Uma Virada do Destino



Uma Virada do Destino
Hinge of Fate
Autora - Ramos
Tradução - Clau Snape
Beta reader - Bastetazazis
Disclaimer: Estes personagens são de propriedade de J.K. Rowling. Nenhum lucro foi obtido pelo seu uso.
Cap. 19


Sumário: Dia da Formatura - para aqueles que conseguirem.


Suando e agradavelmente regozijado, Harry enlaçou o cotovelo sobre a vassoura ao redor do pescoço e riu dos movimentos atrapalhados de Rony enquanto brigava com o balaço para entrar na caixa do equipamento. Rony estava quase tão sujo, seu cabelo vermelho em pé como moitas levadas pelo vento. Ele abriu a boca para devolver uma resposta descarada e esperta, e deixou em aberto enquanto seus olhos deslizaram de Harry para a figura que descia a passos largos furiosamente pela colina abaixo.

Como o morcego que eles costumavam chamá-lo, as vestes de Severo Snape ondulavam em torno dele como asas pretas expandidas enquanto ele se lançava em direção a eles. Vestido da cabeça aos pés nos trajes repressivos de um mestre de Poções, o comportamento austero de Severo era incrivelmente intimidador, e sua raiva era uma força palpável quando ele parou na frente deles. Harry deixou cair à vassoura a seu lado quando os olhos pretos se fixaram em ambos.

- Onde está a minha esposa? - ele perguntou em uma voz mais fria que o inverno. Harry e Rony trocaram olhares chocados que mudaram rapidamente para pavor e assombro.

Minutos mais tarde os três examinavam o quarto vazio de Hermione. A expressão de Snape estava ainda mais ameaçadora enquanto recuperava a varinha de Hermione do bolso das suas vestes formais, colocando com cuidado sobre uma cadeira para a cerimônia de formatura planejada para aquela tarde.

- Nada mudou - Harry lhe disse, olhando os livros e o baú empilhados no assoalho. – Ela não mexeu em nada. Sua camisola está ali - ele apontou para a cama desfeita, onde Bichento descansava olhando fixamente para eles, sua cauda chicoteando para frente e para trás - e a escova de dente está molhada.

- Então onde ela está? - Rony perguntou ao quarto em geral. Era a quinta ou sexta vez que a pergunta era feita, então ninguém se incomodou em elaborar uma resposta.


- Nós precisamos do Mapa do Maroto - Harry disse firmemente

- Que não será de uso nenhum, Sr. Potter. - Alvo Dumbledore, parecendo muito mais sério que qualquer um já o vira em um longo tempo, parou perto da porta com Sirius Black e Remo Lupin ao seu lado. Sem palavras, o velho bruxo segurava um rolo de pergaminho, amarrado com uma fita preta.

- Isto acabou de ser entregue aos meus cuidados, Severo, mas está endereçado a você - ele disse, sua voz cheia de tristeza e maus presságios.

Severo deu um passo largo para frente de uma vez só e agarrou o pergaminho. O pequeno selo da cera quebrou com um estalo e ele puxou impaciente a fita preta, apenas para pausar quando sentiu algo duro dentro do laço. Segurando-o, encontrou a safira e o diamante da aliança de casamento de Hermione pendurados em um nó elaborado.

Com uma expressão de pedra, Severo enfiou totalmente a fita em seu bolso, desenrolou o pergaminho e leu a curta nota nele.

- Eu devo me apresentar na Casa das Portas Vermelhas ao meio-dia, ou Hermione será sacrificada no solstício de verão amanhã - ele disse calmamente.

- O que é a Casa de Portas Vermelhas? - Rony perguntou.

- Nenhum lugar que você desejaria que sua mãe descobrisse que você foi - Sirius respondeu. - É um prostíbulo na Travessa do Tranco.

- E um velho lugar de encontro para Comensais da Morte - Severo acrescentou. - Malfoy me levou lá depois que eu recebi a Marca Negra pela primeira vez. Sua idéia de... comemoração.

- Isso é do Lúcio Malfoy? - Harry perguntou em tons rígidos.

- Não está assinado, mas eu não tenho nenhuma dúvida que é - Severo respondeu.

- Você não pode possivelmente ir - Sirius lhe disse. – Ele nunca deixará Hermione ir, obviamente isso é uma armadilha.

Severo disparou um olhar seco de desprezo ao homem.

- Não seja estúpido, Black, é claro que é.

- Você deve saber também que Draco Malfoy não foi visto em nenhum lugar do castelo esta manhã - Dumbledore acrescentou. - Eu pedi que cada retrato ficasse de olho nele, e os fantasmas estão todos procurando ativamente. Eu duvido sinceramente que ele ainda esteja dentro destas paredes.

- Como Malfoy pode ter saído do castelo? - Rony perguntou. - Não é possível Aparatar fora daqui ou qualquer coisa assim. - Ele engoliu em seco quando recordou de repente quantas vezes Hermione tinha insistido nesse fato com ele.

Harry esfregou a cicatriz vermelha, pulsando em sua testa.

- Talvez não - respondeu sobriamente. - Mas Chaves de Portal certamente funcionam.

- Por que o solstício? - Lupin perguntou. – Não chega nem perto da importância de Beltane. Por que ele não tentou pegá-la naquela época?

- Não poderia chegar perto dela - Harry respondeu. - Rony e eu estávamos com ela constantemente, todo santo dia. - Na verdade, Harry estava surpreso que Snape não tivesse atacado-o, ou o Rony, por terem baixado a guarda.

- Malfoy não dá a mínima para o solstício - Severo interrompeu sem rodeios. - Ou ele vai entregá-la a Voldemort, já que o Lorde das Trevas certamente acredita muito nos velhos hábitos, ou ele está simplesmente usando isso como uma ameaça. De uma forma ou de outra, ele a matará se já não o fez.

