Harry e Gina



Capítulo II

Harry e Gina

Hermione escrevia rapidamente em seu pergaminho. Já fazia algum tempo que sua pena resistia bravamente à força que a garota imprimia enquanto escrevia. Binns, o professor fantasma, falava algo sobre a Primeira Guerra dos Elfos Irlandeses Contra a Escravidão.

A respeito deste assunto não era preciso falar duas vezes para que Hermione se interessasse totalmente e voltasse toda a sua mente para a luta de libertação dos elfos.

Porém, ultimamente, apenas a sua mente não bastava para que ela prestasse realmente atenção a uma aula. Desde o dia em que começara a namorar com Rony que o seu coração se encontrava completamente voltado para o ruivinho e, com isso, às vezes fazia com que sua mente desviasse sua atenção...para as cartas que Rony lhe mandava ao longo das aulas. Ela pegou a última carta que recebera e leu-a, pela enésima vez:

"Eu já disse que meu amor é do tamanho do infinito? Seja lá qual for o tamanho dele, mas eu sei que é grandão. Mi, sabia que eu te amo?"

A garota pegou a pena e um pedaço de pergaminho, desviando a sua atenção dos elfos a serem libertados, para a sua resposta: "Sabia, mas adorarei saber sempre! E você, sabia que eu te amo mais?" – a mesma desde a segunda carta que respondera.

Pichitchinho, a coruja de Rony, suspirou, parecendo um pouco cansada, e demonstrando isso após a décima quinta carta que entregara àquele dia. E isso apenas na mesma sala, andando alguns mínimos passinhos até chegar à carteira de Hermione e logo depois refazendo o trajeto de volta à carteira de Rony.

Hermione olhou para a corujinha, analisando se aquele barulhinho que ela acabara de fazer era mesmo um suspiro ou um pio de impaciência.

Ela parou de escrever de repente, ao sentir a mão de Rony pousar sobre a sua perna e subir pela sua coxa, por baixo da saia. Ela barrou a mão dele já no meio da sua coxa e olhou-o, sussurrando:

-Rony... aqui não...- ela sorriu, e seu rosto tomou uma tonalidade vermelha.

-Então onde?- ele sussurrou de volta, levando a outra mão à coxa da namorada, afastando a mão dela que barrava a sua. Ela suspirou fundo, tornando a barrar as mãos dele.

-Rony, você é impossível!- ela sussurrou, de um modo divertido- Aqui não. Agora não.

-Então quando e onde?- Hermione colocou uma expressão divertida no rosto, e olhou para Rony como se ele fosse uma criança e ela estivesse tendo a tarefa de explicar-lhe algo muito importante.

-Rony, minha criança, nós estamos namorando há apenas alguns dias, semanas no máximo, você não acha que eu vou deixar que você me agarre como você bem deseja, não é mesmo?- Rony piscou algumas vezes, tentando absorver melhor o que Hermione acabara de dizer.

-Mas e ontem, Mi? Não significou nada para você?- ele perguntou, num fio de voz, ainda tentando subir mais na coxa da namorada. Ela sorriu, desconcertada.

-Rony, ontem você me pegou desprevenida. Eu estava na sala dos monitores, terminando de organizar os relatórios do dia e você me agarrou por trás, eu não resisti... bem, no começo, mas eu não pude fazer nada quando você me prendeu contra a parede e me beijou daquele jeito tão...

-Provocante?- Rony completou, com um sorriso nos lábios- Quente? Malicioso? Erótico?- ele enumerou, antes que Hermione dissesse alguma coisa.

-Apaixonado, Rony, eu ia dizer apaixonado.

-É, isso também.- ele sorriu para ela, um sorriso que ela tanto amava e que tanto a encantava- Apaixonado é um bom termo para definir o que eu sinto por você, Hermione.- ele aproximou seu rosto do dela, levou uma das mãos para a cintura da namorada, enquanto a outra, sobre a coxa dela, ainda era barrada. Hermione levou a mão livre aos lábios de Rony, afastando-o.

-Permanentemente apaixonado ou apenas... apaixonado?- ela perguntou, como se aquela fosse uma questão importantíssima a ser respondida, fazendo-o franzir o cenho. Segundos depois ele concluiu:

-Permanentemente apaixonado.- ele aproximou-se novamente, e ela já ia afastá-lo pela Segunda vez, mas ele foi mais rápido, apanhando os lábios dela junto aos seus.

Hermione ainda resistiu por uns instantes, mas logo depois, sentindo os lábios entreabertos de Rony pressionados contra os seus, além da mão em sua cintura, querendo trazê-la mais para perto e a outra mão em sua coxa, dessa vez sem forçar passagem, a fizeram estremecer e se render.

-Que os elfos da aula do Binns sejam escravizados...- ela pensou.

Rony encontrou uma abertura na capa de Hermione, adentrando-a e tocando-a sobre o tecido da suéter. Ela, por sua vez, levara uma mão à nuca dele, fazendo-o estremecer e se arrepiar, enquanto a outra sentia os músculos do peito dele se enrijecerem sob as grossas roupas de Hogwarts.

Foi então que Rony sentiu alguém tocar-lhe o ombro. Instintivamente ele apontou para a carteira de Harry, atrás de si, sem parar de beijar a namorada. A mão de Rony quase batera em cheio na cara de Harry, que fora quem o tocara.

-Não, Rony, sou eu...- ele disse num sussurro. Rony parou de beijar Hermione, mas ainda manteve seus lábios colados no dela.

