Atravessando as memórias



Capítulo 28 – Atravessando as memórias



Depois do ataque a Hogsmead, os dias permaneceram relativamente calmos em Hogwarts. A maioria dos alunos feridos já tinham sido liberados por Madame Pomfrey e os habitantes da vila já tinham regressado a suas casas. O ambiente entre os alunos, porém, não era dos melhores. A notícia de que James Potter corria risco de vida deixou a maioria dos alunos entristecida, já que todos se tinham afeiçoado ao ex-maroto, durante a estadia dele no castelo como professor. Gryffindor parecia ser a casa mais afectada por tudo isto e já nem os gémeos Weasley se atreviam a dizer piadas ou fazer as brincadeiras do costume.

Harry desaparecia da sala comum, logo no final das aulas e só voltava a aparecer na hora de ir dormir. Ninguém desconfiava das suas saídas e ninguém fazia perguntas, já que todos pensavam que ele passava o tempo na enfermaria. Na verdade, Harry atirara-se de cabeça para os seus treinos com Joanne e Remus, para tentar controlar rapidamente os seus poderes e, talvez, para não ocupar a cabeça com pensamentos negativos, tal como a recente profecia que tinha ouvido da professora de Adivinhação. Quando chegava à Sala Comum sentava-se junto da namorada e dos melhores amigos e os quatro permaneciam em silêncio enquanto terminavam os trabalhos de casa.

Entre os Marotos, a situação também não estava melhor. James refugiara-se no campo de Quidditch e só aparecia às aulas e às refeições e chegava ao dormitório sempre depois de todos terem adormecido, debaixo da capa da invisibilidade. Sirius, Remus e Marlene eram obrigados a dar sorrisos falsos a Peter, tratá-lo do mesmo modo que sempre o tinham tratado. Sirius achava que ia deslocar o maxilar de tanto que sorria falsamente. Lily era a única que podia dar-se ao luxo de tratar mal Peter, já que era a única que sempre demonstrou desafecto pelo maroto.

Mas o que mais preocupava Lily nem era tanto a sua relação com Peter mas o silêncio e o afastamento de James. Ela sabia que ele estava a chocar uma raiva pela traição de Peter e tinha medo do que aconteceria quando essa raiva finalmente eclodisse. Iria ser uma tragédia, eles iriam alterar todo o futuro e sabe-se lá o que poderia acontecer. É certo que não lhe agradava a ideia de só viver mais uns anos, muito menos de assistir às mortes de Marlene e James. Está bem… eles voltariam à vida, mas a perspectiva era aterradora, mesmo que tivesse a certeza de que não queria mudar o seu destino, se isso significasse salvar a vida de Harry. Porém havia outro senão. E se James adulto morresse? Ela não iria aguentar perder o seu James, tinha a certeza disso.

Estes pensamentos ocupavam a cabeça da ruiva e nem a perspectiva de que teria os NIEM daí a alguns meses a fazia prestar atenção ao livro que tinha na sua frente. Os seus olhos dirigiam-se de Ginny, que andava de um lado para o outro, com uma expressão de preocupação na face, e para Sirius e Remus que dirigiam olhares fulminante e mortíferos a Peter quando este não estava a ver. Após várias tentativas frustradas de se concentrar no livro, decidiu que era o momento de desistir. Decidida, levantou-se e saiu da Sala Comum sem dirigir a palavra a ninguém, dando passos decididos na direcção do lugar onde ela sabia que James estaria. Como monitora chefe poderia andar pelos corredores sem dar explicações a ninguém, além de que, não se sentiria culpada por estar a quebrar regras. O caminho até ao estádio de Quidditch parecia-lhe um tanto aterrador, iluminado pela lua em quarto crescente, principalmente depois da sua aventura com Marlene, para descobrir a verdade sobre os Marotos.

Não se enganara! James estava lá, montado na sua vassoura, a treinar técnicas de captura da snitch, que envolviam descidas perigosas e voos rasantes. Sem que James reparasse na sua presença, Lily sentou-se numa das bancadas a observar o moreno. Ele parecia alheio a qualquer problema da sua vida e concentrava-se apenas na pequena bolinha que aparecia e desaparecia a uma velocidade fantástica, sem dar tempo a Lily de a acompanhar com os olhos. Talvez fosse essa a maneira que ele tinha para não pensar demasiado no futuro e não cometer qualquer tipo de asneira.

Passou-se cerca de meia hora e só aí James se deu conta da presença da ruiva. A princípio assustou-se, com o pensamento de que tinha sido apanhado em flagrante, por alguma professor, mas logo soltou um suspiro de alívio ao perceber os longos cabelos ruivos. Inclinando-se para a frente, James voou até Lily e aterrou ao lado desta.

Lily não pode deixar de reparar nos cabelos arrepiados e desordenados dele a balançar na brisa da noite, dando-lhe um encanto sedutor. O bichinho que costuma remoer no seu estômago antes dela admitir que o amava, ronronou baixinho, perante a visão de James, mas logo o seu coração ficou pequenino quando viu tristeza nos olhos dele, raiva e confusão. Parecia que qualquer traço Maroto tinha desaparecido daquele rapaz, embora ele tentasse disfarçar quando estava na presença dos amigos.

- Nunca pensei encontrar-te aqui. – A voz dele soou surpresa, mas ao mesmo tempo com alguma satisfação. Desmontando a vassoura, ele sentou-se ao lado dela, com os olhos desviados para a lua. – Nunca pensei ver Lily Evans largar os seus livros para vir para o campo de Quidditch, ainda mais depois da hora de recolher.

Lily deu um sorriso e encostou a cabeça no ombro dele, passando os braços em torno da cintura dele. James abraçou-a num gesto protector e beijou-lhe os cabelos ruivos, antes de voltar a olhar para a lua.

- Acho que ando a passar demasiado contigo. Talvez seja má influência. – o silêncio reinou entre eles, durante uns minutos, quebrado apenas pelo som dos animais da floresta proibida. – Estou preocupada contigo, James!

James encarou-a com uma expressão séria, parecendo não ter percebido o que ela havia dito, mas logo a sua expressão de suavizou e até um sorriso maroto pareceu bailar nos seus lábios.

- E há alguma razão para a senhorita Evans dispensar a sua preocupação comigo?

- James! Tu sabes que sim. Aquela conversa… queres falar sobre isso?

James não respondeu. Por um lado não queria conversar sobre aquele assunto. Era demasiado recente e ainda lhe custava acreditar que seria traído por um dos seus melhores amigos, sem poder fazer nada para mudar isso. Por outro lado, precisava de falar, ou então tinha a certeza de que iria explodir.

- Não sei bem o que pensar. Tive três dias para reflectir sobre isso, mas tentei não preencher a minha cabeça com isso, ou acho que não vou aguentar entrar na farsa que me querem exigir.

Lily não sabia bem o que dizer. Nos últimos meses James tinha mudado radicalmente e ninguém podia negar isso. É certo que continuava com a sua personagem arrogante e brincalhona, mas ganhara uma responsabilidade como Lily nunca pensara que pudesse algum dia existir nele. Ás vezes Lily perguntava-se se James não sabia de alguma coisa relacionada com o seu futuro, antes mesmo de saber da traição de Peter, tal como ela já sabia, embora pensasse que não era real.

- Quando eu vejo o Peter, tenho vontade de o socar até ele cair para o lado! Não sei até quando vou aguentar isto.

Lily sentiu um arrepio trespassar-lhe o corpo diante do tom frio de James. Se as palavras em si já eram aterradoras, a emoção por detrás de cada palavra criava em torno de James uma aura negra, cheia de ódio e rancor.