Harry teria se inflamado com o pronunciamento inexpressivo do homem se não tivesse observado a mão de Snape. A carta do raptor de Hermione estava firmemente apertada em seu punho, as juntas dos dedos brancas, o pergaminho triturado em seu aperto.

- Nós poderíamos fazer um feitiço localizador de algum tipo? - Rony perguntou.

Diversas expressões se iluminaram até que Severo balançou a cabeça.

- Não. Antes que eu lhe desse este anel, eu moldei um feitiço localizador nele, mas Lúcio pensou nisso obviamente - ele lhes disse. - E uma de suas especialidades é um feitiço protetor para esconder algo que ele queira manter para si.





- Eu preciso ir ao banheiro.

- Você acabou de ir. - A voz de Draco Malfoy estava nebulosa através da pesada porta de madeira entre Hermione e ele, mas a irritação era bem clara.

- Isso foi há horas.

- Foi meia hora atrás!

- Bem, você deveria ter seqüestrado alguém que não tivesse uma bexiga menor que o seu cérebro! - Hermione rebateu, dando à porta resistente nas suas costas uma batida com seu cotovelo e imediatamente se arrependendo. - E enquanto nós estamos nisso, eu estou congelando! Você poderia ter pelo menos me deixado trazer meu casaco. Eu não tenho nem mesmo sapatos!

Um perjúrio abafado veio do outro lado da porta, e as vestes verde escuras de Draco Malfoy foram enfiadas através da janelinha quadrada. Poderia ter segurado uma grade de barras de ferro numa época, mas elas tinham se alongado desde que oxidaram e caíram. Como uma cela, isso era patético. Infelizmente, a trava na parte externa da porta era eficaz o bastante para suas finalidades atuais.

- Obrigada – ela murmurou falsamente enquanto agitava o tecido sobre suas pernas.

- De nada - Draco respondeu de volta.

- Eu ainda preciso fazer xixi.

- Azar o seu!

Hermione fumegou e sugou o pedaço ferido do seu dedo anelar esquerdo onde Lúcio Malfoy arrancara fora sua aliança. Era um gesto mesquinho e um troféu doentio, mas ela sentia falta do anel de safira e diamante mais do que pensara. Ela arranjou o tecido verde em torno de si mesma e voltou desajeitadamente à sua posição no assoalho sujo da pequena cabana, recostando-se contra a porta da sua cela. Poderia apenas supor que Draco estava numa posição similar do outro lado.

Quando ele esmurrara sua porta naquela manhã, ela esperava que ele fosse xingá-la ou fazer as ameaças mais horrendas e vagas para que ela as levasse até Severo. Em vez disso, ele simplesmente disparou para frente e agarrou seu braço, forçando sua mão em torno de um velho candelabro de bronze. A transição brusca de uma Chave de Portal a deixara passando violentamente mal, e uma vez que o mundo tinha parado de girar, ela soltou o conteúdo reconhecidamente escasso do seu estômago nos sapatos de Lúcio Malfoy. O cavalheiro não gostara daquilo.

- Então me diga, Draco. É esta a vida glamurosa de um Comensal da Morte que você imaginara? Preso aqui em… onde exatamente nós estamos?

- Cale-se.

- Bem, do que eu posso ver, é o fim do mundo de lugar nenhum. Pelo menos nós estamos na Inglaterra? - Hermione examinou o alongado céu azul visível através da pequena e elevada janela no outro lado do quarto. Era uma visão de um gramado e do céu e de uma pequena elevação ocasional à distância, completada com carneiros; agradavelmente pastoral, mas absolutamente NÃO o que ela queria ver. Provavelmente ela poderia trabalhar algumas das pedras frouxamente e ampliar a abertura, mas seriam horas de trabalho.

- Eu disse para você se calar.

- Eu tenho certeza que você está muito orgulhoso de si mesmo. Máscara de prata talentosa... oh, espere. Você ainda não tem uma, tem? Assim, suponho que você não foi a nenhum bom ataque ultimamente. Deve ser muito emocionante, atacar trouxas que nem mesmo acreditam em mágica.

Hermione sabia que ele estava furioso com a tarefa de vigiá-la; ela o ouvira discutir em voz alta com seu pai sobre ser deixado para trás em qualquer negócio real dos Comensais da Morte e essencialmente ser delegado como uma babá. O pai dele dissera claramente a Draco que até que ele estivesse Marcado, seria uma perda de tempo para Lúcio.

- Você terá o que é seu - Draco advertiu petulante.

- Ah, eu já tive a minha parte. Seu pai não lhe contou tudo, não é? Ele lhe contou como ele e seus amigos Comensais da Morte me seqüestraram, me amarraram e planejaram me violentar em grupo? Eles apenas estavam ocupados demais torturando um deles mesmo. Seu precioso pai também lhe contou como ele apontou uma varinha para Severo Snape? A traição deve correr em seu sangue.

- Cale a boca!

- Eu lhe direi uma verdade universal, Draco. As pessoas que são realmente superiores não se sentem ameaçadas por pessoas que são inferiores. Eles somente se sentem ameaçados pelas pessoas que realmente trazem algum tipo de ameaça.

- Eu sei disso – ele rebateu. – O quanto você acha que eu sou estúpido?

Uma nota de tensão na voz dele chamou a atenção de Hermione, e ela segurou a resposta afiada que lhe ocorrera. Em vez disso, lambeu seus lábios secos e tentou uma abordagem diferente.

- Você não é estúpido, Draco. Eu nunca pensei isso. Eu só não entendo como você pode pensar as coisas que você… - pausou, pensando. - Eu suponho que se você cresce ouvindo essas coisas repetidamente, você acabará acreditando nelas, sem realmente pensar sobre elas.

- Talvez - ele assentiu com tristeza.

A cabana desorganizada ficou silenciosa por aproximadamente quarenta e cinco segundos.

- Eu estou entediada - ela anunciou. Ela também estava estupidamente amedrontada, mas o aborrecimento era definitivamente um fator.

- Azar o seu - Draco respondeu.