-Certo, você é o Harry...- ele sussurrou, virando-se lentamente.

Hermione, por sua vez, não sabia se abria os olhos e encarava a situação ou se deixava os olhos fechados até lhe dizerem que aquela situação não passava de um sonho.

-E nós estamos no meio de uma aula...- Rony continuou- ...e não me diga que todos estão olhando para nós...- ele encarou Harry, vendo um semblante sério e tristonho no rosto do amigo.

-Vocês tiveram sorte.- Harry disse, ouvindo Hermione suspirar profundamente atrás de Rony e depois aparecendo e sorrindo desconcertada para ele- Binns olhou para cá umas três vezes enquanto vocês se agarravam no meio da aula- e acrescentou para Hermione- Quem diria, hein, Mi?- fazendo-a corar- Eu deixei vocês aproveitarem alguns minutos, mas depois vi que a qualquer hora os alunos iam olhar, e iam ver e tudo e então eu resolvi chamá-los.

-Isso é que é amigo.- Rony deu uns tapinhas nas costas de Harry- Não é, Mi?- e olhou para trás- Mi?- Hermione não estava mais lá.

Rony olhou em volta e viu a namorada sentada comportada na primeira fila da sala. Ela olhou para o namorado e mandou-lhe uma gaivota de papel, magicamente encantada para voar até ele.

"Sinta-se vitorioso. Eu desejei que os elfos da Irlanda fossem escravizados durante a guerra... o que você não faz? Ou um beijo seu não faz? Te amo..."

Rony sorriu, sentindo-se realmente vitorioso. Virou-se para a carteira de Harry, na intenção de se distrair com qualquer coisa até o final da aula de Binns, mas o amigo também não estava ao seu lado. Ele olhou ao redor e viu apenas a capa do amigo sumir detrás da porta da sala. Instantes depois, Pichi chegou até ele com um bilhete:

"Rony,

Vejo vocês depois. Vou tentar me entender com a Gina.

Harry"

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Hermione viu Rony apanhar a sua mochila e a dela, e colocar uma de cada lado do corpo. Ele sorriu-lhe gentilmente, e a reação imediata dela foi sorrir de volta.

-O que você pensa que está fazendo?- ela perguntou, apontando para as mochilas nos ombros dele. A mochila dela estava visivelmente mais pesada, já que ele curvara-se muito para a esquerda.

-O que você acha que eu estou fazendo?- e ele mesmo respondeu- Ajudando a minha namorada a levar as coisas dela.

-Não, Rony- ela foi até ele e deu-lhe um selinho rápido- Pode deixar que eu levo as minhas coisas, OK?- ele impediu que ela tirasse a mochila do ombro dele.

-Vamos fazer o seguinte? Você leva as minhas coisas que eu levo as suas, certo?- e ele entregou-lhe a sua mochila. Hermione pegou-a, sentindo-a leve demais.

-Rony, o que você leva nessa mochila?

-Dois rolos de pergaminho, uma pena, um tinteiro e o meu, bem... o meu diário.- ela suspirou, tendo a certeza de que aquele Rony à sua frente nunca mudaria o seu jeito desleixado de ser.- E você?- ele perguntou, ajeitando a mochila da garota nos ombros- o que você leva tanto nessa mochila?- Hermione olhou para ele e deu um sorrisinho misterioso.

-Nem queira saber.- deu um selinho rápido nele, enlaçando-o pelo braço e levando-o para o Salão Principal.

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-Gina, por favor, se acalma...- Rony e Hermione pararam na entrada do Salão Principal ao ouvirem a voz suplicante de Harry.

-EU NÃO VOU ME ACALMAR, POTTER! NÃO COM VOCÊ POR PERTO!- Harry ainda segurava o braço de Gina, tentando fazê-la se acalmar e até mesmo tentando se fazer entender o que acontecia com a namorada.

Rony e Hermione trocaram olhares confusos e depois observaram melhor a cena. Gina parecia muito nervosa e Harry muito desesperado. Algumas pessoas ao redor, alguns alunos do primeiro ano e um ou outro de séries mais avançadas, observavam a cena com diversão.

Gina empurrou Harry, mas mesmo assim ele continuou a segurá-la. E Rony temeu pelo amigo, já que ele sabia muito bem que sua irmã jamais ficara presa por alguém durante muito tempo. Gina crescera entre seis homens e, para isso, tivera que desenvolver métodos específicos para sobreviver.

-Me solta, Harry.- ela mandou, com a voz tendendo ao ‘me solta ou as suas partes baixas sofrerão por voc’.

-Harry, solta ela...- Rony sussurrou, como se torcesse para que o amigo fizesse o que era certo no momento, de modo que apenas Hermione o ouvisse. Ela olhou confusa para ele- Eu conheço a minha irmã, Mione, acredite nisso...

Foi então que Harry a soltou. Gina ainda falou ‘E não toque mais em mim’ e depois saiu, passando furiosa entre Rony e Hermione, empurrando-os um para cada lado.

Rony e Hermione foram até Harry, mas este apenas sussurrou um triste ‘Depois eu explico. Não se preocupem comigo’ e saiu correndo do salão.

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Durante todo o período da tarde Harry não apareceu nas aulas. Rony já estava preocupado, imaginando se ele estaria com a Gina, ou se estaria sozinho em algum canto do castelo.

-Não fica assim, Rony.- Hermione falou, enquanto apanhava a pena do namorado, já que a sua acabara de se render à força da dona e se partira não em dois, mas em três pedaços- Vai ver foi só uma briguinha à toa, sabe, briga de namorados.