- James, não faças nenhuma loucura. Eu sei que te sentes mal por tudo, mas…

A voz da ruiva saiu mais autoritária do que Lily contava. James afastou-se imediatamente dela e encarou-a, a princípio, com uma expressão indecifrável. A partir daqui viria o surto que Lily esperava. Ela apenas não contava que ele descarregasse nela.

- Tu achas que eu me sinto mal? Não, Lily, que ideia! – a voz de James ecoou pelas bancadas, assustando Lily. – Eu não me sinto mal, eu sinto-me PESSIMAMENTE MAL! Como te sentirias se descobrisses que um dos teus melhores amigos te irá trair, entregar a Voldemort a tua família, que a mulher que mais amas na vida iria morrer dentro de poucos anos e que aquele que consideras como um irmão iria passar doze anos inocente em Azkaban? E ainda por cima não poderes fazer nada para alterar isso?

James despejou tudo o que estava entalado. Quando terminou ele estava a ofegar, como se tivesse acabado de disputar a snitch de ouro num jogo de extrema importância. Lily conhecia James bem o suficiente para saber que, naquele momento, ele não estava a pensar racionalmente. Mas ela não se deixou abalar, muito pelo contrário. Assumindo uma postura decidida, deu um passo na direcção dele. No momento seguinte apenas se ouviu um estalo por todo o campo.

- Ei! – James pareceu acordar de um transe e dirigia um olhar espantado para Lily, enquanto passava a mão pela cara, no local onde Lily lhe aplicara um tapa. – Para que foi isso?

Lily sorriu satisfeita. Pelo menos o surto tinha terminado.

- Isso foi para te fazer acordar para a realidade. NUNCA…. – Lily frisou bem o nunca, com alguma irritação na voz – … mas nunca te esqueças que estou tão mal como tu, quanto a esta situação. Se não te lembras, eu também vou ser traída, eu também irei ver o homem que mais amo na vida ser morto, perderei a minha melhor a amiga e morrerei para deixar o meu único filho nas mãos da irmã que eu detesto! Ah…. E não convém esquecer a parte em que tenho o mesmo sonho há meses, com Voldemort a matar-te!

James ficou calado durante alguns segundos. Não tinha percebido o conteúdo da frase de Lily. A sua face encheu-se de puro arrependimento quando percebeu finalmente o que ela queria dizer.

- Tu sonhavas com isso?! – perguntou ele sem conseguir acreditar – Então foi por isso que começaste a tratar pior o Peter, desde há algum tempo. Eu pensava que era só implicância.

Uma lágrima escorreu pela face alva de Lily. Ela abraçou-o pela cintura e escondeu o rosto no peito dele, a tentar abafar um soluço que lhe subia na garganta.

- Eu comecei a sonhar com isso mais ou menos no Natal. É sempre o mesmo sonho. Nós estamos numa casa, com o Harry bebé. Voldemort aparece, tu imploras que fuja com o Harry e depois… depois eu vejo Voldemort a matar-te! – agora as lágrimas corriam abundantemente e a voz dela soava nasalada. – No princípio eu pensei que era um pesadelo como tantos outros. Mas agora… agora eu sei que é real!

James apertou-a mais contra si, a sentir o arrependimento tomar conta dele, por ter descontado nela a sua raiva, quando ela, provavelmente, estava a sofrer mais do que ele com toda a situação.

- Desculpa, Lily, eu não devia ter dito aquilo! – a sua voz saiu num sussurro, enquanto afagava os cabelos ruivos de Lily. – Vai ficar tudo bem, tu vais ver. Mesmo que aconteça tudo aquilo que todos dizem que irá acontecer, um dia iremos ser muito felizes juntos, vais ver. Perdoa-me por ter gritado contigo, eu sou um tolo!

Lily limpou as lágrimas com as mãos e esboçou um pequeno sorriso, enquanto respirava fundo, para se acalmar.

- Sim… tu és um tolo! – James ergueu uma sobrancelha e olhou-a nos olhos, à espera do que viria a seguir. – Um tolo que põe a amizade acima de tudo, um tolo que dá a vida pelas pessoas que ama, um tolo que confia nos outros, um tolo que dá segundas, terceiras e quartas oportunidades a quem não merece – aqui Lily corou ligeiramente – mas acima de tudo, o tolo mais estupidamente altruísta que eu já conheci e o tolo que eu mais amo neste mundo.

- É impressão minha ou acabaste de me fazer uma declaração?! – James simplesmente não resistiu, o que lhe valeu um pequeno soco no peito, dirigido por Lily – Sabias que eu te amo? Eu não sei o que seria de mim sem ti, minha ruivinha!

- É! Afinal eu sou perfeita! O que seria o mundo sem Lily Evans?! – Lily passou a mão pelos cabelos, numa tentativa de imitar James – Definitivamente estou a passar demasiado tempo contigo.

James inclinou-se para lhe beijar a face, mas, no último momento, Lily virou a cara para lhe beijar rapidamente os lábios, antes de começar a correr na direcção do castelo, deixando para trás um James frustrado.

- Ela vai deixar-te louco, James Potter! – disse para si, enquanto montava na vassoura para a apanhar rapidamente.



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Uma estranha sensação percorria o seu corpo e a sua alma. Sentia como se tivesse percorrido quilómetros naquele estranho corredor, um túnel pouco iluminado, húmido e com um irritante cheiro nauseabundo. A cada passo que dava, pisava algo molhado e mole, não se atrevendo sequer a imaginar o que aquilo poderia ser. Aquilo parecia um labirinto e não existia ali nada que pudesse indicar a saída. Tentava recordar-se da razão de ter ido parar àquele lugar, sem, no entanto, encontrar uma explicação palpável, ou pelo menos a uma pequena recordação do que tinha acontecido antes. A sua mente parecia estar vazia e não conseguia ter acesso às suas memórias, mesmo as mais recentes. Cada vez que tentava recordar-se de algo, vinham-lhe à cabeça imagens de quando era criança: de quando recebeu a sua primeira vassoura, do seu primeiro voo, da sua primeira partida de Quidditch, do sorriso bondoso da sua mãe, enquanto lhe aconchegava os lençóis da cama à noite, das tardes que passava a discutir Quidditch com o seu pai, ou com o seu tio preferido, o tio Dominic. Sorriu com a recordação deste último.




Flashback

- James, não interessa se a tua equipa está a perder por cinquenta pontos, ou se está a perder por quinhentos. Como seeker deverás esforçar-te ao máximo por apanhar a snitch.

- Mas, tio Dominic! – disse um pequeno James de cinco anos, como se estivesse a defender a teoria mais incontestável do mundo – Se estiver a perder por mais de cento e cinquenta pontos, a minha equipa vai perder de qualquer forma.

Dominic pegou no seu sobrinho, sentou-o no seu colo e afagou-lhe os cabelos negros, despenteando-os completamente.

- Meu pequeno James! Podes até perder, mas se apanhares a snitch continuarás a ser o herói. E tenho a certeza de que, quando fores grande serás um grande seeker, quer a tua equipa seja fraca ou a melhor do mundo.

Fim do Flashback




Dominic Potter sempre fora um grande amigo, sempre disposto a levá-lo a assistir a jogos de Quidditch, a contar-lhe histórias de dragões e de bruxos poderosos que salvavam as lindas bruxas indefesas, ou mesmo a defendê-lo quando a mãe vinha com um sermão por causa de uma das suas traquinices. Quando ele morreu, James sofreu tanto como se tivesse perdido o seu próprio pai ou um irmão mais velho, mas sempre recordaria o tio Dominic com muito carinho.

