Castigando a Pretensão



N.A.: É, depois de muita enrolação, cá está o capítulo 12...

Bruh ternicelli: Caramba, eu não lembro se passei ou não passei nas suas songs... *lesada* Acabei de entrar em férias, e tô meio ãr... Se eu não passei, pode deixar que eu passo! Que bom que gostou do capítulo, tomara que goste desse também!

B. Black: Sério que você achou o capítulo 11 bom? Eu achei que ficou ruim pra caramba... *olhando para a menina atrás de um escudo* Olha, eu vou passar pra ver Lágrimas Mortais logo, OK? *extremamente lesada com o início das férias* O capítulo Remie/Lily tá vindo, e eu prometo que será melhor que esses últimos! Beijos!

Ana_Weasley_Black: Obrigada pela "trama cada vez melhor..." Embora eu ache que ela só tá se complicando. Acho que esse capítulo você vai ficar com pena do Snape de novo... Daí no capítulo 14 você vai deixar de ter pena dele... É, minha historinha é complicada... Tomara que goste desse daqui! Valeu!

lizandra oliveira: Aaah, uma leitora nova! *poft* É, bem, eu exagerei mesmo. Mas eu achei, melhor exagerar nos fatos do que escrever um clichê, não é? Se tem uam coisa que a minha fic é, é original! Legal você torcer pelo Remie, o capítulo 13 é Remus/Lily! E você não está sendo chata não. Agora a idéia, eu estava pensando em escrever uma fic dos Marauders, só que não queria escrever um clichê. Então pensei: porque não fazer uma James/Lily/Sirius? Ou melhor, uma James/Lily/Sirius/Remus? Ou melhor ainda, uma James/Lily/Sirius/Remus/Severus? Daí saiu essa loucura que eu chamo de fic. Que bom que você gostou! Beijos!

Lellys Evans Potter: Porque, considerando o que eu já fiz com o James e o que eu ainda pretendo fazer, eu ia ter que postar segurando a minha espingarda de dois canos... *risadinha tímida* Tomara que você goste do capítulo 12! Beijos!

Aninha Black: Aaaah, mais uma leitora nova! *capota* Lily e Sirius no capítulo 16, que promete ser beeeem hot. Mas até lá vamos ter algumas emoções! Continue lendo!

Gabriela Twilight: Bem, quem sabe eu mato alguém... Sabe que até me parece uma idéia tentadora? *risada maligna* Bem, eu só avisei porque depois é capaz das pessoas reclamarem do final escabroso... E realmente, o Snape é capaz de matar pelo amor da Lily. Só pra botar mais lenha na fogueira... Tomara que goste do 12! Aliás, eu vou ler a atualização da Lies logo! Beijos!

Mina Black: Aaaaah, outra leitora nova! *poft* Que bom que está gostando! Tomara que goste desse capítulo também! Valeu!

Lady Blonde: Aaaaah, mais uma leitora nova! *capota pela quarta vez e se levanta com dor de cabeça* O povo que começa a ler no FF. Net vem tudo pra cá... Que bom que você gostou da minha história, apesar dos apesares! Pode deixar, já postei o 12! Continue lendo!

Danny Evans: Os ciúmes do James vão botar ainda mais fogo nessa história... E você gostou do capítulo 11? Achei que ficou péssimo... Também gostei do retorno do Remus, mas o resto ficou simplesmente deplorável. Bem, quem sabe nesse capítulo você fica com pena do Sev de novo... Continue lendo sempre!


N.A.: O capítulo 11 ficou horrível, mas este conseguiu ficar pior ainda...

Capítulo 12: Castigando a Pretensão



Cerca de duas semanas depois.

Era um dia bem frio, e os alunos do sétimo ano que saíam das masmorras de Poções para irem até a aula de Feitiços, no terceiro andar, quase estavam congelando de frio. James xingava sonoramente:

— Que merda essas masmorras! No inverno, elas são frias como o cão, no verão, quentes como o inferno! Elas não ficam normais nunca?

— Masmorras agradáveis? — riu Sirius. — Está pedindo demais, meu caro Prongs.

— A função primordial de uma masmorra é que ela seja fria, úmida e desagradável — disse Remus professoralmente.

Os garotos riram. Frank agora estava indo para um período livre — as aulas de Feitiços na terça-feira no segundo período da manhã eram propriedade privada dos grifinórios veteranos —, e eram apenas os Marauders caminhando para a aula fácil, como diziam. Ninguém conseguia entender como que James, Sirius e Remus tiravam notas boas em Feitiços com tanta facilidade. James e Sirius diziam: “É a perfeição mesmo!”, enquanto Remus dava como receita “Estude, estude e estude.” E era esse conselho que Peter seguia, enquanto tentava se virar para seguir no curso.

— Odeio Poções — repetiu James. — Odeio mesmo.

— Você só odeia poções porque a Lily fica muito perto do Ranhoso — replicou Peter.

E imediatamente desejou não ter replicado. Porque foi como se uma nuvem negra aterrissasse no corredor, envolvendo todos os sorrisos com perturbação. Sirius apertou os punhos e cerrou os dentes, tentando afastar os cabelos do rosto; James assumiu um tom peculiarmente vermelho; e Remus, foi como se uma aura de infelicidade se instaurasse a seu redor, pelo modo como baixou a cabeça.

— Wormtail, cala a boca — disse James rispidamente.

— Tá bom, tá bom, não tá mais aqui quem falou — suspirou Peter. E, baixinho: — Sem irritar os pombinhos.

O quê?!