-Nós nunca brigamos daquele jeito, Mione, na frente de todo mundo.

-Rony, desde que nos tornamos namorados que nós não brigamos e, além do mais, não se pode comparar um namoro de semanas, que é o nosso, com um de um ano e meio, que é o da Gina e do Harry.- ela olhou ao redor no salão comunal, estava vazio, então ela se virou para Rony novamente- Me passa o livro de Transfiguração?

-Posso transfigurá-lo num beijo?- ele perguntou, estendendo o livro para longe do alcance da namorada. Ela olhou-o e sorriu, inclinando-se para beijá-lo.

Rony abaixou o livro e fechou os olhos, já sentindo o rosto de Hermione muito próximo ao seu. Ela, aproveitando-se da situação, apanhou o livro da mão dele e afastou-se bruscamente.

-Obrigada, meu amor.- ela sorriu-lhe de uma maneira inocente, e ele não pôde deixar de sorrir de volta.

E então, mais do que rápido, Rony agarrou a cintura de Hermione, trazendo-a para seu colo, e beijando-a de um modo apaixonado ou, como ele mesmo dissera, provocante, quente, malicioso e erótico...

O livro de Transfiguração caiu esquecido no chão, causando um barulho que sequer os abalou. Rony ainda derrubou alguns livros da mesa quando levou a sua mão para as costas de Hermione, enquanto a outra, que antes estivera na cintura dela, encontrou uma brecha entre suas vestes, e dessa vez ele tocou-lhe a barriga, fazendo-a retrair-se por um instante.

Hermione não conseguiu segurar um mínimo gemido que escapou-lhe da garganta, fazendo Rony rir junto aos lábios dela, satisfeito pelo efeito que causava nela ao mínimo toque.

Muito desajeitadamente Hermione passou uma perna para cada lado do corpo de Rony, ainda sem parar o beijo. Ele abraçou-a, trazendo-a para mais perto, de modo que aprofundasse mais o beijo, e que o pusesse mais ao alcance do corpo de Hermione.

Ela sentiu os braços fortes de Rony a envolverem, de um modo protetor. E naquela hora ela não soube explicar, ou talvez ela sempre tivesse tido a resposta, mas ela desejou que aquele momento fosse eterno. Aliás, ela sabia que todo e qualquer momento que passava com Rony era especial, eterno enquanto durasse...

Rony ouviu o barulho do quadro da Mulher Gorda se abrir e, imediatamente, ele interrompeu o beijo, olhando por detrás do corpo de Hermione, ainda tendo tempo de ver os cabelos negros de Harry sumirem atrás da passagem.

-Ele não vai aparecer para o jantar...- ele sussurrou, olhando para a namorada. Hermione, que só agora percebera a posição em que se encontrava no colo de Rony, corou. Então, encontrando coragem de algum lugar que ela desconhecia, falou:

-E você, vai aparecer para jantar?- e, antes que ele pudesse responder, ela o beijou. Um beijo muito mais quente e provocante que o anterior, e com muito mais malícia e erotismo...

-Mione- ele sussurrou junto aos lábios dela- o que você acha de trancar o salão para pessoas indesejáveis agora?

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Harry parou junto à porta do Salão Principal, observando a chuva forte que caía. Era estranho chover daquele modo, tão intensamente e durante tanto tempo. Olhou para o relógio algumas vezes, vendo aos poucos a chuva aumentar.

Ele suspirou. Gina provavelmente não viria. Se ela não chegara até aquela hora, quando geralmente eles se encontravam naquele mesmo ponto em que ele estava, era quase certo que ela não apareceria mais.

Então ele correu de volta à torre da Grifinória, encontrando um amontoado de gente na frente do retrato da Mulher Gorda. Ele abriu caminho até à frente da senhora.

-O que está acontecendo aqui?- Harry perguntou, impaciente- Vociferor vociferor!- ele disse a senha e imediatamente a passagem se abriu.

Harry ouviu vários suspiros aliviados atrás de si, mas pouco se importou. Entrou no salão comunal e foi direto à escada do dormitório feminino, e ainda teve tempo de ouvir:

-Hei, Potter! Fale pra sua amiguinha maluca pra ela vir destrancar a entrada do salão comunal, certo?- e a voz parecia bem indignada.

E Harry mais uma vez pouco se importou. Ele disse a senha debaixo da escada do dormitório feminino, ao que ele contou dessa vez foi preciso falá-la quinze vezes, e depois subiu, direto ao dormitório do sexto ano. Mas não havia ninguém lá.

Ele passou rapidamente pelo retrato, ignorando totalmente os alunos ‘presos do lado de fora do salão’, dando-lhes uma desculpa do tipo ‘Eu não achei a monitora-chefe, procurem a professora McGonagall e me deixem em paz!’.

E lá estava ele novamente na frente da porta do Salão Principal. A chuva estava agora bem mais forte, e ele teve a horrível sensação de que Gina estava no lugar em que combinara com ele: perto do lago e, consequentemente, debaixo da chuva.

Ele viu a figura distorcida de Gina, sentada na grama na orla do lago. Harry se aproximou e já ia falar com ela quando ela se virou.

-ME DEIXA EM PAZ, POTTER!- ele sequer deu atenção. Tentou novamente se aproximar.

-Gin... por que você...

-EXPELLIARMUS!- Harry foi lançado para trás, caindo alguns metros distante de Gina.- SAI DAQUI, HARRY... por favor...!