Continuando o seu caminho através daquele estranho lugar, James recordou-se de outros momentos importantes da sua vida. Lembrava-se perfeitamente do dia em que pisou pela primeira vez em Hogwarts, de quando viu a escola pela primeira vez, ao atravessar o lago, acompanhado de outros três miúdos. Dois deles tornar-se-iam os seus melhores amigos para o resto da vida. O quarto elemento era a ruiva explosiva Evans, que ele tanto gostava de irritar. Começara logo na estação de King Cross, quando a tinha visto pela primeira vez e, desde aí, nunca mais tinha perdido aquele irritante hábito. Sentia que se tinha apaixonado desde aquele momento, mas só anos mais tarde percebeu os seus verdadeiros sentimentos, talvez porque ainda não sabia o que era o verdadeiro amor entre um homem e uma mulher, ou talvez porque ainda achava que romances eram para miúdas “frescas”.



Flashback

- E POTTER APANHA NOVAMENTE A SNITCH DOURADA, DANDO A VITÓRIA DO CAMPEONATO A GRYFFINDOR, PELO QUARTO ANO CONSECUTIVO!

James via-se rodeado pelos seus colegas de equipa, que comemoravam com ele depois de uma vitória num jogo difícil contra Ravenclaw. Estava em seu sexto ano e era capitão da equipa desde o ano anterior, pelo que festejava redobradamente aquele título. Era visto como uma espécie de herói entre os Gryffindor e tornara-se um dos garotos mais populares da escola, juntamente com Sirius.

As meninas suspiravam, completamente extasiadas pelo seu “ encanto natural”, como ele o descrevia, e os rapazes idolatravam-no, desejando ardentemente possuir o seu talento no campo de Quidditch. Era popular, reconhecido como um dos melhores seekers que já tinha passado por Hogwarts, tinha boas notas sem se esforçar muito por isso, tinha um grupo de amigos fantástico e um futuro promissor… ou seja, James tinha tudo o que um rapaz poderia ter para se sentir realizado. Estranhamente, não era assim que James se sentia. Faltava algo para ele se sentir completo, embora ele não soubesse muito bem o quê. Ou talvez até soubesse.

Entre as pessoas vestidas com as cores de Gryffindor, James reparou nos cabelos cor de fogo que pareciam camuflados entre o vermelho das roupas dos seus colegas de casa. Separando-se dos colegas de equipa, James voou até à ruiva, parando na frente da bancada, ainda em cima da vassoura.

- Então, Evans? Nem depois desta vitória vais aceitar sair comigo?

Lily dirigiu-lhe um olhar de desprezo. Embora detestasse admitir, James sentia-se minúsculo e intimidado perante aquele olhar.

- Potter, aprende uma coisa! – Lily respirava fundo, tentando controlar a explosão que parecia prestes a fazer-se sentir – Eu venho assistir a estes jogos, porque a minha melhor amiga também joga e eu vejo-me na obrigação de a apoiar. Caso contrário, eu não estaria nem aí para que o estádio fosse abaixo e o Quidditch banido para sempre do planeta. Portanto, se achas que eu sairia contigo por causa de uma vitória ridícula, então és mais burro do que eu pensava.

- MEUS CAROS COLEGAS! – a voz do relatador do jogo, a alguns metros dali, era ouvida novamente no micro – POTTER ACABA DE RECEBER UM NOVO FORA DE EVANS! ACHO QUE TEMOS UM NOVO RECORD!

Gargalhadas foram ouvidas pelos estádio, principalmente da bancada dos Slytherin que não perdiam uma oportunidade de ver James dar com a cara no chão! Mas este, estranhamente, continuava a sorrir. Lançando um beijo pelo ar a Lily, voou até ao seu colega que continuava com o microfone na mão e arrancou-lhe. James sorriu perante a expressão de pavor de Lily e começou a falar, com a voz ampliada por todo o campo.

- Lily Evans! Depois de receber 2084 foras teus, eu finalmente bati o recorde de Marcus Hollander e Hillary Jordan! – agora sim, a festa prometia e Lily escondia o rosto entre as mãos, deixando à vista apenas uma testa tão vermelha quanto os cabelos. – Não sei se sabes, mas eles casaram dois anos após saírem de Hogwarts.

Vendo a balbúrdia que ocorria no estádio, McGonagall dirigia passos apressados na direcção do seu aluno, mas este subiu no ar, novamente, ainda com o microfone na mão, não dando tempo à professora de parar com o seu show.

- Futura Senhora Potter, eu dedico-te esta vitória! – os aplausos dos fãs do capitão de Gryffindor fizeram-se ouvir, pelo que ele fez uma vénia. – Mas antes… – de novo o silêncio – … eu tenho outra coisa para te falar, ou melhor, cantar! – um sorriso maldoso surgiu nos lábios de James e Lily destapou a cara.

- NÃO TE ATREVAS, POTTER!

Lily não chegou a ser ouvida, pois logo James começou a cantar. E para seu completo espanto, não que viesse algum dia a admitir, James Potter possuía uma agradável voz.

- It´s a little bit funny, this feeling inside, I’m not one of those who can easily hide. - James não podia deixar de sorrir perante a expressão furiosa de Lily e o olhar de assombro dos seus amigos, como se ele tivesse três cabeças. As meninas, por sua vez, pareciam suspirar mais do que o costume. - Don’t have much money, but boy if I did, I’d buy a big house where we both could live.

Todo o estádio tinha parado para assistir à pequena mas original declaração de amor de James, mesmo que todos tivessem a certeza de que ele estava a fazer isso só para irritar a ruiva. McGonagall tinha desistido de tentar parar o capitão da equipa da sua casa e Dumbledore dava um sorrisinho compreensivo, enquanto assistia a tudo maravilhado.

James, por sua vez, aproximava-se de Lily que parecia estar prestes a invocar algum feitiço que o atirasse da vassoura a baixo. Quando James entrou no refrão da música, Lily tinha a certeza de que ou mataria James por aquele vexame, ou matar-se-ia a ela de vergonha.

- And you can tell everybody, this is your song. And may be quite simple but, now that is done. I hope you don’t mind, I hope you don’t mind that I put down in words… - James fez silêncio antes de terminar, aproximando-se perigosamente da ruiva e pousando ao lado dela. - How wonderful life is while you’re in the world.

Quando James terminou, grande parte dos ocupantes do campo bateram palmas. Até Dumbledore bateu discretamente, sempre com aquele brilhozinho no olhar. O capitão de Gryffindor fez uma vénia para todos e voltou o seu olhar novamente para Lily, com o maior sorriso no rosto, mas este logo esmoreceu ao ver a varinha dela encostada ao seu nariz.

- Potter… – disse ela entre dentes – …agora sim eu tenho a certeza de que…

- Estás loucamente apaixonada por mim?! – James não podia resistir a dar aquele sorriso pretensioso.

- NÃO! QUE NEM QUE EU ESTIVESSE LOUCA EU ME APAIXONARIA POR UM INSANO COMO TU!

Controlando-se para não azarar James, Lily virou costas e saiu da bancada, enquanto corria na direcção do castelo. James observou-a a correr, enquanto a multidão dispersava. Quando sentiu uma mão no ombro, viu Remus ao seu lado, com um olhar penalizado e atrás Sirius com cara de quem ainda não acreditava no que o amigo havia feito.

- Desiste, Prongs, ela nunca vai ceder.

James deu um suspiro e olhou de novo para os cabelos ruivos que se afastavam rapidamente.

- Pelo contrário, Remus, ela ama-ma! E ela há-de perceber isso!

