mais rápido possível. Quero você! Estou com medo de perder qualquer um deles...por favor...

Draco Malfoy”

Viu a coruja de Gina parada em um poleiro próximo à janela e, então, amarrou o pergaminho na pata dela.

“Leve à Luna o mais rápido...- ele praticamente suplicou à coruja- por sua dona!- ao abrir parte da janela, viu a coruja alçar vôo e em pensamento rezou para que ela conseguisse, mesmo com aquele tempo, chegar ao seu destino.”

Fechou a janela e foi até a cozinha. Precisaria de água quente, que com um simples aceno de varinha já estava no fogão, e de algumas toalhas limpas.

Assim que a água ficou pronta ele despejou-a em uma bacia e levou em direção ao quarto, deixando mais a esquentar sobre o fogão para caso precisasse. Ao entrar no quarto viu Gina reclamando da dor, então largou a bacia ao lado da cama e sentou-se junto a ela.

“Meu amor, vai ficar tudo bem, eu prometo, apenas confie em mim...- sua voz já estava mais calma, pois ele sabia que aquele era um momento muito importante e teria que cuidar de tudo- a tempestade está forte e por isso vou ter que fazer o possível até alguém conseguir vir até aqui...- então ele fitou os olhos chorosos da mulher e sussurrou- Eu te amo...- dizendo isso ele pegou a mão dela e a beijou sutilmente- vou precisar de sua ajuda agora.”

Ele levantou-se e com a varinha conjurou algumas toalhas limpas, em seguida retirou a calcinha dela. Fez com que ela levantasse as pernas, flexionando os joelhos e deixando-as abertas, formando quase um ângulo de 90º. Ele foi até o banheiro e lavou as mãos várias vezes, queria fazer tudo da maneira mais correta para não pôr em risco a vida do bebê e muito menos de Virgínia.

Retornando ao quarto, viu que as contrações já estavam mais freqüentes e que provavelmente o momento certo estava chegando. Ao ouvi-la gritar, assustou-se um pouco, mas então pediu que ela fizesse força, empurrando a barriga enquanto ele auxiliava com o braço.

Virgínia já estava cansada depois de algumas tentativas e Draco ficava cada vez mais preocupado, até que ela respirou fundo e forçou mais uma vez, soltando um berro agudo. Em seguida ouviu-se um choro, doce e melodioso...talvez desesperado...

Draco sorriu, orgulhoso, enquanto apanhava a menina no colo, embrulhando-a numa toalha macia e limpinha. Ficou admirando a filha por um instante... tinha a pele pálida e os poucos cabelos, finos e sedosos, eram muito ruivos, como os da mãe. Em pouco tempo em seu colo a garotinha parou de chorar.

“Draco...- Gina chamou, ainda sentindo muitas contrações, mais fortes dessa vez- eu tenho uma coisa...para...te dizer...- ele penetrou fundo nos olhos de Gina, encontrando a resposta sem que ela falasse qualquer coisa.”

“Céus...!- ele proferiu, surpreso.”

E Draco ajudou a mulher com o outro bebê. Nem soube muito bem como, mas em questão de alguns minutos ele, um tanto quanto atrapalhado, estava com a segunda criança em seu colo.

“Não...não está chorando...- ele observou, ao que Gina estendeu os braços para pegar o bebê e Draco a impediu, notando que ela estava sem forças e ficara nervosa com a falta de choro da criança.”

Draco suspirou fundo, apanhando o bebê e dando-lhe umas palmadinhas. Não adiantou. Colocou-o na cama, fazendo algumas massagens no peito, tentando ativar a circulação. O bebê mostrava-se inquieto, mexendo os bracinhos de um lado para outro, tentava respirar e não conseguia. Aos poucos o bebê foi diminuindo os movimentos do corpo, as mãozinhas foram ficando imóveis, seu rostinho vermelho e desesperado...

