Entre Vapores de Poções



N.A.: OK, demorou mas chegou o capítulo!

lizandra oliveira: Lógico que eu não te acho chata. É muito legal que você comente sempre, me deixa feliz! Ainda bem que você tomou a iniciativa de comentar agora, e não ficou só lendo sem falar nada. Que bom que você gosta do meu Peter, eu acho ele um personagem muito interessante de se trabalhar... E também não concordo com essas fics que mostram ele como um retardado. Eu quis mesmo fazer uma coisa mais séria, estou cansada de clichês sobre os Marauders... E, se vai acontecer alguma coisa sinistra... Bem, não posso adiantar muita coisa... O que eu posso dizer é que vai ter brigas, traições e otras cositas más. Sempre que quiser, comente! Valeu!

belinha: Uma leitora nova! *poft* É, bem, tem gente que quer que a Lily fique com o James por toda lei, só que tem gente que torce pelo Sirius, e pelo Remus. Até pelo Severus. Não vai dar pra agradar todo mundo, mas vou fazer o que puder para chocar todo mundo. *risada maligna* Legal que você gostou da história. Continue lendo!

B. Black: Tomara que você goste desse capítulo... Eu tentei escrever ele bem em inspiração... É, eu falei que as pessoas iam voltar a ficar com pena do Severus, mas no próximo capítulo, vão parar de ter pena dele... A Lily vai se decidir logo, logo, no capítulo 17. Agora, por quem, eu não posso dizer... *risada maléfica* O capítulo ficou grande sim: 15 páginas e meia!

Ana_Weasley_Black: É, bem, o meu Remus dá dó em todo mundo, até em mim... *chuif, chuif* Tem certeza que gostou do capítulo? Ele ficou um tanto solto, sem enredo... Ou vai ver eu estava numa época sem inspiração... Alguma coisa assim. Mas, bem, se você gostou, tudo bem! Ah, a informação sobre Louis Berkeley, fui eu que inventei. Achei que o Snape saberia tudo sobre Runas Antigas, e coloquei o pensamento. *risadinha* Acho que a Síndrome de Estocolmo é mais digna do "Lizzy também é cultura". Ah, eu adoro livro de mistério: Agatha Christie, Arthur Conan Doyle, ano que vem vou caçar uns do Edgar Allan Poe. Eu pra escrever história de detetive só apanho... Obrigada pelos elogios, assim eu fico sem graça... Beijos!

Lellys Evans Potter: *olha para a Lellys atrás de uma barricada* Calma, menina, calma... Calma que o James é forte, ele agüenta... Mas tu é sádica, hein? Gostar do que o Sirius e o James fizeram com o Severus... Nossa, agora até eu me assustei *risada maligna* Bem, mais ódio, ciúmes e amor no próximo capítulo... Fica de olho! Beijos!

Ana Lily Diggory: Você é aquela autora que tinha comentado na minha song Remus/Lily, né? Gostou dessa? É minha história mais maluca, acho que é quase tão doida quanto a sua... Tá aqui já o capítulo! Valeu!

Jeehh: Não vou nem dizer que é leitora nova porque você já lê aqui e lá no FF. Net... Eu o amo o Remus também *tira o Remus da Jeh e abraça também*, mas, quanto a quem vai ficar com a Lily, não posso dizer ainda... Quem sabe se é o Sirius? Falando em Sirius, a próxima Sirius/Lily é no cap. 16. Fica de olho! Bem, sobre Severus de natal, eu não posso fazer muita coisa. Pede pro Papai Noel! *risinhos* Sabe que eu nunca tinha encontrado uma leitora que gostasse da Narcissa? Só por sua causa, ela apareceu neste capítulo... Agora, se eu gosto de slash? Claro que eu gosto de slash! *toda entusiasmada* Eu tenho duas songs slash, só que é lá no FF. Net. Como não poderia deixar de ser, são Sirius/Remus. Uma se chama Crawling in the Dark e a outra Someday. Isso sem falar na quadrilogia que eu vou postar. *ãh? Defina quadrilogia* Quatro fics compridas sobre Sirius/Remus, que eu vou começar a postar depois que terminar a Perfume. Nossa, que resposta gigante... Continue lendo!

Luh Black: AaAah!!! Uma leitora nova!!! *capota* Ah, que bom que adorou minha historinha... Ih, mais uma defensora do James a todo custo! Quem sabe o que a minha historinha vai aprontar com ele? Bem, continue lendo!

Lis Noir: AAaahahaAh! Outra leitora nova!!! *capota, a cadeira cai junto e bate na cabeça dela* Não sei se você elogiou ou xingou a fic... *olha para o grande CARALHO escrito no comment* É mesmo, tô nem aí pros fatos oficiais. Dane-se os fatos oficiais! Afinal, as outras fics seguem os oficiais, e só sai a mesma coisa... Assim é mais legal. Já tá aqui o capítulo 13, pode se curar da sua gastrite! Beijos!

Marilia Evans Potter: Você é a mesma Marilia que comentou lá no começo? Se é, eu vou mandar pro seu e-mail novo... Que bom que você gostou do Frank, eu adoro o Frank e a Alice... Eles são tão fofinhos! Valeu pelo comentário!

Gabriela Twilight: OK, está perdoada por ter demorado pra ver o capítulo. Tem certeza que você gostou do doze? Nossa, eu achei que ficou péssimo... Já escrevi capítulos bem melhores. Legal que a minha fic ainda te chama a atenção! A idéia é doida, mas eu ainda acho melhor do que aqueles clichês cheios de Sirius/PO, Remus/PO e Snape imitando Draco Malfoy - não que eu esteja ofendendo o Draco, eu me refiro àquele Draco chato do começo do primeiro ano. Já tá aqui o 13... E, se você tiver um pouquinho de paciência, o último da Matar ou Morrer sai logo... Obrigada pelo comentário!


N.A.: Bem, finalmente saiu alguma coisa que preste. Esse capítulo demorou para sair por causa da música. Primeiro, eu ia colocar If You Could Read My Mind, do Gordon Lightfoot, acho que vocês não conhecem, mas é linda. Só que não dava. Daí, tentei pôr The Hardest Part, do Coldplay. Não deu. Tentei por Aonde Quer que Eu Vá, do Paralamas. Não deu. Então, me lembrei de uma e puxei do LimeWire. Aí está, então, a música do capítulo, Green Eyes, do Coldplay!


Capítulo 13: Entre Vapores de Poções



Querida, você é a rocha
Sobre a qual eu me levanto

(Coldplay — Green Eyes)

— REMUS! REMUS! REMUS, CADÊ VOCÊ?! — gritava Frank, correndo pelos jardins, tentando afastar a neve dos pés. — REMUS!

Ele gritava atrás do amigo monitor, que desaparecera entre a neve. Embora ele já soubesse onde é que Remus deveria estar. O único lugar onde ninguém naquele castelo poderia alcançá-lo.

E lá estava ele. Apoiado no tronco do Salgueiro Lutador. Derramando suas lágrimas na base da árvore.

— Remus! — chamou Frank.

Ele apenas ergueu os olhos castanhos melancólicos. Parecia um fantasma.

— Remus, vem pra cá! Você sabe que eu não posso ir até aí! — gritou Frank, de longe.