- Como é que podes ter tanta confiança nisso?

O sorriso pretensioso voltara em todo o seu esplendor.

- É simples! Maldição Potter! Todos os Potters estão condenados a apaixonar-se e a casar-se com ruivas!

Fim do Flashback





Ao recordar-se deste episódio, James não pode deixar de pensar como fora idiota um dia. Aquela cena, em pleno campo de Quidditch valeu-lhe uma detenção e a impossibilidade de festejar o seu último título com os seus colegas de equipa. Mas James não se tinha importado na época. Por mais que todos achassem que ele fez aquilo para irritar Lily, ele tinha consciência de que havia sinceridade na sua declaração. É claro que não esperava outra reacção da ruiva, mas simplesmente não resistia a irritá-la.

Outras boas recordações incluíam as suas aventuras enquanto Maroto, em noites de lua cheia. Quem diria que aqueles quatro rapazes que adoravam entrar em encrencas e não prestavam a mínima atenção às aulas conseguiriam realizar aqueles feitos que nem muitos adultos conseguem fazer: tornar-se animagos, sair da escola e quebrar todas as regras impostas para sua segurança, sem ninguém dar por isso, construir o Mapa Maroto, do qual James se orgulhava, já que fora ele a realizar o feitiço que deu vida ao mapa.

Mas nem todas elas eram boas recordações. Primeiro fora a morte da sua mãe e depois a notícia da do seu pai. Quando se recordou disso, começou a ouvir, de todos os lados, vozes sussurradas e agitadas, como se estivessem preocupadas com alguma coisa. No entanto, quando ele se lembrou com alegria da primeira vez que beijou Lily, na torre de Astronomia, no Natal do seu sétimo ano, as vozes cessaram completamente. Sentiu uma paz imensa invadi-lo e uma sensação de conforto apoderar-se de si, como se alguém o estivesse a abraçar. E, por último, um calor familiar…


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Harry caminhava de um lado para o outro na Sala Comum, demonstrando claramente o estado de nervosismo e ansiedade em que se encontrava. Dos que o observavam, ninguém se atrevia a falar-lhe, ou desconcentrá-lo dos seus pensamentos. Harry não podia deixar de pensar naquela profecia. Por outro lado, havia também o seu pai, inconsciente há três dias sem nenhum sinal de que pudesse algum dia acordar. Se lhe acontecesse alguma coisa… Não! Não podia sequer pensar nisso. Se ele morresse, mesmo tendo o poder de Horus, podia não conseguir trazê-lo de novo à vida. Horus fora muito claro, a primeira vez que tinham falado, de que não deixaria que ele usasse esse poder sempre que lhe apetecesse. Fora quase uma missão impossível realizar o pedido que Harry lhe fizera inicialmente de ressuscitar uma multidão de pessoas.

Estava exausto! Nos últimos dias treinara os seus poderes que nem um louco, montara estratégias e treinara a equipa de Quidditch para o jogo contra Hufflepuff daí a algumas semanas, pesquisara na biblioteca para descobrir mais sobre a profecia e ainda tinha de estudar para os NIEMs. Não fosse a ajuda de Hermione, com os seus trabalhos diários, Harry achava que teria enlouquecido ao longo daqueles três dias. Remus começava a desconfiar que se passava alguma coisa com Harry e já o encostara à parede por várias vezes para descobrir o que preocupava Harry, além do estado de James. A verdade é que Harry ainda não falara a ninguém da profecia e isso estava a transtorná-lo mais do que poderia aguentar. Os seus amigos também se haviam apercebido da mudança no seu comportamento, mas nenhum deles conseguiu arrancar-lhe alguma informação.

Sentia o olhar de Ginny sobre ele e, de vez em quando, ouvia a voz dela a perguntar se estava tudo bem. Harry apenas acenava em concordância, automaticamente, sem se dar conta de que tinha feito isso. Os seus pensamentos estavam longe e poucas coisas tinham o dom de o fazer acordar desse estado de distracção.

Perdeu a noção de quanto tempo tinha ficado naquele vaivém e só se apercebeu de que a Sala Comum já estava quase vazia quando James e Lily do passado atravessaram o buraco do retrato. Lily acenou-lhe e sentou-se ao lado de Marlene. As duas estavam mais unidas do que nunca desde que tinham sabido do seu futuro e Lily criara uma obsessão em proteger Marlene, a quem ela considerava como irmã. James, por sua vez, passou pelos Marotos quase sem olhar para eles.

Harry não teria dado a mínima para aquela cena, se Peter não tivesse segurado no braço de James.

- O que se passa contigo, Prongs? – a voz esganiçada de Peter teve o dom de irritar Harry e pareceu surtir o mesmo efeito em James, que o encarou friamente – Não falas connosco, estás sempre a desaparecer…

Num gesto brusco, James libertou-se do traidor dos marotos. Lily e Sirius, que se haviam apercebido do ocorrido, levaram as mãos às respectivas varinhas, prontos a agir, caso necessário. Harry deu largas passadas na direcção dos Marotos. Não podia deixar que James fizesse algo de que se pudesse arrepender depois.

- Não se passa nada, Wormtail.

- Como assim, não se passa nada? – insistiu Peter.

- JÁ DISSE QUE NÃO SE PASSA NADA!

Peter encolheu-se depois daquela frase ecoar pela Sala Comum, atraindo a atenção de todos, mas logo se recompôs. Os seus olhos de rato encontraram-se com os de Lily que apenas encolheu os ombros.

- É ela, não é? Ela tem-te enchido a cabeça com coisas contra mim…

James não se controlou mais. Num segundo socava Peter enquanto no outro estava a ser segurado por Harry e Sirius. Peter, por sua vez, encarava James como se este tivesse perdido toda a sua sanidade, enquanto segurava a face com a mão, onde começava a aparecer uma imensa mancha vermelha.

- Não faças isso, James! – sussurrou-lhe Harry e logo James desistiu de tentar libertar-se.

- O que é que te deu? – a voz de Peter era preenchida agora com um medo real, o mesmo tom que Harry já ouvira imensas vezes vinda da versão adulta dele. – O que é que se passa contigo?

James respirou fundo e forçou um sorriso. Fazendo sinal a Sirius e Harry de que tudo estava bem, ele viu-se libertado dos braços dos dois.

- Não aconteceu nada, Peter, está tudo bem!

E ignorando completamente os olhares surpreendidos que os outros lhe lançavam, deu meia volta e subiu as escadas até ao dormitório. Tentando consertar o estrago, Remus estendeu a mão a Peter e ajudou-o a levantar-se.

- Não ligues, Peter. Toda esta situação está a deixar James confuso. É só isso! – tentando esconder o desgosto na voz, Remus acrescentou. – Nada contra ti! Ele só precisa de tempo para pensar.

Harry compreendia James. Ele próprio gostaria de ter feito o mesmo, se lhe fosse permitido. Mas também não podia deixar de ter medo pelo que poderia acontecer a seguir. Para seu grande alívio, Peter suspirou resignado e disse:

- É, deve ser isso. Eu também não devia ter falado assim da Evans!

Sirius fez menção de seguir o melhor amigo, mas foi impedido por Harry que fez um sinal na direcção de Lily. Esta percebeu que era a sua deixa para subir até ao dormitório masculino, pois não esperou ninguém dizer-lhe nada, antes de desaparecer pelas escadas.

Todos estavam tão distraídos com esta situação, que ninguém se apercebeu da chegada de alguém, por detrás de Harry.