- Seu pai vai me matar - ela disse sociavelmente. - Você sabe disto, não?

- E eu devo me importar? - ele zombou.

- Eu soube sempre que você era um idiota, Draco. Eu só nunca pensei em você como um assassino.

- Esta é a vantagem de ser tão rico como poderoso, Granger. Você sempre pode pegar algum outro bastardo estúpido para fazer as coisas sujas por você.

Hermione bufou.

- Você não conhece seu pai tão bem, não é? Ele acredita muito em fazer as coisas por si mesmo. Como você acha que eu engravidei?

- Meu pai nunca transaria com você! - Draco negou veemente.

- Não, ele lançou uma Imperio no Prof. Snape e o mandou me violentar – Hermione lhe disse. - Embora ele tivesse planejado fazê-lo em seguida - ela adicionou cruelmente.

A cara pálida de Draco apareceu na janela quebrada.

– Sua cadela mentirosa! Meu pai não se rebaixaria para tocar em você!

Hermione se levantou e apoiou suas mãos nos dois lados da janela.

- Ele estava certamente apressado para tirar suas calças naquela noite! - ela retorquiu calorosamente.

Sua cor irritada exauriu abruptamente.

- Mas ele sabia... ele prometeu que eu poderia tê-la - Draco sussurrou, totalmente desnorteado.

- Você gostava de mim? - ela perguntou com naturalidade, e então poderia ter se cutucado quando a expressão na cara de Draco endureceu.

- Claro que não, sangue-ruim. Eu queria apenas trepar com você. - Sua tentativa de crueldade foi apenas um pouco convincente, e seu rosto desapareceu quando ele se sentou atrás da porta com uma batida.

Hermione piscou quando se tornou claro para ela que de fato ela fora pessoalmente atacada no Halloween e que não era um alvo por ser a Monitora-chefe como eles sempre pensaram. Lúcio Malfoy alcançaria de uma maneira muito Sonserina, vários objetivos de uma vez só naquela noite. O público bruxo e o conselho da escola ficariam alarmados com o assassinato da Monitora-Chefe nascida trouxa de Hogwarts, Harry e Dumbledore teriam que lidar com uma perda pessoal, e um possível traidor entre os Comensais da morte seria exposto.

O último, mas não insignificante, aspecto era a eliminação de um interesse inteiramente inadequado da vida do seu filho. Agora que ela pensava sobre isto, a presença contínua de Draco Malfoy nos corredores de Hogwarts era um indicativo de um jovem apaixonado por alguém que ele preferia não gostar, mas incapaz de evitar. O mesmo jovem que agora tinha a vida dela em suas mãos, e possivelmente estava se questionando sobre alguns de seus próprios paradigmas.

- Está certo, você sabe – ela chamou gentilmente sobre o ombro quando se sentou uma vez mais. - Gostar de alguém que você não deveria gostar. Uma vez eu tive uma paixonite por Gilderoy Lockhart.

- Toda garota teve uma paixonite pelo Lockhart - Draco bufou. - Se ele não fosse tão ocupado em se olhar no espelho, poderia ter tido a metade das meninas e cada frutinha do terceiro ano em diante.

- Draco?

- O quê? - ele respondeu com tristeza.

- Por que eu? Eu pensei que você e a Pansy Parkinson estavam namorando.

- Você sabe quantas meninas de sangue puro são de famílias que meu pai acha aceitáveis e NÃO estão faladas ainda? Três. Uma cinco anos mais velha que eu. Tem ainda a Pansy Parkinson, que tem menos cérebro que o cachorrinho dela e o mesmo olhar. E então há a prima do Goyle, que se parece com o Goyle de vestido, até a sobrancelha. E ela não tem nem dez anos de idade ainda.

- Arrrgh - Hermione gemeu com o máximo de simpatia que poderia ter sob as circunstâncias.


O silêncio caiu outra vez, até que Hermione não agüentou mais.

- Draco?

- Sim?

- Seu pai vai me entregar a Voldemort, não vai. - Não era exatamente uma pergunta.

Um momento longo passou antes que ele respondesse, e quando o fez, sua voz estava abrandada.

– Sim, eu acho que sim. O nosso Lorde acredita muito nos velhos hábitos. Sacrifícios e coisas assim.

- Por quê? - ela perguntou suavemente. - Você sabe que Voldemort não se importa com pureza de sangue, não como seu pai. Ele nem mesmo é um sangue puro.

- Eu sei que não - Draco admitiu. - Honestamente, eu acho que meu pai está ficando louco. Ele está desesperado para se provar a Voldemort, mas não está pensando muito claramente sobre as coisas. - Ele bufou irritado. - Quero dizer, Diggory era puro-sangue, por amor a Merlin, mas isso não o ajudou muito.

Ele ficou quieto por um momento.

- Tudo o que importa para o velho Lúcio é chegar ao topo, não importa quantos corpos ele tiver que passar por cima. E com meu pai, ou você está com ele ou está contra ele - ele disse calmamente, quase que com arrependimento. - Eu não quero ser um daqueles corpos, Granger.

Hermione teve um pequeno lampejo, mas mordeu o lábio até que pudesse falar outra vez. Tanto quanto ela queria acreditar que Severo a salvaria, ou que Harry e Rony viriam voando resgatá-la, ela era realista demais para alimentar muita esperança. Os minutos tiquetaqueavam lentamente enquanto a friagem do assoalho embebia seu corpo e a arrepiava. Finalmente, ela limpou a garganta.

- Draco... você me faria um favor?

- Talvez. O que é?

O pingente estava morno quando ela o puxou do decote do vestido, agradecida por ele ter ficado escondido da vista de Lúcio. Ela estava imensamente unida ao colar, e o usara quase constantemente desde que Lucrecia o mandara. Lutando contra as lágrimas que obstruíram sua garganta, Hermione afagou a pequena serpente com seus olhos verdes antes de enrolar a corrente em torno dela.