Gina começou a chorar, e agora estava realmente desesperada, vendo a angústia que seu filho tinha, buscando ar sem tê-lo efetivamente. Draco olhou da mulher para o bebê, vendo o sofrimento estampado nas expressões dos dois. Sentiu-se na obrigação de fazer alguma coisa que ajudasse aquele ser indefeso na sua frente. Não podia deixá-lo morrer...era seu filho...e também não podia decepcionar sua mulher e muito menos dar-lhe mais um sofrimento. Virgínia já tinha perdido dois filhos que nem tinham chegado a nascer e, Draco sabia, se perdesse um terceiro, ainda mais o tendo visto nascer, tendo ficado tão perto dele, provavelmente não suportaria...

Agindo num impulso, Draco tampou o nariz do bebê e abriu a boca dele, começando a soprar ar para dentro da criança, como se respirasse por ele. A um primeiro instante nada aconteceu, mas em alguns segundos o bebê voltou a mexer as mãozinhas freneticamente e seu rostinho, antes vermelho, tomou uma tonalidade clara e pálida, assim como a da garotinha que nascera primeiro.

Assim que Draco separou a sua boca da do bebê, não demorou muito para que ele começasse a chorar, ou gritar, como se tivesse se libertado, conseguindo, agora, respirar sozinho. O homem viu o alívio e gratidão estampado no rosto de Gina, e não pôde conter o enorme sorriso que se formou em sua face, seguido de lágrimas crescentes que escorriam de seu rosto.

Gina sentia-se invadida por uma imensa felicidade, ao mesmo tempo que sentia-se cansada, fraca. Viu Draco fazer tudo aquilo, tentando parecer muito forte, e depois salvando a vida de um dos bebês, mas sabia que, assim como ela, ele tivera muito medo. Queria muito pegar os filhos e então reuniu as forças que lhe restaram e estendeu os braços em direção a Draco, sendo atendida prontamente.

“Pegue a nossa princesinha- ele colocou a menina sobre o braço da mulher.”

Depois de tanto medo ele estava calmo e sentia-se realizado. Caminhou até o outro lado da cama e pegou o segundo bebê a nascer, que ainda chorava e gritava.

“Você é a minha Sarah- ouviu-a sussurrar, olhando ternamente para a pequena em seus braços, passando a mão sobre o rostinho dela.”

Draco sentou-se na cama, segurando o outro bebê em seus braços, e aproximou-se de Virgínia.

“E este é Aidan, nosso garoto forte...- colocou-o sobre o outro braço de Virgínia, que admirou os fartos cabelos louro-avermelhados de Aidan.”

“Você esteve ótimo, Draco...- ela sussurrou, agora olhando para o marido- Melhor do que isso, você esteve perfeito. Obrigada por estar comigo nessa hora tão importante para mim...”

“Acredite, Virgínia...eu faria isso quantas vezes fosse necessário só para ver este seu sorriso lindo, e este brilho no seu olhar que me fascina tanto.- ele disse, com um tom romântico- E além do mais, eu não fiz mais do que a minha obrigação para com você.”

Passado algum tempo, ouviu-se a campainha tocar e então Draco deu um beijo na testa de Gina e dos filhos e foi até a sala abrir a porta. Era Harry, juntamente com Luna, esta que já foi invadindo a casa e perguntando onde Gina estava. Sem esperar respostas, ela achou o quarto e disse para que os dois ficassem na sala e que ela resolveria o resto.

Draco obedeceu, afinal de contas, sabia que já estava tudo bem e convidou Harry para beber, em homenagem ao nascimento de seus filhos, sem realmente perceber o que estava fazendo. Abraçou Harry e chorou no ombro dele, sorrindo feito um bobo, querendo gritar aos sete céus que seus filhos tinham nascido e estavam bem. Harry, sem entender muita coisa e agindo pelo momento, abraçou Draco, dando algumas palmadas nas costas dele, parabenizando-o, logo depois achando o seu ato ridículo e afastando-se.

“Eu espero que isso fique entre nós...- Draco falou, secando algumas lágrimas, mas sem parar de rir.”