- Harry…

O moreno assustou-se com a voz atrás de si, quando a reconheceu. Se ele estava ali era porque tinha acontecido alguma coisa. Virando-se rapidamente, deparou-se com os olhos azuis de Remus Lupin e o professor de DCAT apresentava-se de um modo tão sério, como Harry só o tinha visto antes do final da guerra.

- Rem… quer dizer, professor Lupin! O que faz aqui?! – o seu coração palpitava, esperando a qualquer momento ouvir o pior.

- Preciso que me acompanhes, Harry. É urgente!

Sem dizer mais nada, Remus dirigiu-se ao buraco do retrato, seguido por um Harry demasiado abalado para falar, e deixando na Sala Comum alguns jovens demasiado assustados para fazer algum tipo de comentários. O que quer que o director de Gryffindor estivesse a fazer ali, todos rezavam para que não fosse o que estavam a imaginar.



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Sirius permanecia sentado no chão da varanda do seu quarto, sob o luar que iluminava a cidade de Londres, há cerca de trinta minutos. Quase não se tinha movido nesse intervalo e nem o som de vozes na rua ou de automóveis a passar o fazia despertar dos seus pensamentos. Sentia-se culpado por toda aquela situação e nada nem ninguém o fazia mudar de ideias. Falhara pela segunda vez na missão de proteger o seu amigo e, por culpa sua, o tempo poderia ter sido irremediavelmente alterado. Felizmente, pelo menos esta última parte fora evitada a tempo. Quanto a James, nada lhe tirava da cabeça que deveria ter sido ele a ser atingido por aquele feitiço.

Ouviu os passos de alguém a entrar no quarto e aproximar-se dele, gemendo baixinho a cada movimento que fazia.

- Maldição! Vou enlouquecer até ao final da gravidez! Tinham de ser três?! – Sirius deu um sorriso ao reconhecer a voz da recém-chegada. – Sirius! Estás aqui! Procurei-te pela casa toda! – a voz de Marlene parecia ligeiramente aliviada por encontrar o marido ali. Talvez ela estivesse a pensar que ele partiria para um tresloucada e arriscada busca por Peter e Bellatrix, sem avisar ninguém. – Ai! – Queixou-se ela depois de “aterrar” na cama – Estas viagem de Autocarro Cavaleiro acabam comigo. Porque é que grávidas, depois do quinto mês de gravidez não podem usar pó-de-flú e nem aparatar?

- A Curandeira és tu! – brincou Sirius, feliz por não estar mais sozinho. – Eu não percebo nada disso! Por falar nisso, a tua mãe enviou-me um berrador a reclamar comigo por ter permitido que fosses a Hogwarts. – a cara de sofrimento que Sirius fez, arrancou uma pequena gargalhada a Marlene.

- Ainda não superaste o trauma de teres entrado para a família McKinnon?!

- Trauma?! Se eu achava que Molly Weasley era super protectora e assustadora quando se tratava de um dos filhos dela, conviver com os teus pais e com os teus irmãos fez-me mudar de perspectiva. – Sirius levantou-se finalmente e pulou para cima da cama, deitando-se ao lado de Marlene. – Também estarias traumatizada se eu tivesse um pai e dois irmãos que te olhassem feio, desde o dia em que tivesses começado a namorar comigo.

Marlene voltou a rir baixinho e encostou-se para trás, de modo a ficar com a cabeça deitada na barriga de Sirius.

- Vá lá, admite, tu até gostas dos meus pais.

- Não me interpretes mal, Lena. Eu adoro os teus pais. A tua mãe age exactamente como eu gostaria que a minha própria mãe tivesse feito comigo e o teu pai… tu sabes que eu adoro implicar com ele e ele comigo. Mas… que, por vezes, eles são assustadores, ai isso são!

Um silêncio constrangedor instaurou-se entre eles, que foi quebrado apenas por Sirius, depois de alguns minutos.

- Como é que está o James? – Aquela era a pergunta que Sirius evitava fazer por esses dias, temendo a resposta que receberia.

- Na mesma! Não houve nenhuma melhoria, mas também não piorou, o que, por si só já é bastante bom. – agora Marlene olhava preocupada para Sirius – E tu? Como é que estás?

Sirius encolheu os ombros e encarou o lago com um olhar vazio.

- Era eu que deveria estar naquela enfermaria e não o James. Aquele feitiço era dirigido a mim!

- Não digas isso, Sirius! – aquilo foi dito com tanta espontaneidade e desespero que Sirius foi apanhado de surpresa. Sem saber muito bem como, Marlene levantou-se rapidamente – Eu sei que te estás a sentir mal por isso, Sirius. Eu também estaria se estivesse no teu lugar. Tu terias feito o mesmo pelo James, tenho a certeza disso e ele vai sobreviver, vais ver. – dando um suspiro Marlene prosseguiu – Pensa nos teus filhos, Sirius! Se te acontecer alguma coisa…

Marlene não conseguiu terminar e começou a soluçar baixinho. Sirius sentou-se também, colocou-se por detrás dela e acolheu-a entre os seus braços, reconfortando-a.

- Eu sei que não devia pensar assim, Sirius, é egoísmo da minha parte, mas… eu não consigo imaginar-me no lugar de Lily, neste momento. Eu não sei se aguentaria.

Marlene chorava compulsivamente agora e Sirius apertou-a mais entre os seus braços, para lhe transmitir segurança. Aquela Marlene era muito diferente daquela que conhecera tantos anos atrás e mesmo daquela que regressara à vida em Setembro. Essa antiga Marlene era segura de si e não temia nada. Esta Marlene actual era sensível, talvez devido à gravidez, e temia pelo futuro dos filhos. Sirius compreendia o medo dela, afinal ele também sentia esse mesmo medo, pois já não era só o seu destino que dependia dele.

- Não me vai acontecer nada, Marlene! Eu não te vou deixar sozinha!

- O que pretendes fazer agora?

Sirius reflectiu um pouco. Era certo que queria apanhar Peter e Bellatrix. Não era capaz de negar isso a si próprio. Mas ver Marlene assim, demovia-o de qualquer intenção precipitada de entrar numa missão de alto risco.

- A única coisa que eu posso fazer agora é rezar, se houver mesmo lá em cima alguém que nos ouça. Rezar por um milagre!



***********************************



O sofrimento era algo que ia devagar e vinha a grande velocidade, atingindo-a cruelmente, intercalado com uma sensação de pontapear dentro do seu ventre e momentos em que pensava que dormiria de pé. Numas horas a sua esperança aumentava, perante alguma melhoria que James apresentasse, mas logo essa esperança se dissipava ao constatar que ele continuava inconsciente.

Tinha pedido licença no Quartel General de aurores e passara os últimos três dias em Hogwarts, esperando a todo o momento ver James de olhos abertos, a sorrir-lhe e dizer-lhe que estava tudo bem, tal como ele prometera. Madame Pomfrey insistira por diversas vezes para que ela fosse para casa descansar, pois não iria fazer bem para o bebé continuar assim naquela agonia. Mas, no final, a enfermeira acabou por preparar uma cama mesmo ao lado para que ela acampasse lá e os únicos momentos em que se permitia descansar um pouco era quando Harry aparecia, no final das aulas.

Lily não conseguia dormir mais do que duas horas seguidas, pois qualquer barulho que se fizesse ouvir a despertava, para logo saltar da sua cama na direcção de James. Foi o que aconteceu naquele momento. Lily ouviu James a remexer-se e a sua esperança aumentou, pensando que ele tinha despertado. Eficiente como sempre, Madame Pomfrey também deu conta dessa situação, da outra ponta da enfermaria, onde obrigava um dos ocupantes a comer o jantar.