- Você poderia entregar isso ao Severo de alguma maneira? Esteve em sua família por muito tempo, e eu gostaria de devolver-lhe. – Levantando-se sem jeito na ponta dos pés, ela segurou-a para fora através da janela quebrada. - Por favor?

Atrás do seu braço, ela podia ver a expressão de derrotado de Draco enquanto considerava sua mão e a jóia com o medalhão.

- Está bem - ele disse rancorosamente, e estendeu a mão. Com um ar de determinação, Hermione fechou os olhos momentaneamente e então deixou o cordão cair para os dedos dele.

Ela abriu os olhos novamente apenas a tempo de ver Draco Malfoy desaparecer.

- Bem, amaldiçoe-me - ela disse, um tanto confusa. A carta de Lucrecia dizia que o pingente era enfeitiçado contra roubo. Nunca mencionara que era uma Chave de Portal.

A porta, entretanto, ainda estava trancada.




Precisando fazer alguma coisa, qualquer coisa, Rony e Harry tinham retirado todas as coisas ordenadamente embaladas de Hermione para um lado do quarto dela enquanto escolhiam algumas, procurando em vão por qualquer tipo de indício de onde podia estar. Sirius Black e Remo Lupin discutiam algo em voz baixa na frente do Diretor, que simplesmente escutava. Bichento se movera para o pequeno espaço entre a porta aberta e a lareira, seus olhos dourados fixos num ponto logo após o batente da porta.

Severo, entretanto, retirara suas vestes pesadas da escola e andava rapidamente para frente e para trás em pequenos círculos, sua raiva e frustração crescentes crepitavam em torno dele como uma luz de descarga elétrica. Sua raiva já havia queimado o bastante culpando ou repreendendo o Potter ou o Weasley. Os jovens tinham cumprido fielmente o seu pedido, e seu lapso provisório não era digno de ser considerado na luz da situação. Em vez disso, a consciência de Severo foi exigentemente endurecida e apontada unicamente para o Malfoy.

Enquanto caminhar de um lado para o outro acalmava o humor de Snape, o movimento frenético serviu apenas para confundir o medalhão que carregava o brasão da sua família. Ele fora encantado para retornar ao chefe da família Snape, mas assim como tantos objetos inanimados, o colar era ligeiramente denso. Além disso, ele não precisava transportar um ladrão para julgamento há sete décadas, e estava compreensivelmente fora de prática.

Assim, não foi nem um pouco surpreendente que os pés de Draco Malfoy derrapassem quando a Chave de Portal caiu sem cerimônia no piso de pedra.

Parecendo-se muito com um hipogrifo, Severo disparou até ele e o agarrou pela garganta. Draco procurava descontroladamente por sua varinha enquanto era jogado contra a parede dura de pedra, mas um Harry Potter igualmente mal encarado agarrou a mão dele e bateu-a no granito, forçando-o a deixar a varinha cair no chão. Rony Weasley agarrou a varinha de madeira quando ela saltou pelo chão e a guardou em seu cinto.


A pressão em torno da garganta de Draco era forte o bastante para colocar em risco seu suprimento de ar quando Snape empurrou o braço sob o queixo de Draco.

- Você vai me dizer onde Hermione está - ele exigiu com uma voz perigosa -, ou eu quebrarei seu pescoço aqui e agora.

- Severo! - Dumbledore chamou categoricamente.

- Com todo o respeito, Alvo, fique fora disto.

Draco sorveu o ar desesperada assim que ele percebeu os homens que estavam no quarto da Monitora-Chefe. Não conhecia o homem grande ao lado de Dumbledore, a não ser pelas fotos impressas no Profeta Diário quando o prisioneiro tinha escapado de Azkaban, mas uma suposição razoável podia ser feita. Remo Lupin usava ainda as vestes remendadas que Draco ridicularizara quatro anos atrás, mas as linhas austeras e implacáveis do rosto do lobisomem o faziam hesitar um comentário sobre elas. Harry e Rony estavam de cara feias e intransigentes enquanto estavam entre os homens mais velhos, mas eram os olhos duros e resplandecentes do seu antigo Diretor de Casa que o assustavam mais.

- Seu pai não pode acreditar nos velhos hábitos, Sr. Malfoy - Severo silvou num tom gélido -, mas Voldemort certamente acredita. Amanhã é o primeiro dia do verão, e no entardecer ele vai fazer um sacrifício. Se minha esposa morrer, EU me certificarei que você viva essa noite, embora eu lhe prometa que você não vai gostar.

Tentando um olhar de desprezo, Draco fez uma tentativa de neutralizar a raiva implacável dirigida a ele.

- Voldemort não quer sacrificar uma sangue... nascida trouxa. Meu pai disse algo sobre Lord Voldemort querer o sacrifício de um sangue puro que foi concebido no Halloween, mas está fora de si. O filho da Granger ainda não nasceu.

O horror e o desprezo repentinos vindos de todos os presentes o confundiram, até que pôs seu cérebro sub-utilizado para trabalhar e somou dois e dois. A soma resultante o fez empalidecer.

- Ele não… Meu pai não faria isto… - sua voz se arrastou quando percebeu que seu pai não teria nenhuma dificuldade em fazer Hermione ter uma cruel cesariana para conseguir seu filho não nascido.

Snape inclinou-se mais perto do rosto de seu cativo, invertendo inconscientemente o mesmo quadro que o pai de Draco decretara há oito meses.

- Você precisa se decidir, menino, e agora mesmo. Você é um assassino, Draco? Você quer ir para Azkaban ou morrer pelo que seu pai faz?

Draco repeliu seu olhar de Snape, apenas para ver a mesma determinação áspera nos olhos de Harry Potter.

- Hermione vai morrer, a menos que você impeça, Malfoy.

O cotovelo afiado de Snape em sua laringe ajudou-o a pensar mais rápido, e Draco engoliu em seco. Pela primeira vez em sua vida, percebeu que seu pai não era o bruxo mais assustador do mundo.