O guincho escapou da boca dos outros três Marauders. Por um instante, Sirius fitou James e James fitou Sirius, os dois chocados e surpresos, enquanto Remus, horrorizado pelo deslize, punha as mãos na boca; depois, Sirius e James encararam Remus, que os fitou também, tentando manter a calma — eles não podem descobrir! —, e que conseguiu rebater com uma admirável frase:

— O que disse, Wormtail? Juro que a mim pareceram grunhidos.

Os outros três se entreolharam. Por um segundo, Remus temeu que a realidade desabasse. A tensão se esticou fina como uma corda de violino, até que…

— Essa foi boa, Moony! — elogiou James.

Todos olharam para Prongs; e, no instante seguinte, caíam pelo corredor de tanto rir, ofegantes, atraindo a atenção de alguns sextanistas corvinais que iam para a aula de Transfiguração.

— Idiotas…

Os quatro se entreolharam novamente e tornaram a rir como loucos; tanto que tiveram que ir se apoiando uns nos outros até a escada para o terceiro andar.




No mesmo dia, Lily foi até a biblioteca. Seus lábios tinham um suspiro de cansaço, e ela quase desabou em cima da cadeira, sentindo preguiça só em pensar no tanto de trabalhos que teria a fazer.

Por isso não notou quando Daisy veio se aproximando cautelosamente atrás de si, até ela pular em cima de seus ombros e exclamar bem alto:

— LILY!!!!

— AI!!!

Por cima de um grande título de capa vermelha, Madame Pince lançou um olhar congelante a Daisy, que abaixou a cabeça em pedido de desculpas.

— Vai matar a tua mãe de susto, Daisy! — exclamou Lily.

— Você está sempre fora da Terra, Lily, não é de se espantar que assuste com qualquer coisinha.

— Qualquer coisinha pra você — disse Lily com um suspiro. — Estou cheia de trabalhos a fazer…

— Quem manda cursar umas mil matérias? Deveria desistir de Runas Antigas — aconselhou, vendo uma grande tabela de tradução no meio das tarefas. — Não tem a menor utilidade.

— É a minha matéria favorita, depois de Poções e Feitiços! — exclamou Lily. — Além disso, é uma das poucas matérias onde temos paz pra estudar!

— E para você, paz quer dizer “área livre de Marauders”, não?

— Não de todos os Marauders — disse Lily. — De Potter e Black. Pettigrew não faz muita coisa sozinho, mesmo porque não anda sozinho, e Remus é uma ótima companhia.

— Ah! — exclamou Daisy. — Falando nisso, vocês me deram uma enrolada tremenda, me fizeram esquecer, mas agora lembrei.

— Lembrou do quê?

— De te perguntar o que andou acontecendo entre você e James Potter nas férias!

Lily afundou o rosto nas mãos.

— Por Gryffindor, já faz mais de um mês e ela não lembra antes.

— Ah, então aconteceu alguma coisa? — sorriu Daisy. — Anda lá, Lily, quero todos os detalhes sórdidos.

Daisy!

— Vai dizer que finalmente se rendeu aos encantos de James Potter?

Lily corou furiosamente.

— Sim… e não.

— O que quer dizer? — perguntou a monitora.

— Eu… beijei o James nas férias. Lá na floresta.

A boca de Daisy se abriu num perfeito “O”, enquanto Lily tinha vontade de que o chão se abrisse e a engolisse logo.

— Ah, então já podemos proclamar o novo casal!

— Cala a boca, Daisy. Foi como quando beijei Sirius… nas duas vezes que beijei Severus. Eu não estou certa do que fazer, estou confusa, mas que…

— Ah, Lily, chega! Você tem que parar de ficar indecisa. Isso já… peraí. Duas vezes que beijei Severus? — repetiu Daisy, os olhos arregalados.

Lily amaldiçoou sua boca grande, afundando os cabelos ruivos entre os braços.

— Quando é que foi a segunda vez? — perguntou Daisy.

— 9 de janeiro, de noite. Era o aniversário dele.

— Ele faz aniversário? — comentou Daisy, e Lily a fuzilou com os olhos. — OK, OK, e como foi?

— Como da outra vez. Estranho. Angustiante. E eu senti pena dele, ele é tão… sozinho. Tão infeliz e amargurado. Ele me puxou pra dentro do banheiro dos monitores só pra contar que era aniversário dele. Acho que ninguém reparou.

Os olhos de Daisy ficaram pensativos:

— Às vezes, por baixo desses sonserinos, tem mais do que a gente pensa… Mas, Lily, você tem que se decidir logo! Eles estão começando a te cercar, imagine se descobrirem tudo o que está acontecendo!

— Você acha que eu não sei?! — guinchou Lily com lágrimas nos olhos. — No que você acha que eu penso todo dia, toda noite, em todas as horas?! Em Sapos de Chocolate que não é! — E, a voz mais baixa: — Você não sabe como é ouvir eles falando dentro da sua cabeça a cada minuto… a cada segundo…

Um soluço rompeu o peito de Lily, ao mesmo tempo em que Daisy ouvia um barulho de sapato atrás de si.

Virando-se, viu Remus, que parecia estar indo para o outro lado, os olhos estranhamente vermelhos e os cabelos castanhos em desalinho.

— Lupin! — exclamou alarmada.

— Daisy? — disse Remus, a voz um pouco esganiçada demais.

Você ouviu alguma coisa? — perguntou ela destacando cada sílaba, como para deixar bem claro que não era nada cortês ficar escutando conversa de garotas.

— Do que vocês estavam falando? — estremeceu Remus, os lábios tremendo. — Só alguma coisa sobre eles falando dentro da cabeça, minutos e segundos. Você está bem, Lily?

Daisy virou-se para a amiga, cujos olhos verdes tinham se voltado para Remus e agora eram transbordados pelo alívio. Se ele tivesse ouvido…

Mas a aspereza das mãos calejadas e ao mesmo tempo delicadas de Remus se juntou às suas próprias mãos, antes que ela pudesse sequer pensar, novamente a envolvendo num turbilhão de sensações que ela queria esquecer que existiam.