- Ele está agitado! – concluiu a enfermeira após examinar os sinais vitais. – Não sei o que se passa mas a tensão dele subiu muito! Isto não é muito bom!

Lily permitiu que uma lágrima escorresse pela sua face. Inclinando-se ela beijou a testa de James, enquanto passava a mão pelos cabelos rebeldes dele. Com todo o cuidado, passou um braço por detrás do pescoço dele e abraçou-o com cuidado, como se tentasse acalmá-lo, sem muitas esperanças que isso resultasse. Mas resultou!

- Incrível! – disse a enfermeira, mais animada – A pressão dele voltou ao normal! Tem de me ensinar como fez isso, Lily querida.

Se Lily não estivesse tão preocupada, teria encontrado um sinal de bom humor em Madame Pomfrey, que não se via há dias.

- Não podes abandonar-nos James! Precisas voltar!

Lily falou baixinho ao ouvido de James, esperando ansiosamente que ele ouvisse o apelo dela, onde quer que a sua mente andasse.



*****************************************



Do outro lado do Reino Unido, na pequena vila de Little Hangleton, um pequeno homem encolhia-se no chão, na tentativa de abrandar a dor do Cruciatus que o atingira. Uma outra figura, a de um homem alto, apontava-lhe a varinha, prolongando o efeito do feitiço. Quem observasse de longe, poderia jurar que os dois homens estavam sozinhos, mas, no meio das sombras de um aposento da mansão Riddle, um outro homem, se é que se lhe poderia chamar de homem, assistia, visivelmente satisfeito àquela tortura.

Demorou mais algumas horas até que Lord Voldemort decidisse que já estava farto de ouvir os gritos de um dos seus servos.

- Já chega, Lestrange! – ao som da voz do Senhor das Trevas, Rudolphus Lestrange finalizou o feitiço e observou Voldemort levantar-se e caminhar na direcção de Pettigrew, ainda encolhido no chão – Isto é para aprenderes a não me desobedecer, Wormtail. Quando eu dei ordem para atacar Hogsmead eu pensei ter sido bem claro de que não queria que matassem pirralhos do passado.

- Mas me-mestre… se eu ma-matasse… Lily Evans… o Potter não te-teria na-nascido. – a voz esganiçada de Peter parecia a de um miúdo assustado, que via na sua frente a própria morte, embora ele soubesse que Voldemort não permitiria que ele morresse. Preferia vê-lo sofrer.

- Imbecil! Se a tivesses assassinado, eu não teria o Potter como inimigo, mas outro surgiria no lugar dele! Tens noção do quanto me poderias ter prejudicado? – um sorriso maldoso surgiu no rosto viperino de Voldemort – Mas quando chegou a hora de atacares os teus velhos amigos, aí acobardaste-te, não foi?! Eu deveria ter deixado que eles te tivessem apanhado! Quem sabe eles não seriam mais cruéis do que eu, com aquele que os traiu?! Não… aqueles malditos Gryffindor não teriam coragem de chegar a tanto!

A porta do aposento abriu-se, dando passagem a Snape, que parecia mais carrancudo do que nunca. Ao chegar perto de Voldemort, fez uma profunda vénia ao Senhor das Trevas, que logo desviou a sua atenção de Peter para o recém-chegado.

- Alguma novidade de Hogwarts, Snape?

- Nenhuma, mestre. O Potter continua na mesma. Não sei o que a Bella fez, mas bem que poderia ter morto aquele imbecil.

Voldemort soltou uma sonora e maldosa gargalhada.

- Não te preocupes, meu caro Snape. Dentro de algumas horas ele sucumbirá. O feitiço que a Bella usou, fui eu quem lhe ensinou. Não só causa ferimentos físicos, como fará a sua mente vaguear pelas suas memórias durante alguns dias. Depois de percorrer todo o caminho das suas memórias, ele morrerá. Não tem como escapar!

Sob o olhar satisfeito de Snape, Voldemort sentou-se novamente na sua cadeira.

- Harry Potter irá ser atingido como nunca pensou que iria ser. Vai sentir-se perdido e desamparado e será aí que eu começarei a minha batalha contra ele. Desta vez ele não sobrevive.

Ainda no chão, Peter dirigia o seu olhar assustado para o mestre. Por alguma razão que ele desconhecia, um outro sentimento o atingia para além do medo. Seria arrependimento?



******************************************



Harry continuava a seguir Remus, mas, ao contrário do que pensou inicialmente, não se dirigiam à enfermaria. O caminho que seguiam ia de encontro à sala da directoria. A ansiedade de Harry aumentava de minuto para minuto e já não conseguia pensar racionalmente. Foi quando já tinha entrado no escritório de McGonagall que sentiu uma pontada na cicatriz. Voldemort estava a festejar alguma coisa e isso definitivamente não poderia ser bom. Talvez devido à dor, talvez devido ao choque de ver Dumbledore no seu antigo escritório, Harry não ouviu quando Dumbledore falou para ele, muito menos quando Remus deixou a sala novamente, deixando-os a sós.

- O quê? – perguntou ele ao fim de algum tempo.

Dumbledore sorriu compreensivamente para o ex-aluno.

- Eu estava a dizer que tinha pedido ao Remus para te ir chamar à torre de Gryffindor, porque preciso falar contigo.

Harry assentiu em concordância e sentou-se no lugar que o ex-director indicava.

- Peço desculpa se isso te assustou! Eu posso imaginar o quanto pode ser aterrador qualquer coisa que nos digam, em momentos como este, mas eu precisava mesmo de falar contigo. – Dumbledore cruzou as mãos e apoiou o queixo nelas, observando Harry por cima dos óculos em meia-lua, durante alguns segundos – Remus disse-me que se passa alguma coisa contigo, Harry.

- É claro que se passa! O meu pai foi gravemente ferido! – defendeu-se Harry, evasivamente.

- Não estou a falar disso, Harry! – era nestes momentos que Harry desejava que Dumbledore não fizesse aquele ar de quem sabia mais do que os outros imaginavam. – Há alguma coisa que me queiras contar?

Harry reflectiu durante alguns momentos. De facto, não tinha sentido guardar aquilo só para ele, mas, nos últimos dias, com todos aqueles acontecimentos, tinha decidido esperar algum tempo, para não preocupar as pessoas ainda mais. Além disso, Dumbledore estivera ali quase sempre, quando ele precisou.

- A professora Sibil fez outra profecia!

Harry disse aquilo tão calmamente que no princípio Dumbledore parecia não ter percebido bem, ou talvez não esperasse ter aquela informação com tanta facilidade.

- Interessante! Muito interessante! Suponho que haja algo nessa profecia que te preocupa demasiado, algo que pode não ter a ver contigo, estou certo? - Harry revirou os olhos, ao que Dumbledore sorriu. Definitivamente, Dumbledore sabia de algo. – Não fiques espantado, Harry, ao contrário do que pensas não foste o único a ouvir a profecia.

Harry olhou bruscamente para o homem idoso. Como assim não tinha sido o único?

- Quem mais ouviu?

Dumbledore fez um sinal com a mão, para que não se preocupasse.

- Calma, Harry! Quem ouviu era de confiança e tenho a certeza de que tomou as medidas necessárias para que mais ninguém além de vocês os dois ouvisse. – vendo que Harry não se convencera, Dumbledore explicou – Foi a professora McGonagall quem ouviu e logo comunicou comigo. Acho que ela achou que te abririas mais facilmente comigo do que com qualquer outra pessoa.

Harry olhou o chão, tristemente.

- Então já sabe o que diz a profecia!