— Não! — disse o rapaz. — Me deixe sozinho, Frank!

— Não vou te deixar sozinho! Nunca!

O que aquele idiota não entendia é que era extremamente prejudicial a si mesmo. Que, sozinho, deixava pensamentos ruins aflorarem, tomarem seu ser e levarem-no ao fundo do poço. Que precisava de companhias que lhe tirassem aquilo da cabeça.

Frank começou a se agitar:

— Vou ficar aqui, no frio, dançando, até você resolver sair daí! — gritou, para começar a agitar os braços numa dancinha frenética.

Remus revirou os olhos, isso era visível.

— Frankie, você vai pegar um resfriado!

— Eu tô com mais casaco que você! E estou pouco me lixando! — disse Frank sem parar de agitar os braços.

O grifinório sorriu.

Passos fizeram-se ouvir na neve e Frank se deparou com Alice e Daisy, chegando.

— Como é que ele consegue fazer isso? — perguntou Alice, espantada, olhando para Remus colado no tronco do Salgueiro Lutador.

— O Salgueiro é amigo dele, você não sabia?

— Remus, vem pra cá! — gritou Daisy. — E, Frankie, o que é que você tá fazendo?

— Enchendo o saco dele até ele se decidir sair de lá — disse Frank, que continuava se sacudindo. — Vamos lá, entrem na brincadeira!

Com uma risada, Alice e Daisy começaram a agitar os braços freneticamente. Remus, ainda apoiado no tronco do Salgueiro, começou a rir gostosamente.

Honey, you are a rock
(Querida, você é uma rocha)
Upon which I stand
(Sobre a qual eu me levanto)


— Vem pra cá, Remie!

— Antes que a gente congele!

— Você não tem pena dos seus amigos dançantes?

Finalmente, os apelos venceram o grifinório. Sem graça, ele abraçou a árvore — que passou um galho na cabeça do rapaz — e voltou para junto de seus amigos.

— Remus… — disse Daisy, pronta para começar a falar, porém o outro ergueu uma mão parando-a.

— Não precisa, Daisy. Essa é uma conversa que eu vou ter com James e Sirius. Com mais ninguém.

E, com um sorriso angelical:

— Vamos?

Atônitos, os outros três foram seguindo Remus pelos jardins, sem saber tudo o que se passava dentro do amigo.




Foi com estardalhaço que Lily entrou na enfermaria, chamando Madame Pomfrey:

— Madame Pomfrey, Madame Pomfrey!

And I come here to talk
(E eu vim aqui para falar)


— Pare de fazer escândalo, menin… ah, por Merlin!

Severus flutuava inconsciente ao lado de Lily, os cabelos negros esvoaçando selvagemente pelo ar.

— O que aconteceu? — perguntou a enfermeira, enquanto tomava a varinha de Lily e conduzia Severus até uma maca.

— Potter e Black — ela disse simplesmente, e Madame Pomfrey balançou a cabeça com um suspiro.

— Aqueles dois, pioram a cada segundo.

Lily não disse nada. A raiva ainda pulsava em suas veias. Eles haviam ferido Severus e magoado Remus. Como ela ainda poderia se interessar por aqueles panacas? Eles poderiam ter matado Severus! E tudo isso por causa de ciúmes!

Sim, ciúmes. Ela tinha percebido o brilho insano do olhar deles. Não poderia ser por outra coisa. Ela se perguntava como eles haviam descoberto seu envolvimento com o sonserino; mas isso não importava agora. Os dois não mereciam que ela se importasse.

E Severus!… Ele, girando e girando, desmaiando… Só agora ela tinha se dado conta como se importava com ele. Não sabia classificar qual era o sentimento que tinha por ele. Amigo? Amado? Pessoa com quem ela queria passar o resto da vida? Não sabia. Mas sabia que realmente se afligira vendo ele girar no ar. Que o desespero batera forte em seu peito ao ver os dois Marauders agindo daquela maneira. Se fosse outro de seus amigos, se fosse Frank, Alice, Daisy ou Remus que estivesse ali, ela ficaria aflita do mesmo modo?

— Srta. Evans?

A voz plácida do diretor despertou Lily de seus devaneios, enquanto ela se voltava para seu semblante bondoso e ao mesmo tempo preocupado.

— Como está o Sr. Snape?

— Acho que ele está melhor — ela disse, incerta. — Não é, Madame Pomfrey?

— Oh, sim, professor, não foi nada muito sério. Pelo que pude constatar, ele desmaiou de vertigem, agora eu só não imagino como.

— Potter e Black giraram ele no ar feito malucos — suspirou Lily.

— Ah, está explicado.

— Qual foi a punição que eles receberam, diretor? — perguntou a ruivinha, séria.

— Duas semanas de detenção, como a senhorita deve ter presenciado. Uma com o Sr. Lupin e uma com a Profª McGonagall. Isso sem falar nos cinqüenta pontos perdidos para a Grifinória. Por que tanto interesse, Srta. Evans?

A voz dela saiu quase num murmúrio:

— Questão de justiça.

— Então a senhorita concorda.

— Eles têm que aprender que o mundo não gira ao redor deles — disse Lily. — Nem o mundo nem eu.

Dumbledore ergueu levemente as sobrancelhas, sem fazer nenhum comentário. Alguma coisa estava acontecendo envolvendo aqueles rapazes.

E estava ficando perigosa.




Remus voltou com Daisy para a Sala Comunal, tentando se esquentar após ter se enfiado na neve apenas vestindo a sua jaqueta de tecido fino. Os dedos das suas mãos estavam arroxeados.

— E você ainda queria ficar lá fora — reprovou Daisy, sentando-se com o amigo perto da lareira.

— Eu estava nervoso… E queria pensar um pouco.

— Pensar na frente da lareira é melhor que pensar debaixo de uma tempestade de neve abraçado com uma árvore assassina.

— Davy Gudgeon que o diga…

Risos. O caso de Davy Gudgeon ainda provocava risos no monitor quando era lembrado.

— Mas, também, isso de ficar chegando perto da árvore… O Salgueiro pode ser assustador quando quer.

— É, mas você não tem problemas com ele…

— Eu acho que ele gosta de mim. E eu gosto dele. Ele é um pouco temperamental, mas eu gosto bastante dele.

— Engraçado isso de ter amizade com uma árvore.

— Ele é uma árvore muito animada — disse Remus melancólico.

Seus olhos ainda estavam vermelhos, e ele se virava a toda hora para o buraco do retrato.

— Acho que eles estão no dormitório — disse Daisy, seguindo o olhar do rapaz.

— Quê? — espantou-se Remus. — Ah! Depois eu… falo com eles.

— Ah, Remus, não é o fim do mundo — disse Daisy. — Uma vez eu tive que passar uma detenção para Cherry. Ela ficou um pouquinho magoada comigo, mas o dever vem acima de tudo.

— O dever não pode vir antes das amizades, pode?

— Às vezes, tem coisas ainda mais importantes. Honra… dignidade… amor…

— Amor? — repetiu Remus espantado. — O amor pode ser mais importante que a amizade?