-Eu não vou embora, Gi, não sem você!- ele disse com convicção. A chuva aumentara mais, se é que isso era possível, e as gotas grossas e pesadas batiam com força nos corpos dos dois, às vezes chegando a doer- EU NÃO VOU TE DEIXAR AQUI, ESTÁ OUVINDO?

-EU TE ODEIO, POTTER! VOCÊ NÃO PERCEBE?

-POR QUE, GI? VOCÊ ESTÁ TÃO DIFERENTE... ME EXPLICA POR QUÊ...- ela avançou para cima de Harry e deu-lhe um tapa no rosto. Ele segurou os braços dela- Eu só quero que você me explique, Gi...

-VAI SER PIOR SE VOCÊ FICAR, HARRY... SAI DAQUI...

-Eu já disse que não saio daqui sem você... o que eu fiz, Gi? O que eu fiz para você ficar assim?

Gina parou e abaixou a cabeça, passando rapidamente a mão no rosto. Logo depois ela olhou para Harry, de uma maneira carinhosa, diferente da formo como ela olhara para ele instantes antes.

-O problema não é você, Harry...- ela sussurrou, aproximando-se dele- Você é sempre tão carinhoso e amável...- ela levou a sua mão ao rosto dele, passando-a pela cicatriz em forma de raio- ...você é perfeito, Harry, perfeito demais para mim...- ele tomou a mão dela nas suas, segurando-a firmemente.

-Eu não sou perfeito, Gi... você é...- Gina tirou sua mão rapidamente da mão de Harry, que sentiu na mesma hora a mão dela bater pela segunda vez em seu rosto, com mais força do que antes.

E então, dando uma última olhada para Harry, ela correu, no rumo do castelo. E Harry correu atrás dela.

-ME DEIXA, POTTER! NÃO VÊ QUE EU NÃO QUERO QUE VOCÊ VENHA ATRÁS DE MIM? TERMINOU! ACABOU, HARRY!

-MAS, GI...- ela parou por um instante e virou-se para ele- Me promete que você não vai ficar na chuva pelo menos... e que você vai ficar bem e num lugar seguro...

-Eu prometo, Harry...- e depois disso ela saiu correndo para o castelo, e Harry não soube quanto tempo mais ele ficou debaixo da chuva até resolver voltar ao salão e constatar no Mapa do Maroto que Gina estava no castelo, para alívio dele, na Sala Precisa.

A entrada do Salão Comunal tinha sido liberada já há muito tempo, Harry percebeu isso logo que chegara lá. Mas, ao invés de dirigir-se diretamente para o seu dormitório, ficou no salão, próximo à lareira, vendo desolado a lenha terminar de queimar. Ele estava com medo, não podia negar. Medo de que Gina adoecesse ou coisa pior...

-Harry?- Rony aproximou-se, vendo o amigo encolhido no sofá, com o rosto entre as mãos. Harry sequer se mexeu da posição em que estava- Harry, você...

Então ele olhou para Rony, com os olhos marejados e seu rosto inchado. Seus óculos estavam esquecidos no chão, sobre o tapete, quebrados em duas partes e com as lentes rachadas. Além de estar completamente molhado.

-Você está...chorando...- Rony sentou-se ao lado do amigo- Oculos Reparo!- ele consertou os óculos de Harry e entregou-os a ele- Novinhos.- e sorriu. Harry limitou-se a um suspiro.

Rony olhou de Harry para a escada do dormitório feminino e a entrada do salão comunal e para Harry novamente.

-Debaixo das escadas do dormitório feminino tem um painel escondido sob um dos degraus- Harry começou, sem tentar limpar as lágrimas em seu rosto- fale a senha ‘Homem subindo no dormitório das garotas’ quinze vezes. A escada vai liberar seu acesso até o quarto da Mione, se é isso o que você quer.- Rony olhou surpreso para o amigo- Lupin me falou sobre isso quando eu comecei a namorar com a Gi. Mas acho que não vou precisar mais. E parece que no momento você precisa subir lá mais do que eu.

-Há alguns minutos eu até estava pensando em como subir até o quarto da Mione e acordá-la, mas agora, vendo você nesse estado...- Harry deu um sorriso amarelo.

Harry explicou o modo como Gina estava naquele dia, e expôs ao amigo tudo o que sentira enquanto Gina brigava com ele e o que sentia naquele momento. E Rony tentou consolá-lo da melhor maneira possível. Logo depois ele acenou para Hermione, no alto da escada, e subiu para o dormitório.

-Oi.- ela disse, sentando-se ao lado do namorado.

-Sem sono?

-Ahan. Você?

-Ídem.

-Acho que então podemos não dormir juntos, o que acha?

-Acho perfeito.- ele sorriu, antes de dar um beijo nela. Logo depois, assim que separaram os lábios, ambos bocejaram. Olharam-se e sorriram- Parece que precisávamos disso para podermos dormir.

-Não que eu queira voltar lá para cima...- Hermione aconchegou-se ao peito de Rony, que mexia carinhosamente em seus cabelos.

-Harry e Gina brigaram.- ele falou- e parece que foi bem feio.- ela ia falar alguma coisa, mas ele foi mais rápido- Mas, se quer saber, acho que amanhã mesmo eles voltam às boas. Acho que aqueles dois nasceram um para o outro. São dois teimosos, e se parecem muito em algumas coisas. E sabe em que eu também acredito?

-Em quê?

-Em nós. Acredito piamente que Rony Weasley e Hermione Granger nasceram um para o outro.- ele levantou o rosto dela até que fitasse seus olhos- Mi, sabia que eu te amo?