— Lily, eu não sei o que está acontecendo e nem quero saber nada que você não queira me contar. Mas só quero que saiba que, seja lá o que for, pode sempre contar com a minha ajuda. Não importa o que seja.

Os olhos castanhos faiscavam, e Lily pôde quase lê-los por um instante. Eram olhos profundos, toldados por uma angústia infinita. Por um breve momento, ela percebeu que ele sofria, que sofria muito por algum motivo… Mas, antes que pudesse perguntar, ele já partia às pressas.

— Daisy — chamou ela.

— Que foi?

— Eu… ah… nada.

Sem rumo, Remus se enfiou no primeiro banheiro que viu à frente, o banheiro do quarto andar. Afogueado, quase se jogou em cima das torneiras, girando a última completamente. Com um rangido, o espelho se partiu em dois, revelando uma porta trabalhada em mármore, a qual Remus abriu com sofreguidão; mergulhou num salão escuro e fechou a porta. Depois, começou a chorar.

Pare, pare, seu idiota! Vai parando! Ela nunca te deu esperanças, é você que continua se iludindo!

“Ela beijou James… Ela beijou Severus duas vezes… Ela é apaixonada por um dos três, por Severus, por Sirius ou por James…”

Não se faça de vítima! Não finja que não sabia ou não imaginava nada disso!

“E ela está sofrendo por causa disso… Lily… Lily…”

— Lily… — a voz do monitor saiu entremeada de soluços, enquanto ele sentia a escuridão da passagem se apoderar de si.




— OK, James, repassando o plano. O dia?

— Amanhã. Quando o Snape estiver voltando de Runas Antigas e passando pelo Saguão de Entrada, quase não tem ninguém que passa por lá naquele horário.

— OK, o que vamos fazer?

James apenas olhou com ar divertido para Sirius:

— Usar a imaginação.

A expressão de Sirius se tornou igualmente diabólica.

— Não sei por quê, mas adoro quando você diz isso.

— Vamos fazê-lo pagar por ter encostado na Lily.

— Sujado ela com aquelas mãos cheias de óleo — disse Sirius agitando as mãos com uma expressão de asco. — Com aqueles cabelos cheios de sebo. Caramba, como a Lily pôde!

— Você não viu como os olhos dela tavam meio embaçados? — perguntou James, fazendo cara de vesgo. — Aposto que ele deu alguma coisa pra ela.

— Ele vai pagar — disse Sirius com os dentes cerrados. — Ah, se vai. Ninguém tem o direito de encostar na Lily!

— Lembra do que fizemos com ele no final do quinto ano? — perguntou James.

Sirius fez que sim, sorrindo.

— Ainda me lembro da cor das cuecas dele e da Lily xingando ele. Foi demais pra um dia só.

— Vai ser ainda pior, eu garanto.

— Vamos deixar ele com vontade de se atirar da torre de Astronomia.

— Eh… Padfoot? E se ele tentar se atirar da torre de Astronomia?

— Menos uma praga no mundo — decretou Sirius.

— Acho que é por isso que a gente se dá tão bem. A gente concorda em tudo!




— Ei, Príncipe, o que é que você tem?

A voz de Lucius Malfoy surpreendeu o sonserino enquanto ele trocava de roupa, sonolento. Ele mal tinha acabado de acordar , o céu escuro lá fora, e decidira se vestir para ir à Sala Comunal.

— Lucius, são cinco da manhã. Seja específico.

— Eu quero saber o que te anda fazendo acordar tão cedo, andar perturbado durante o dia, não dormir direito e ficar o tempo todo agindo estranhamente. Fui claro o suficiente?

Severus suspirou.

— E por que este interesse incomum em mim?

— Não é você que quer se apresentar ao Lorde das Trevas assim que terminar Hogwarts? — perguntou Lucius com um sorriso insinuante.

— E você está agindo como seletor ou tenho que passar pelo seu teste para chegar a ele? — disse Severus cáustico.

— Só quero ter certeza que nenhum traidor vai entrar no grupo — replicou Lucius.

— Você não tem nada a ver com isso, Malfoy. O dia em que eu me alistar com o Lorde, ele vai tomar contas de mim, e verificar se eu sou apto ou não. Meus problemas pessoais não têm nada a ver com isso.

“E eu nem pretendo me alistar com Lily ao meu lado…”

— Você está apaixonado, não é?

— As conclusões brilhantes de Lucius Malfoy — desdenhou Severus. — Agora vejo como chegou a monitor-chefe. Sinceramente, você poderia ter feito melhor, não?

“Apaixonado não passa nem perto do que estou sentindo.”

— Você pode se achar inatingível, Príncipe, mas eu sei como está se sentindo. Eu já vi várias garotas assim quando olham para mim.

Severus só pôde revirar os olhos.

— Vá à merda, Lucius.

Estava se virando para sair do dormitório quando Lucius perguntou:

— Ela não é sonserina, né?

— Ela quem?

— A garota pela qual você está apaixonado. Aposto que ela não é sonserina, e que nem te dá bola.

— Alguém nesse colégio me dá bola por acaso, Malfoy?

Lucius deu de ombros.

— Tirando os Marauders, acho que ninguém.

Severus bufou. Lucius tinha que lembrar que aqueles bastardos grifinórios existiam?

— Se ninguém me dá bola, me deixe em paz.

— Ela deve ser grifinória. Se duvidar, é sangue-ruim — conjeturou Malfoy.

— E se for? O que você tem a ver com isso?

— Ahá! — exclamou Malfoy triunfante. — Você acabou de admitir que está apaixonado!