— Depende qual dos dois te faz mais feliz. Se, por exemplo, seus amigos se opõem a sua namorada, você é forçado a escolher, sabe — Era impressão dele ou Daisy estava tentando lhe passar uma mensagem subliminar? — Então, você tem que pesar bem os dois lados da balança. Se você acha que seus amigos te fazem mais bem que a sua namorada, você fica com eles. Mas se você não se sente bem com seus amigos, e se sente completo com sua namorada, você escolhe ela.

— E você, escolheria amor ou amizade?

Daisy sorriu.

— Por que você não deixa o seu coração falar mais alto, Remie?

Remus franziu a testa. Quando foi mesmo que ele contara a Daisy tudo o que sentia por Lily?

Não teve ocasião de perguntar, pois a garota lançou um olhar à escadaria e, murmurando um rápido “Tchau!”, saiu pelo buraco do retrato. Ele seguiu seu olhar e deparou-se com dois Marauders no topo da escada.

Os dois Marauders para quem ele havia acabado de passar detenção.

Eles o olharam de volta, e Remus não sabia o que fazer. O que esperar deles, que haviam sacudido Severus brutalmente no ar por ciúmes?

Quase desejou que eles não pudessem vê-lo. Seria tudo tão mais fácil…

— Remie? — chamou Sirius, descendo as escadas quase inocentemente.

Remus, que novamente se perdera em pensamentos, encarou os dois amigos desejando desaparecer.

I hope you understand
(Eu espero que você entenda)


— Oi — disse inseguro.

James e Sirius trocaram um breve olhar antes de se voltar para o amigo encolhido.

— Remus, acho que a gente precisa conversar…

— Eu não vou liberar para vocês — disse o rapaz taxativo, mas ainda pálido. — Eu não vou deixar de dar a detenção.

— Não estamos pedindo isso — disse James com simplicidade. — Nunca pediríamos isso.

Remus recuou um pouco, visivelmente nervoso.

— Como é que eu vou saber? Vocês pareciam loucos!

— Ah, ele merecia! — disse Sirius. — Ele tentou me envenenar!

— Não era por causa disso e você sabe.

Os olhos do monitor eram acusadores, e Sirius e James se entreolharam estupefatos.

— Peraí, Moony, você sabe?

— De tudo o que se tem pra saber. E sei bem porque vocês fizeram isso. Vocês estão loucos!

— Você diz isso porque não sabe o que é amar, Moony! — disse Sirius, magoado.

Remus sentiu uma onda escaldante de fúria invadi-lo.

— Não sei o que é amar? — repetiu, incrédulo. — Não sei o que é amar?! Quem me dera não saber o que é amar! Se eu não soubesse o que é amar, não sofreria tanto, não choraria tanto, eu seria uma pessoa mais feliz! Tudo o que eu queria é não saber o que é amar!

De estupefatos, a dupla passou para perdidos. James manifestou o pensamento com uma frase:

— O quêêêêêê?

E de repente o monitor tapou a boca apavorado.

— Falei demais! — guinchou, saindo correndo para longe da Torre da Grifinória. E deixando James e Sirius sem saber o que pensar.




Passos abafados no corredor e Remus correndo como nunca correra antes; tentando fugir dos Marauders, fugir de seus problemas, fugir daquele amor sufocante que sentia pela ruivinha. Fugir de si mesmo.

Mas, quanto mais tentava fugir, mais seus problemas o cercavam. Como constatou ao trombar com tudo com alguém na esquina do corredor e cair para trás.

— Caramba, Remie, você tá bem? — perguntou uma voz doce e melodiosa, que ele conhecia muito bem.

Dois olhos esmeralda piscavam para ele.

The green eyes
(Os olhos verdes)


— Lily?! — ele deu um salto, se pondo de pé imediatamente.

— É, sou eu — disse Lily, se aproximando do amigo e espanando sua roupa. — Você tá bem? Levou um tombo feio!

Por que ela tinha de aparecer bem na hora em que ele mais estava confuso? Na hora em que ele queria apenas esquecer?

— Não foi nada… — ele disse, febril, sentindo as mãos da menina roçarem superficialmente seus ombros e braços.

— Está melhor? Você ficou muito perturbado, aquela hora…

“Ai, por que ela me dedica tanta afeição… A mim, um monstro, que é capaz de amá-la, sem ligar para os sentimentos dos seus dois amigos… Por que ela me ama tanto?”

— Melhorei um pouco.

— Deve ser difícil ter que passar detenção para os amigos… Mas eles mereceram! — ela sorriu. — Estou muito orgulhosa de você!

O peito de Remus explodiu em alegria.

— Sério?

— Sério! Você conseguiu pôr o dever acima da amizade, ao menos uma vez! Foi difícil, mas você conseguiu! Nunca poderia estar mais orgulhosa.

“Ah, por que o meu peito bate de felicidade?… Por que tenho vontade de tomá-la nos braços e gritar o que eu sinto?…”

— Obrigado, Lily, embora eu não esteja me sentindo bem com isso… Mas… e Snape, como está?

Isso, fale do amor da Lily pra ver se você se convence que ela não tá nem aí pra você.

— Está bem — disse Lily, baixando os olhos. — Madame Pomfrey disse que foi só uma vertigem. Aliás, Potter e Black vão levar uma semana de detenção com você, mais uma com McGonagall e ainda perderam pontos para a Grifinória.

— Então, teremos que responder muitas perguntas nas aulas para recuperar os pontos — disse Remus calmamente. — É o que eu sempre faço.

— E eu vou te ajudar — disse Lily. — Mas você é muito inteligente!

O sangue tingiu de vermelho as faces de Remus.

— Ah, Lily, você tá exagerando… — disse ele, todo sem graça.

— Não, não estou. Você é uma das pessoas mais inteligentes que eu conheço! Tirando a dificuldade em Poções, o resto tudo você domina! Eu te admiro muito, Remie!

Yeah, the spotlight
(Sim, o refletor)
Shines upon you
(Brilha sobre você)


“Admira, e não ama…”

— Lily, você não sabe o quanto sou grato… Também te admiro muito.

— Obrigada — ela sorriu angelical. — Eu vou voltar para o dormitório, deixar os livros lá, jantar, e depois voltar para a enfermaria. Você não vai jantar?

— Sem fome — disse Remus com ar triste. — Até, Lily! — “Meu anjo…”

— Até, Moony!

“Oh, Lily… Eu me odeio por te amar”, foi a única coisa que pôde pensar, vendo os cabelos ruivos se afastarem.




— Ei, James, você ouviu o que eu ouvi? — perguntou Sirius, entrando alguns minutos após, no dormitório, ainda atordoado.

— Acho que ouvi, mas não tenho certeza — disse James, entrando logo atrás do amigo e tentando desentupir os ouvidos. — Repete?

— O Remie tá apaixonado…

— Não sei porquê, mas isso não me soa bem…

— Por que não soaria? — perguntou Sirius de repente, virando-se atônito para James. — Isso é excelente!

— Por quê?

— Ora, por quê! Pensei que estivesse interessado na felicidade do Remus, Prongs! Veja, ele está apaixonado, ele vai se casar e ser feliz!

— Dã, se fosse assim eu ficava feliz, mas só que tem um problema, ao que parece… — disse James, se largando na cama.

— Que dito problema é esse?