-Sabia, mas adorarei saber sempre. E você? Sabia que eu te amo mais?

-Não, Mi, eu te amo muito mais. Meu amor é de um tantão assim...- Rony fez um movimento com a varinha e o desenho do céu apareceu na frente deles- ...do tamanho do infinito...- ele sussurrou ao ouvido dela.

Hermione virou-se para Rony e deu um breve selinho nele, abraçando-o com força em seguida.

-Nós esquecemos de liberar a passagem hoje...

-Eu não me arrependo. Você?

-Bem, não, mas isso nos rendeu uns bons pontos...

-Pontos estes que até o final do ano nós recuperaremos...

-Sabe que você tem razão?- ela se aproximou do rosto dele, encostando seu nariz ao dele.

-E eu tenho razão quando eu te peço um daqueles beijos que só você sabe dar?- ela pareceu pensar por um instante.

-Não, porque durante estes beijos nós perdemos completamente a razão.

Hermione empurrou Rony delicadamente, fazendo-o deitar-se no sofá. Ela deitou-se sobre ele logo em seguida, dando-lhe um beijo apaixonado.

"De um modo verdadeiro pode-se dizer que Rony e eu somos malucos, ou loucamente apaixonados um pelo outro.

Hoje nós até esquecemos de destrancar o salão, de modo que todos os alunos da Grifinória ficaram do lado de fora até as onze e meia da noite, quando a professora McGonagall conseguiu um contra-feitiço para o meu feitiço de tranca.

É certo que esse meu esquecimento me rendeu, ou rendeu a mim e ao Rony, gloriosos cem pontos na contagem geral da Grifinória, e que a minha insígnia de Monitora-chefe e a de monitor do Rony foram confiscadas durante duas semanas, e que nós dois vamos ter que cumprir detenções com o Filch durante três finais de semana, e que estamos proibidos de ir para Hogsmeade até segunda ordem, e que vamos ter que dar aulas particulares para os alunos do primeiro e do segundo anos, e que recebemos tarefas a mais nas disciplinas mais importantes dos NIEM’s, mas enfim... acho que pela primeira vez eu não me arrependo de algo errado (não que seja realmente errado, mas não foi totalmente certo) que eu tenha feito, ou que Rony e eu tenhamos feito. E se ele se arrepende do que fizemos, eu digo: eu fico sem me arrepender por ele, se é que isso é plausível.

Durante algum tempo Rony e eu ficamos no salão comunal, logo depois que Harry saiu e teve toda aquela história de ele não ir jantar e eu perguntar para o Rony se ele ia aparecer para jantar, e não para o jantar... isso deu para entender? E eu não sei de onde eu encontrei coragem para perguntar isso para ele, e até agora eu não sei ao certo se ele entendeu ou não, porque depois disso nós apenas nos beijamos... e nos beijamos... e nos beijamos... e eu repetiria isso durante muito tempo, para sempre, porque é durante todo esse tempo que eu quero beijá-lo e amá-lo...

Rony me explicou mais ou menos o que aconteceu entre Harry e Gina. Eu sabia que eles tinham brigado, obviamente, acho que toda a escola ficou sabendo depois que Gina gritou com o pobre do Harry lá no salão principal.

Eu tinha falado com ela logo pela manhã, antes do café. Ela acordara cedo e quando eu desci ela já estava aqui, parecendo solitária demais e um tanto transtornada. Gina parecia horrível, para falar a verdade.

Eu perguntei para ela se ela estava se sentindo bem, e ela me disse que tinha tido uma noite horrível, e que não estava se sentindo bem, e que tinha acontecido uma série de coisas com ela no dia anterior. Eu não quis entrar em detalhes, para não deixá-la ainda mais confusa e transtornada, então eu apenas a chamei para tomarmos café.

Depois disso eu não sei muito bem o que aconteceu. Só me lembro do episódio da aula do Binns, quando o Harry saiu antes de terminar o horário, e do salão comunal, quando ele não apareceu para o jantar.

De qualquer modo, eu só espero que eles se resolvam logo, porque eu realmente acho que Harry e Gina se merecem. Eles têm tanto em comum e se dão tão bem que acabar com uma relação tão duradoura como a deles chega ser algo, no mínimo, inadmissível.

Mudando de assunto, eu tenho que fazer uma tabela de estudos para mim e para o Rony, de modo que tenhamos tempo para estudar para os NIEM’s, estudar para os testes finais, fazer as tarefas sobressalentes, ensinar as crianças do primeiro e segundo anos, tricotar mais gorros para os elfos, tentar convencer a professora McGonagall de que trancar o salão, para que a entrada e a saída de alunos seja feita de uma forma mais organizada, é uma coisa realmente útil, dar um jeito de irmos para Hogsmeade daqui um mês (não que isso seja um problema), recuperar os pontos perdidos e namorar um pouco.

E digo: passar todo esse tempo com Rony ao meu lado não será uma das coisas mais fáceis que eu já fiz. Quero dizer, eu terei que ser estritamente profissional na maioria do tempo, de modo que possamos fazer tudo de acordo com a tabela para então, só depois, namorarmos.

Oh, Céus! Por que eu fui arranjar um namorado justo agora, na época dos NIEM’s? Não que eu esteja reclamando, porque venhamos e convenhamos, eu sou apaixonada por aquele garoto desde que tinha... sei lá... onze anos? E não sei se agüentaria muito mais tempo sem aqueles beijos dele..."