Xingando por ter caído no truque mais velho do mundo, ele exclamou:

— Continue assim, e eu conto para a Narcissa que está dando em cima daquela corvinal!

O sorriso de Lucius se apagou.

— Como sabe que eu estou paquerando Anne Marie?

— O simples fato de chamá-la de Anne Marie em vez de apenas Field, já é uma prova — sorriu Severus venenoso. — Além disso, Lucius, só falta você carregar um letreiro de neon na testa. Tão óbvios e insensatos, vocês, que demonstram sentimentos…

E, com a satisfação de ver Lucius de queixo caído, Severus saiu do dormitório. Sem imaginar metade do que estava lhe esperando naquele dia.




Remus sabia que alguma coisa ruim iria acontecer. Remus sempre sabia quando alguma coisa ruim iria acontecer. Ele tinha acordado se sentindo mal no dia em que fora mordido; ele tinha acordado com um pressentimento no dia em que Sirius entregou seu segredo a Severus; e ele tinha acordado mal no dia em que seu pai morreu. E ele sabia que havia algo ainda pior que iria acontecer hoje.

— Droga… — resmungou para Frank, enquanto eles iam até as masmorras para a aula de Poções.

— Que foi, Moony?

— Droga, Frankie, alguma coisa vai acontecer hoje. Alguma coisa ruim.

— Por que aconteceria algo ruim hoje, Remie? — perguntou James alegremente, vindo por trás deles. — Hoje está um dia tão lindo!

— É, cara, repare! — disse Sirius, com um sorriso igual. — Apesar de ainda estarmos em pleno inverno, já está começando a clarear mais cedo! Isso não é bom?

— Acho que sim… — murmurou Remus —, mas ainda assim, tem alguma coisa ruim que vai acontecer hoje.

— Ah, Remus, você é muito impressionável! — sorriu Sirius que só faltava saltitar.

Com uma expressão risonha, Remus fez um gesto obsceno para Sirius, fazendo os outros dois caírem na gargalhada.

— Hoje vai chover de baixo para cima! — comentou Frank, rindo. — Remus, o monitor certinho! Que coisa feia!

Remus riu, fazendo o mesmo gesto para Frank.

— Afinal, todo mundo precisa desestressar um dia! — comentou às gargalhadas.

— Ora, e por que é que os Marauders estão tão alegrinhos hoje? — perguntou Lily, surgindo com Daisy e Alice.

— Ah, está um dia tão bonito, minha cara Lily! — sorriu Sirius.

— Ainda nem amanheceu direito, Sirius! — exclamou Alice.

— É, mas eu estou usando meus dons de vidente e estou dizendo que será um dia bonito — disse Sirius com voz solene.

— Ei, quem tinha que ter dons de vidente sou eu, eu que faço Adivinhação! — disse James indignado.

— É, o Sirius tinha que ter dons de trouxas! — riu Daisy.

— Eu tenho dons de tudo, minha cara Daisy! — sorriu Sirius. — Já ouviu falar de seres perfeitos?

— Certamente, mas nunca vi um!

— Oh, então está tendo a oportunidade de visualizar um bem na sua frente!

— Ou seja — disse James, acotovelando Sirius e postando-se na frente de Daisy —, estou aqui!

— James, Sirius e a modéstia — comentou Remus brevemente.

— Ora, meu caro, modéstia pra quê? — riu Sirius. — É importante ter consciência de que somos demais.

— Afinal, de que serve a humildade? Se a gente sabe que é bom em alguma coisa, é idiotice dizer que não é! — concluiu James.

— Tenho a sensação de já ter lido isso antes… — intrigou-se Lily. — Não é da Agatha Christie?

— OK, OK, eu andei trazendo livros de Agatha Christie para Hogwarts — admitiu Remus. — Mas não é por isso que certas pessoas deveriam lê-los sem a minha permissão!

— Ah, eu não tinha nada pra fazer nas férias! — desculpou-se James. — Aquele detetive, o tal do Poirot, é um metido, mas é muito legal!

— Bem, se isso contribui para sua cultura…

— Ah, Remus, você finge que é politicamente correto, mas na verdade é tão Marauder quanto a gente.

Risos tornaram a explodir pelo corredor, e os sete nem ligaram para os murmúrios baixos dos corvinais e as caretas dos outros; eram amigos e era só isso que importava.




Peter suspirou. Droga, aula de Transfiguração agora, anunciava uma sineta ao longe. Apesar de ser a aula em que ele se encontraria novamente com seus amigos e tudo o mais, era insuportavelmente irritante tentar ouvir a Profª McGonagall e saber que precisava daquela matéria idiota para ser alguém na vida.

Despreocupado, tomou a mala e foi subir os degraus que levavam até o quinto andar. Nem percebeu que uma sombra se aproximava dele, e só notou quando foi agarrado pelo pescoço e pressionado contra a parede por Severus Snape.

— Puta merda… — xingou Peter baixinho, encarando Severus com seus olhos castanhos arregalados. — Não me machuca, Snape, por favor, não me machuca…

— Afinal, o que temos aqui, um grifinório ou um rato covarde? — sussurrou Severus venenosamente.

“Você não faz idéia do quanto está certo, Snape…”, pensou Peter, tremendo, e pensando se transformar-se em rato seria mesmo uma saída tão ruim.

— Não me machuca, Snape, minha varinha tá na mala, e eu não consigo alcançá-la… Espírito esportivo…

— Olha lá quem está falando em espírito esportivo — disse Severus com ódio. Peter tremeu perante as faíscas no seu olhar. — Você e seus amiguinhos não têm espírito esportivo quando se trata de me pegar desprevenido, têm?

— Socorro, socorro, socorro… — gemia Wormtail.

Severus lhe deu um chute na canela, e Peter se calou choroso.