O medo era um fator altamente motivante, mas Draco sabia que não era essa força que unia os homens, jovens e velhos, que estavam em torno dele. Suas determinações e lealdade coletivas eram mais vitais que quaisquer planos sussurrados ou ameaças disfarçadas, as maquinações frias e amargas que Draco presenciara durante toda sua vida. A força da presença combinada deles era mais intensa que um sol do meio dia.

Ele finalmente percebeu justamente como eram sérios os riscos para todos os envolvidos, não apenas para ele mesmo. Por um único instante, toda sua existência ficou suspensa por uma ameaça, esperando que ele abrisse sua boca e decidisse, de uma vez por todas, onde seu estava o seu destino. E pela primeira vez em sua vida, Draco Malfoy tomou uma decisão por conta própria, sem se importar com as conseqüências, e abriu sua boca.

- Ela está em Brecon Beacons. Fica em Gales, seu bundão - ele rosnou para Rony, que franzira a testa, confuso.

Momentos depois, Snape andava a passos largos pelo caminho para os portões de Hogwarts, as instruções de Draco Malfoy claras em sua mente. Ele nem mesmo percebeu que estava sendo seguido até Black agarrar em seu cotovelo ainda dentro dos portões. Lupin estava logo atrás dele, assim como Harry Potter e Rony Weasley.

- Que merda você quer?- Severo vociferou.

- Dar-lhe alguma ajuda. Se você deixar - Sirius respondeu. Remo meramente assentiu com a cabeça uma vez, decisivamente.

- E se você acha que vai sem nós… - começou Harry.

- Então você está fora de seu maldito juízo - Rony terminou.

Severo olhou para cada um deles, assentiu duramente e sacou sua varinha..




Em uma área remota de Gales, cinco bruxos apareceram na terra dos campos de ventos uivantes e imediatamente tomaram uma postura defensiva. Levou apenas um momento para eles se sentirem meio ridículos, todos prontos para azarar os únicos carneiros que os observavam da colina próxima, com a grama caindo de suas bocas. A única coisa que quebrava a paisagem de infinitas colinas em volta era uma cabana de arrendatários decadente, sua construção de pedra pendurada e esparramada como uma fênix perto do dia se queimar.

- Hermione! – Severo gritou, andando rapidamente em direção às madeiras expostas que ainda constituíam uma porta da frente.

- Você dois prestem atenção à parte da frente - Sirius Black disse a Rony e Harry. - Nós verificaremos os fundos.

Harry assentiu, e Sirius e Remo saíram, circundando a pequena construção em direções opostas. Encontraram-se nos fundos, abaixo da única janela elevada que mostrava sinais recentes de amplificação, mas não o suficiente para deixar passar uma criança, muito menos uma mulher com oito meses de gravidez.

Remo continuou circundando a casa, mas Sirius encontrou um buraco no meio da parede e o escalou alcançando a janela. Espiando para dentro, ele chegou logo a tempo de ver a porta interna abrir abruptamente e Severo Snape entrou no quarto, pronto para a batalha.

- Severo? - Hermione chamou, inserta sobre seu salvador. Ela estava em pé, de um lado do pequeno quarto, um pedaço de pedra de bom tamanho agarrado em sua mão. A pedra caiu no chão sujo assim que ela deu os poucos passos hesitantes que a separavam de Severo, e no último momento, jogou-se nos braços dele.

Naquele momento, Sirius Black finalmente compreendeu que a nêmese da sua infância não existia mais, a não ser nas suas próprias memórias. Olhou ao redor, um tanto espantado, quando Severo segurou sua esposa próximo a ele e então lhe deu um beijo longo e demorado. Quando se afastou, correndo a mão sobre a barriga arredondada dela para se assegurar, a emoção feroz que queimava naqueles olhos pretos era suficiente para acender uma dor forte de inveja e esperança em Sirius, de que um dia, ele poderia um dia ter o que Severo já tinha encontrado.

- Você está ferida? - Severo perguntou, mesmo quando sentiu um pontapé forte de encontro ao seu próprio estômago.

- Não, eu estou bem - Hermione lhe disse. - Você está realmente aqui - ela sussurrou despreocupadamente.

- Eu estou realmente aqui - ele confirmou delicadamente. Deu-lhe um outro beijo antes de pescar algo em seu bolso. - Eu acho que isto lhe pertence - disse enquanto tirava o anel da fita e o deslizava no dedo dela.

- Ah - ela suspirou feliz. - Severo… - ela parou no meio da palavra, e seu lábio inferior começou a tremer quando percebeu um detalhe que ninguém mais tinha observado: o tecido de seda listrado de verde e preto preso em torno do pescoço dele.

- Você comprou uma roupa verde - ela observou de forma entorpecida.

- Listrado, na verdade - ele respondeu. - Não consegui me forçar a ir até o final.

- Ah... Ah, Severo - ela gaguejou, cobrindo a boca como se segurasse as lágrimas que caíam livremente. Seu braço livre gesticulou vagamente, incapaz de expressar seu turbilhão emocional.

Um sorriso terno e fraco transformou o rosto dele enquanto ele a enlaçava pelas costas com seus braços, prendendo-a tão firmemente quanto possível. - Está tudo bem, querida - ele a tranqüilizou. - Você tem direito.

- Desculpe. Eu não posso acreditar que eu estou fazendo isso - ela lamentou enquanto as lágrimas caíam sobre seu rosto.

- Você está segura agora, Hermione - ele lhe assegurou, afagando as mechas longas e do cabelo dela enquanto ela enterrava o rosto em seu ombro e chorava. - Eu não a deixarei mais - ele sussurrou.

Do lado de fora, sentindo-se como o pior tipo de voyeur, Sirius Black desceu quietamente da parede de trás. Vagueou em torno da casa até a frente, onde seu afilhado e seus respectivos melhores amigos esperavam incertos.

- Eles estarão aqui em um minuto - ele lhes disse com uma piscada. Suas expressões clarearam, embora o nariz de Rony enrugasse um bocado.