Harry levantou-se cedo àquela manhã. Mesmo tendo ido dormir às quatro da madrugada, ele sequer conseguira ficar na cama até depois das sete. Sua cabeça ainda estava quente demais por causa da briga que tivera com Gina, e aquele sentimento de perda era horrível.

Antes de sair do dormitório ele deu uma olhada na cama de Rony, vendo o amigo dormir tranqüilamente, agarrado ao diário dele, parecendo que estava tendo um sonho maravilhoso.

Certificou-se de que Gina ainda permanecia na Sala Precisa e então foi até ela. Quando Harry chegou e entrou na sala, viu a garota deitada entre as almofadas, encolhida por debaixo dos cobertores pesados. Ela acordou ao mínimo barulho que Harry fez.

-Harry?- ela piscou algumas vezes, tentando enxergar Harry melhor.

-Queria saber se você estava bem, fiquei preocupado.- ele disse, agachando-se próximo a ela.

Gina ergueu a mão, levando-a até o rosto de Harry, e observando-o atentamente, fitando aqueles olhos verde-esmeralda, que desde o primeiro momento em que se viram, encantaram-na profundamente. Ela suspirou, sentindo as lembranças de dois dias atrás invadirem a sua mente.

-Eu não preciso ficar aqui se você não quiser.- Harry disse, carinhoso- Eu só queria saber se você estava bem...- ele levantou-se e virou para ir em direção à porta, mas Gina segurou o braço dele, impedindo-o de sair.

-Não, Harry... fica.- ela pediu- Você precisa de uma explicação, você merece uma...- ele sorriu ao ver Gina afastar-se entre as almofadas, dando um lugar para ele ao lado dela.

Um silêncio incômodo caiu sobre eles durante alguns minutos. Harry apertou uma mão na outra, demonstrando o seu nervosismo, enquanto Gina encaracolava os cabelos com os dedos, mexendo neles insistentemente, como ela sempre fazia quando estava nervosa ou transtornada.

-Eu não queria que você ficasse preocupado, Harry.- ela disse por fim, quebrando o silêncio- Mas eu fiz tudo errado, no final das contas...

-Bom, eu provavelmente falaria que você fez tudo errado no final das contas, mas eu ainda não sei os motivos que te deixaram desse jeito.- ela deu um breve sorriso.

-Você tem razão.- ela levantou-se e andou até a mesa que aparecera ali instantes antes de Harry entrar, quando ele próprio imaginara que precisaria de uma mesa antes de sair daquela sala- E eu não gostaria que você ficasse chateado, Harry, ou melhor, nervoso ou com raiva. Você me promete isso? Me promete que depois de tudo que eu falar você não vai ficar com raiva de ninguém? Ou que no máximo você vai ficar com raiva de mim, mas não vai sair por aí brigando com todo mundo, certo?- ele franziu o cenho.

-O que você quer dizer com isso, Gina?

-Apenas prometa, Harry, OK?

-Certo, eu prometo.- Gina sentou-se sobre a mesa e olhou diretamente nos olhos verdes de Harry.

-São três os motivos que me deixaram daquele jeito de ontem, Harry. E eu vou citá-los em ordem de importância.- ela suspirou- Não que você não seja importante, porque você é o mais importante, mas eu digo que você ficar um dia sem falar comigo não é suficiente para fazer com que eu grite contigo e diga que eu te odeio.

-Me desculpe por antes de ontem.- ele falou- Eu não falei contigo o dia todo, e nem respondi todas as suas dez cartas, mas eu tenho um bom motivo para isso.

-Exponha-o.

-O nosso aniversário de namoro foi ontem, lembra? Todo dia 1º, e ontem foi 1º de abril, e eu queria te fazer uma surpresa, e fiquei todo o dia anterior preparando um presente legal, quero dizer, um ano e meio é muito tempo e não poderia passar em branco, afinal. Me desculpa se eu te magoei.

-Eu não sabia disso, Harry...- ela disse com a voz chorosa.

-Tudo bem.- ele deu de ombros- mas agora me diz os outros dois motivos.

-É o Draco.

-O que tem o Malfoy?- Harry perguntou depressa, pressentindo que iria ficar nervoso a qualquer momento- E desde quando você o chama pelo primeiro nome?

-Isso não tem importância, Harry. O que importa se eu o chamo de Draco, Malfoy, idiota, bebezinho da mamãe ou mimado? Não dá tudo no mesmo?- Gina retrucou, já com o tom de voz elevado- Ele é um dos motivos de ter me deixado irritada. Eu já não estava bem antes de ontem, e ele ainda me apronta uma daquelas...

-O que ele fez, Gina?- Harry fechou os punhos- Por que se ele tiver feito alguma coisa contigo, eu...

-Você o que, Harry? Vai lá e bate nele, com o impulso de querer matá-lo?- ela perguntou séria demais, assustando Harry- E vai quebrar a promessa que você me fez?

-Me desculpe, mas eu só queria...- ele suspirou profundamente- só queria entender tudo isso...- ela olhou novamente nos olhos de Harry e depois suspirou de um jeito pesaroso.

-Ele me beijou, Harry.- ela disse por fim.

-O QUÊ?- ele gritou, fazendo Gina sobressaltar-se- Você o beijou...

-NÃO EU, HARRY!- ela gritou, sem saber se fora porque ela ficara realmente nervosa com Harry ou se apenas queria falar no mesmo tom que ele, o que, no final das contas, era tudo a mesma a coisa- ELE ME BEIJOU, E ISSO NÃO QUER DIZER QUE EU TENHA RETRIBUÍDO. EU NÃO QUERIA. E SE VOCÊ QUISER SABER, ELE JÁ TEVE O QUE MERECEU.