— Eu quero te fazer uma proposta, e tenho que ser rápidos porque seus malditos amigos estão vindo.

— Fale, fale, só não me faça nada…

— Eu preciso que você me ajude a provocar uma briga entre vocês.

Os olhos de Peter ficaram do tamanho de pires.

— O quê?!

— Exatamente o que ouviu. Preciso que me ajude a provocar uma briga entre Potter, Black e Lupin. Algo que os distraia. Algo que os separe para sempre.

— Nunca! — exclamou o animago. — Eu nunca vou concordar em separar os Marauders!

— Ora, Pettigrew, digamos que eu tenho métodos bem eficientes de persuasão — Severus sorriu sinistro. — Eu pretendo com isso distraí-los enquanto fico com Lily. Depois, se eles reatarem a amizade, não fará mal. Mas eu quero conquistar Lily antes disso.

— E onde é que eu entro nessa história? — perguntou Peter trêmulo.

— Você vai me arrumar alguma coisa que semeie a discórdia entre eles. Qualquer coisa. Algo, por exemplo, que prove o amor que os três têm por Lily.

— Como assim “os três”?

— Potter, Black e Lupin estão apaixonados por Lily. E eu também. E ela os admira, e muito provavelmente pode escolher um dos três. Então, meu objetivo é ocupá-los com outra coisa, fazê-los deixá-la em paz, enquanto sutilmente me aproximo e a conquisto.

Peter estava chocado. “Como se pode agir assim por amor?”

— Você está vendo como seus amigos James e Sirius têm discordado e brigado por causa disso, não está?

— Estou.

— E você não quer ver finalmente eles se livrando dessa obsessão?

— Sim, quero, mas não quero separá-los nem traí-los!

— Peter Pettigrew — Severus deu seu sorriso mais maligno até então —, existem certas doenças que tem que piorar antes de curar-se. Pense nisso.

Nesse instante, as risadas dos sete adolescentes chegavam ao corredor. Severus, ao ouvi-las, correu como uma sombra que foge da luz.

— Pete! — exclamou James, vindo correndo e erguendo o amigo gordinho no ar. — Hoje é um dia belo!

— Só se for pra você — debateu-se Peter. — Me solta, Prongs!

— Ui, Wormtail está nervosinho — riu James, largando Peter no chão. — Que foi, acordou com o pé esquerdo?

— Ou viu Snape? — disse Sirius inocentemente, arrancando risadas de Frank, Alice e Daisy e uma expressão carrancuda de Remus e Lily.

Peter olhou para ele, temendo que tivesse visto.

— Talvez de longe — sugeriu, trêmulo.

— Ah, então tá explicado. Nós ficamos olhando para a cara dele a aula inteirinha, não é uma boa sensação — gracejou James.

— Ah, calem a boca, vocês — resmungou Lily. — Vamos para a aula de Transfiguração, já estamos atrasados!




Aula de Transfiguração. Ah, por que exatamente existe Transfiguração?
Para que pessoas como você aprendam a arte de transfigurar, cabeça de bagre.

“Sabe que só agora eu reparei como é que a sua voz é parecida com a do Remus? Vocês são irmãos ou algo assim?”

Deixe de ironias, meu não muito caro cachorro.

“Ah, minha não muito cara cabeça, sabia que eu não sinto nem um pouco a sua falta quando não estou com você?”

Sabia que um dia você irá sentir muito a minha falta? Daí eu quero ver!

“O dia em que eu sentir a sua falta, minha nem um pouquinho cara, as coisas vão estar realmente feias. Muito feias.”

E provavelmente vai ser tudo culpa da sua impulsividade.

“Eu, impulsivo?”

Não, minha mãe.

“Eh… Como você é a minha cabeça, a minha mãe é a mesma que é a sua?”

Algo assim.

“Por Merlin, eu sou irmão da minha cabeça!”



— Sr. Black, quer fazer o favor de prestar atenção à minha aula?

— Desculpe, professora — disse Sirius, despertando do torpor. — Eu… uaaaah… sono.

McGonagall apenas bufou, irritada, e continuou a explicação sobre a fórmula cabalística capaz de transformar papagaios em araras. Remus olhou de soslaio para Sirius e lhe perguntou baixinho:

— O que está acontecendo, Padfoot?

— Nada… Só estou um pouco distraído — sussurrou Sirius.

— Sei… É a segunda vez que a Profª McGonagall chama a sua atenção.

— Já disse que não tem nada. Você sempre tem mania de ver coisas onde não existe, Moony!

— Eu não vejo coisas onde não existe — replicou Remus calmamente. — Eu apenas vejo um pouco mais do que os outros, Sirius, e sei que você não está normal.

— Ui, ele sabe, Sirius. Toma cuidado! — a voz animada de James se juntou à conversa.

— Prongs, alguém já te disse que você é um intrometido?

— Não.

— Então eu tô dizendo: mas ‘cê é intrometido, hein, veado?

— É cervo. E é parte de meu charme natural, meninos — disse James com uma piscadela.

— Ei, vocês três! — disse uma voz atrás deles. — Não vão prestar atenção na aula, não? É importante!

— Bem, Lily, estou tentando, mas, com esses dois malucos do lado…

— Ei, Moony, nem vem que foi você que me cutucou! Quer sair de santinho?

— Moony é santinho, Sirius — disse James fingindo ar angelical. — Não sabia?

— Ah, calem a boca.

— O que é que vocês estão falando aí? — agora era Peter.

— Ih, isso aqui já virou conversa de comadre — riu James. — Estamos só nos distraindo um pouco, Pete.

— Quando não deveríamos distrair-nos, né? — alfinetou Remus.

— Remus, se solte mais, viva a vida! Você é muito certinho, rapaz!