Comprovando, Severo logo emergiu da cabana, carregando sua esposa sobre as pedras quebradas que estragavam a grama na frente do casebre. Os pés descalços de Hermione saíam da borda das vestes volumosas de grávida. Quando ele a pôs de pé, ela respondeu aos cumprimentos e abraços entusiasmados de Harry e Rony com um sorriso exausto, mas feliz, limpando os últimos traços de suas lágrimas.

- Você supostamente devia carregá-la para DENTRO da soleira, não para fora - Sirius comentou.

Para surpresa de todos, Severo sorriu largamente.

- Sinta-se livre para cair fora quando quiser, Black. - Ao seu lado, Hermione tiritou na brisa dura, seu cabelo flutuando em torno do rosto como espirais de fumaça. Sem pensar, ele retirou sua capa e a colocou em volta dela.

- Sim, deuses. Um cavalheiro - Lupin comentou em voz baixa.

Quando Severo o ignorou, Sirius sentiu a necessidade de objetar:

- Espere um minuto. O quê? Ele pode te insultar e eu não? Isso não é justo.

- Almofadinhas - Remo advertiu.

- Não. Eu fiquei perto deste idiota por semanas, escutando-o jogar conversa fora repetidamente sobre seu novo amor...

- Uma conversa dificilmente conta como bate-papo, seu tolo - Severo o cortou.

- Eu quero vê-lo beijá-la - Black declarou, travesso no jeito combativo que mantinha o queixo.

- Black, você pode exibir sua vida amorosa na frente de tudo e todos, se você desejar - Severo respondeu. - Ah, eu me esqueci. Você não tem uma.

Harry e Rony trocaram sorrisos incrédulos, mas no fim, estavam ambos satisfeitos de ver os dois homens aparentemente enterrando suas richas antigas.

- Eu não sei sobre vocês - adicionou Remo -, mas eu queria voltar a Hogwarts e pôr meus pés para cima. Isto é o mais excitante que um homem velho como eu pode fazer.

- Essa é a sugestão mais inteligente que você faz em semanas - Severo lhe disse. - E se nós nos apressarmos, vocês todos ainda podem ter tempo para se arrumarem antes da cerimônia de formatura. Nós não podemos deixar que O-Menino-Que-Sobreviveu falte, causaria pânico.

Apesar das palavras austeras, Harry deu a seu antigo professor um sorriso audacioso e tirou sua varinha para Aparatar. Severo pôs seus braços em volta de Hermione, preparando-se para fazer o mesmo, quando ouviram um POP suave apenas alguns metros longe.

Normalmente impecavelmente arrumado, a aparência atual de Lucio Malfoy estava chocante. Seu cabelo loiro caía desordenadamente em mechas ao redor do rosto, que estava fatigado e sem se barbear. Suas vestes caras estavam obviamente em seu segundo ou terceiro dia de uso, amarrotadas e sujas de graxa. Somente sua expressão, convencida e auto satisfeita, remanesciam como um eco de seu jeito urbano anterior.

Essa pose de segurança derreteu-se numa de confusão, e então de raiva quando ele viu Hermione, livre, cercada pelos cinco bruxos que vieram salvá-la. Malfoy sacou sua varinha convulsivamente, mas parou o movimento quando cinco varinhas foram apontadas rapidamente em sua direção.

Frustrado e furioso, ele abaixou a varinha marginalmente.

- Onde está meu filho? - ele exigiu. - O que vocês fizeram com ele?

Remus foi o primeiro a responder.

- Draco está em Hogwarts, sob a custódia do professor Dumbledore. Ele foi acusado de seqüestro, no mínimo. Se cooperar, poderá escapar de uma sentença em Azkaban, mas eu acho que tudo depende do que Sra. Snape dirá quando testemunhar.

Os olhos azuis aquosos de Lucio Malfoy focalizaram Hermione com um ódio fervente.

– Sua inominável pequena piranha de sangue ruim - ele gritou. - Você arruinou tudo!

Rony e Harry deram um passo à frente, agredidos pelo insulto. Sirius levantou uma mão para pará-los, mas ao mesmo tempo deslocou-se ligeiramente para o lado para permitir-lhes uma mira melhor.

- Então talvez você devesse ter me deixado sozinha - Hermione respondeu num tom tranqüilo. Havia muitas coisas que ela queria dizer a Lúcio Malfoy, gritar para ele, mas controlou o impulso de voar no bruxo loiro que tanto tinha atrapalhado sua vida. Mesmo cercada por aqueles que deveriam ser seus heróis, Hermione sentiu-se apenas fracamente segura de Malfoy, e de jeito nenhum ela estava em forma para atacar fisicamente qualquer um, não importava o quanto desejasse fazê-lo.

- Como você ousa! - ele se agitou. - Minha gente governou impérios! Você deveria estar de joelhos diante de mim!

Sirius segurou sua varinha, ainda tenso e desconfiado.

- Ao contrário de deitada de costas, implorando por piedade? - ele questionou de forma malévola. - Não responsabilize Hermione de escapar de seus truques, Malfoy.

- Deixou todos eles suspirando por você, não foi? - Malfoy silvou entre dentes – Pequena vagabunda tola, colocando suas garras em meu filho. E agora você tem que sossegar por causa dele - ele mudou sua atenção furiosa para o homem alto ao lado dela, gotas de saliva formavam-se em seus lábios enquanto arremessava suas acusações. – Eu espero que ela tenha sido boa Severo. Valeu a pena realmente desperdiçar tudo por ela?

Com o queixo levantado, Severo respondeu simplesmente:

- Sim. Ela foi.

Hermione respirou rapidamente, surpresa além do pensamento consciente das palavras de Severo. Sem pensar, ela alcançou e tocou no braço dele. Não era uma declaração formal, com as palavras que ela desejava ouvir, mas quando ele dispensou um olhar rápido nela, tudo que ela queria saber estava expresso lá, nos olhos de ébano.