— Você não ouviu o que o Remus disse, palhaço? Ele está sofrendo por que está apaixonado! É por isso que ele tem andado tão deprimido!

— Deve ser uma daquelas paranóias do Remie — disse Sirius, sentando na cama em frente a James. — Sou um lobisomem, não posso amar, etc, etc.

— Ou vai ver a garota não gosta dele ou coisa assim — disse James.

— Quem é que poderia não gostar do Remus? Ele é legal, inteligente, simpático e tem assunto para falar de tudo!

And how could, anybody
(E como pode, alguém)
Deny you?
(Rejeitar você?)


— Uma sonserina, talvez…

— O Moony não ia ser tonto de gostar daquelas insuportáveis.

— Sirius, a gente precisa fazer algo por ele!

— Além de pedir desculpas por ter dito aquelas besteiras e por ter feito ele chorar? Sim, acho que a gente precisa!

— Tem jeito melhor de pedir desculpas?

— Acho que não… Mas, gazela…

Cervo, Paddy.

Padfoot, alce, e eu quero ir jantar… — choramingou Sirius. — Tô com fome…

— E para isso que temos o Pete aqui! — disse uma voz, entrando animada pelo dormitório, com sanduíches e garrafinhas de cerveja amanteigada.

— Peter! — exclamou James.

— É, eu pensei que vocês não iam ter cara de aparecer lá no jantar e vim.

— Peter pensando! — riu Sirius. — O mundo está virado de cabeça pra baixo!

Wormtail riu. “É assim que deve ser. Nós como amigos, rindo de alguma coisa que fizemos. Não brigando por causa de uma menina idiota. E eu vou providenciar pra que nunca mais eles briguem por isso.”




Foi apenas horas depois do incidente que Severus abriu lentamente os olhos negros. E os cerrou subitamente, como se estivesse ofuscado por muita luz. A bem da verdade, porém, não havia luz, pelo menos não uma luz material, consciente; a única luz era a luz que emanava da alma de Lily, ali, parada ao seu lado.

— Lily? — chamou ele. — É você?

— Sou eu, Severus… — ela disse, deixando que uma das mãos corresse pelos cabelos negros do rapaz debilitado. — Eu estava esperando que você acordasse.

O suave perfume de lírio que emanava da pele rosada da garota fez-se sentir no ar, e convenceu Severus de que não era um sonho. Não era um sonho, não era uma ilusão, e este conceito foi enchendo o peito do sonserino de uma rara alegria…

I came here with a load
(Eu cheguei aqui com uma carga)
And it feels so much lighter
(E ela parece tão mais leve)
Now I’ve met you
(Agora que eu te encontrei)


— Lily… o que aconteceu?

— Você desmaiou… Por causa de Potter e Black — um brilho estranho relampejou nos olhos verdes da garota, e Severus pensou que, se a dupla continuasse assim, não seria preciso afastar Lily deles. — Eles estavam te rodopiando no ar…

— Eu desmaiei — disse o sonserino, se sentando e sacudindo levemente a cabeça. O mundo ainda parecia rodar e ele se lembrou da sensação de sufocamento. — Quem os deteve?

— Remus.

Severus teve vontade de xingar. Então ele rodopiava pelo ar e ainda dava chance ao monitorzinho de posar de herói para Lily? Ah, ele iria pagar!

— Ele passou uma detenção para os dois — continuou a ruivinha, alheia à fúria do rapaz. — Foi tão corajoso…

— E depois, o que aconteceu? — cortou Severus bruscamente. — Quem me trouxe para cá?

Lily o olhou curiosa, depois riu brevemente. Um riso claro, límpido, cujas vibrações ressoaram fundo na alma do sonserino.

— Fui eu. Cheguei gritando. Depois me chamam de escandalosa, e eu não entendo… — ela sorriu. — Só saí para levar meus livros de Runas Antigas para o dormitório e para comer alguma coisa rapidinho, depois voltei. Não iria sossegar enquanto você não estivesse acordado!

— Você se importa tanto assim comigo? — perguntou Severus com os olhos brilhando.

— Claro, seu bobo! Tenho muito apreço por você! E…

Lily subitamente calou-se. Não era prudente revelar a Severus que todo aquele acontecimento era por sua culpa. Que James e Sirius tinham feito aquilo por ciúmes. Afinal, a dita frase de Severus continuava muito vívida em sua mente: “Sou capaz de matar e morrer por você”. E não, aquilo da azaração fora o cúmulo. Ela não podia permitir que aquilo acontecesse de novo.

— E o quê? — disse Severus, fitando-a inquisitoriamente com seus profundos olhos negros.

Lily foi salva da necessidade de responder por altos barulhos que vinham do corredor:

— Ah, Lucius! Vamos vê-lo, o que é que custa, já estamos aqui mesmo…

Antes que Lily e Severus pudessem reconhecer a voz, já Narcissa e Lucius faziam entrada na enfermaria.

A monitora estacou quando deu de cara com Lily, e o mesmo pode-se dizer de Lucius, que lançou um olhar francamente espantado à ruivinha, olhando-a de cima a baixo. Narcissa o olhou de soslaio e lhe deu uma cotovelada.

— Ai, Cissy!

— Fecha a boca, Lucius! — disse Narcissa, ríspida, e Lily conteve o riso, um tanto constrangida.

Ela virou-se para Severus:

— Eu… já vou indo, OK? Madame Pomfrey diz que vai te dar alta amanhã de manhã, então estarei aqui. Tchau…

— Tchau, Lily — disse Severus, olhando com um certo tanto de raiva para o casal embasbacado parado na porta da enfermaria.

Sem dizer uma palavra a Narcissa e a Lucius, Lily saiu para o corredor.

— OK, Sev, o que é que essazinha estava fazendo aqui? — perguntou Narcissa, com desdém.

— Ela veio cuidar de mim — disse Severus.

— Não vá me dizer que é ela! — exclamou Lucius, os olhos cinzentos escancarados. — Não é ela!

— O que não é ela, Lu? — perguntou Narcissa curiosa.

— Nada, Cissy, nada — apressou-se a dizer Severus.

— E não me chame de Lu! — indignou-se Lucius, para em seguida lançar mais um olhar ao desconfortável Severus.

“Lily Evans, hein? Quanto mais eu rezo, mais assombração me aparece…”




Escondido no seu refúgio, a Sala Precisa, Remus deixava-se perder em pensamentos.

E todos aqueles pensamentos dirigiam-se aos seres mais caros a si: Lily, James e Sirius. E também um pouco a Severus. Em como os cinco tinham se enredado naquela trama louca e como os acontecimentos tomavam rumos perigosos e descontrolados. Totalmente descontrolados.

Ele nunca pensou que veria seus amigos tomarem atitudes tão extremadas. Como nunca pensou que veria tanta insanidade nos olhos cinzentos e castanhos. Loucura sem limites. Após terem brevemente se enfrentado por causa de Lily, tinham canalizado toda a sua raiva e ódio em direção a Severus. Remus tremia só de imaginar o que fariam quando soubessem que ele mesmo era um escravo do amor de Lily…

“O que eu posso esperar deles? Como posso agir se não sei o que me espera?” perguntou a si mesmo, abalado pelos acontecimentos.