- Harry, antes de mais precisamos de ter calma. Tu, mais do que ninguém sabes que o futuro é imprevisível e nem todas as profecias se cumprem.

- As da Trelawney cumprem… – resmungou Harry.

- As profecias da professora Trelawney cumpriram-se até agora, mas não quer dizer que continuem a ser tão certas como até agora, muito menos que a tua irmã seja a menina da profecia! – Depois de receber um olhar confuso do Gryffindor, Dumbledore continuou – É como a profecia que previa o nascimento daquele que estava destinado a derrotar Voldemort. Pensa bem, Harry, quantas mulheres, ligadas a ti estão grávidas neste momento?

- Duas?

- Quatro, se contarmos com a Alice e com a Fleur.

Agora sim, Harry estava confuso. Desde quando Fleur estava grávida? Mas Dumbledore sorriu com alguma felicidade no rosto, realçando mais o seu estilo de avozinho bondoso.

- As notícias correm rápido no mundo bruxo! Mas de qualquer forma, podemos excluir a Fleur, já que ela ainda está no início da gravidez. Mas, mesmo assim são 3 pessoas, duas das quais não sabem o sexo dos bebés que carregam e que poderão nascer em Maio. – Dumbledore fez uma pausa – Todas essas crianças estão de alguma forma ligadas a ti e uma delas será a criança predestinada, pressupondo que o portador dos quatro elementos és tu!

- Professor, não estou a perceber onde quer chegar! Eu não gostaria que nenhuma delas estivesse ligada a essa profecia. Aliás, não desejaria que ninguém passasse pelo que eu passei. – disse Harry cada vez mais confuso.

- O que eu estou a querer dizer, Harry, é que o tempo dirá o que vai acontecer. Teremos de esperar pelo menos até dia 11 de Maio. Só aí poderemos pensar em como iremos agir. E tem outra coisa, Harry, não podemos prever que destino cruel que ela partilhará contigo.

Harry não percebeu porquê, mas estas últimas palavras deixaram-no ainda mais nervoso. Teria a ver com o seu pai? Se ele morresse, ele e Helena iriam ficar órfãos. Céus! Em que estava Harry a pensar? O seu pai ia sobreviver, tinha de sobreviver.

- Harry, eu sei o que estás a pensar neste momento! Vais ter de perdoar este velho, porque não era isso que eu queria dar a entender. – fazendo uma pausa, Dumbledore esperou que Harry levantasse a cabeça para olhar o professor – A única coisa que eu queria que entendesses é que nem Sibil Trelawney consegue prever o futuro com exactidão e que, por isso, não deves preocupar-te com isso agora.

Mais um daqueles longos momentos de silêncio constrangedor instalou-se na sala da directoria e até os quadros dos directores estavam silenciosos, atentos a tudo o que estava a ser dito. Harry observou aquele velhinho de barbas compridas e olhos azuis, que parecia sondá-lo por detrás daqueles óculos. Pareceu-lhe ter durado uma eternidade até Dumbledore falar.

- Antes de ires embora, Harry, só quero dizer mais uma coisa. Não te esqueças de que, desta vez, não estás sozinho!

Harry sabia que sim. Tinha os seus amigos, a sua família, imensas pessoas que dariam tudo para o ajudar. Já conversara com o seu pai e com Sirius sobre isso e já colocara de lado aquela ideia de partir para a luta sozinho. Mas até quando se manteria esta situação? Voldemort já conseguira atingir o seu pai. Até quando o seu pior inimigo continuaria a atingir as pessoas à sua volta, para chegar até ele? Cada vez acreditava mais na sua antiga teoria… os problemas tinham tendência para o perseguir.



******************************************



Durante várias horas, James caminhou pelas sombras, sem nenhum sinal de onde seria a saída daquele lugar, nenhuma passagem que revelasse a luz do dia, ou o luar da noite. Estava cansado, as suas pernas doíam e começava a desistir da sua longa caminhada. Já recordara quase toda a sua vida, até o seu casamento, o nascimento de Harry, a sua “morte” e o seu regresso à vida, mesmo a segunda gravidez de Lily. Nesse momento começou a desesperar, a pensar que nunca sairia dali, que nunca receberia mais aquele sorriso caloroso da sua ruiva, ou as brincadeiras do seu filho mais velho.

James parou por uns momentos. Sentou-se no chão e encostou as costas na parede do túnel, cruzando de seguida os braços num gesto de frustração. Não perceberia como, nem porquê estava ali. A última lembrança que recordara era de Bellatrix lançar um feitiço contra Sirius, de ter corrido na direcção do seu melhor amigo para evitar o pior e depois uma dor insuportável, seguida da total escuridão.

Um novo pensamento atingiu-o como um raio. Estaria morto? Seria aquele lugar o Céu? Ou seria o Inferno? Não se lembrava do que tinha acontecido quando Voldemort lhe lançara aquele Avada Kedabra tantos anos atrás. Por isso não tinha como saber se estava morto ou não.

Foi nesse momento que viu ao fundo do túnel uma luz ofuscante, cheia de calor, que lhe transmitia uma enorme tranquilidade. Num pulo começou a correr na direcção da luz, rezando fervorosamente para que aquela fosse a saída. Mas algo o fez parar. Do lado oposto do túnel, chegava até ele uma voz, que ele conhecia muito bem. Era a voz de Lily que o chamava, numa voz desesperada, pedindo-lhe que não a deixasse.

Agora um dilema tomava conta dele. Que lado deveria seguir? Será que deveria confiar naquelas vozes? Voltar para trás e seguir as vozes significava continuar no escuro, mas por outro lado tinha aquela luz que o parecia atrair. Dela parecia vir uma música calma e tranquilizante. Era como se estivesse hipnotizado. Ignorando as vozes, começou a caminhar na direcção da luz, mas logo as vozes se tornaram mais desesperadas e conseguia até ouvir o choro de alguém. Mas não podia simplesmente voltar para aquele lugar estranho e escuro. Queria ver finalmente a luz do dia.



**********************************************



A enfermaria estava silenciosa. Os últimos feridos do ataque a Hogsmead já tinham recebido alta e o único paciente de Poppy Pomfrey era James. Lily continuava ali, recusando-se a deixar aquela cadeira ao lado da cama de James, onde estava sentada desde que ele começara a ficar agitado, algumas horas antes. Harry, Dumbledore e Remus tinham acabado de chegar. Os dois mais velhos falavam em voz baixa com a enfermeira, enquanto Harry se sentara mesmo ao lado da mãe, tentando transmitir-lhe algum conforto e, quem sabe, fazê-la dormir durante algumas horas.

- Mãe, tens de descansar. Eu fico aqui toda a noite e não saio daqui, prometo!

Lily sorriu tristemente para Harry e passou a mão na face dele.

- Não, Harry! Amanhã tens aulas. Eu fico bem, a sério! Além disso eu não conseguiria dormir.

- O Harry tem razão, Lily. Não podes continuar assim! – Remus aproximara-se deles, com um ar abatido, logo seguido de Dumbledore.

A porta da enfermaria abriu-se dando passagem a uma ruiva aflita. Ao ver o ex-director da escola e o director da sua casa na enfermaria, ele dirigiu-lhes um olhar assustado, mas nem isso a fez voltar atrás e recuar no seu caminho até ao grupo.

- Senhorita Weasley, o que faz fora da sua casa a esta hora da noite? – a enfermeira encarava-a seriamente, com as mãos na cintura, numa postura em tudo semelhante a Molly Weasley.

Ginny corou ligeiramente, antes de se colocar ao lado de Harry.

- Eu fiquei preocupada, porque o Harry nunca mais aparecia e pensei que ele pudesse precisar de mim!