— Bem, suponho que os Srs. Black, Potter, Lupin e Pettigrew podem vir aqui à frente e ministrar a aula, pois está certo que já tem total ciência do assunto, se dão-se ao luxo de conversar na minha aula.

Era a voz irônica de McGonagall.

— Desculpe, professora — murmurou rapidamente Remus, baixando os olhos para sua lição, as faces coradas de vergonha.

— Desculpe, professora — disseram James, Sirius e Peter ao mesmo tempo, voltando-se para o quadro.

— Na próxima vez que conversarem, serei forçada a lhes passar uma detenção. Aos quatro — acrescentou, apontando para cada um dos Marauders.

Risinhos e murmúrios se ouviram no resto da sala, para onde McGonagall voltou-se furiosa:

— E o próximo que abrir a boca receberá destino igual!

Todas as bocas se fecharam enquanto McGonagall continuava sua explicação. Ah, aquela seria uma aula longa…




Bem, Severus Snape não deixava de estar certo.

A maldita Evans estava conseguindo ruir com o grupo. Todos os três Marauders estavam apaixonados por ela. Que será que aquela garota tinha de tão especial, afinal? Tipo, ele até podia entender que Remus estivesse apaixonado por ela, os dois se pareciam tanto com aquela conversa de estudar e de regras. Mas Sirius e James poderiam ter qualquer garota daquele colégio. Qualquer garota mesmo. E ficavam babando por uma que não estava nem aí pra eles?

E o pior, eles estavam brigando por causa disso. Ele sabia que Sirius e James tinham brigado feio em algum momento do ano passado; a amizade deles ficou estremecida quase por meses. Isso sem falar nos ataques de Sirius, que de repente dera para ameaçá-lo sem nem cabimento. Por causa da maldita ruiva.

Não seria melhor que ele desse um jeito naquilo logo?

— Se a Lily ficar com o Snape, nós três vamos poder voltar a ser os mesmos!

Os Marauders eram seu maior tesouro. Aqueles três amigos que puderam gostar dele, ter amizade com ele, um covarde, valiam muito mais do que ele mesmo poderia admitir. Ele não sabia se seria capaz de dar a vida por eles — a bem da verdade, ele se achava incapaz de dar a vida até pela sua mãe —, mas daria o que pudesse para que os quatro sempre estivessem juntos, unidos. Brincando, azarando sonserinos, fazendo o que mais gostavam de fazer.

E aquele, caramba, aquele era o último ano em Hogwarts. E justo no último ano, o ano que eles mais deveriam aproveitar, o ano que eles deveriam saborear, iam brigar por causa de uma maldita garota certinha e irritante?

Você nunca amou, Peter. Provavelmente não sabe como é.

“Mas eles precisavam se apaixonar logo por ela? E os três de uma vez? Tanta garota bonita por aí!”

Será? Você não consegue ver atrativos em Evans?

Bem, ele até conseguia. Ela era bonita mesmo. Os cabelos ruivos compridos, caindo pelos ombros, o rosto bem feito, os olhos verdes. Mas garotas bonitas existiam às pencas em qualquer lugar — ali em Hogwarts mesmo, existiam aos montes. Não precisava sacrificar-se por uma garota bonita! Era tão ridículo aquilo de fazer tudo por um sorriso…

Você não é nada romântico.

“Sou realista. Simplesmente isso. Pra quê tanto alvoroço só por causa de uma garota? Seria bom que ela ficasse com o Snape de uma vez!”

— É isso, então. Vou ajudar Snape. A gente vai brigar mas vai voltar a ser o que era antes depois, e, quando eles se derem conta, ela já vai estar caidinha pelo Seboso e eles não vão poder fazer nada.

— Disse alguma coisa, Pete?

Eles estavam caminhando para o almoço, e Remus perguntara isso com seu habitual tom de preocupação. Peter olhou bem para aqueles olhos castanhos, olhos também apaixonados por aquela irritante que andava do lado de Daisy.

— Não, Remie, estava falando sozinho.




Runas Antigas. A matéria mais tranqüila. Ah, abençoado o dia em que algum dos diretores de Hogwarts — a bem da verdade, Louis Berkeley, diretor no período de 1514 a 1600 — tinha decidido que o Estudo das Runas Antigas deveria constar na grade de matérias de Hogwarts. E abençoado o dia, no final do segundo ano, que três dos quatro Marauders tinham decidido que Runas Antigas não era uma matéria pertinente à carreira que seguiriam.

Sim, mas sempre tinha que haver um Marauder para complicar as coisas. Por que Lupin não pensava como seus malditos amigos e parava de vir às aulas? Por que ele não pegava, segurava a mão de Longbottom e saía com ele saltitante pelos corredores? Aliás, por que aquelas duas enjoadinhas da Lufa-Lufa e da Corvinal não decidiam fazer o mesmo? Melhor ainda, por que o Prof. Vortigern não desistia de dar aula e saía atrás dos alunos felizes, deixando ele e Lily sozinhos na sala?

Snape mal pôde conter um sorriso quando viu o professor entrar na sala.

— Olá a todos — disse animado o Prof. Vortigern. — Hoje, nós vamos treinar vocabulário.

Ele acenou com a varinha e várias palavras em rúnico surgiram no quadro.

— Quero ver tudo isso traduzido em pergaminho no final da aula aqui na minha mesa. Comecem!

Não era um trabalho difícil, ponderou Severus. Muitas daquelas palavras ele conhecia de vários textos traduzidos e de livros em rúnico lidos e relidos na calada da noite. Eram palavras escolhidas ao acaso, sem nenhum sentido em especial, e aquele trabalho se provava mais fácil do que fazer Soluções para Furúnculos a fim de deixar que Rabastan as derramasse nos pratos dos Marauders — o que nunca dava certo. Severus tentou não rir da lembrança de Rabastan cheio de furúnculos — o idiota entornara a poção nele, em vez de jogá-la nos inimigos —, e pensou em como um descabeçado daqueles poderia querer servir o Lorde.