Um grito incompreensível de raiva rasgou a garganta de Lucio Malfoy nesta traição final, e antes que qualquer um percebesse sua intenção, sua varinha levantou num arco selvagem.

- AVADA KEDAVRA!

Por um instante ofuscante, os olhos mais sensíveis de Remo Lupin distinguiram o vulto de Hermione, cercado por um halo verde brilhante. A imagem posterior queimou suas retinas, mostrando Hermione de pé, descalça, plantada na terra fértil, a força temporal do feitiço de Malfoy fez com que as vestes simples esboçassem seu corpo arredondado e o cabelo fluísse para trás sobre seus ombros. Os cachos macios agitaram-se com a terrível luz esmeralda que envolveu seu corpo inteiro. Os braços do seu marido eram faixas escuras enquanto ele tentava alcançá-la para ampará-la e protegê-la, mas era tarde demais para fazer alguma diferença.

Um tempão atrás, Lílian Potter criara uma proteção para seu filho explorando a mágica elementar do amor de uma mãe por seu filho. No instante em que a maldição saiu dos lábios de Lucio Malfoy, o braço de Hermione voou para cima como para repelir o golpe, instintivamente tentando proteger seu filho não nascido, e o ar partiu entre ela e Malfoy.

- NÃO! - As palavras vieram de sua boca, mas o som da voz de Hermione rachou o ar em torno deles, sua negação reverberando através da terra pura em que os bruxos estavam. O poder ressoou através dos seus ossos, ecos simpáticos do confronto acontecendo no interior da jovem mulher entre eles.

O feitiço serpenteou sobre ela, hesitando momentaneamente em terminar sua missão mortal. E então, a luz verde retornou ao seu criador, cercando Malfoy num halo de cor viva. O feitiço defensor que ele tentou foi consumido antes mesmo que as palavras fossem terminadas, e ele gritou em choque e agonia, sua espinha se arqueando dolorosamente. Os reflexos da luz verde perseguiram todo seu corpo enquanto o feitiço o oprimia.

Ele estava morto antes de chegar ao chão.

Sirius Black saltou para frente imediatamente, sua varinha a postos, mas um olhar no cadáver de olhar fixo não deixou muita dúvida. Para ter certeza, pôs dois dedos no pescoço do homem, mas não encontrou pulso.

- Ele está morto - Sirius declarou com uma satisfação inflexível, então olhou para cima, para o resto do grupo. - Meu Deus do céu - ele suspirou.

A frieza que apertava o peito de Black poderia ser a mesma máscara pálida e totalmente evasiva que era o rosto de Severo Snape enquanto olhava para baixo no peso em seus braços. Hermione jazia mole e pálida em seu abraço.

- Hermione? - Rony Weasley chamou numa voz baixa e melancólica contra a brisa fresca que brincava com os cachos que cruzavam seu rosto quieto. Sua cabeça estava apoiada para trás, expondo a pele macia do pescoço. Meio fechados, seus olhos estavam fixos no nada.

Os joelhos de Snape entortaram de repente, e ele desmoronou na grama verde, ainda segurando o corpo de Hermione no colo. O peso dela forçou com crueldade seus braços.

- Hermione! NÃO! - Harry gritou, sua estocada para frente foi interrompida pelos braços de Lupin, sua força de lobisomem mal era capaz de parar o jovem perturbado.

- Uma lição importante, Sr. Potter - Severo declarou após um longo momento, embora sua própria voz soasse distante em seus ouvidos e alfinetes e agulhas pinicassem acima e abaixo de seus membros. - Quando confrontar com um inimigo conhecido, não hesite em golpear primeiro.

A respiração do mestre de Poções foi repentinamente presa por um puxão doloroso, como se subitamente ele tivesse se esquecido do seu mecanismo. Cada expansão de seus pulmões era um ato separado da vontade enquanto ele fitava a mulher em seus braços. - Você nunca sabe o que um momento de hesitação lhe custará.

Hermione jazia imóvel sobre seus joelhos, seus braços perdidos na capa de lã preta do marido. O tecido preto caía aberto através de seu centro, moldando o tecido cor-de-rosa pálido de seu vestido e a ascensão proeminente do bebê que ela carregava. A mão direita de Severo pairou momentaneamente sobre a superfície imóvel, tremendo, como se não ousasse tocar a criança. Em vez disso, seus dedos pegaram um dos cachos do cabelo que flutuava sobre o rosto de Hermione e alisou-os para trás.

- Severo - Black chamou calmamente, mas o homem não fez nenhuma indicação de que tinha ouvido, mesmo quando Sirius chamou seu nome outra vez. Com um suspiro, Sirius removeu formalmente seu casaco e espalhou-o sobre o corpo de Hermione, puxando até onde pode para cima sem perturbar o novo viúvo.

Ele parou, sentindo-se mais velho que Dumbledore enquanto andava em direção ao afilhado, que estava desajeitadamente em pé, sob o aperto de Remo. Rony tinha uma mão apertando a boca e o outro braço enlaçado em volta do estômago, arqueado sobre uma dor que ainda não tinha encontrado uma saída, quer fosse de lágrimas ou de raiva. Sirius pôs uma mão sobre o ombro de Harry, preocupado pela maxila apertada do jovem.

- NÃO - Harry declarou, afastando a mão de Sirius e se deixando cair de joelhos, oposto a Snape. - Eu não vou deixar isto acontecer.

- Harry - Lupin protestou delicadamente enquanto tentava afastá-lo do corpo de sua amiga. – Ela se foi. - Sobre a cabeleira preta de Harry, ele pegou o olhar pesaroso de Sirius. Eles já tinham visto vítimas demais da Maldição da Morte vinda de Comensais da Morte para ter alguma esperança.

- Nós sabemos com certeza? - Harry exigiu descontroladamente, seus olhos verdes brilhavam com o desespero e as lágrimas não derramadas. - Talvez ela não esteja! - Ele apanhou um punhado da capa preta e empurrou o ombro de Snape duramente, tentando afrouxar o sofrimento que o homem sustentava. - Nós poderíamos fazer respiração artificial nela.