Harry não pôde deixar de sorrir perante a preocupação e zelo da namorada.

- Ginny, é proibido andar pelos corredores do castelo a esta hora. Vou ter de te colocar em detenção e tirar pontos de Gryffindor.

Ginny fez uma carinha tristonha para Remus, que amoleceu o coração do lobisomem e divertiu Dumbledore.

- Acho que depois disto, Remus, e perante a preocupação fundamentada da senhorita Weasley, podemos esquecer que ela está a quebrar uma das regras fundamentais da escola, não?

O professor de DCAT abanou a cabeça em descrença mas concordou com Dumbledore. Até Lily conseguiu divertir-se um pouco perante a situação. Harry abraçou Ginny por trás e murmurou qualquer coisa como “esta é a minha namorada”.

O momento de descontracção durou pouco tempo. Um novo movimento veio da cama ao lado de James e este começou a mexer-se, como se estivesse a ter um pesadelo. Madame Pomfrey saltou do lugar dela pronta para lhe medir todos os sinais vitais e descobrir o que estava a acontecer. Tão depressa os movimentos começaram, como logo pararam. Lily, que já estava de pé, segurou firmemente a mão de James, a começar a desesperar novamente. Harry olhou assustado para Dumbledore e Remus, que se entreolhavam com preocupação.

Ninguém se apercebeu que, no momento em que a enfermeira tentou sentir o pulso de James, a sua face, geralmente corada, ficara pálida de repente. Dumbledore foi o primeiro.

- Poppy, o que aconteceu?!

A enfermeira não chegou a responder, pois logo começou a correr até ao armário de poções mais próximo. Nem era preciso dizer nada. Todos os bruxos e feiticeiros emitiam uma presença mágica, uma força que se libertava deles sem que se dessem conta, mas as pessoas que lhe fossem próximas emocionalmente poderiam estar aptas para a sentir. Naquele momento, quer Harry, quer Lily, tinham sentido essa força mágica abandonar o corpo de James. Ele tinha entrado em paragem cardíaca.

Lily começou a chorar compulsivamente, abanando James, para que ele acordasse.

- Não podes deixar-me, James! – o desespero na voz de Lily foi o sinal para que todos os outros compreendessem o que estava a acontecer.

Remus agiu rapidamente, afastando Lily, para que Madame Pomfrey pudesse actuar, mas esta tentava libertar-se e aproximar-se novamente. Harry estava demasiado chocado para reagir e, quando Ginny o puxou, ele afastou-se sem nenhuma oposição. Parecia ter entrado numa espécie de transe, mas o medo era visível no seu olhar.

- Professor Lupin, peço-lhe que leve a Lily daqui para fora! – a enfermeira tentava agir rapidamente, mas nada do que fizesse parecia estar a resultar. – Isto não fará bem nem a ela, nem ao bebé!

Lily continuou a debater-se enquanto Remus a puxava para fora da enfermaria e Dumbledore tentava acalmá-la com palavras, que ele sabia que não resultariam. Trocando um olhar com a enfermeira, Dumbledore teve a certeza de que ninguém conseguiria salvar James.

Apenas Ginny se apercebeu da mudança que ocorreu em Harry. Enquanto a atenção dos outros parecia estar desviada para Lily e James, ninguém tinha reparado que ele tinha um olhar vazio e uma postura erecta. Sem que Ginny pudesse segurá-lo, ele deu passos lentos na direcção da cama onde estava o pai. Quando mais alguém reparou, já era tarde para segurá-lo. Estendendo a mão, ele segurou a do pai. No momento em que o tocou, uma luz brilhou no seu peito. Harry deu um sorriso fraco e perdeu as forças, caindo no chão, aparentemente sem vida.



******************************************



Nota de Autora:

*Guida desvia-se de todos os Cruciatus e Avedas Kedabra que lhe são lançados* Meus queridos leitores *a autora une as mãos numa pose de súplica* Eu sou muito nova para morrer! Não sei se sabem, mas eu tenho muito amor à minha vidinha, por mais complicada e bagunçada que ela seja…. Ainda assim é a única que eu tenho!!!!!!

Prontos… tudo calminho agora? Por favor… se querem matar-me, pelo menos esperem pelo final da fic, caso contrário, eu virarei alma penada e virei todas as noites puxar o vosso pé! Huahahahaha!!!! Será que vocês querem ter uma “Murta Queixosa” das fics?

Bem, deixando a brincadeira de lado (época de provas faz isto com pobres escritores!) Como eu prometi, este capítulo vai ser dedicado a algumas pessoas que fizeram aniversário.

DEBYYYYYYYY: Sim, tal como te tinha prometido, apesar de não te ter dado este capítulo no dia do teu aniversário, este é dedicado a ti! Espero que tenha valido a pena a espera!

JP Pontas: Já te dei os Parabéns há uma semana atrás, mas não custa nada dar outra vez. Parabéns da mammis que adora!

Cahh: Que faz aniversário hoje!!!! Parabéns minha linda!

Dri Potter Magid: Ah ah…. Achvas que me tinha esquecido de ti?! Nunca! Parabéns atrasados desta tua tia maluca.

A música que eu usei no capítulo, aquela que James cantou, é "your song" de Elton John. É uma canção que eu amo e achei que se enquadrava bem. E senhora Lightmagid, como reparaste, eu não fui buscá-la ao Moulin Rouge. Eu continuo a preferir a original!

Antes de me ir embora, eu queria dizer umas coisas.

Eu sei que muito de vós devem estar a querer matar-me pelo que eu estou a fazer com o James. Acreditem, à parte as minhas brincadeiras, fazer isto a um personagem que eu adoro (imaginem se não adorasse) dói-me tanto ou mais a mim do que a vós. Quem escreve sabe do que eu estou a falar… nós afeiçoámo-nos aos personagens, mas temos de fazer estas pequenas coisas por vezes, que são inevitáveis. Mas como diria a minha grande amiga e de certa forma conselheira, a Lightmagid, são esses “sacrifícios” que nos fazem crescer como autores. Agora eu consigo entender o porquê de JK Rowling ter chorado quando matou o Sirius. Na altura eu pensei: porque é que ela está a chorar se é ela quem escreve a história e pode mudar isso?! Neste momento eu digo: Bem vinda ao mundo dos escritores, Margarida!!! Quer acreditem, quer não, eu chorei como uma torneira quebrada a escrever este capítulo!

Em segundo lugar, durante esta época de provas, eu tive algum tempo para reflectir sobre esta fic (enquanto rebolava na cama com insónias depois de alguma prova que corria menos bem, rsrs. Sim… eu evitava pensar no que tinha feito de errado, para não pensar se podia reprovar ou não) Ao contrário do que eu previa, vai demorar muito mais tempo do que eu julgava para a terminar… muito mais do que a data que eu tinha estipulado (12 de Setembro – primeiro aniversário da fic). Além disso, eu estou morta de cansaço, depois de dois meses seguidos de stress e de arrancar os cabelos. Agora vou abrandar um pouquinho, ler Harry Potter and The Deathly Hallows (não consigo esperar pela versão em português), ver o quinto filme que ainda não vi e, quem sabe, escrever, enquanto torro ao sol do Verão daqui de Portugal, um montão de capítulos (os cerca de 15 que eu acho que faltam para o final)

Desta vez não poderei responder aos comentários. Tenho prova amanhã e as seis horas que costumo demorar em casa nota de autora são muito preciosas para terminar de estudar o que me falta.

Por isso fico por aqui, esperando ter forças e inspiração para voltar em breve!!!!

Bjocas grandes,
Guida Potter.

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