O Lorde. Severus já não sabia se queria ou não servir o Lorde. Antigamente, era seu maior sonho: ser alguém, alguém além do estudante solitário lendo à luz de velas, entregar-se a uma causa, ser importante. Eliminar trouxas ridículos como seu pai fora. Mas agora, que lhe surgia a breve possibilidade de Lily amá-lo, ele se sentia purificado e não lhe importava ser alguém. Lhe importava apenas ela, e ela não aprovaria que ele se unisse ao Lorde. Se ela o amasse, que se ferrassem os Comensais!

“Por Lily, eu faria tudo. Até abandonar minhas crenças e ideais. Abandonaria a casa de Slytherin, a minha família, a minha pátria, a minha liberdade, apenas para estar ao lado dela”, ele pensou, enquanto continuava traduzindo.

E a droga era saber que aquele rapaz compenetrado no dever, sentado ao seu lado, também daria tudo para estar ao lado dela. “Mas não tudo!”, ele pensou de repente, triunfante. “Lupin não é capaz de sacrificar a amizade dos dois paspalhos por Lily! Ele não é capaz de mandar os amigos às favas para ficar com ela! Fraquezas, meu caro, a amizade não passa de fraqueza…”

Remus tentou ignorar o sorriso sinistro de Severus, enquanto se dedicava ao seu pergaminho. Imaginava bem o porquê daquele sorriso. “Gaba-se de poder gostar de Lily, enquanto eu tenho que me manter no eterno silêncio…”

Severus fitou Remus num duelo silencioso de olhares. E eles encetaram uma espécie de conversa telepática, mesmo que um não ouvisse o que o outro dissera.

“Você é fraco, Lupin. Muito fraco.”

“Sei que acha que sou fraco, Severus, mas tenho uma força maior que a sua… Uma força que me mantém firme sem nada dizer…”

“Qual é a vantagem em ter amigos se eles mantêm você de lábios selados, mesmo quando você todo denuncia que o que mais quer é falar?”

“Você não tem o que eu tenho. Não tem amigos. Amigos que, apesar de me fazerem sofrer, me fazem rir, me trazem alegria para a vida, e sentido no que faço. Duvido que você tenha sentido no que faça…”

“A verdade é que ninguém precisa de amigos quando se tem Lily…”

“Ah, Severus, eu gosto dos meus amigos… E quando, para amar, você esquece seus valores e suas virtudes, tem algo errado…”

“Amizade, valores. Tolice!”

“Pode continuar rindo, sonserino. Você não sabe o que é ter o calor de uma amizade. No dia em que souber, obsessivo, vai se maldizer até o fim dos tempos por não ter permitido isso antes…”

— Dez minutos, pessoal! — a voz animada do Prof. Vortigern interrompeu-os.

— Nossa! — murmuraram Severus e Remus ao mesmo tempo, se virando para os trabalhos.

Logo estavam concluídos, apenas à espera da sineta. E, quando esta tocou, Severus lançou um breve olhar de desafio para Remus, entregando o trabalho a Vortigern e partindo a toda para fora da sala.

— Aquele ali é sinistro mesmo, hein? — comentou Frank.

— É — disse Remus pensativo, guardando seu material e deixando o pergaminho na mesa do professor.

— Então, o que será que vai ter pro jantar, hein? — comentou Lily, com um aceno animado. — Estou com fome!

— Olha a Lily, parodiando o Peter — riu Frank, e os outros dois riram junto.

— Ah, adoro aula de Runas Antigas — comentou a ruivinha, aérea. — É tudo tão tranqüilo…

— Sem McGonagall ou Slughorn… — acrescentou o lufa-lufa no mesmo tom.

— Sem James, Sirius ou Peter… — continuou Lily.

— E com vocês dois… — suspirou Remus.

Os três riram brevemente, esperando Lily guardar o material, depois saíram da sala.

Uma futura multidão era ouvida à frente, mas os três, distraídos, não notaram. Não até Alice aparecer, afogueada, com uma exclamação:

— Remus, Remus, Remus!

— Que foi, Alice? — perguntaram Frank e Remus a uma só voz, vendo o estado da loirinha.

— James e Sirius! Cataram o Snape de novo!

— Ah, aqueles dois — disse Remus revirando os olhos.

— Não, você não entendeu! — disse Alice, desesperada. — Dessa vez a coisa é séria!




Severus Snape andava calmamente pelo Saguão de Entrada deserto, quando deu de cara com James e Sirius. Ambos com uma expressão realmente diabólica.

Contendo um xingamento, tentou se desviar. Sirius o bloqueou.

— Oi, Ranhosinho.

— Deixe-me passar, Black — disse Severus tentando manter a calma. Estava em desvantagem e não seria nada esperto arrumar um duelo.

— A bem da verdade, Seboso, temos algumas coisas a resolver — disse Sirius com um sorriso. — Como, por exemplo, a franca tentativa de envenenamento.

— Sinceramente, Black, só por que você é idiota o suficiente para colocar folhas de papoula em vez das sementes na poção, não é motivo par que saia acusando os outros por sua burrice.

— A minha poção estava bem certa até uma certa serpente passar por perto da minha mesa — disse Sirius, usando o famoso “jogar verde para colher maduro”.

— Oh, sim. Além de quase cometer suicídio involuntário, não sabe nem reconhecer uma Solução para Provocar a Febre ideal — um muxoxo. — Você me decepciona, Black.