E ainda a detenção. Ele nunca quis fazer isso. Há muito tempo se julgava covarde, cada vez que James e Sirius aprontavam com alguém e ele não conseguia reunir a coragem necessária para reagir; mas nunca pensou que reagir fosse tão doloroso.

Mas não havia mais nada a ser feito. Você viu como os dois estavam loucos! Alguém tinha que pará-los!

Por mais que sua consciência gritasse isso, a parte emocional de seu ser ainda se encontrava em frangalhos.

“Como se eu fosse mais do que frangalhos…”, pensou, e um suspiro sentido escapou de seus lábios.

Mas algo era certo, uma verdade tão inquestionável que apareceu, resoluta, em seu espírito: não adiantava mais fugir.

And, honey, you should know
(E, querida, você deve saber)
That I could never go on
(Que eu nunca poderia seguir em frente)


Não adiantava mais fugir de seus sentimentos por Lily, e nem de um possível conflito com seus queridos irmãos. Não adiantava mais fugir de sua vida, de suas amizades, das vozes quentes daqueles que o queriam bem.

Não havia refúgio algum dentro de si, por mais que ele procurasse. Isolamento, ele já o tinha suficiente. Não era preciso mais isolamento, pelo contrário: ele precisava de vida, de risadas, da proximidade de seus amigos. De ouvir suas piadas e estar junto daqueles seres tão caros. Só estar junto. Sem pensar em nada, sem ter nada a resolver.

Pois só isso poderia curar sua alma que gritava tanto por um bálsamo.

“Será que o bálsamo para a minha alma está em confessar para Lily?”

Mas seria difícil que ele confessasse. Uma coisa era aceitar que não deveria mais fugir daquele amor; outra era procurar a ruivinha e contar tudo o que lhe passava no coração.

— Bem, só tem uma coisa a fazer… — concluiu, após mais alguns momentos pensando. — E é dar tempo ao tempo. Sem fugir do que vai acontecer.

E desde quando ele acreditava em destino?

Desde que o seu destino e o dos seus irmãos se envolveu naquela teia de tragédia. Desde que foi capturado pelo brilho daqueles mágicos olhos verdes…

Without you
(Sem você)
Green eyes
(Olhos verdes)





Lily ainda perambulou por um bom tempo pelos corredores antes de pensar em voltar à Sala Comunal da Grifinória. Só tomou o rumo da torre quando percebeu que já havia passado do horário de ficar fora da cama, então correu. Estava muito confusa. Tinha que se decidir, e rápido.

“Decidir se pego uma passagem no Knight Bus, aparato ou pego o Expresso de Hogwarts mesmo.”

Sem brincadeiras, Lily.

“OK, OK.”

Não era mesmo hora para brincadeiras. O ciúme atingira James e Sirius a tal ponto que havia ficado perigoso. Inconseqüente. Como os dois.

Apesar de tudo, era impossível admitir que eles não mexiam com ela, por mais besteiras que fizessem. Ela fingia ignorar os longos e sedutores olhares de Sirius, tão doces e misteriosos. E ela fingia ignorar as gracinhas de James, seus sorrisos inebriantes.

Mas, por mais que fingisse ignorar, não ignorava. Sentia. Sentia eles próximos dela, sentia seu coração bater mais rápido, sentia vontade de provar novamente dos lábios frios de Sirius e do beijo devotado de James. E não sabia mais o que fazer. Eles já haviam feito mal a Severus. E se, numa próxima vez, se voltassem contra Remus, Remus, que com seu jeito doce e dedicado atraía sua atenção? Remus de semblante calmo, porém corajoso, que ela mesma admitia que era o tipo de namorado que qualquer garota queria ter?

“Isso sim é o que eu chamo de uma sinuca de bico”, ela pensou, para novamente fazer a pergunta que ecoava incessantemente em sua cabeça. “James? Sirius? Remus? Severus? Qual deles, por Gryffindor? Qual?”

— Lily? — uma voz conhecida chamou.

“Não, não, ele não, agora não…”

Mas era ele. Ou melhor, eles. Sim, porque eram James e Sirius em pessoa, descendo as escadas em direção àquele vulto ruivo.

— Lily… — gemeu Sirius, sabendo que só tinham piorado sua situação com a ruivinha depois do incidente.

— Não fale comigo, Sirius, ou melhor, Black — disse Lily, os olhos fechados, sentindo vontade de chorar. — Outra coisa: pode começar a me chamar de Evans.

A Sala Comunal estava vazia; todos os alunos estavam dormindo. Ninguém havia para presenciar aquela cena de vassalos rebeldes diante da sua senhora; de servos leais diante da sua dona; de dois amantes frente ao ser amado.

Honey, you are the sea
(Querida, você é o mar)
Upon which I float
(Sobre o qual eu navego)


— Não faça isso comigo, conosco… — sussurrou Sirius.

— Lily, nós fizemos o que fizemos porque Snape tentou envenenar o Sirius! — justificou-se James, mortificado.

— É Evans. E, Potter, eu posso ser ingênua, idiota, tolinha, mas eu não sou burra — disse Lily cravando um olhar mortal no rosto do rapaz.

— Eu não estou dizendo isso!

— Ah, está. Se acha que vou acreditar que vocês fizeram aquilo com o Snape só por causa de algo que vocês nem têm certeza que aconteceu…

— E faríamos por quê? — perguntou Sirius, com firmeza. — Temos algum motivo?

Lily lançou o mesmo olhar de secar planta para Sirius, que mesmo assim não se abalou, encarando-a com seus olhos cinzentos e vibrantes.

— Black, se tem uma coisa que não funciona é você se fazer de besta. Você não é besta.

— É, mas parece que você acha que somos! — exclamou Sirius. — Me encontra no corredor, depois tem uma aventura com o James e daí aquela… aquela cena… — ele fez cara de quem vai vomitar —, no banheiro. Qual é o próximo, hein?

O sangue subiu às faces de Lily e ela levantou:

— É só o que faltava agora! — ela gritou. — Não basta o quanto me dói, o quanto eu sofro, tentando escolher, tentando aceitar, ainda sou acusada, é isso?! Sou acusada porque nenhum de vocês me deixa em paz, porque vocês exigem, porque vocês querem que eu me decida, querem o que eu não sei se posso oferecer!

Sirius levantou, coçando a cabeça, arrependido de ter dito tais palavras.

— Não é isso.

— É sim! E, como se não bastasse tudo o que me acontece, vocês dois ainda têm que chegar ao cúmulo de azarar Severus!

— Por que você o chama de Severus?! — gritou James, acusador.

— Não é da sua conta porque eu o chamo de Severus, Potter! Eu poderia, do mesmo modo, perguntar por que vocês têm tanto medo de me perder que saem azarando os meus amigos!

— Ele não é seu amigo! — gritou Sirius. — Não seu amigo!

— A minha relação com ele não tem nada a ver com vocês! Vocês também não querem ser meus amigos, e acabam sendo menos que isso!

— Lily!

Evans! E como eu posso ser amiga de vocês se não sei o que esperar?! Se não sei como vão reagir?! E se eu for a próxima azarada?! A próxima a rodar naquele teto?!

— Nunca faríamos isso com você! — exclamou James.