“Acredite, Malfoy, isso não vai sair da minha boca nem em um milhão de anos!- Draco encheu duas taças do mais forte whisky, oferecendo uma para Harry.”

“À minha mulher e aos meus filhos, Potter!- e ambos juntaram as taças num brinde, entornando-as de uma vez logo em seguida.”

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Enquanto isso, Luna se deteve nos últimos cuidados para com Gina, arrumando os bebês, dando-lhes um “banho de gato” e colocando-lhes as roupinhas. Estava até um pouco espantada por Draco ter feito tudo tão bem.

“Bom, crianças, vou chamar o papai e volto em um segundo- Luna colocou os bebês sobre a cama e falando isso correu para a sala, pedindo que Draco a acompanhasse até o quarto.”

Olhou para Draco e Gina, com um ar de seriedade, e começou a dar algumas instruções.

“Draco, quero que você faça com que Gina descanse bastante, pois ela fez um esforço muito grande nesta manhã e peço que ela tome esta poção que irá ajudá-la a se recuperar mais rapidamente- ela entregou a poção a ele e virou-se para Gina- eles devem mamar mais ou menos de três em três horas, mas amamente um de cada vez, se preciso for, depois, lhes indicarei um complemento para dar junto com a amamentação.”

“Quer dizer que não há nenhum problema com eles, Luna?- Gina perguntou, ao que Luna olhou seriamente para a amiga.”

“Na verdade, Gina, há um problema sim.- Draco foi até a mulher e segurou-lhe a mão- Aidan, pelo que você me contou, ficou algum tempo sem respirar, não foi? E graças a Draco ele sobreviveu. As vias aéreas dele estavam obstruídas, a respiração boca a boca de Draco aliviou os pulmões de Aidan e o salvou, mas ele terá problemas respiratórios que a magia ainda não é capaz de curar.”

“Mas ele vai ficar bem?- Gina perguntou, prestes a voltar a chorar.”

“Asma, Gina, não é algo com que devemos brincar.”

“Eu só quero saber se o meu filho vai ficar bem, Luna!- ela insistiu.”

“Sim, Gina, com os devidos cuidados ele ficará bem. Se ele estiver inquieto, principalmente de noite e no começo da manhã, quando está mais frio, faça uma compressa de álcool no peito e pescoço dele, ele ficará bem mais tranqüilo. Também é bom botar músicas leves para eles ouvirem, isso os acalma.- ela viu o sorriso nos rostos de Draco e Gina e prosseguiu- Acho que por enquanto é isso, qualquer coisa me mandem uma coruja que eu venho até aqui. E eu aconselharia vocês a terem uma babá. Iria facilitar bastante as coisas.”

Ela virou-se e saiu em direção à sala, acompanhada por Draco. Ele se despediu e agradeceu a Harry e Luna e depois de vê-los irem embora ele voltou para o quarto.

“Meu amor, agora você deve descansar e pode deixar que eu cuido deles, OK?- ele pegou Sarah nos braços, que dormia como um anjo, e a levou até o outro quarto, colocando-a no berço e voltando para pegar Aidan, que ainda estava acordado. Colocou-o num berço previamente conjurado e voltou para ficar alguns minutos ao lado de Virgínia.

“Você está bem?- ele perguntou, sentando-se na ponta da cama e lhe dando um beijo leve nos lábios.

“Estou bem sim- ela respondeu e sorriu- obrigada por ser o homem que é, meu amor. Eu te amo!- ela tinha os olhos cheios de lágrimas. Draco sorriu e a beijou novamente.”

“Eu também amo você, Virgínia, mas agora descanse, vou apagar a luz e fechar a porta, aproveite enquanto eles estão quietinhos...- ele lhe deu um beijo na testa, levantou-se e saiu do quarto, desligando a luz e fechando a porta, deixando assim que ela dormisse tranqüila.”