Tentou desviar-se novamente, mas foi brutalmente atingido por um raio. Atirado para a frente, ele apanhou a varinha, mas, antes que pudesse defender-se, um Expelliarmus lhe acertou e a mesma voou longe.

Correu para apanhá-la, mas levou um feitiço e foi atirado de cara no chão. Depois, começou a flutuar no ar. À essa altura, várias pessoas já tinham aparecido e se amontoavam em volta dos três, rindo e apontando. O rosto de Severus estava contorcido de fúria por reconhecer que novamente caíra em uma armadilha:

— Eu vou te matar, Potter!

— Olha que medinho... Uediuósi!

Severus foi brutalmente arremessado contra uma parede. As risadas se ouviam, enquanto Sirius assumia o controle e girava Severus no ar, as vestes negras rodopiando e o mundo todo rodando num redemoinho confuso…

— Parem! — gritou Daisy. — Parem com isso, eu sou monitora!

James e Sirius pareciam embriagados. Seus olhos brilhavam de um modo realmente estranho, e eles pareciam imunes a qualquer tipo de súplica, viesse de quem viesse. Enquanto se ocupavam em girar Severus como um pião, fora de controle, riam sem parar.

— Parem, vocês dois! — gritou a Profª McGonagall, surgindo no meio da multidão. — Parem!

Nada chegava aos ouvidos dos dois; pareciam possuídos. Severus girava mais e mais, loucamente; os olhos dele viravam e sua pele macilenta estava ainda mais pálida, as feições se contraindo com a rotação. Quase todos ainda riam, mas havia alguns que questionavam:

— Acho que ele está passando mal.

— Não seria melhor parar?

— Parem! — uma nova voz se juntou aos apelos. — Parem, James, Sirius, por favor!

Era Lily. Mas nem a ela os dois ouviam, fazendo Snape bater no teto e girar; os risos cruéis ainda ecoavam por todo o salão, e ninguém tinha coragem para parar os dois Marauders — eles pareciam fora da realidade, comandando o corpo já mole do sonserino.

Parecia que ninguém seria capaz de pará-los…

— Remus! Remus, faça alguma coisa! — gritou Lily. — Eles estão fazendo isso por ciúmes!

Ciúmes! Era esse o brilho demoníaco nos olhos dos amigos?…

— PAREM! — gritou Remus, saindo do meio da multidão. — PAREM, ELE NÃO ESTÁ BEM, PAREM!

Os olhos de Snape se cerraram. Ele desmaiara.

— PAREM! — gritou Remus. — PAREM!

Nada…

A raiva tomou conta do jovem grifinório. Num ímpeto, ele avançou, encarou James e Sirius de frente e gritou, bem alto:

— UMA — SEMANA — DE — DETENÇÃO!!!

O salão inteiro mergulhou em silêncio.

As palavras de Remus atravessaram James e Sirius como se fossem raios. Lentamente, eles olharam para o amigo, vermelho e ofegante como se tivesse corrido o castelo inteiro. Snape caiu no chão, inconsciente, e Lily correu a socorrê-lo.

— Uma… semana… de… detenção. — repetiu Remus, baixinho. — Depois a gente combina.

Todos estavam atordoados. Remus Lupin passando detenção para os amigos Marauders?…

Lágrimas começaram a saltar dos olhos do monitor.

— Vocês me forçaram a isso — sussurrou. — Vocês me forçaram a isso.

E, correndo, atravessou a porta do Saguão e foi para os jardins de Hogwarts. Frank rapidamente seguiu-o.

— Eu concordo plenamente com o Sr. Lupin — disse uma voz se aproximando.

Era Dumbledore. James e Sirius sentiram o chão lhes faltar.

— Já eu penso que uma semana de detenção é pouco. Duas semanas de detenção, separados, e cinqüenta pontos a menos para a Grifinória — disse a Profª McGonagall friamente. — Srta. Evans, leve o Sr. Snape até a ala hospitalar.

— Sim, professora — disse Lily, lançando um olhar mortal aos rapazes e levando Snape com um feitiço até a ala hospitalar.

— Agora, Sr. Potter, Sr. Black, me acompanhem até a minha sala — disse Dumbledore seriamente. James e Sirius sentiram as faces queimarem de vergonha.

— Mas o Remus… — argumentou ainda James.

— O Sr. Longbottom provavelmente resolverá a situação — disse o diretor. — Srta. Trapp, Srta. Lynch, poderiam ir atrás do Sr. Lupin também?

— Sim, professor — disseram Alice e Daisy a uma só voz, correndo para fora do castelo.

— Agora me acompanhem.

James e Sirius foram, sentindo-se os piores seres da Terra. Nunca conseguiriam explicar que tipo de força tomara seus corpos — e nem seriam capazes de esquecer o olhar ferido de Remus.



N.A.: Pra quem não entendeu nada daquela frase do James, o detetive Hercule Poirot falou algo parecido sobre humildade em um dos livros de Agatha Christie, que agora eu não consigo precisar qual. Eu apenas adaptei um pouco a frase.

N.A.2: Quando vocês leram a cena do James e do Sirius, alguma outra coisa veio às suas cabeças? Pois é, meio que me inspirei naquela cena dos Comensais da Morte do quarto livro. Sinistro, não? XD


Prévia:

Remus Lupin, o mais tímido dos Marauders. Sempre reservado, sempre indecifrável, sofrendo em silêncio. Porém, chega de silêncio... Remus tem seus próprios jeitos de dizer o que sente, e Lily não tardará a percebê-lo...

Entre Vapores de Poções


"— Remus, você me ama?"


Quem se interessar, leia:

Matar ou Morrer
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Incondicionalmente
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Shining Like a Diamond
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Os Outros
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Você Não me Ensinou a te Esquecer
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Fogo
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