— Como posso saber? Vocês pareciam loucos!

— Nós nunca seríamos capazes de fazer nada com você — disse Sirius, muito sério. — Você é a pessoa mais importante do mundo para nós!

— Já vi muitos casos assim! Vocês podem até amar, mas quem garante que não me matariam?!

Sirius e James abriram a boca, estarrecidos, enquanto Lily os fitava com seus francos olhos verdes.

— Lily, nós não teríamos coragem de matar nem o Snape! — gritou o segundo. — Quanto mais você!

Lily nada disse. Ela não acreditava mesmo que eles teriam coragem de matá-la; tinham sim alguns resquícios de sensatez. Ela apenas queria deixar claro o que estava sentindo e o que eles tinham feito. E fazê-los se arrepender.

— Eu não sei mais se devo acreditar em vocês — sussurrou.

E, antes que qualquer um dos dois pudesse replicar, ela os empurrou e subiu apressadamente as escadas para o dormitório. Deixando dois rapazes boquiabertos atrás de si.

— Algo me diz que dessa vez fomos longe demais, Prongs…

— Temos que esclarecer as coisas com ela.

— Com ela e com o Remus — disse Sirius, lembrando-se do amigo que ainda não havia voltado para o dormitório.

And I came here to talk
(E eu vim aqui para falar)
I think you should know
(Eu acho que você deveria saber)


Eles apenas trocaram um olhar funesto, se dirigindo ao seu próprio dormitório.




Dia seguinte.

O dia mal havia amanhecido quando Remus Lupin despertou. Entrara no dormitório enquanto todos ainda dormiam, e agora acordava antes de todo mundo sequer sair dos sonhos. “Típico”, pensou desanimado.

Levantou-se e se trocou, bocejando. Sabia que seus amigos pensariam que ele estava tentando evitá-los, mas isso era algo que não poderia evitar — não poderia evitar evitá-los. Fazia sentido?

— Acorde antes de filosofar, Moony — bocejou para si mesmo.

Mas era impossível não deixar de pensar naquilo que o atormentava dia e noite. Por mais que parasse e revisse tudo o que tinha acontecido, não conseguia solucionar o grande nó que se fazia presente em sua cabeça. O amor por Lily, a amizade por James e Sirius, o respeito que tinha por Severus, como tinha por todo ser humano. Fosse sonserino ou não.

Remus, você vai endoidar. Relaxa.

“Não dá. A droga é que não dá pra relaxar. Acho que só vou relaxar o dia em que estiver morto e enterrado.”

Cale a boca. Não vá começar a ter aqueles pensamentos de novo. Frank pode não estar por perto, da próxima vez.

“Não estou tendo esses pensamentos. É só força de expressão. Sério.”

Eu sei. Só estou advertindo, pro caso de você começar a pensar naquilo.

Ele não queria pensar naquela noite horrível. Ele preferia pensar em ua certa garota de cabelos muito ruivos e olhos verdes…

The green eyes
(Os olhos verdes)
You are the one that
(Você é a única que)
I wanted to find
(Eu quis achar)


“Por que será que é tão difícil esquecer?”

Por que você quer esquecer. Se não ligasse para isso, esqueceria.

“Por favor, jogos de palavra a essa hora da manhã não. Não sei nem meu próprio nome, quanto mais vou conseguir interpretar a sua última frase.”

Estava quase saindo do dormitório quando ouviu a voz de James:

— Moony?

Virou-se instantaneamente. James tinha levantado, ainda de pijama, apertando os braços contra o corpo para se proteger do frio. Na outra cama, Sirius pulava ao chão.

— Resolveram madrugar, é? — perguntou, tentando não deixar transparecer o nervosismo.

— Você madrugou. Eu nem preguei os olhos — disse Prongs, e realmente tinha no rosto os vestígios de uma noite mal-dormida. — Eu ouvi quando você chegou, mas Sirius estava dormindo, então não quis levantar para falar com você.

— Eu não estava dormindo — objetou Sirius, que trazia grandes olheiras debaixo dos olhos de córneas levemente avermelhadas. — Eu também não consegui dormir. Também ouvi Remus chegar.

— Espero que tenham pensado sobre o que fizeram — disse Remus, que recuava instintivamente.

Sirius reparou e suspirou:

— Por favor, Remus, não precisa ter medo de mim. De nós. Nós nunca te faríamos mal.

— Eu não estou com medo de vocês — negou o rapaz. — Não estou.

— Ah é? — disse James, desafiador. — Então porque está colado na porta como se fôssemos te atacar? Por que está todo arrepiado? E o que é isso nas suas mãos?

Atônito, Remus encarou as próprias mãos. Suas unhas tinham se alongado como garras, e isso só acontecia quando ele se sentia ameaçado.

— Proximidade da lua cheia — mentiu.

— Proximidade porcaria nenhuma, Remie — disse Sirius, já impaciente. — Você está com medo de nós pelo que nós fizemos com o Snape, e você deveria saber que nunca seríamos capazes de te fazer mal, por mais que você tivesse nos passado trinta mil detenções. Você é nosso amigo.

— Você é um Marauder.

Ah, Remus desejava ardentemente acreditar nisso. Desejava mesmo. Quando viu, James e Sirius haviam se aproximado e posto suas mãos em seus ombros. Assim, fragilizado, Remus os encarou.

James tremia um pouco de frio, mas seus olhos castanhos eram firmes e alegres, como ele mesmo. Olhos de líder, olhos de grifinório. Olhos de coragem. James inspirava confiança em qualquer pessoa que o encarasse nos olhos, e Remus se sentiu inebriado desta mesma confiança que sempre o surpreendera tanto quando conhecera melhor o colega de dormitório.

De James, o olhar de Remus voltou-se para Sirius. Os olhos de Sirius eram como sempre dúbios, misteriosos. O tipo de olhar que lhe lança alguém que se atiraria num precipício para atingir seus objetivos. Os olhos cheios da paixão que alimenta os homens, que corria por suas veias. Sirius era um adepto de viver as emoções a fundo. Sirius era o tipo que fazia você se sentir protegido em estar ao seu lado, se contasse com sua amizade.

De repente, Remus não pôde descrever a emoção que sentiu ao encará-los. Sentindo as lágrimas nublarem seus olhos, apenas deixou-se, sentindo o abraço de seus companheiros. Porque não havia detenção, ou deveres de monitor, capaz de separá-los.




Cerca de duas semanas se passaram depois da reconciliação dos três amigos. Houve quem se espantasse em ver os Marauders nos corredores, rindo e brincando como sempre, como se a briga e a detenção não os houvesse sequer abalado. A verdade é que, apesar de tê-los abalados, eles seguiram em frente, como sempre fizeram, tantas vezes.

E seria preciso mais que uma mera detenção para separá-los. Além disso, a detenção que Remus passara para eles não fora nada muito sério; teriam apenas que ir à floresta, devidamente acompanhados de Hagrid, para apanhar alguns botões-de-prata que eram necessários ao Prof. Slughorn. Como James e Sirius conheciam todos os cantos da floresta, não fora real impedimento; além do que, o guarda-caça de Hogwarts era simpático e agradável.