- O que é isto? - choramingou Rony, limpando seu rosto úmido, sua voz estalando.

- São primeiros socorros trouxas - Harry murmurou, tentando recordar o que fazer. Ele havia apenas passado os olhos no panfleto que viera no correio dos Dursley quando ele o tinha carregado até a cesta de lixo e gastou um segundo pensando na ironia de que Hermione indubitavelmente saberia executar exatamente o procedimento. - Deite-a - ele ordenou a Snape.

Além do cuidado, além de qualquer emoção reconhecível, Severo mecanicamente deitou o corpo de Hermione estendido no chão. Harry pairou por um momento antes de deslizar uma mão na massa grossa das ondas sob o pescoço dela para posicionar corretamente a cabeça. Inclinou-se sobre ela, respirou profundamente, e no último segundo se lembrou de apertar o nariz dela antes de colocar sua boca sobre a dela e expirar tão forte quanto pudesse.

Ele mal começara a inflar os pulmões dela quando uma faísca estalou entre eles, como um arco estático, que abruptamente se acendeu num ofuscamento branco e lançou Harry estatelado para um lado.

- Harry! - Rony gritou e saltou em auxílio do seu amigo. Tanto Black e Lupin estavam piscando, chocados na chama poderosa da mágica que surgiu através do ar em torno de Hermione como um relâmpago. Severo, ajoelhando-se ao lado do corpo de Hermione, tinha jogado um braço sobre seu rosto em um esforço instintivo de obstruir o ataque da luz.

- Sua cabeça está sangrando - Rony informou a Harry quando o ajudou a sentar.

Harry levantou mão trêmula e sentiu o sangue gotejando da sua cicatriz, mas não havia nenhuma ferida. Esfregou-a com a manga. - O que foi isto?

Ninguém lhe respondeu, embora todos o olhassem.

- Que foi? - ele disse outra vez quando Rony continuou a olhar fixamente nele.

- Harry… sua cicatriz! – ele exclamou em uma voz assustada.

Harry sentiu o talho do relâmpago em sua testa, mas não conseguia encontrá-lo.

– Ela se foi? - ele perguntou, chocado.

- Não, ainda está aí. Apenas está mais pálida ou algo assim. Como se ela fosse apenas uma velha cicatriz comum.

Tanto Sirius e Remo se aproximaram para ver a cicatriz mudada. Ainda naquela manhã ela estava vermelha e elevada, da mesma maneira que fora desde que Voldemort recuperara sua existência física três anos atrás. Agora, a testa do jovem tinha apenas uma linha esbranquiçada descansando serena em sua pele.

- Ow - disse Hermione calmamente. Ela se levantou, uma mão em direção a sua têmpora enquanto recuava. - Severo? - ela perguntou, com os olhos meio-fechados pela dor, parecendo perdida.

Girando rapidamente, Sirius e Lupin ficaram ambos boquiabertos em total descrédito. Rony e Harry gritaram o nome dela com alegria, mas pararam apenas antes de se jogarem nela quando viram a expressão totalmente apavorada na cara de Severo Snape.

- Hermione - ele arfou, alcançando uma mão exploratória em direção à ela. Quando ela olhou para ele, seus olhos castanhos estavam cheios de dor e confusão, Severo puxou-a em seus braços, as mãos apertavam-na onde ele a segurava até que eles desapareceram dentro da capa de lã preta. Seus ombros se agitaram quando ele enterrou seu rosto nas massas onduladas do cabelo dela, mas nenhum som escapou dele até que ele ofegou tropegamente para respirar.

- Hermione, amor. Meu amor. Deuses. - Uma lágrima rolou em seus ombros. – Eu pensei que eu tinha te perdido - ele sussurrou, balançando-a ligeiramente.

- Eu estou bem - ela lhe disse fraca, e ela não tinha certeza se a umidade que sentia eram as lágrimas dele ou as dela quando ele pressionou seus lábios nos olhos e no rosto dela.

Fazendo o melhor para não perturbarem o casal, Sirius e os outros se afastaram ligeiramente, sem discussão, e observaram o par se abraçar.

- Mágica Elementar - Lupin concluiu finalmente. - Assim como o Harry foi salvo pelo amor da sua mãe, dezessete anos atrás. Hermione está para se tornar uma mãe. A mágica reconheceu a mágica. - Rony fungava, mas o sorriso em seu rosto estava brilhante apesar, ou talvez por causa das lágrimas em seu rosto. Harry deu uma palmada em seu ombro e eles apenas olharam enquanto a melhor amiga deles era abraçada por um outro homem que a amava.

Um quieto POP soou próximo.

- Raios - Rony gritou, assustado, quando ele e os outros bruxos eretos giraram para se encontrarem com esta nova ameaça. - O que foi agora?

Harry, entretanto, foi o primeiro a reconhecer a figura que Aparatara.

- Gina!

Gina Weasley apareceu na pequena colina próxima, com seu cabelo vermelho longo em torno de seus ombros e em sua cara pálida e assustada. Ela usava uma veste preta da escola sobre seu vestido branco, e em uma mão ela carregava a espada de prata de Godrico Griffyndor. Fawkes, a fênix dourada do Diretor, sentada em seu braço.

- Harry! Voldemort está atacando Hogwarts!


N/T – Capítulo angustiado, mas, por enquanto tudo bem. Espero que vocês gostem e me encham de reviews rsrsrs, eu fico muito feliz com tanto carinho. Mas por favor, sem depressão ok? O cap. 20 vai demorar um pouquinho, por conta do Snape Fest e do Amigo Oculto do Dia dos Namorados das Snapetes. Porém são novas fics de pessoinhas maravilhosas que vão chegar para os fãs do nosso amado mestre de Poções. Gratidão sempre à Ramos, à Bastet, e as Snapetes. Beijos Clau Snape.

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