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Ele seguiu para o outro quarto e viu Aidan ainda acordado, então sentou na cadeira de balanço, pegou uma gaita, que tinha sido deixada na cômoda estrategicamente para momentos como aquele, e encantou-a para tocar uma música bastante calma até que o pequenino dormisse, assim como Sarah, ficando ambos sob o olhar coruja de Draco.

Cochilou durante vários minutos, sem perceber, até que foi acordado, primeiramente, pelo choro de Aidan, que foi acompanhado em seguida por Sarah. E Draco não soube se por instinto ou não, mas pegou-os cuidadosamente e levou-os para o quarto do casal, entrando silenciosamente.

“Eu estava me perguntando quando você os traria para que eu os amamentasse.- ela falou, antes que ele acendesse a luz.”

“E eu estou me perguntando agora porque a senhora não está dormindo, Sra. Malfoy. Você ouviu bem as recomendações da Luna.”

“Ah é? E desde quando o senhor segue as recomendações da Luna?”

“Desde que são para o bem da minha mulher e dos meu filhos.- ele respondeu, estendendo Aidan para Gina e aconchegando Sarah em seu peito, quando ele deitou na cama ao lado da mulher.”

“Nós temos duas vidas tão frágeis nas nossas mãos agora, Draco...- ela comentou, sentindo o filho apertar o seu dedo enquanto mamava.”

“Duas vidas pelas quais zelaremos com as nossas próprias.- Draco falou- Aliás, três vidas.”

“Sim, três vidas...- ela sorriu, entregando Aidan para o marido e pegando Sarah- você pode ir pegar o Peter mais tarde?”

“Mamãe ficou de trazê-lo para o almoço, e será uma alegria encontrar os irmãozinhos dele.”

“Está sendo um belo natal, não acha?”

“Um natal perfeito, meu amor...”

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Quando Peter chegou em casa naquele dia de véspera de Natal, não pensou duas vezes antes de trancar-se dentro do seu quarto. Por mais que estivesse aturando a idéia de ter um bebê em casa, a idéia de agora serem dois não ajudava muito.

Por um minuto, ao ver a mãe sorrindo tão abertamente para os dois bebezinhos em seu colo, Peter imaginou estar perdendo o amor dela, e ficou com inveja pelo simples fato de que aquele sorriso que Gina mostrava para Sarah e Aidan, antes era mostrado apenas para ele...

“Peter não quer sair do quarto.- Draco informou, ao voltar para apanhar Sarah do colo de Gina.”

“Ele está fazendo drama.- Gina falou, com um sorriso- Eu conheço meu filho bem demais para saber que ele só está querendo chamar atenção, e eu tenho um plano para ele parar com isso.”

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“Ninguém vai calar esses dois não?- Peter gritou da porta do quarto, tapando os ouvidos por causo do choro dos irmão no quarto à frente- Mãe...Pai...os gêmeos estão chorando...- mas ninguém pareceu ouvir.”

Peter ficou olhando o corredor vazio durante alguns segundos. A porta do quarto dos gêmeos entreaberta, a porta dos pais totalmente fechada. O barulho infernal ecoando nos seus ouvidos.

A passos lentos ele saiu do quarto e entrou no aposento à frente, onde o barulho era ainda mais alto e infernal.

Aproximou-se dos berços, um ao lado do outro, e olhou para o bebê que chorava no berço da esquerda. Tinha os cabelos um pouco loiros, meio avermelhados talvez, e estava bastante vermelho.

Peter levou a mão ao bracinho do irmão e segurou o dedo dele. Aidan, assim que notou a presença de alguém ali, abriu os olhos e parou de chorar, fitando os olhos incrivelmente cinzas de Peter. Aidan segurou o dedo de Peter e tentou levá-lo à boca, sem muito êxito.

“Você não é feio como eu achava que seria...- Peter comentou, largando a mão do irmão e olhando para o outro berço.”

A reação de Sarah foi ainda mais imediata do que a de Aidan. A garotinha olhou para o irmão mais velho e Peter quase jurou que tinha visto um sorriso nos lábios dela, além de um brilho intenso e castanho nos olhos da criança, como ele costumava ver na mãe.