E eles estavam novamente em um corredor, indo para a aula de Feitiços, quando Remus foi parado por Lily. Não falara direito com ela desde o dia da detenção, e foi como se o seu coração parasse de repente. E, a julgar pelas expressões catatônicas de James e Sirius, eles também.

— Remie — ela disse —, eu quero saber se você continua muito doente e quer que eu marque outro dia.

— Outro dia? — espantou-se o monitor. — Outro dia para quê?

— Para as aulas extras de Poções, Moony — ela disse carinhosamente. — Onde é que você anda com a cabeça?

“No seu sorriso…”, foi só o que pôde pensar Remus.

Anyone who
(Qualquer um)
Tried to deny you
(Que tente te rejeitar)
Must be out of their mind
(Deve estar fora de si)


— Então, você quer outro dia?

— O quê? — disse Remus, despertando de seus pensamentos. — Não, não. Não precisa. Segunda-feira agora, não é?

— É. Bem, a sineta já vai bater de novo, melhor irmos. Tchau, Remie!

E se afastou com Daisy e Alice. James e Sirius não deixaram transparecer nada na fisionomia, mas seus olhos eram pura inveja.

— Como é que você consegue ficar tão bem com ela, hein, Moony?

O rosto de Peter se fechou. Aliás, ultimamente, Peter vinha fazendo careta todas as vezes que encontrava Lily.

— Eu simplesmente tento ser gentil — disse Remus, corando. — E não tratá-la mal nem ficar me gabando.

James e Sirius o olhavam fixamente, como se quisessem apreender cada palavra do amigo, como se fosse uma lição. Imaginar que estava sendo consultado pelos dois garotos mais populares de Hogwarts para saber qual a sua estratégia para conversar com Lily sem que ela estivesse gritando a cada minuto levantou um pouco o astral de Remus. E ele se sentiu levemente feliz enquanto caminhava para a aula de Feitiços.

Nenhum deles percebeu a expressão soturna que continuou no rosto de Peter, e o modo como seus olhinhos miúdos esquadrinhavam cada detalhe dos três amigos, buscando como que uma inspiração divina para separá-los.




— E como vão indo os planos, Severus? — perguntou Faunt.

Severus não sabia porque ainda vinha ali. A verdade é que falar com Faunt era quase como que uma conexão com seu passado feliz, antes de saber que seu pai batia em sua mãe, de vê-la definhar de tristeza e depois ser enterrada em infelicidade. Era quase como se tudo ficasse mais leve quando ele ia contar as coisas para Faunt.

‘Cause I came here with a load
(Porque eu vim aqui com uma carga)
And it feels so much lighter
(E ela parece tão mais leve)


E, afinal, fora Faunt quem sugerira que eles se separassem. E era Faunt que diria o que fazer quando ele encontrasse as evidências necessárias para separá-los. Isso sem falar que Faunt fora visitá-lo na enfermaria! O professor era seu companheiro de causa. Seu amigo. Uma pessoa disposta a ajudá-lo. Uma pessoa com que ele podia contar.

Severus contara tanto tempo consigo mesmo que só agora se dera conta como sentia falta de uma pessoa com quem contar.

— Mais ou menos. Eu não consigo observar os três tempo suficiente para coletar alguma coisa, porque não temos mais muitas aulas em comum, eu e os três. E o incompetente do Pettigrew não se manifestou ainda, desde o dia em que disse que iria me ajudar. Imagino que aquele idiota precise de algumas horas para pensar antes de notar alguma coisa.

Faunt riu.

— Você não gosta deles mesmo, não é?

— Como posso gostar de gente que me controla com a varinha e me faz rodar pelo teto?

— Foram só Potter e Black. Lupin e Pettigrew nada fizeram.

— Pettigrew estava se matando de rir. Demorou pra entender que a coisa era séria. Já Lupin aproveitou a chance e saiu de herói para Lily. — E, com um profundo suspiro: — Eu os odeio.

A expressão de Faunt se tornou séria e pensativa, de repente. E ele ficou um longo tempo em silêncio, e Severus não quis interrompê-lo. Ele mesmo detestava ser interrompido quando estava pensando.

O professor o olhou fixamente e disse:

— Eu não sei se é bom você cultivar esses sentimentos. Eu uma vez cultivei um ódio assim por alguém.

— Por quem?

— Ninguém que você conheça. — Estava claro que era mentira, mas Severus preferiu ser educado e não se intrometer. — O que eu sei é que muito ódio faz mal. Fez mal a mim.

— E o que aconteceu com essa pessoa que você odiou?

— Está morta, agora — a voz dele soava estranhamente amarga, e Severus ergueu as sobrancelhas. — E, enterrada com ela, foi todo o meu passado e a pessoa que eu fui. Não deixe que isso aconteça com você, Severus.

Severus o encarou. Os lábios de Faunt tremiam, e as palavras saíram sem controle:

— Eu só recuperei um sentido na vida depois que eu te encontrei e descobri que você precisava de ajuda. Ser um professor de Defesa contra as Artes das Trevas era meu sonho; hoje, não passa de ironia. Tudo o que eu tenho foi destruído e não há mais ninguém no mundo para estar comigo, Severus. Imagino que às vezes você se sinta sozinho.

— Sim — confirmou Severus, a voz não mais que um sussurro.

— Quero que saiba que estarei aqui para o que precisar, e para o que quiser fazer. Para separar aqueles três garotos, distraí-los, para te ajudar a conquistar a garota que você ama. Quero que saiba que, quando pensar estar sozinho, eu estarei aqui. Enquanto puder estar.

Sim, porque tanto Faunt quanto Severus sabiam que a morte é inexorável, não importa o quanto a gente pense que ela não vem. Mas, naquele mundo de loucas ilusões e realidades cruéis, eles se encontraram.

E nunca se sentiram tão bem com isso.

Now I’ve met you
(Agora que eu te encontrei)





Três dias depois. Noite.

Novamente os vapores de poções inebriam o ar e dois alunos grifinórios chegam para entregar-se a mais uma aula, a mais um exame, mais uma noite de estudos. E Remus olhou carinhosamente para Lily, pois, entre os vapores de poções prestes a serem preparados, entre o cheiro de água fervendo, o seu perfume de lírio inebriava o ar. E o deixava nas nuvens.

— O que nós vamos fazer hoje? — ele perguntou alegre, e Lily se surpreendeu com o tom de sua voz.

— Uma Poção para Curar a Gripe Comum — recitou a ruivinha cuidadosamente. — Página cento e dez. Vamos primeiro conferir os ingredientes?

— Vamos! — disse Remus com um ânimo estranho.

— Alho?

— Confere.

— Mel de laranjeira?

— Confere.

— Canela em pó?

— Confere.

— Galhos de eucalipto partidos?

— Confere.

— Sumo de laranja-lima?

— Confere.

— Fígado de salamandra?

— Confere…

— Limão?

— Con… Epa, peraí, não confere.

— Não confere? — estranhou Lily, olhando para os ingredientes cuidadosamente postos por Remus em cima da mesa. — Nossa, não confere.

— Quer que eu vá buscar?

— Aonde?

— Na cozinha, ué.