-O MALFOY ME PAGA!- Harry gritou, dando um soco na parede e imediatamente depois arrependendo-se, ao sentir a dor nos nós dos seus dedos- ELE NÃO TINHA ESSE DIREITO!

-E O TERCEIRO MOTIVO, HARRY...- Gina tentou falar, mas Harry estava fora de si agora e parecia não ouvir.

-EU PEGO AQUELE IDIOTA FILHINHO DA MAMÃE. QUEM ELE PENSA QUE É?- ele chutou uma cadeira que aparecera ali, justamente porque ele precisava de uma para chutar, e isso assustou Gina mais ainda.

-O TERCEIRO MOTIVO, HARRY, É QUE EU ACHO QUE EU ESTOU GRÁVIDA!- ela gritou mais uma vez.

-VOCÊ VAI VER, MALFOY, QUE NÃO SE BRINCA COM HARRY POTTER! E...- Harry parou, a meio caminho de chutar mais uma cadeira que aparecera ali com aquele propósito. Virou-se para Gina, olhando-a com uma expressão que nem mesmo a garota lembrava de ter visto nele antes- O que você disse?

-Eu acho que estou grávida.- ela falou num fio de voz e depois pôs-se a chorar.

A reação de Harry fora ir até ela na mesa e abraçá-la. Aquela notícia era, bem, ele não tinha realmente uma boa definição para o que Gina acabara de lhe dizer. Era uma coisa delicada demais e Harry sabia que, naquele momento, mais do que ele, Gina estava transtornada por causa de uma possível gravidez. E só então, ouvindo o terceiro motivo dela, ele entendeu suas atitudes no dia anterior.

Ele sentiu os braços dela envolverem seu pescoço, e o abraçarem com força, como se quisesse sentir-se protegida, como provavelmente ela só sentia nos braços de Harry. E ele a apertou com força, querendo mais do que tudo protegê-la.

-Hei, meu amor...- ele sussurrou ao ouvido dela, sem saber exatamente o que falar.

Harry não sabia o que fazer. Ele não sabia se chorava também ou se mantinha-se forte para dar apoio à namorada. A Segunda opção pareceu-lhe mais correta a se fazer, mesmo que ele não tenha conseguido impedir algumas lágrimas de escorrerem pelo seu rosto.

E ele também não sabia como reagir diante daquela situação. Quer dizer, a noite deles, quase dois meses antes, fora tão maravilhosa, e tudo pareceu tão mágico e perfeito, que uma conseqüência como aquela estava, certamente, fora dos planos de ambos.

-Me diz que você não vai me deixar, Harry... não agora...- ela falou, ainda chorando, abraçando-se mais ao garoto.

-Nem nunca, Gina.- ele disse- Eu seria incapaz de fazer isso com a garota que eu mais amo nesse mundo, principalmente num momento como esses. Eu entrei nessa contigo, e vou sair dessa contigo...- ele sorriu para ela, um sorriso confiante, e depois completou- pai ou não...

Ela deu um sorriso tímido e retraído para ele, enquanto ele levava a mão até o rosto dela, limpando as lágrimas que ainda insistiam em rolar pelo seu rosto.

-Esse sorriso quer dizer que você está reatando comigo?

-E quando foi que eu terminei contigo?

-Ontem.

-Eu não achei que você fosse levar a sério.

-E não levei, mas eu precisava ouvir isso de você.

-Seu bobo...

-Por você, certo.- ela abriu e fechou a boca algumas vezes, e não teve tempo de falar nada, pois Harry a apanhou com um beijo apaixonado.

Ele apoiou-a na mesa, na intenção de aprofundar mais o beijo e sentir que Gina estava novamente em seus braços, depois de uma horrível ‘briga’. E ele quis acreditar que não era um sonho, que ele estava realmente com a boca colada na de Gina. E ele constatou que era verdade quando ela agarrou-se ao pescoço dele, murmurando algo malicioso em seu ouvido. E ele sussurrou:

-Não importa o que aconteça, Gin, eu estarei sempre ao seu lado.

Harry descolou os seus lábios dos da namorada e afastou-se dela, estendendo-lhe a mão. Gina franziu a testa, tentando entender porque ele parara. Ele deu um sorriso significativo para ela, e só então ela entendeu o que ele queria dizer. Ela segurou a mão dele com força, sentindo-se protegida apenas com o calor que emanava da mão dele, e juntos, saíram da Sala Precisa.

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"A professora McGonagall pareceu bem relutante no início quando eu apresentei a idéia das trancas no salão comunal. Ela argumentou que a entrada do salão tinha que ficar liberada para todos os alunos da Grifinória. Bem, depois eu argumentei que a desorganização dos alunos no momento em que entrassem ou saíssem do salão comunal poderia obstruir a passagem do retrato, ou danificar as instalações da querida Mulher Gorda. Esta que até me apoiou quando a professora pediu seu testemunho a respeito da idéia.

O fato é que eu novamente tenho licença para trancar o salão comunal, de acordo com uma tabela que a professora fez, que não saiu bem do jeito que eu queria porque de acordo com ela o salão só poderá ser trancado durante a noite, para impedir a saída dos alunos, e durante o período de aulas, para impedir a entrada dos que queiram gazear alguma aula. Mas a minha insígnia ainda ficará apreendida por longas duas semanas.