Quase sem notar, Peter começou a balançar os dois berços, e alguns minutos depois, Sarah e Aidan já estavam dormindo. O garoto ainda ficou olhando os gêmeos durante algum tempo, e até se pegou sorrindo para eles, imaginando que talvez não fosse ser tão ruim tê-los em casa.

“Sua mãe vai precisar da nossa ajuda, filho.- Peter virou-se rapidamente para a porta, encontrando os olhos do pai- E você não vai poder continuar agindo como agiu hoje mais cedo.”

“Eles não vão tomar o meu lugar, não é?- Draco aproximou-se do filho, abaixando-se diante dele, para que seus olhos ficassem à mesma altura dos de Peter.”

“Nunca. Você ouviu bem, Peter? Nunca, nem Sarah nem Aidan irão tomar o seu lugar nessa casa e muito menos no coração da sua mãe ou meu. Nós não deixaremos de te amar por causa deles ou te amaremos menos, ao contrário.”

“Mas a mamãe não vai poder me dar tanta atenção como ela dava antes...”

“Isso é verdade. Mas se você sabe que é assim, porque você não aproveita as oportunidades e a ajuda a cuidar dos gêmeos? Assim você poderá estar sempre com ela e aprenderá a gostar mais dos seus irmãos. Como eu disse, sua mãe vai precisar de ajuda para cuidar deles, e eu tenho certeza que ela ia adorar que você a ajudasse.- Peter sorriu para o pai e o abraçou.”

“Eu vou ajudar...- nesse instante, Aidan começou a chorar e, como não podia deixar de ser, Sarah também.”

Draco sorriu para Peter e foi até o berço de Sarah, pegando a menina e colocando-a cuidadosamente nos braços do filho mais velho.

“Leve-a para sua mãe, ela está com fome. Eu levo o Aidan.”

Quando Peter entrou no quarto dos pais, Gina não pôde deixar de notar a graciosidade com que ele segurava a irmã. Era uma visão linda e comovente, vendo-o segurá-la com tanto carinho e cuidado, nem parecendo que, algumas horas atrás, estava odiando os bebês.

“Eles estão com fome...- Peter informou, indo até a mãe e entregando a garota nos braços dela- Papai vai trazer o Aidan.”

“Obrigada, meu amor...você não sabe o quanto a sua ajuda é importante para mim.”

“Agora eu sei...”

Assim que Draco entrou no quarto, Gina começou a dar de mamar para Sarah. Peter ficou olhando atentamente enquanto a irmã puxava com força o peito da mãe, segurando o lóbulo da orelha com uma das mãozinhas.

“Isso não dói?- Peter perguntou, apontando para o peito da mãe. Gina riu.”

“Nem um pouco. Na verdade é uma sensação maravilhosa.”

“Eu fazia isso?”

“Sim, mas você tinha mais fome e mamava mais freqüentemente.”

“E não doía?”

“Bem, só quando começou a nascer seus dentinhos, aí machucou um pouco, mas não foi nada de mais.- Peter pareceu envergonhado.”

“Desculpa...- ele pediu, com a voz baixa, ao que Gina entregou Sarah para Draco e puxou Peter para seu colo.”

“Não há do que pedir desculpas, meu amor...”

Assim que os gêmeos terminaram de mamar, Peter e Draco os levaram de volta ao quarto. Draco retornou para o lado de Gina e, mais tarde, no meio da noite, Peter entrou por debaixo das cobertas e aconchegou-se nos braços da mãe.

“Estava com saudades de dormir assim com você, meu anjo.- ela sussurrou ao pé do ouvido do filho, fazendo com que ele ficasse ainda mais confortável nos braços dela.”

“Desculpa por hoje, mamãe...”

“Shhh...hoje já passou, meu amor...hoje já passou...- Gina ficou passando os dedos nos cabelos do filho até que ele adormecesse. Não demorou até que ela mesma caísse no sono.”

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