— Ah, é — ela não havia pensado que limão era um ingrediente relativamente fácil de se adquirir. Onde estava com a cabeça? — Ah, vá buscar, por favor…

— OK — disse Remus se levantando imediatamente, como se não desejasse mais nada do que obedecer Lily.

Ele saiu rapidamente. Lily voltou os olhos para a lista de ingredientes. O último ingrediente, ramos de menta, não estava com ela, então deveria estar na mochila de Remus.

Ela abriu a mochila, esperando encontrar os ramos. Toda a mochila exalava um forte aroma de menta, e ela pôde encontrar o saquinho com os ramos debaixo de um pergaminho amassado.

Tirou o pergaminho e pescou a menta. Colocou-a em cima da mesa e estava prestes a recolocar o pergaminho na mala quando olhou.

Ela conhecia a caligrafia de Remus. Era fina e floreada, caprichosa. Linha atrás de linha em letra miudinha e inclinada. Muitas vezes, ao escrever sem linhas, tendia ao que ela comumente chamava de despencar: sua letra parecia seguir uma diagonal para baixo. E aquela era a letra de Remus, em versos. Ele escrevia versos?

E mais: a letra era malfeita, rápida, não a letra demoradamente caprichosa que Remus fazia para copiar a tarefa ou escrever trabalhos. Como se ele estivesse escrevendo apressadamente. Desesperadamente.

Como se tivesse algo muito importante a dizer.

And, honey, you should know
(E, querida, você deveria saber)
That I could never go home
(Que eu nunca poderia ir para casa)
Without you
(Sem você)





Quando Remus voltou da cozinha, trazendo vários limões equilibrados nos braços, se deparou com Lily olhando fixamente para ele. Um pergaminho nas mãos dela. O pergaminho nas mãos dela.

Acusação.

O pecado descoberto.

A força deixou seus braços, e o sangue fugiu de seu rosto. Cada uma das frutas despencou de suas mãos, caindo no chão e quicando.

Oh, por Merlin, chegara a hora que ele tanto ansiara e agora ele tinha vontade de correr sem olhar para trás.

Lily se aproximou dele. O pergaminho firme em suas mãos. O olhar franco em seus olhos. Verdes como as árvores na primavera.

A primavera demoraria a chegar.

Por que ele desejava tanto uma primavera?

Olhos verdes como a primavera.

Green eyes
(Olhos verdes)
Green eyes
(Olhos verdes)


— Remus, você me ama?

A voz dela ressoou. Era tão linda, tão limpa, pura, como o som da água que bate nas rochas. Como o som das folhas caindo no outono. Como o som do Salgueiro Lutador se mexendo para aproveitar o vento.

— Lily…

— Eu li o poema. Falava sobre mim, não é? Olhos verdes… E os amigos. A menção aos amigos. A Potter e Black.

— Lily, por favor…

— Você me ama? Por favor, me diga.

A voz de Remus entalou na garganta. Quando ele conseguiu dizer, ela soou baixa e rouca. Amarga.

— Eu te amo. Por Merlin, como eu te amo.

Ela o olhou. Aqueles olhos verdes.

— Só faltava você, sabe. Só faltava você me amar. Eles sabem?

— Não, e eu não pretendo nem de longe contar.

— Medo?

— Medo de ver a frustração nos olhos deles. Medo de que eles me deixem. Medo que eles se afastem de mim.

— Você age como se esse amor fosse uma doença.

— E não é? — perguntou Remus.

— Claro que não é. Amar não é errado, Remus.

— Nem mesmo quando a pessoa não corresponde? Quando você ama a mesma pessoa que seus dois melhores amigos amam?

Ela sorriu, baixando os olhos. Ele tinha um olhar estranhamente amargo.

— Eu sei que você ama a eles. Não sei se ama a James, a Sirius ou a Snape… Mas a algum deles você ama. Por um deles você suspira.

— Eu não sei por quem eu suspiro ainda, Remus…

— Mas vai saber, com certeza.

Ele pegou o pergaminho delicadamente das mãos da garota e o colocou na bolsa.

— Remus?

— Sim? — ele disse.

— Você vai destruir o poema?

— Acho que vou. Não posso arriscar que James e Sirius tenham um surto de inspiração para revirar a minha mochila.

— Não faça isso — ela pediu. — É um poema tão bonito. Mas é triste. Como você.

— Esse poema sou eu… Sou eu em um de meus estados.

— Tudo em você é assim. Bonito, mas tristes. Mesmo quando você sorri e diz que está tudo bem. Mas não está bem, não é, Remus? Não está bem.

Ela se aproximou. Remus pensou que iria sufocar com o forte e doce perfume que esquentava o ar. A mão dela, tão macia, tão suave, caminhou pelos traços de seu rosto, contornando as cicatrizes.

— Por que eu não posso amar você? — ela sussurrou.

— Porque é errado.

— Por que você acha que tudo isso é errado? Não é errado ser quem você é, Remus. Não é errado.

E seus lábios roçaram os do rapaz. Apenas um instante de lábios se acariciando, docemente, deliciosamente. Foi breve, mas infinito ao mesmo tempo…

E então ele se afastou. Um sorriso surgiu em seu rosto triste.

— Eu não mereço o paraíso, Lily. Mas só você me faz pensar, por alguns instantes, que eu possa estar lá.

Honey, you are a rock
(Amor, você é uma rocha)
Upon which I stand
(Sobre a qual eu me levanto)


— Remie…

— Tomara que você encontre o paraíso com a pessoa que você ama.

E saiu da sala. Sem olhar para trás. Sem ver o rosto confuso e dolorido da sua musa. Imaginando que afinal, com um dos outros três que a amavam tão dedicados, ela encontraria o paraíso.

Pois ele mesmo não poderia jamais encontrá-lo.


N.A.: OK, eu tenho um aviso: estou entrando de férias. Porque, afinal, autores de fics também são gente, e eu preciso viajar, relaxar, etc, etc. Ou seja, o capítulo 14 só vai sair lá pelo meio de janeiro ou, quem sabe, fevereiro. Vai demorar bastante.

Para quem lê Matar ou Morrer, eu ainda vou completar a fic.

Em compensação, depois das férias, vou voltar com uma fic nova: seu nome é Secrets and Memories, é Lupin/Tonks, e universo alternativo. Nela, o Remie é um psicológo de sucesso, mas atormentado pela morte prematura da esposa. É quando ele conhece Tonks, uma jovem rebelde e traumatizada. Numa tentativa de descobrir o que acontece com ela, ele acaba descobrindo segredos que afetam significativamente a integridade da poderosa família de Tonks: a família Black.

Ou seja, sejam pacientes. Eu volto!


Prévia:

Amar. Quando o amor se torna erro, se torna pecado, os que amam podem odiar. É com o que Severus Snape conta. Ódio, ciúmes e uma complicada estratégia se juntam em...

Nisi qui sit facere insidias nit metuere — e o contrário também vale


— Eu finalmente encontrei o que poderá separá-los.



Quem se interessar, leia:

Matar ou Morrer (tá acabando, gente!
www.floreioseborroes.net/menufic.php?id=15209

Incondicionalmente
www.floreioseborroes.net/menufic.php?id=14650

Shining Like a Diamond
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Os Outros
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Você Não me Ensinou a te Esquecer
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Fogo
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N.A.: Comentem!!!

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