As minhas saídas com Rony durante a noite não ficaram de modo algum afetadas. A querida Mulher Gorda é sensata o suficiente para saber que as minhas idéias foram para o bem dela e que, por isso, ela libera tranqüilamente a minha passagem a qualquer hora do dia, ou da noite, como é o caso.

Harry e Gina voltaram às boas. E eu fico muito feliz com isso porque, como eu disse anteriormente, é inadmissível que aqueles dois se separem. Bem, durante todo o dia de hoje os dois permaneceram calados demais, de certo modo fechados e bastante preocupados, mas não se desgrudaram um minuto sequer.

Eles faltaram as aulas da manhã e pareceram satisfeitos que as aulas da tarde haviam sido canceladas porque o temporal fez com que a masmorra do professor Snape desabasse, devido a uma infiltração no subsolo do colégio. Os Sonserinos ficaram muito falsamente irritados, já que a professora McGonagall me disse que os próprios eram suspeitos por danificar a estrutura subterrânea da escola.

Rony reclamou algo sobre o Harry cancelar o treino de quadribol que teria hoje no final da tarde porque a Gina não estava se sentindo muito bem e, por isso, não estava em condições de treinar debaixo de todo aquele aguaceiro que cai há dias lá fora.

Falando em Rony, hoje ele foi ao meu quarto, saber porque eu tinha faltado as aulas da manhã. Ele pareceu preocupado, e me lembrou que eu mesma tinha feito aquilo, ido ao dormitório dele saber porque ele tinha faltado as aulas, antes de começarmos a namorar, um dia depois que eu dei aquele projeto de beijo nele.

E eu, pela primeira vez na vida, fiquei alegra o suficiente por ter faltado aulas, quero dizer, é realmente bom acordar e ver a pessoa que você mais ama no mundo todo olhando com carinho e amor para você. É uma sensação incrível..."

Hermione guardou o diário depressa na sua bolsa. Logo depois ela foi para o pé da escada do dormitório masculino, esperar Rony, que já estava descendo.

E logo em seguida eles poriam em prática a Tabela de Estudo Intensivo e Arbitrário, ou TEIA, de acordo com Rony, que fora apresentado a ele ainda naquela tarde, e soubera no mesmo instante que não conseguiria sair dela tão facilmente como pensava.

-E então, eu consegui botar alguma coisa nessa sua cabecinha dura?- ela perguntou com um sorriso.

-Conseguiu botar um monte de pensamentos impróprios nela, isso sim...- ele agarrou-a por trás, dando um beijo na nuca dela, fazendo-a se arrepiar.

-Eu não estou falando disso, Ronald!- ele franziu o cenho.

-Ronald? Faz tempo que você não me chama de Ronald...- ela sorriu.

-Seu bobo... prefere amorzinho? Ou quem sabe Roniquito, ou Meu tchutchuco- ele olhou-a escandalizado.

-Por favor, Mione... nada de Roniquito ou Meu tchutchuco...- ela riu, achando graça da expressão de Rony.

-Estou falando sobre o que você vai fazer na vida, ou o que vamos fazer dela, amorzinho.- ele sorriu, levou sua boca até próxima ao ouvido dela e sussurrou:

-Já pensou em se casar?- o sorriso dela desapareceu e, de repente, não havia chão debaixo dela para ela se segurar. Suas pernas bambearam e Rony teve que segurá-la para que não caísse- Comigo, claro...- ele acrescentou. Os olhos dela marejaram e ela voltou a sorrir. Então, ela o beijou, dando sua resposta.

-Irmãozinho...- Gina bateu no ombro dele, enquanto ele ainda beijava Hermione. Rony sequer parou de beijá-la, apenas apontou o polegar para a escada do dormitório masculino, atrás de si- Obrigada, irmãozinho...- segundos depois ele separou um pouco os lábios dos de Hermione e falou, num sorriso divertido:

-Às vezes eu acho que a minha irmã não sabe mais o meu nome...- ela sorriu e levou a cabeça para cima do ombro de Rony, de modo a ver Gina subindo as escadas.

-Hei, Gina.- a garota parou, já no último degrau- qual o nome do seu irmão?

-Qual deles?

-Este.- Gina pôs a mão no queixo, parecendo pensar.

-Não é Tony?- Rony olhou de Gina para Hermione, que começaram a sorrir.

-De que que ela me chamou?- e virou-se para Gina novamente, que já quase desaparecera no corredor do dormitório masculino- Hei, mocinha, volte aqui! De que você me chamou?- Hermione o fez virar-se para ela.

-Então, Meu tchutchuco, esqueça a sua irmã por um instante...o que você estava falando ainda agora mesmo?

-Meu tchutchuco não, Mione...- ela olhou-o dengosa- OK! OK! Qual será o próximo? Vamos evoluir para Salamandra Ardente? Ou Hipogrifo Apimentado...- ela não se segurou e riu.

-Definitivamente, Rony, você não é muito bom para apelidos... Salamandra Ardente? Hipogrifo Apimentado? Parecem pratos de restaurante...

-Então, Hermione Granger...- ele segurou-a pela cintura, trazendo-a para perto, e sentindo as mãos dela se apoiarem em seu peito- se você prefere Minha tchutchuca...- ela abriu e fechou a boca várias vezes e, quando aparentemente tinha uma resposta à altura para Rony, ele a beijou, fazendo-a esquecer-se totalmente da TEIA, que era a tabela, e prendendo-se por inteiro no beijo apaixonado que o namorado lhe dava.

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